Índice de Capítulo

    Bom dia, pessoal. Venho em prol dizer que os capítulos de Velhos Punhos se tornarão recorrentes quatro vezes ao dia porque estou buscando chegar aos 100 capítulos antes do dia 22 de dezembro. Dessa forma, sei que vai ser um caminho longo, e cansativo. Mas, estou acostumado a escrever dessa forma.
    Gostaria de agradecer por estarem lendo, e sei que muitos não comentam porque simplesmente não gostam (eu sou assim também xD).
    Dessa vez, vim apelar para uma suposta enquete para saber como está sendo essa experiência de acompanhar a história.
    Se eu estou deixando algum ponto escapar, algum personagem não foi muito bem explicado, e se sim, pode deixar aqui que eu vou fazer tudo para deixar melhor.
    Eu devo abrir um apoia-se mais à frente, então, o ritmo de postagem deve diminuir para um ao dia, o que já é bastante, mas ainda terei todo um estoque de capítulos extras.
    Hoje, já possuo esse link no final de cada capítulo, no qual estou juntando tanto para as artes quanto para desenvolvimentos futuros como curiosidades e afins.

    Espero que estejam se divertindo como eu estou. Um abraço, sempre!

    Meliah observava seu reflexo fragmentado no espelho, o ambiente úmido e escuro do banheiro de uma das fábricas do Setor Industrial envolvendo-o. Ele estava sozinho, com o olhar fixo no vidro embaçado, tentando encontrar alguma clareza em seus próprios pensamentos. O desgaste exposto em seu rosto, o frio e neve não ocultavam a palidez de sua pele

    — Parece um pouco mais triste do que aparenta, talvez, porque seu irmão não está nas melhores condições. — Murmurou para si mesmo. Tentava entender melhor a situação. Ele se apoiou na pia quebrada, o metal era frio, ainda mais quando uma das janelas no alto estava quebrada e o vento se infiltrava por lá. — Você perdeu uma pessoa que confiava em você, agora está esgotado porque depende das outras pessoas para que ele fique vivo.

    Luma e Antton, os dois tinham o seu pessoal. Confiavam nos líderes deles, mas quando olhava para os seus subordinados, havia questionamento. Ele sabia que seu papel era liderar, que ele não poderia se dar ao luxo de vacilar.

    Preciso ser metódico, pensou, seu olhar se afastando da imagem embaçada. Preciso entender cada passo, cada decisão. Não posso me dar ao luxo de errar.

    Meliah deu um passo para trás, afastando-se do espelho, e se recostou contra a parede fria. Ele fechou os olhos, tentando se acalmar. O caos do lado de fora, dos ventos e da neve não podiam interferir. Ele precisava de clareza.

    — Eu preciso agir… Eu preciso fazer isso por eles, mesmo que eu não saiba o que vai acontecer depois. — Meliah se afastou da parede, um semblante mais resoluto tomando conta de seu rosto. Ele sabia que não podia mais voltar atrás. A responsabilidade que sentia sobre seus ombros não ia desaparecer, mas ele tinha que encontrar uma maneira de seguir em frente.

    A porta do banheiro recebeu duas batidas secas, mas ninguém disse nada do outro lado. Meliah, impaciente, soltou um suspiro pesado.

    — Já estou saindo. — Ele sabia que era algum dos seus homens, mas estava longe de estar disposto a lidar com mais problemas no momento.

    Meliah respirou fundo, tentando se concentrar para não explodir de raiva. Quando a terceira batida veio, mais fraca, ele cedeu e pegou a maçaneta, puxando a porta. Se arrependeu logo depois.

    Os Felroz estavam todos ali, espalhados pelo ambiente. Eles se agarravam no teto e nas pilastras, suas garras cravadas na estrutura de metal. A visão era assustadora. Meliah congelou por um instante, sentindo o coração acelerar.

    Abaixo deles, seus homens seguravam as vigas de ferro, como se elas fossem protegê-los.O som das patas dos Felroz raspando nas pilastras, o barulho metálico das garras se arrastando e o estalo das gargantas das criaturas enchiam o ar, fazendo seus subordinados se encolherem ainda mais contra as paredes.

    O som era ensurdecedor, um som que não apenas preenchia o ambiente, mas parecia penetrar nos ossos, fazendo a pele de Meliah arrepiar. Ele sabia que a situação estava fora de controle. Eles precisavam agir rápido, ou seriam todos consumidos pela ferocidade dessas criaturas.

    Merda… — Meliah sussurrou para si mesmo, a mente correndo enquanto ele tentava organizar um plano de ação, mas não havia muito o que fazer agora.

    Ele ergueu a mão, chamando atenção de todos. E apontou para a direita, onde uma parte dos escritórios ainda se mantinha de pé. Mostrou dois dedos, indicando que eles deveriam seguir caminho em duplas, nada além disso.

    Os Felroz eram atraídos por sons, então, que fosse um som de raspagem. Meliah abaixou e tocou a neve, tirou o excesso de cima e pegou muitas das pedras. Assim que levantou, uma das vigas soltas se soltou perto do banheiro.

    Imediatamente, os Felroz reagiram. Seus corpos ágeis e predadores desceram do teto como uma tempestade de fúria. Eles se lançaram em direção ao som, suas garras cortando o ar, e se chocaram violentamente contra a parede. O impacto foi tão forte que as estruturas de ferro e concreto ao redor tremeram.

    Meliah teve que se jogar para trás porque as criaturas invadiram e destruíram o espaço ao redor e na porta. O som do metal se torcendo e o estrondo das pedras sendo esmagadas pela força das criaturas preencheram o espaço. Meliah se viu forçado a se jogar para trás, tentando evitar ser pego no caminho da destruição.

    Ele se encolheu na parede. As criaturas estavam próximas agora, seus corpos escuros e musculosos quase o tocando. Meliah sentia o cheiro forte de sua presença, algo que misturava a umidade da neve com o odor metálico da destruição. Ele se forçou a não encostar neles. Eram criaturas nojentas, bem mais do que qualquer um que já teve que expulsar de sua casa anteriormente.

    Quando finalmente teve coragem de olhar ao redor, uma nova viga se soltou do teto, caindo com estrondo do outro lado. Suas cabeças se ergueram com rapidez, marcando que havia outro alvo em movimento.

    Com um movimento coordenado, eles partiram contra as pilastras e paredes já quebradas, rasgando o ambiente com a força bruta de suas investidas.

    Meliah sentiu o nervosismo tomar conta dele como nunca antes. Até aquele momento, ele sempre os havia tratado com desprezo, como se fosse uma questão de simples controle. Degol sempre os havia subjugado sem hesitação, com a frieza de um caçador e um sorriso que nunca o deixou na mão.

    Mas agora, sozinho, Meliah sentia o peso da realidade. Sem Degol ao seu lado, ele sabia que não tinha força suficiente para lidar com a fúria dos Felroz. Eles não eram apenas monstros, mas algo muito mais perigoso: criaturas imortais que não hesitavam em destruir tudo o que se colocasse em seu caminho.

    Ao sair do banheiro, viu seus homens parados dentro do escritório observando as criaturas se atacarem por pedra e ferro. Ele andou até lá, pisando na neve fofa para ocultar o som dos passos, e quando adentrou o escritório, fechou a porta com delicadeza.

    Sem dizer absolutamente nada a eles, apontou para dentro. Ele conhecia o Setor Industrial como a palma da mão dele, mas isso não queria dizer que estariam a salvo do perigo.

    Não queria admitir, nem pensamentos ou palavras seriam suficientes para tentar ocultar essa afirmação tão ridícula, mas gostaria que Dante ou Marcus estivessem ali com ele. Não para que pudesse salvá-los, mas para que seus homens sentissem que mesmo numa situação complicada como aquela, ainda havia esperança.

    Mesmo Meliah tendo uma habilidade tão forte como criar lâminas, ele precisava de alguns golpes para matar um Felroz.

    Tem mais deles lá fora, chefe — um dos seus homens sussurrou para ele, apontando para fora da janela. — O que fazemos?

    A resposta não deveria ser dita, mas ela foi pensada. Oramos, oramos bastante.

    Houve uma risada, Meliah ergueu a cabeça na hora. Uma risada bem estranha, no meio da neve, e cheia de divertimento. Ele reconheceu na mesma hora, mas não acreditou.

    Os seus homens também se entreolharam, tão confusos quanto ele.

    — Mas que porra vocês estão fazendo na minha casa, hein, cacete? — Era a voz dele. Meliah ergueu-se mais ainda, voltando para a porta frontal do escritório. Era a voz do seu irmão. — Eu fico algumas semanas desacordados, e vocês invadem tudo?

    Meliah ficou paralisado por um momento, os olhos fixos na figura de Degol à sua frente. O irmão estava de pé, como se nada tivesse acontecido. A última coisa que Meliah lembrava era Degol desacordado, em estado crítico. Agora, ali estava ele, com um sorriso largo e quase irreconhecível, os dois braços abertos em um gesto de acolhimento. A cena era surreal.

    Os Felroz, que antes pareciam prontos para atacar, estavam imóveis nas paredes, suas garras cravadas nas pilastras e nas vigas de ferro. Nenhum dos Felroz ousava se mover, nem mesmo uma única garra ou pata se mexia. Era como se o tempo tivesse parado, o que tornava a cena ainda mais desconcertante.

    Degol, com seu sorriso inconfundível, parecia totalmente à vontade. Ele olhou para Meliah, como se estivesse esperando que ele se aproximasse, e falou com aquela voz grave, mas cheia de autoridade:

    — E pensar que fariam meu irmão ficar enrolado aqui, hein? — Os braços dele foram se transformando em pedra, toda a sua pele se condensando em concreto, ainda mais intenso e fortificado do que da última vez que o viu. — Então, quem vai ser o primeiro a morrer hoje?

    Os Felroz abriram suas bocas cheias de dentes e soltaram um rugido. Ao mesmo tempo, seu irmão caçula abriu os braços, numa postura completamente confiante. O que… como ele está aqui?

    A porta atrás do escritório se abriu. Era Jix e Juno, o velhinho usava sua bengala e acenou de maneira casual para fora.

    — Vamos, seu irmão e Marcus vão ganhar tempo para pegarmos o que precisamos.

    A cena era grotesca e, ao mesmo tempo, impressionante. Meliah viu Degol atacar com ferocidade, seus movimentos rápidos e selvagens. Ele não estava apenas lutando, ele estava dominando. Cada golpe, cada movimento, parecia ser uma declaração de poder, uma afirmação de que ele havia se transformado em algo mais do que o irmão que Meliah conhecia.

    É ele mesmo.

    — Meliah — chamou Jix, todos os homens já tinham saído. — Vamos, vai poder conversar com ele depois.

    Com um suspiro pesado, Meliah finalmente se virou para seguir Jix, mas não sem antes lançar um último olhar para trás. Ele nunca tinha sentido tanta felicidade e tristeza ao mesmo tempo. Seu irmão tinha acordado e ele não estava ao seu lado. Agora, ele lutava como uma besta que sempre foi para ganhar tempo.

    Era o orgulho de ver seu irmão caçula de novo de pé.

    Meliah partiu com Jix.

    Da próxima vez, não vou te deixar ir sozinho.

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