Capítulo 133 – O preço da passividade de Harley.
Voltando finalmente sua atenção para sua parte do invólucro, Harley se via cercado por controles misteriosos, sem qualquer orientação. O painel de controle, repleto de pequenas estrelas e botões, parecia desafiar sua compreensão. Cada escolha parecia carregar um risco oculto.
Sair do veículo significava aventurar-se por um território desconhecido, uma decisão que poderia levá-lo a perigos imprevistos. Por outro lado, ativar as alavancas ou botões sem saber exatamente o que faziam poderia ter consequências ainda mais imprevisíveis.
Ele respirou fundo e, ponderando suas opções, decidiu adotar uma abordagem cuidadosa. Em sua mente, a tela parecia a opção mais segura, afinal, Aurora a havia tocado diversas vezes sem causar danos aparentes. Esticou os dedos hesitantes e, com um toque leve, encostou na superfície brilhante.
A tela piscou, iluminando-se suavemente. Por um momento, Harley sentiu o coração acelerar, esperando que algo significativo acontecesse. Uma luz envolveu seu corpo, algo que o fez estremecer, mas logo percebeu que não havia mudança perceptível.
Nenhuma sensação, nenhum movimento. Apenas uma luz silenciosa, quase tranquilizadora. Ele tocou a tela novamente, esperando algum sinal, alguma resposta, mas nada aconteceu. Apenas silêncio, como se o veículo estivesse decidido a permanecer imóvel, desafiando suas tentativas.
A frustração crescia. Cada toque na tela parecia apenas aprofundar o vazio, e Harley se recriminava internamente por não ter perguntado a Aurora mais sobre o funcionamento do veículo.
“Eu fui passivo” — pensava ele — “Dependente demais dos outros, novamente.”
Cada segundo ali, imóvel, era um lembrete cruel de sua própria falta de controle sobre as circunstâncias.
Ele se perdeu em pensamentos, relembrando os tempos em que sua vida era mais simples. No seu mundo natal, o funcionamento das coisas era compreensível.
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O transporte, por exemplo, era uma questão de interação direta: com os animais de tração ou com o ritmo natural da terra. Aqui, neste novo mundo, tudo parecia alienígena, movido por forças invisíveis e complexidades inatingíveis. Ele sentia um abismo crescer entre ele e essa nova sociedade tecnológica.
Esses veículos velozes, que cortavam o ar sem esforço, eram muito mais do que simples meios de transporte. Eram enigmas, cujas camadas de conhecimento técnico estavam além de sua capacidade de dedução.
Cada objeto, cada mecanismo, representava um quebra-cabeça. Soava como se o próprio mundo fosse uma entidade viva, desafiando Harley a entendê-lo, a domar sua complexidade.
Mas ele sabia que, do mesmo jeito que em sua antiga vida, o conhecimento não vinha de graça. O jovem refletia que, da mesma forma que nas artes marciais, o domínio de qualquer coisa requer tempo, paciência e prática. Nada era imediato.
Sem o treinamento adequado, sem orientação, tentar usar um desses dispositivos seria de forma idêntica a tentar lutar cegamente contra um inimigo invisível. Tentar e falhar seria o caminho mais provável.
Ele refletia sobre as técnicas marciais de seu povo, comparando-as ao que enfrentava agora. Cada movimento, cada golpe, era resultado de anos de treino meticuloso.
Da mesma forma, os sistemas desse mundo exigiam uma compreensão profunda para serem manuseados. Era impossível deduzir ou improvisar. Tudo era uma ciência, e ele ainda estava muito longe de dominar essa nova realidade.
Finalmente, Harley aceitou que continuar tentando manusear o transporte seria inútil. Com um suspiro de resignação, decidiu que não podia mais esperar. Se não conseguisse fazer o veículo funcionar, então talvez fosse hora de continuar sua jornada a pé, mesmo que o destino fosse incerto.
Seus instintos de sobrevivência sempre o haviam guiado em momentos de crise, e ele estava determinado a não permitir que o desconhecido o paralisasse.
Enquanto se preparava para sair da cápsula, uma voz familiar soou. A tela, antes indiferente, ganhou vida novamente, revelando a imagem de Doravan, que parecia estar falando diretamente com ele:
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— Harley, que bom que está vivo — disse Doravan, sua voz carregada com um toque de urgência.
Harley sentiu um alívio imediato. Ele não estava mais sozinho. Doravan estava no controle. Isso trazia uma sensação de segurança, mesmo que momentânea.
— Estou conduzindo remotamente este veículo de volta ao Departamento de Ciência e Tecnologia — continuou Doravan, tranquilizando-o.
A mente de Harley voltou-se para Aurora. A preocupação com a garota, que desaparecera tão abruptamente, ainda pesava sobre ele. Ele abriu a boca para perguntar, mas Doravan, sempre atento, o interrompeu antes que as palavras saíssem.
— Ela está bem. Aurora tem suas obrigações… — disse Doravan, com uma tranquilidade calculada.
Harley notou uma leve pausa, como se Doravan ponderasse se deveria dizer mais. Mas o momento de hesitação foi breve, e logo o velho mestre mudou de assunto.
— Vou precisar de sua ajuda — completou Doravan, sua voz ficando mais séria — As armas roubadas… Precisamos recuperá-las.
A simples menção das armas roubadas trouxe à tona memórias de violência, confrontos e caos. Ele sabia que, de uma forma ou de outra, acabaria envolvido nesse conflito, da mesma maneira que já havia sido em tantas outras batalhas.
— Por que eu? — murmurou Harley, mais para si mesmo do que para Doravan, embora a pergunta estivesse impregnada de sinceridade.
Ele não tinha ilusões de que era especial, ou que sua ajuda seria insubstituível.
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Doravan sorriu, embora fosse um sorriso cansado, sentindo-se como se já tivesse respondido aquela pergunta inúmeras vezes.
— Porque você está aqui, e porque o caos está à sua volta, quer queira ou não — respondeu ele com uma calma quase paternal — Você pode não acreditar, mas seu destino está profundamente entrelaçado com os eventos deste mundo.
Harley ponderou sobre as palavras do velho professor. Havia algo inegavelmente tentador na ideia de ter um propósito, de ser necessário. Mas ele também sabia que ser útil implicava em sacrifícios, algo que ele não estava seguro de querer oferecer.
— As armas foram roubadas por aqueles que querem destruir o equilíbrio que temos aqui — continuou Doravan — Recuperá-las é mais do que uma questão de segurança. É uma luta pelo futuro de todos nós.
O jovem se remexeu em seu lugar. A ideia de uma luta pelo ‘futuro’ sempre lhe parecera um tanto abstrata, algo que as pessoas diziam quando queriam manipular os outros para suas próprias causas.
Mas Doravan falava com uma intensidade incomum, e algo na postura do velho sugeria que ele acreditava profundamente no que estava dizendo.
— Eu vou guiá-lo — disse o professor, voltando sua atenção para os controles — Mas você precisa estar preparado. As coisas não serão fáceis daqui para frente.
Harley assentiu, mesmo que a dúvida ainda pairasse sobre ele.
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