Índice de Capítulo

    — Dante — a voz saiu da boca dela com delicadeza, mas seu sorriso torto era sinal de que estava pronta. Seus olhos brilharam com um olhar afiado, como se cada palavra e cada gesto fossem meticulosamente calculados, prestes a revelar a próxima jogada. A mulher era perigosa. — Prazer em te conhecer, me chamo…

    — Juno.

    Sebastian veio correndo, sua mão foi levada até o ombro. O sangue escorria do buraco feito pelo disparo, e sua espada tinha caído em algum canto. Assim que ela se aproximou mais, um som metálico cortou o ar — o clique de ferro de uma carabina sendo armada. O som, agudo e definitivo, ecoou pelo ambiente, como um aviso silencioso.

    Todos engoliram em seco ao mesmo tempo. Dante gostava daquela cena. Diferente deles, de todos, inclusive de si, Marcus podia visualizar seus corpos como se estivesse de dia. Ali, a luminosidade não ajudava ninguém, então, o atirador era como um vulto preto no meio da escuridão.

    Ele era a própria morte posicionada.

    O homem parou no mesmo lugar. Ninguém realmente se mexeu.

    Dante sabia que o medo de ser atingido novamente era cruel. Sem saber de onde viria, sem ao menos ter uma noção do que o aguardava no meio do escuro. Mas, se estivesse certo, essa mulher não era só mais uma de GreamHachi, ela era quem acertou Degol Jones.

    Uma expressão de reconhecimento surgiu, lenta, mas com clareza. Aquela mulher não estava ali por acaso; ela era a peça chave de um jogo muito maior.

    — Tirei a sorte grande — disse Dante, deixando-os assustados. — Vamos lutar, garota. Eu estou vendo na sua cara, essa vontade de me atacar. Senti na hora que te vi, o pelo dos meus braços ficaram todos arrepiados.

    Juno olhou para o próprio braço também, a mesma coisa acontecia com seus pelos. Todos erguidos.

    Cada fio de cabelo, cada poro, parecia estar em sintonia com o que estava por vir, como se o perigo iminente estivesse prestes a se revelar. Dante e Junto sentiam o mesmo sentimento um pelo outro, e ambos sorriram, mostrando o quanto excitados estavam.

    — Quer lutar, velho? — A voz de Juno soou firme, desafiadora, com uma mistura de provocação e confiança. Ela uniu as duas palmas, soltando um baque surdo e a luz cintilante e intensa se moldou em uma lança maleável, feita de pura energia, que parecia um raio azulado esticado por suas próprias mãos.

    Dante não hesitou. Com um movimento rápido, ele ergueu os punhos, posicionando-os em uma postura ofensiva direta, seus braços firmes e prontos para o confronto.

    Os músculos de seu corpo se tensionaram, cada centímetro de seu ser preparado para o ataque ou a defesa, como se ele estivesse prestes a se lançar na luta sem pensar duas vezes. Seus olhos, intensos e focados, nunca saíram de Juno, estudando cada movimento dela com precisão, enquanto sua postura transmitia uma confiança inabalável. O ar ao redor deles parecia pulsar, carregado com a expectativa do que viria a seguir.

    Sebastian e os demais ficaram fissurados naqueles dois. Foi como se o tempo tivesse parado para observá-los. Um pequeno estalo, e ambos se movimentaram como uma bala.

    Dante girou por baixo do raio esticado em direção à sua cabeça. E ergueu a perna usando a rotação para pegar a garota. O ataque dele passou por onde ela estivera momento antes, e, ao voltar os olhos para ela, viu o que estava prestes a acontecer: uma nova onda de energia começou a se formar atrás dela, condensando-se rapidamente. Outra explosão azul, ainda mais intensa que a anterior, se compactava, uma força que parecia pronta para se expandir e consumir tudo ao redor. Dante sentiu o ar se tensionar à medida que a energia crescia, ciente de que ela estava preparando algo muito mais perigoso.

    Ele usou as mãos para se apoiar, e fez a rotação completa, se jogando lateralmente.

    O raio passou como uma lâmina afiada na vertical. Ao seu passar, tudo à sua volta sofreu os efeitos devastadores: a parede se despedaçou em pedaços, o chão foi rasgado com uma linha ardente, e o teto se curvou sob o impacto da força, deixando fissuras profundas como cicatrizes invisíveis.

    Juno era forte, Dante não tinha como negar. Seus raios eram simplesmente devastadores. Qualquer coisa que entrava em contato era dizimado. Não me admira Degol ter sido derrotado. A mulher era rápida, usava a eletricidade para conduzir seus movimentos e atacar de longa e curta distância.

    Os dois entraram em uma trocação bem perto.

    Marcus teve que abaixar a arma para ver melhor. Os braços dos dois encontravam de ângulos diferentes. A mulher, Juno, tentava encontrar uma maneira de entrar na defesa do velhote. Ela era boa, melhor do que qualquer lutador que tinha visto antes. Rápida, brutal, seus braços e pernas pareciam lâminas, e os raios…

    Nunca imaginou que raios podiam se libertar de uma pessoa dessa maneira. Ela usava a ponta dos dedos para lançar assim que seu ataque não funcionava. E Dante defletia, sendo muito mais experiente do que ela. Ele levantou a perna, bloqueando o chute que vinha em sua direção com um movimento ágil e controlado, o impacto ecoando no ar.

    O golpe reverberou o ar contra ele. Era sempre ao contrário. O ar era disparado de Dante, não contra. Juno estava atacando tão rápido que criava uma onda de impacto. Marcus conhecia o velhote tempo o suficiente para saber que não levava a luta a sério. Seus olhos nunca deixaram os dela, sempre atentos.

    — Vai ficar sempre na defensiva? — Juno perguntou recuando um passo e expelindo dois raios para frente, esticando os braços, mas não atacando diretamente. Os dois feixes vieram de baixo para cima, numa curva fechada e se cruzando.

    Num recuo rápido, Dante observou a habilidade dela passar rasgando o ar.

    Marcus prendeu a respiração. Ele não está atacando sério.

    — Ainda não está na hora. — A voz de Jix soou fria no ouvido de Dante.

    E Vick soou em seus ouvidos, alertando:

    Concentração em 6%. Limite atual: 12%. Para aumentar, continue se movimentando”.

    Marcus finalmente entendeu. Uma onda de compreensão o atingiu. Dante estava usando a garota como uma forma de aprimorar seu limite. Aqui e agora? Esse velhote arrogante.

    Não deixaria nenhum desses babacas de GreamHachi saírem com vida. Marcus deitou no chão, puxando a carabina ISE para perto de si. A coronha encontrou seu ombro, e ele a posicionou com precisão, ajustando o encaixe de modo a maximizar o controle.

    Se fosse para dar um tiro, que fosse para que nunca mais ficassem vivos. Ele não sabia lutar como Dante, mas duvidava que poderiam atirar como ele.

    Sem hesitar.

    Dante e Juno voltaram a trocar golpes. Os golpes dela eram fortes, mas Dante usava a palma da mão, num estilo defensivo para mantê-la longe, com precisão impecável. Quando Juno uniu a palma e soltou um rugido, o lugar inteiro se acendeu.

    As mais de dez lâminas se libertaram girando em sua direção. O som dos raios girando era estridente, como várias lâminas se chocando ou centenas de pássaros chorando ao mesmo tempo. 

     Com um movimento ágil, Dante se lançou entre os raios que vinham em sua direção, o calor e a energia dos feixes cortando o espaço ao seu redor, mas nunca tocando-o.

    Marcus ficou sem palavras. Seus olhos estavam fixos no que estava diante dele, mas as palavras haviam sumido, como se o choque tivesse paralisado sua mente. Juno também arfava com dificuldade. Seus pulmões pareciam lutar para recuperar o fôlego, a tensão e o esforço da luta ainda visíveis em seu corpo.

    A intensidade dela tinha diminuído, Marcus sentia ao observar sua face. Aquela batalha, fosse qualquer inimigo presente, seria morto. Dante, por sua vez, apenas sorria como resposta.

    A leveza em sua atitude contrastava com a exaustão de Juno e Marcus, como se ele estivesse esperando pacientemente pelo próximo passo, certo de que estava no controle da situação, independentemente do que acontecesse.

    Marcus reparou que segurava a respiração ainda, e se deixou respirar. Não só ele, mas todo mundo ao redor fez o mesmo.

    No meio daquele caos, o único que mantinha a calma era Dante. Seu sorriso era enigmático, tranquilo, como se ele estivesse completamente à vontade.

    — Por que ele é tão forte?

    Dante limpou a própria mão e deu uma risada.

    — Isso foi muito bom, Juno. Acabou? — O sorriso ficou torto, maldoso. Não havia gentileza em seu gesto. — Minha vez, então, certo?

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