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    — Não, não. — O lojista apontava para trás com um rosto impassível. Irritado seria o certo. — Estou com essa aberração para vender faz alguns dias. Eles me deram, como posso simplesmente dar sem ganhar nada em troca?

    — Você vai receber depois de um tempo, eu prometo isso — disse Takka. — Estou dizendo que essa criatura não está aqui pra ser vendida. Ela pertence a alguém que precisa dela, e pediu que nós viéssemos até aqui. Então…

    De braços cruzados, o homem negou na mesma hora.

    — Não posso fazer isso. Peço desculpa, mas as leis de Hein não protegem qualquer um que queira simplesmente roubar uma carga no meio do dia. — Ele negou a cabeça. — O próprio Imperador sabe que são as vendas e o dinheiro que movem o capital. Estou aqui apenas para fazer meu trabalho.

    — E eu estou fazendo o meu. — Jimbo não perdeu tempo e se colocou diante. — Se você simplesmente não dar o que estou pedido, eu vou ter que te prender e tudo o que está vendendo. Essa é a lei do Império para quem não faz o que um Cavaleiro pede.

    O lojista mordeu o próprio lábio, e negou com a cabeça.

    — Eu sempre fico aqui, vendendo minhas coisas, acreditando que posso ganhar a vida de uma maneira mais honesta e vocês….

    — Acabou? — Jimbo o cortou, irritado. — Ainda estamos sendo razoáveis porque se a pessoa que é dona dessa criatura viesse até aqui, você teria um problema maior. Não só você, todo mundo aqui teria um problema grande. Agora, faz o favor e solta ela.

    Takka viu o homem virar mesmo não concordando, mas quando achou que tinha sido resolvido, a intenção de batalha cresceu e se arrastou até eles rapidamente. Ambos viraram o rosto juntos, na direção do aglomerado de pessoas distantes que também assistiam.

    Uma criança, um homem de pé e o velho sentado.

    — Por ser mais velho, acredito que eu deva certo respeito, mas está ameaçando não somente a mim, mas meu mestre também — as palavras do Espadachim chegaram até eles.

    Takka sentiu um aperto no peito ao ver a roupa dele, a espada, mas foi Jimbo quem xingou abertamente?

    — Ah, merda, ele arrumou problema com os Suiton.

    Takka ficou e Jimbo rapidamente foi em direção a eles. O lojista tinha aberto a jaula, puxando a criatura bem ao seu lado. As pernas tinham sido amarradas, e o rosto cheio de hematomas roxos e vermelhos. Também tinham visto sinais de queimadura, marcas de batalha contra os humanos.

    Os Felroz eram assim por natureza, lutando para sobreviver, mas nunca tinha visto eles lutarem por um humano. Por isso era ainda mais estranho para ele soltar uma criatura que poderia simplesmente destroçar qualquer ali quando estivesse livre.

    Takka levou a mão a espada mesmo sabendo que se matasse aquele animal, o velho faria o mesmo com ele. Não tinha deixado a memória de algumas horas atrás ir embora, fosse ele, Jimbo ou qualquer um de Suiton, duvidava que ele perderia.

    Puxou o Felroz para fora, retirando as cordas do seu braço e também a que estava no pescoço. A criatura rosnou algumas vezes e ele recuou sua mão. Respirou fundo e negou com a cabeça:

    — Alguém veio te procurar.

    O animal mais selvagem que havia sido catalogado em Hein pareceu ter entendido suas palavras. A cabeça se ergueu, procurando ao redor, até seus olhos amarelados cruzarem com o rosto do velho. As duas patas foram erguidas, tremendo, e ele se arrastou para fora com dificuldade.

    Era incrível como um Felroz tinha vontade de voltar pra lá. Pela pelugem, pela maneira como havia sido machucado, duvidava que fosse um domado com facilidade. A certeza de que esse tinha sido feito por Selvagens, mas Dante o retirou da energia do Doutrinador aumentava.

    — Mesmo que ele seja curado, não vai sobreviver por muito tempo — disse o lojista com nojo de vê-lo se arrastando pra fora da jaula com dificuldade. — Seria melhor me entregar logo para eu matar, o que acha?

    — Acho que se fizer isso, quem vai sofrer a consequência é Hein.

    O homem não entendeu e ignorou apenas cuspindo pro lado. A criatura, então, encarou Takka e mostrou o focinho enrugado para cima, e virando na direção do velho. Estava pedindo. Queria ajuda para ir até ele.

    — Só não me morder ou arranhar — disse Takka o puxando para perto e abaixando. Depois que segurou ele, levantou-se para sair. — É só isso, obrigado.

    O homem cuspiu meia dúzia de xingamentos enquanto se virava. Takka seguiu para perto de Jimbo, ouvindo novamente a criança chorando e o guarda-costas de Suiton com a mão no cabo de sua arma. Assim que ele e Takka se encararam, e seus olhos caíram na criatura em seu colo, houve uma certa surpresa misturada com nojo.

    — O que estão fazendo com esse Felroz? — perguntou ainda mantendo a pressão em cima de Jimbo.

    — Eu estou tentando dizendo — o Cavaleiro respondia com uma expressão dolorosa. Seu braço ainda doía bastante. — Ele não é uma pessoa que o senhor deveria se preocupar. Está aqui a visita.

    Dante esperou e viu a maneira como sua montaria estava machucada. Ao segurar, não conseguiu esconder a raiva. As patas, o focinho, os pelos, tudo tinha sido tocado ao ponto de feri-la. Ele matava os Felroz descontrolados, mas essa tinha sido sua por força.

    Ele mesmo conseguia dominá-la e agora ela respondia a ele. Mas não tinha dado um nome ainda. Não fazia ideia se ficaria com ela antes. Naquele momento, ao ver que a criatura se aninhou em seus braços com algum tipo de receio, Dante soube que não poderia deixá-la ali.

    — Vick — chamou com preocupação.

    — A Habilidade do Bastardo também voltou a funcionar. Deixe-me transmitir uma pequena parcela para que ela possa se recuperar.

    Uma pequena camada de Energia Cósmica se desgrudou de Dante, despejando para cima do Felroz. Assim que tocou sua pele, ela abriu os olhos, girando o rosto como se tivesse entendido o que estava acontecendo. Suas feridas não poderiam se recuperar de uma hora pra outra, mas isso não impedia Dante de ajudar no processo.

    E os olhos e sorriso calorosos do humano a tiraram da realidade.

    — Nick, diminua o tamanho e cuide dela enquanto isso.

    — É bom dar eles agora porque eu já perdi minha paciência — disse o homem empurrando Jimbo para o lado. — Meu mestre quer eles, então, ele vai ter.

    A aura do espadachim chegava até eles, afastando os que não poderiam se defender e deixando até mesmo Takka e Jimbo preocupados e receosos. O poder esmagador vindo de fora, criando uma pressão que criava uma imagem distorcida para seu oponente.

    No entanto, para Dante que sofreu por muito tempo contra oponentes cada vez mais complexos, isso não era nada além de uma simples camada de Energia sobrepondo o ar. Depois que Nick desceu e puxou o Felroz para cima, na direção de um dos bolsos, Dante forçou o pé direito para frente.

    E dessa vez foi a vez dele mostrar a pressão que tinha consigo.

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