Capítulo 512: Chefe e Subordinado
— Está pensando em enfrentar eles sozinho? — Jimbo perguntou depois de passar a espada para Dante. — Mesmo que seja forte, um exército é um exército. Precisamos tirar essas pessoas daqui e depois mobilizarmos.
— Acha que está subestimando bastante seu inimigo — respondeu Dante. — Eu enfrentei uma criatura como essa antes e vou ser sincero, eu perdi. Se eles sabem o que estão fazendo, o certo é assumir que eles não estão atacando somente essa posição. Olha — a lâmina tinha um bom fio — é uma arma bem adequada. Vou utilizar com as outras.
O espadachim também se aproximou, ele observou Dante se preparando ao lado de Jimbo, mas nada disse. A premissa dele não estava errada, mas ter que ficar parado não era sua melhor posição.
Deixar o jovem mestre não era uma opção, mas Takka e Jimbo eram excelentes Cavaleiros. Poderia tentar… não. Negou a ideia na hora. Precisava voltar para entender o que acontecia com Hein.
— Jimbo — gritou-o de volta. — Temos que ir. Agora.
O Cavaleiro olhou para Dante uma última vez.
— Espero que não perca dessa vez, então.
Dante riu.
— Sempre existe uma chance.
Vendo-os partir, Dante permaneceu parado. As barracas e lojas foram esvaziadas enquanto as casas tinham sido evacuadas para os portões de Hein. O lugar era seguro para as pessoas, por isso ele não precisava ter civis em sua cabeça o tempo todo.
Fazia um tempo desde que enfrentou Moonlich, e para se preparar contra um oponente como ele, precisava apenas ter uma coisa passando pela sua mente: foco.
No entanto, não conseguia segurar o sorriso de sua cara. Estava bem estampado em sua cara que precisava disso. Quantas vezes se questionou se tivesse feito algo diferente, sua vitória seria a única coisa que soaria em seus ouvidos?
Muitos meses se perguntando se aquela batalha deveria ser certa. Agora, o inimigo visava outro oponente. Ele não morreu, Dante tinha certeza.
— Lilo, me dê uma mão.
O Felroz pulou de seu ombro. Suas quatro patas tocaram o chão, a Energia se libertou, aumentando seu corpo em alguns metros. Dante subiu novamente em cima dela, passando a mão e deixando que tomasse partida.
Um pouco acima do ar, ela disparou pra frente em extrema velocidade.
— Não foi a melhor batalha que já tivemos — disse Marcus ao sentar em um dos bancos de madeira da Cuba. Juno, Arsena e Magrot ficaram ao seu lado, abaixado e cheios de fuligem espalhados pelo corpo.
Não foi só a melhor, como a pior batalha que tiveram.
— O que encontraram lá? — Clara sentou-se a frente deles, atenta a respostas. Fazia mais de doze horas desde que tinham saído. Não somente eles, mas Leonardo e os outros também tinham retornado em um horário bem mais extenso do que pretendiam. — O que foi que tinha naquele Hospital?
— Aberrações, como sempre — respondeu Arsena levando a cabeça para cima, respirando fundo. — Um merdinha que fazia as mentiras dele se tornarem verdade. Qualquer merda que ele falava, e pronto, tava lá.
Houve silêncio e Marcus concordou com a cabeça.
— Não conseguimos limpar aquele setor. Acredito que Leonardo tenha sido melhor do que a gente.
— Quem dera fosse. — Clara suspirou. — Eles voltaram faz uma hora. Trouxeram praticamente duas bolsas de remédios, alguns documentos que podemos tentar replicar, mas não derrotaram quem está lá.
— Então a situação é pior do que imaginávamos.
Clara não tinha como negar. O Hospital era um dos lugares na cidade que valia toda a pena tentar limpar, era onde existia algumas salas de recuperação, equipamentos para forjar peças para a Cuba. Além de ser uma vantagem moral imensa.
As pessoas da Cuba precisavam de alguma notícia boa para terem no que acreditar. O lugar onde moravam não tinham todos os benefícios, mas poderiam parar de se preocupar menos.
— Não quero apressar o descanso, mas o Hospital é muito importante. Aquele rapaz que veio da última vez, Vinigo o nome dele, lembram? — Clara deixou que focassem. — O pai dele é um homem que comanda muitos quilômetros daqui, e nos enviou uma carta dizendo que se o Hospital não fosse limpo, eles viriam para fazer isso.
— O quê? — Arsena ergueu a voz. — Aquele bastardo nem deveria ter vindo aqui pra começo de conversa.
— Eu sei, eu sei. Calma. — Clara riu. Adorava o jeito dela de se irritar com coisas que a própria Clara queria poder se irritar. — Eles fizeram um acordo com um vilarejo ainda mais longe da gente. Querem vender algumas pequenas ervas medicinais que encontraram por lá, mas precisam dos documentos que nós pegamos no Hospital para poderem criar alguns medicamentos.
— Não é certo — repreendeu Marcus. — Eles nunca viriam fazer isso quando a cidade estava infestada de Felroz. Agora que nós limpamos, eles querem comercializar o nosso esforço, suor e nosso sangue? Que piada.
— Piada ou não, a cidade não é nossa. Kappz é imensa, e não temos como reconstruir ela toda. Penso da mesma maneira, mas eles também estão visando a prisão e o lugar onde Meliah e Degol moravam, no distrito onde as máquinas de ferragens estão.
A expressão de surpresa dos quatro foram igualmente irritadas. Não era difícil imaginar porquê. Clara entendia que uma boa administração de recursos se iniciava por conta deles, pela ajuda que fizeram ao longo dos meses.
Alguém vir na porta bater simplesmente exigindo que qualquer que não foram pegas fosse deles era irritável ao extremo. Ela, no entanto, não podia deixar isso a vista. Para as pessoas ao redor, ela era o pilar, o centro e também quem deveria ser a mais racional.
Era fácil parecer quando via Juno xingar aos quatro cantos e Marcus mudar a expressão para uma carrancuda.
— E tem mais — continuou Clara. — Dante ainda não voltou. Ele começou a fazer ronda para o Sul, mas não tivemos mais respostas dele desde então. Faz mais de doze horas também, então, nós vamos…
— Não — cortou Marcus. — O velhote sabe se cuidar mesmo sozinho. Nós tomamos conta desse lado, e ele disse que tomaria conta daquele lado. — Ao ficar de pé, parecia que a raiva tinha ido embora de seu corpo. Não só ele, os outros três também. — Temos que nos preparar para quando ele voltar.
— Preparar? Para o quê?
— Digamos que… — a cara de Arsena ficou azeda — Dante tem um péssimo jeito de zombar quando falhamos em algo.

Regras dos Comentários:
Para receber notificações por e-mail quando seu comentário for respondido, ative o sininho ao lado do botão de Publicar Comentário.