Índice de Capítulo

    Gaijo Suiton conhecia a arte das espadas por conta da sua família. Aqueles que conheciam os Suiton conheciam a história daqueles que desafiaram um dos maiores demônios antigos, conhecido como Aranha Sauron, uma das criaturas mais medonhas e ameaçadoras.

    Chamada de Abissal, ela tinha uma enorme facilidade para atrair suas presas, cortas suas pernas e deixar penduradas para que fossem feitas de comida. No entanto, o que a deixava mais desafiadora era seu enorme tamanho e suas crias.

    Dezenas, centenas, milhares delas descendo para matar suas presas. E a família Suiton havia conseguido derrotá-la, cortar seu corpo em pedaços e voltar para Hein com sua carcaça como vitória e lembrança.

    Ninguém em Hein desafiava um Suiton, mesmo que os anos tivessem passado. Por isso, Gaijo tinha certeza de que o homem a sua frente, recebendo uma criatura em seus braços como se fosse um colega não fazia ideia do que o seu nome representava. Nem do perigo que carregava ao ter aqueles dois em seu ombro.

    O Mestre Akin podia querer eles para brincar, mas Gaijo não poderia deixá-los vivos.

    Ao crescer sua pressão ao redor, ele dividiu as pessoas. A maior parte recuou com medo, sentindo o terror de ter que enfrentar sua espada. Suas vidas seriam ceifadas se dessem um passo a frente. E existiam aqueles dois Cavaleiros que mesmo sentindo os ombros sendo empurrados e suas mentes tumultuadas, não ficaram completamente abalados.

    Treinados em Hein, sabia por conta da armadura deles e seus capacetes. Honrados para nunca retirar a não ser que fossem mortos, poderiam estar ali para qualquer coisa, mas defendiam aquele homem estranho.

    E esse, Gaijo não tinha ideia de onde ele surgiu. Suas roupas eram diferentes, mais robustas, mas eram firmes. Seus músculos pareciam estranhamente definidos, mas sua força era desconhecida. Ele não tinha ideia de quanto ele era forte, mas sua pressão nem parecia afetá-lo.

    De onde ele veio?

    O homem virou-se e então o encarou. Gaijo o fitou ainda pressionando, e então, o mundo inteiro pareceu travar. Sua Energia Cósmica, que antes se fundia ao ar para criar a pressão, moldada desde pequeno para se tornar uma arma invisível, recebeu um golpe pesado.

    O ar inteiro foi substituído por uma sensação fria. Os olhos daquele homem não desgrudavam do dele. Gaijo sentiu o inverno chegar a sua porta, e então, seus braços e pernas ficaram encharcados. Quando piscou, ele entendeu que sua mente tinha sido enviada para um lugar novo, longe da terra firme.

    Foi por um segundo. Um olho no meio da escuridão do oceano o encarou, um olhar que se abriu e ordenou que vários tentáculos fossem enviados para sua direção. E então, ao piscar novamente, ele tropeçou no próprio pé, recuando um passo.

    — O que foi isso? — perguntou colocando a mão na cabeça, mas nenhum dos outros parecia estar abalado. — O que você…

    — Eu disse que era melhor recuar. Seus dois amigos já apanharam bastante, e não quero surrar outra pessoa perto da casa de vocês. Vai atrair problemas para a minha se continuar assim. — Dante virou, mas não o tirou da sua vista. — Se sacar essa sua espada, você morre.

    Fazia quanto tempo que Gaijo não tinha a sensação de desconforto em seu coração? Desde que enfrentou seus tios, todos condecorados Espadachins, cheios de amostragem e técnicas. A confiança e convicção para serem arrogantes

    Esse cara tem a mesma postura, pensou ao vê-lo se virar.

    — De onde você é, estranho?

    Dante queria ir embora, mas algo passou em sua mente.

    — Sou de Kappz. — E virou a cabeça, num sorriso quebrado. — Conhece?

    Kappz, a cidade amaldiçoada. Não era difícil imaginar o porque ele era forte, lá existiam criaturas demais, em todos os cantos, que não deveriam deixá-lo em paz de maneira alguma. Construiu sua força através de batalhas, então seus sentidos eram como de uma criatura.

    Por isso… Gaijo agora entendia sua pressão quebrada. Ele é como um monstro.

    — Dante. — Takka disse o nome ao se afastar. — Eu gostaria de agradecer, mesmo que seja rude da minha parte, por ter nos poupado.

    — Ah, eu não ia matar vocês assim do nada. — A cara assustadora se transformou em um sorriso bobo. — São apenas pessoas querendo viver uma vida. Se algum dia Hein estiver disposto a nos visitar, iremos receber da melhor maneira.

    — Nos perdoe, Dante. — Jimbo abaixou um pouco a cabeça, ainda segurando o braço. — Se algum dia o senhor quiser retornar, por favor, nos procure.

    — Farei isso e cuide desse braço.

    Dante não fez nada além de se despedir. Saiu caminhando na direção norte, onde Kappz realmente estava. Mas antes dela, a Fronteira. Seria possível que os Selvagens o deixaram passar livremente? Como?

    Sozinho enfrentando tribos de guerreiros? Suiton tinha certeza que lidaria facilmente com alguns, mas todos eles? Mesmo derrotados, eram oponentes complicados por suas montarias. Sabia do acordo de Hein com eles, mas esse cara não era de lá.

    Então como?

    — Senhor Suiton — uma voz veio voando pela rua, atrás da multidão. — Senhor Suiton. São os Demônios. Eles estão aqui. Por favor.

    Gaijo virou o rosto na mesma direção que Dante e os outros. Um rapaz usando gibão duro e botas firmes abriu caminho, se aproximando com o rosto cheio de sangue fresco e um ferimento no ombro tão profundo que parecia que seu membro poderia cair a qualquer hora. Ele se mantinha acordado, mesmo sua pele indicando que estava prestes a desabar.

    — O que houve? — Gaijo segurou ele antes que pudesse tombar. — Como e onde?

    — Eles abriram a barreira, senhor. — Os lábios se mexiam tão lentamente que o ar nem parecia sair. — Um dos Demônios está vestindo uma armadura esverdeada, senhor. Nunca vi nada parecido. Brande uma espada e fala como nós.

    — Fala como um ser humano? — Jimbo e Takka já estavam ao seu lado, ouvindo. — Estão vindo para cá?

    — Sim, meu time estava fazendo o reconhecimento perto de outro vilarejo, mas eles surgiram do nada, pelo chão. — O homem fechou os olhos, e seu corpo começou a ficar mais pesado. — Aquele… desgraçado…

    Dante não se mexeu, ouvindo.

    — Merda. — Jimbo levou a palma a testa dele. — Perdeu sangue demais, não vai sobreviver assim. Precisamos levar de volta para Hein.

    — Façam — respondeu Gaijo. — E levem o mestre Akin junto. Todos que estão ouvindo, um inimigo se aproxima, e vocês deveriam seguir os dois Cavaleiros para um lugar seguro. Farei o necessário para segurar eles aqui até que estejam todos bem. Todos os guardas que me ouvem, precisam avisar aos moradores. Ninguém deve ficar, entenderam? Ninguém.

    Gaijo começou a dar as ordens para que todos evacuassem. Dante ficou observando. Parecia que tinha sido um má agouro da sua parte ter dito que os vilarejos que faziam coleta e venda seriam os primeiros a serem atacados.

    Era um pensamento lógico, mas não esperava que fosse ser na mesma hora que estivesse ali. E o inimigo possuía uma armadura verde e falava a língua dos humanos…

    — Nosso registro de batalhas contra aquele quem me obrigou a usar a maldição da vida ainda está negativo — zombou Vick. — Moonlich ainda deve estar vivo, e provavelmente enviando algum lacaio nessa direção.

    — Agora que disse, eu realmente fiquei com saudade de bater naquele desgraçado que anula habilidades. — Dante abriu e fechou a mão. — Vamos atrás da nossa revanche. Ei, Jimbo.

    O Cavaleiro o encarou de longe, ouvindo seu nome.

    — O que?

    — Empreste sua espada.

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