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    À medida que Harley e Aurora se aproximavam do fim do saguão, a expectativa dele aumentava enquanto a jovem lhe acompanhava em silêncio. 

    Ao chegarem ao fim do saguão, uma imensa escadaria se revelava à frente, conduzindo a uma grande altitude no nível superior. 

    Finalmente, ao chegar ao topo, Harley pôde observar algo fascinante: redomas gigantes translúcidas, interligadas por suas extremidades, a semelhança de marcar os pontos cardeais de um mapa invisível.

    Cada redoma parecia abrigar um mundo separado. Grupos de guerreiros estavam espalhados dentro delas, dedicados a treinos intensos. 

    Ele podia ver formações militares precisas em uma das redomas, enquanto em outra havia vários combates individuais com uma vasta gama de armas diferentes, e até outra redoma parecia um grande labirinto com dificuldades a serem superadas. 

    — Qual o tempo mínimo de se permanecer em cada redoma? — perguntou Harley, sem desviar os olhos da visão impressionante à sua frente, especulando que cada lugar deveria exigir um nível de especialização para ser acessado.

    Aurora sorriu levemente ao notar o fascínio em sua expressão.

    — O máximo de tempo que se conseguir — respondeu ela, num tom de quem dizia a coisa mais natural do mundo.

    Harley a olhou, surpreso, absorvendo as implicações de sua resposta.

    Aurora prosseguiu, oferecendo uma explicação mais detalhada:

    — Uma vez dentro, eles são submetidos a um treinamento que os desgasta até o limite. Não há escapatória até que estejam prontos.

    O jovem Ginsu franziu o cenho, e a garota prosseguiu: 

    — Ou aprendem, ou ficam aprisionados aqui para sempre… ou morrem tentando.

    Harley notou que apenas um número restrito de pessoas circulava pelos corredores entre as redomas. Elas pareciam ora prestar suporte, ora avaliar ou monitorar o desenvolvimento dos guerreiros, o que deixava a função delas envolta em mistério.

    Aurora apontou para uma área mais distante, indicando alguns pontos de interesse com o dedo.

    — Ali fica o arsenal. O maior desse mundo. Aquele é o alojamento da administração. E ali, o grande salão de combate, que hoje está fechado.

    Harley analisava cada um dos pontos indicados, absorvendo a quantidade de informações que lhe fora oferecido, aproveitando a oportunidade para arrancar ainda mais o máximo de informações sobre o lugar.

    — Se a Academia é tão poderosa, onde estão as tropas de proteção? — questionou o jovem, lançando um olhar atento ao redor — Tanto em volta das redomas quanto neste lugar, parece haver pouca segurança visível.

    Aurora esboçou um sorriso discreto antes de responder: 

    — Eles não podem ter um exército próprio. Há uma regra para manter o equilíbrio de poder com outras escolas. 

    — Então, para onde vão todos os guerreiros? — insistiu Harley. 

    — Cada um é enviado para um destino diferente — explicou Aurora, séria — A Academia os forma, mas jamais concentra poder militar.

    Harley assentiu, compreendendo o delicado equilíbrio que mantinha a ordem entre as instituições daquele mundo. A academia, era apenas uma parte de um sistema maior. O poder real estava espalhado, descentralizado, controlado por forças muito além daquelas muralhas.

    De repente, ele notou algo incomum. Os corredores que circundavam as redomas estavam bloqueados por um grande grupo de pessoas, todos aglomerados em uma única direção. Era evidente que algo estava acontecendo.

    — Quem são todas essas pessoas? — perguntou Harley, intrigado com o aparecimento repetindo da multidão.

    — Líderes de outras escolas e representantes de grupos importantes — Aurora explicou, observando o fluxo de pessoas — Eles vêm acompanhar o progresso dos seus membros e monitorar os avanços dos outros. Estão sempre avaliando.

    Harley refletia que a política entre as escolas parecia ser delicada, onde cada movimento era analisado com cuidado. O ambiente era competitivo, e o progresso individual influenciava a dinâmica entre as diferentes instituições.

    — Parece que a chegada de Milenium paralisou tudo aqui — comentou Aurora, percebendo que a atenção de todos ainda estava voltada para a presença da filha do cônsul — Talvez seja melhor voltarmos em um momento mais tranquilo.

    Ele concordou com um aceno. A jovem então fez outra sugestão:

    — Que tal irmos à Escola de Exploradores Interdimensionais? Com Milenium aqui, o lugar deve estar mais tranquilo.

    Sem hesitar, eles retornaram à cápsula de transporte e partiram. Depois de pouco tempo, Aurora interrompeu o trajeto, para surpresa de Harley.

    — Vou parar um pouco aqui — disse ela com suavidade — Há algo de especial no segundo pôr do sol do dia. Tudo bem? 

    — Claro! Eu a acompanho com prazer.

    Quando os dois desembarcaram do invólucro de transporte foram recebidos por uma visão deslumbrante: O céu, tingido de cores vibrantes, laranjas, rosas e violetas, a ponto de parecer pintado em tempo real. O segundo pôr do sol iluminava a paisagem com uma intensidade que Harley nunca tinha percebido.

    Parado, ele contemplava em silêncio, talvez até experimentando, pela primeira vez, o esplendor do mundo ao seu redor. Era quase impossível recordar-se de alguma vez em que fora permitido parar e ver a beleza que o rodeava. 

    Sua infância fora envolta na escuridão, sua vida no Clã Dragões de Sangue, um fardo. Cada instante de sua existência parecia marcado por fugas, batalhas e ameaças.

    Pela primeira vez, ele sentiu algo diferente: uma paz que o abraçava, de maneira que o tempo parecia estar ao seu dispor. Aurora, observando-o de soslaio, sorriu ao ver o espanto se formando em seu rosto. 

    Ginsu, que sempre fora tal qual uma tempestade, agora silenciava, imerso em algo novo. Quando Harley fitou a mulher ao seu lado, o coração transbordou de uma gratidão silenciosa. Sabia que ela havia lhe dado aquele momento raro e, em pensamento, agradeceu por esse instante precioso.

    Mas o momento de paz foi abruptamente interrompido por um som ensurdecedor:

    — Cabrummmm!

    A explosão colossal ecoou pelo ar, seguida de um leve tremor que sacudiu o solo sob seus pés. Os dois se viraram rapidamente, em direção ao som, apenas para testemunhar uma cena de devastação.

    A Academia de Combate Tradicional estava sendo consumida por chamas imensas, envolta em destruição. A explosão tinha sido tão poderosa que reduzira a estrutura imponente a ruínas, com destroços voando em todas as direções. O ar estava pesado com fumaça e o cheiro de metal queimado.

    Harley ficou paralisado, assim como Aurora. Os dois observavam, incapazes de processar a magnitude do que estavam presenciando. A academia, um símbolo de poder do Mundo Mágico, havia sido destruída em um instante. Tudo o que restava eram destroços.

    “O que significava aquela destruição? Quem estava por trás disso?” — essas perguntas pairavam no ar, enquanto Harley sentia uma nova onda de inquietação crescer dentro dele.

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