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    SÉRGIO ROMANOV

    Sérgio Romanov estava acostumado a lidar com a incerteza, mas a missão que Abaddon lhe confiara colocava-o diante de uma escolha que ele não podia prever. 

    Seu futuro já fora desvendado em fragmentos por ele mesmo, revelado através de ecos de sua própria existência futura. A adaga lhe dera esse poder e ele sabia, de antemão, cada curva, cada decisão que deveria tomar. 

    Mas agora, havia algo diferente. O caminho à frente não estava claro, não seguia a familiaridade do destino que ele esperava encontrar.

    A sensação de controle que ele sempre carregara consigo desaparecia aos poucos. Essa nova rota, oferecida por seu artefato dimensional, o colocava em uma posição vulnerável — à mercê do desconhecido. 

    Avançar significava romper com o passado, tomar novos caminhos e deixar para trás tudo o que ele havia aprendido ao espiar o futuro.

    Sérgio não trocou uma única palavra com Isabella, tampouco com a Guardiã Sombria, que também estava encarregada de sua própria missão. Ele não precisava. Sabia que cada um tinha seu papel a desempenhar, e naquele momento, ele estava sozinho em sua escolha. 

    A missão confiada por Abaddon exigia mais do que uma simples execução de tarefas. Exigia coragem para enfrentar o que não podia ser previsto.

    Sem olhar para trás, ele segurou o artefato com firmeza, sentindo sua textura fria contra a palma da mão. Era um fragmento de osso de dragão, talhado com runas antigas, capaz de rasgar o véu entre as dimensões. Abaddon lhe instruíra que, ao esmagá-lo, abriria um portal para o desconhecido, e não havia volta.

    Com um único movimento, ele esmagou o artefato. O osso se desintegrou em milhares de fragmentos reluzentes, e uma onda de energia se espalhou a partir do centro, pulsando com um crescente luminoso que o abraçou. 

    O ar ao seu redor parecia tremer, e, diante de seus olhos, um vórtice dimensional começou a se formar. Era um redemoinho de energia, uma distorção no tecido da realidade, brilhando com um brilho ofuscante que parecia vivo.

    Sem hesitar, Sérgio avançou, sentindo o impacto da sucção violenta que o puxava para dentro do portal. O som ao seu redor tornou-se ensurdecedor, e ele mal conseguia manter os olhos abertos enquanto o mundo ao seu redor se dissolvia em um turbilhão de luz e escuridão. 

    Se via arrancado do tempo e do espaço, jogado em um abismo de caos. A sensação de fragmentação parecia interminável. Seu corpo girava descontroladamente, mergulhando cada vez mais fundo numa vastidão desconhecida. 

    O tempo, antes algo linear, agora parecia uma massa distorcida, sem forma. O presente, o passado e o futuro se fundiam em uma única corrente, enquanto ele era sugado pelo redemoinho.

    Então, de repente, tudo parou.

    Sérgio Romanov abriu os olhos, e o redemoinho de cores ao seu redor se dissipou tal qual fumaça levada pelo vento. Ele estava de pé, com os pés firmemente plantados no chão, de forma idêntica a nunca tivesse se movido. 

    O cenário à sua frente era familiar, mas algo havia mudado. As cores, os sons, até mesmo o ar que ele respirava, tudo parecia carregado de uma nova energia, uma promessa de oportunidades inexploradas.

    Diante dele, o mundo se abria assim, uma página em branco, pronta para ser escrita novamente. Sérgio sabia que, por mais que tivesse fracassado em incontáveis tentativas anteriores, esse novo caminho lhe oferecia uma chance de redenção. 

    Não era mais o mesmo futuro que ele havia previsto. Era uma nova realidade, repleta de possibilidades e perigos, e ele estava determinado a vencer desta vez.


    GUARDIÃ SOMBRIA

    Enquanto Sérgio Romanov se lançava em direção ao desconhecido, a Guardiã Sombria liderava seu exército de sombras, uma força que se movia de maneira similar a uma onda silenciosa através dos corredores escuros do arsenal que acabara de saquear.

    Sua pele negra brilhava à luz do segundo pôr do sol, e seus cabelos encaracolados dançavam com o vento, enquanto ela comandava suas sombras com uma autoridade inquestionável.

    A missão confiada por Abaddon havia sido cumprida com sucesso. O maior arsenal do Mundo Mágico agora estava em suas mãos, e com ele, o caos que ela e seus mestres tanto desejavam estava prestes a ser desencadeado. 

    As sombras que ela controlava, seres que existiam em decorrência de sua Energia Sombria, carregavam consigo uma infinidade de armas. Cada uma delas tinha o poder de alterar o curso de batalhas inteiras, e agora estavam sob seu domínio.

    Era uma visão imponente. As sombras, talvez milhares delas, moviam-se como um único organismo, cada uma carregando mais de uma arma. Elas se entrelaçavam e se fundiam, formando uma massa de poder que obedecia aos comandos silenciosos da Guardiã.

    Com um gesto simples, ela recolheu as sombras para dentro de si, absorvendo toda aquela energia. O exército desapareceu, deixando apenas a Guardiã e a forma sombria de um dragão colossal, que agora pairava ao seu lado. 

    O dragão, feito da própria essência das sombras, era aterrador, com olhos vermelhos brilhando tal qual brasas. Ela montou a fera com a destreza de quem controlava o destino de mundos inteiros.

    Enquanto o dragão ganhava altitude, a Guardiã Sombria olhou para trás. A Academia de Combate Tradicional, agora uma ruína em chamas no horizonte distante, era o símbolo de seu triunfo. 

    Ela não precisava atacar diretamente, bastava a dúvida que ela semeara, a desordem que agora tomava conta das forças rivais.

    As sombras, ao roubar o arsenal, não apenas enfraqueceram seus inimigos, mas também os colocaram em uma posição de vulnerabilidade. Eles não sabiam mais em quem confiar, pois suas defesas haviam sido violadas, e suas armas mais poderosas, roubadas.

    O horizonte, tingido pelas cores vibrantes do segundo pôr do sol, servia de forma semelhante a um pano de fundo para sua fuga. O dragão e sua mestra voavam em uma velocidade vertiginosa, cortando o céu.

    A vastidão do mundo se estendia abaixo deles, mas a Guardiã não se deixava distrair pela beleza da paisagem. Ela tinha um objetivo, e cada decisão a aproximava do caos que Abaddon prometera.

    Sua mente estava em constante planejamento, sempre um passo à frente, prevendo os movimentos de seus inimigos e de seus aliados. Ela sabia que, para sobreviver naquele mundo, a cautela era tão importante quanto a força. 

    Mas, naquele momento, ela estava confiante. A missão fora cumprida com perfeição, e os frutos de seu trabalho logo se manifestariam.

    Ao longe, o brilho da destruição se dissipava à medida que ela se afastava da Academia. A Guardiã Sombria mantinha seus olhos fixos no horizonte, ciente de que, apesar de suas vitórias, os maiores desafios ainda estavam por vir. 

    Ela sabia que o jogo de poder no Mundo Mágico estava apenas começando, e que seu papel era central na trama de caos que se desenrolava.

    Por fim, com uma voz fria e calculada, ela sussurrou para o vento:

    — O prelúdio do caos já começou.

    E com isso, a Guardiã Sombria e seu dragão desapareceram no horizonte, deixando para trás apenas as cinzas da Academia de Combate e a certeza de que o caos começara a tomar forma.

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