Índice de Capítulo

    O exército que saiu de apareceu por cima do planalto criou uma atmosfera sinistra aos cadetes. Um por um, eles começaram a recuar. Se não fizesse som algum, então os monstros não avançariam. Dante achou estranho eles todos estarem recuando logo agora. Esse é um treino para avaliar nossas capacidades. Por que querem voltar?

    Ele tomou o caminho contrário do que eles faziam. Não queria ser protagonista, sua mãe tinha dito isso antes que partisse. O que ela diria se nada fosse feito? Ficaria orgulhosa de um filho que nem mesmo poderia defender os outros?

    Cada um ali tinha uma missão. Eles queriam mostrar resultado. Uma boa vida. Aventura. Ajudar seus semelhantes. Cada missão individual só poderia ser levado em conta se passassem naquele teste.

    — Vou precisar de ajuda — disse para si. — Quantos eu consigo derrubar antes que me sobrecarregue? Qual deles vai atacar os que estão atrás de mim? Qual o melhor jeito para abater o máximo deles?

    O número azul no céu caiu para 28%. Dante praguejou para si.

    — Eles estão em maior número, velhote.

    Um jovem rapaz parou ao seu lado. Cabelos jogados para trás, penteados perfeitamente, e um olhar centrado. A malha dele era das boas, dava para sentir o cheiro dela por ser nova, e carregava um casaco avermelhado por cima de apenas um ombro.

    — Trabalhe comigo e nós podemos reduzir eles ao pó. — Da mão do rapaz, uma esfera de água se formou e depois deformou em lança. — Consegue me acompanhar?

    Dante deu uma risada alta, fazendo os Felroz inclinassem em sua direção.

    — Claro que consigo, moleque.

    — Me chamo Tommas. — Num brandir de braço a frente, a lança bateu criando uma espécie de suporte. Tommas saltou por cima dela, sendo levado a frente. — Não fique para trás.

    Dante pulou e inclinou da mesma forma.

    As criaturas saltaram ao ouvirem novamente a voz dos humanos. Dante inclinou-se mais e mais, chegando cerca de seis metros de distância. Tommas fez uma curva para voltar, e disparou quase dez lanças no ar.

    Elas enfincaram no peito, mas não atravessaram. Tommas praguejou ao ver que seu ataque rápido não surtiu efeito, e procurou pelo velho. Dali, teve um pequeno lapso. Dante socou o ar de maneira rápida, com os punhos inclinados, mas na direção do ar.

    Aquele estilo de luta era o mesmo usado pelos Combatentes. E de repente, o ar havia se deslocado de diversas maneiras, em uma explosão que mandou mais de dez Felroz para trás. Dante usou o suporte de água para girar e fez força com as pernas. Ele desceu girando, pegou o disco e lançou como um boomerang.

    Dante deu uma risada e saltou na direção de um dos Felroz. A quantidade que se aproximava poderia dizimar um exército, e o velhote se jogou como se nada pudesse realmente acertá-lo. O bastão em sua mão girou, e ele bloqueou o ataque de um para a lateral, afundou o pescoço da criatura com um golpe forte, e expeliu a mão para frente.

    O ar demorou cerca de dois segundos para ser arremessado, mas o velhote já estava indo para frente, confrontando mais inimigos. A arma girava, bloqueando e fazendo contornos, a deflexão se tornava mais afrontosa quando os Felroz fecharam as laterais, não deixando uma saída para ele.

    — Velho, sai dai agora — Tommas gritou indo na sua direção. — Velho.

    Um tremor no solo. Tudo vibrou ao mesmo tempo. Um terremoto? Tommas parou de se mexer e viu os Felroz sendo enviados para trás, todos juntos. Dante tinha as duas mãos unidas perto do peito.

    O rapaz ficou incrédulo.

    — Isso foi uma palma?

    Dante usou a queda temporária dos Felroz para saltar de volta para perto de Tommas. Ao cair e limpar a roupa da sujeira.

    — Bom, eu pensei que eles fossem demorar menos do que isso para tentar me encurralar. Eles estão mesmo querendo matar a gente, dá pra sentir. Claro, são lentos comparados a espada, mas a quantidade é um exagero.

    — Deu pra entender porque esse é um treino coletivo. — Tommas não deixou a surpresa tomar conta de sua face. Ainda estava perplexo porque o velho tinha conseguido lidar com aquela quantidade e ainda sair ileso. — Não tem como simplesmente avançar sem um plano. Temos que ganhar terreno, é esse o objetivo do teste.

    — Se fossemos lutar, demoraria muito. Mesmo que seja fácil de lutar, eles ainda teriam vantagem. Posso fazer o suporte. Não sei como funciona sua habilidade, mas se formos adiante, tenho que ter certeza de que…

    — Não. — Tommas ainda encarava ele. — Eu serei seu suporte. Me fale como você quer que eu avance, e eu vou fazer.

    Não era difícil imaginar que as pessoas teriam certo respeito por força. Era uma baita de uma grande verdade que dentro da hierarquia, a força estava em primeiro lugar. Tommas não queria saber como, nem por quem, mas seu instinto dizia que se aquele velhote fosse atacar, então ele deveria fazer o suporte.

    A inércia e expansão do ar também o deixou bem curioso. Ele era velho, mas seu corpo respondia ainda mais rápido do que o do próprio Tommas. Um senhor de idade deveria ter essa reação? Esse poder de ataque todo?

    A habilidade dele era corporal?

    — Conhece o Combate Porco? — perguntou Dante. — Aquele que você bate e corre. Se nós trazermos eles para dentro, podemos usar esse tipo de situação.

    — E os outros cadetes?

    Dante olhou para trás, esquecendo completamente dos outros.

    — Tem eles ainda, né? Eu não quero ficar pensando que eles vão atrapalhar. — Ele coçou o rosto pensando, meio deprimido. — O que você acha?

    Tommas o achava intrigante, de verdade. Mesmo sendo mais velho, não carregava a arrogância ou orgulho que os mais antigos tinham na Capital. Aquele rosto empinado, uma resposta pronta. Nada disso. Ele perguntava com humildade e serenidade.

    De onde veio esse cara?

    — Vamos mantê-los ocupado. Infelizmente não podemos fazer nada pelos outros. Quanto tempo aguenta na linha de frente?

    — Enquanto eu estiver me mexendo. Me dê o suporte que achar necessário, mas me deixe fazer do meu jeito. — Dante saiu andando na direção das criaturas. — Faz muito tempo que eu estava esperando por isso. Para testar um pouco mais do que sou capaz. Se eu fraquejar, você pode me tirar de lá. Só preciso de mais tempo.

    Quanto tempo, quantos dias, quantos anos? Todo o treino com Render lhe deu essa vontade incessante de conhecer seus inimigos, de batalhar contra eles, de entender o motivo da humanidade ter sido destruída.

    E mesmo que as pessoas ao redor pudessem fazer algo, ainda eram fracas. Precisavam de tempo, precisavam de recursos. Precisavam de um pouco de coragem. Dante não queria mais esse tipo de pensamento. A habilidade que recebeu foi justamente para seguir adiante.

    Mesmo durante os anos de treino, ouviu seu pai dizer várias vezes:

    — O gosto da derrota para nós é mais conhecido do que a vitória. Se puder ganhar, ganhe. Não hesite em fazer o certo.

    Dante apertou mais uma vez a mão e deu uma gargalhada.

    — Então era disso que ele estava falando. — Ele puxou o braço para trás, alterando a perna para frente e outra para trás, contorcendo o ombro. A postura de um soco em linha reta. — Faz tanto tempo que eu queria testar isso. Tanto tempo para saber se sou verdadeiramente forte.

    Tommas permaneceu ouvindo, um tanto quanto curioso. Um velho que parecia um lutador. Ele não poderia perder essa oportunidade por nada.

    A energia se reuniu mais uma vez no braço de Dante, sendo contornada várias vezes, ganhando mais fluxo. Vick o alertou em sua mente para controlar mais, no entanto, Dante não queria saber. Ele daria apenas um disparo de cada vez.

    Então, largou o punho em linha reta, e todo o ar se mexeu junto com ele.

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