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    Durante os anos que passaram em Hein fizeram de Takka e Jimbo uma das melhores e mais versáteis duplas quando o assunto era trocação direta contra oponentes. Haviam oponentes que sempre diziam que a velocidade, precisão e campanha de ataque e defesa eram impecáveis, por isso eles tinham uma intensa e notável percepção do que poderiam fazer.

    Era por isso que muitas das suas expedições para fora do Império Hein tinham propósito militar. Eles acertavam onde o inimigo mais tinha a falha, mostrava que necessitavam da proteção imediata deles e depois pagava por esse preço.

    A única forma de realmente terem algum tipo de rival era de um outro Império, onde trocavam informações momentâneas, no entanto, longe demais para um conflito militar direto. Nunca tinham feito nada que realmente irritasse aquele lugar, mesmo que levasse anos para que mobilizassem um exército inteiro para chegar até Hein.

    Takka tinha uma imensa e grande capacidade de imaginar os cenários de guerra e como desbravar seu inimigo para chegar em um lugar propenso e encurralá-lo em um canto. Jimbo também tinha essa mesma ideia.

    Crescendo juntos, eram uma dupla que pensava parecido, por isso se davam tão bem. Por isso eram fortes. Entendiam na mesma hora quando algo estava fora do escopo, fora da realidade deles ou longe de qualquer propósito que tinham.

    O homem a frente deles era essa ‘fora da realidade’.

    A espada de Jimbo desaparecia dos olhos dos inimigos assim que piscavam, essa era sua habilidade principal. Desaparecer a intenção, os sentidos e atacar quando o inimigo não tinha mais pra onde correr.

    — Encurralar até que ele se sinta sufocado.

    E quando a troca não acontecia, Takka estalava seu dedo. Os dois trocavam de lugar, num movimento defensivo, simplesmente para que o outro não fosse acertado e recobrassem o ângulo para atacar ainda mais precisamente.

    Então… por que não dava certo?

    O Selvagem desviava com acrobacias estranhas, mexia os membros para lados diferentes do comum, saindo da espada, do corte, da estocada. Debaixo daquela máscara, Takka sentia que ele estava sorrindo, se divertindo.

    Por que ele está rindo desse jeito? Quem é esse maluco desgraçado?

    Takka viu a espada de Jimbo desaparecer novamente, dessa vez, os dedos e mãos dele também, ocultando a velocidade, mira e trajetória de onde seria feito o corte. E por mais que seu corpo inteiro fosse mais rápido do que a maior parte dos Cavaleiros de Hein, o Selvagem esquivou sem ao menos parecer ser um ataque perigoso.

    E não era realmente.

    Dante inclinou-se lateralmente apenas para ver a espada e o corte passar direto e o olhar aguçado do seu oponente se mesclar com o desespero e preocupação. A mente dele trabalhava, sabia bem disso, para que entendesse o que acontecia bem diante dos seus olhos.

    A penalidade de enfrentar um oponente muito mais forte, muito mais opressor, muito mais destrutivo queimava seus neurônios. Dante sentia a mesmas coisas quando enfrentava Render, tentando achar uma brecha, um único ponto, mas nunca havia nada disso.

    Um homem criado a partir de uma muralha de ferro tende a ser uma muralha igualmente centralizada, com marcas e cicatrizes das suas batalhas antigas. E a muralha gigante chamada Dante tinha espinhos e fossos, guerreiros e arqueiros em suas bordas, torres de vigia e batedores para sondar seu inimigo.

    O que Jimbo e Takka sentiam era estar debaixo de um exército pronto para lutar até a morte para defender sua posição. A sensação do desespero ardente em seus corações de que naquele momento, naquele pequeno momento, poderiam perder suas vidas.

    Jimbo puxou a espada, Dante foi mais rápido. Sua mão agarrou o pulso, o puxou para frente e deu uma cotovelada para frente. O espadachim abaixou, mas seu braço esticado não saiu impune. Dante mudou o ângulo da cotovelada e acertou seu antebraço de cima pra baixo ouvindo um estalo alto o suficiente com a dor.

    — Ah — a voz de Jimbo se liberou por baixo da máscara de ferro. Dante puxou a espada de volta e mirou em sua garganta, mas ele sabia, que não era ali onde deveria mudar.

    Antes de deslizar o golpe, ouviu o que esperava. O estalo de dedos que indicava a troca de posição. Então, ele mudou também a trajetória do golpe. Se o estalo indicava uma troca de posição de lugares, logicamente esse homem seria transportado no lugar do outro.

    Ele arremessou a arma com força, rasgando o ar em um zumbido.

    Takka apareceu em sua frente, mas tendo visto a transição do braço do inimigo, entendeu na hora.

    Ele não estava mirando em mim esse tempo todo.

    — Já enfrentei alguém que faz algo parecido, só que pior. — Havia um rapaz em Cuba que trocava de posição com qualquer coisa que tivesse um pequeno resquício de Energia Cósmica, então era ainda pior. — São previsíveis demais.

    Takka engoliu em seco e puxou a espada para cima. Ele faria seu inimigo recuar, e quando a arma subiu, sua previsão se tornou falha. Sua espada foi acertada por um chute durante a trajetória, mudando para o lado, acertando o vazio e o fazendo perder espaço.

    Dante ainda tinha o braço esticado, então o puxou enroscando através da nuca do Cavaleiro. Takka sentiu o pescoço apertar. Buscou uma adaga escondida entre sua coxa, mas recebeu um chute bem nas bolas, o fazendo arfar.

    A dor latejou para as pernas, o fazendo perder as forças. E num tranco firme, sua garganta inteira se fechou. Os olhos ficaram brancos, e ele caiu de peito ao ser largado.

    — Vick, análise, por favor — disse Dante soltando o ar. — Pareciam bem treinados.

    — Sim, espadachins criados no continente possivelmente possuem laços com Impérios. Selenor possuía um registro de pessoas e combatentes do mesmo tipo quando acessei os registros. Possível entrega de resultados semelhantes, no entanto, para nossa missão, eles devem saber mais do que os Selvagens.

    Dante concluiu o mesmo.

    — Vamos agrupar eles em algum lugar e ver se sabem da Flor de Neve.

    Dante pegou os dois pelo colarinho, arrastando-os para um terreno onde a grama crescia mais e se espalhava para o extremo Leste, lá, ele conseguia ver algo como copas, mas não deu muita atenção. Colocou os dois sentados lado a lado, e sentou na frente deles.

    Nick e Lilo desceram das suas costas, pulando na perna e aumentando de tamanho. Pareciam animados para falar, gesticulando.

    — Vick, traduza.

    — Um momento. — Ela levou alguns segundos. — Os dois parecem que encontraram um lugar mais ao Sul, possivelmente o mesmo lugar que esses dois vieram. Grandes muros, muitas pessoas e… carruagens. Talvez um tipo de comércio, mas também encontraram vilarejos no meio de pedras. Kappz é uma cidade grande demais, então deve ter sido reconstruída depois dela. Eles foram pegos quando tentaram achar algum tipo de… objeto.

    — Ah, eu fico feliz que queriam me salvar. — Passou a mão na cabeça dos dois, sorrindo. Dante puxou a máscara de ossos pra cima, mostrando seu sorriso. — Eu não ia morrer só por causa de um fantasma que gosta de infernizar a vida dos outros, pequeninos.

    Eles gesticularam mais ainda, mostrando os punhos e acertando o ar.

    — Disseram que lutaram contra algumas pessoas nesse lugar e tentaram fugir de volta para um… túnel subterrâneo. Nick disse que tem um bom mapa mental do lugar em si. — Vick parou ao observar os dois travarem e respirarem fundo. — Ai foram pegos por esses dois Cavaleiros.

    A cabeça deles concordou rapidamente.

    — Acontece, acontece. — Dante apaziguou a culpa dos dois. — Eu ia atrás de vocês de qualquer maneira, mas pelo bem da nossa sorte, eles trouxeram vocês de volta. Agora, tinha um outro que estava com vocês? Onde ele está?

    Os dois se entreolharam, e depois abaixaram a cabeça, gesticulando algo estranho.

    — Disseram que… ela foi quem ficou para trás para que eles pudessem fugir.

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