Capítulo 146 – O som que anuncia a destruição
— Tum! Tum! Tum! Tum! Tum! Tum! Tum! Tum! Tum!…
O som dos tambores persistia em sua mente, e, de repente, Harley ficou imerso em uma sensação de caos. O mundo à sua volta era fragmentado. Ele piscou várias vezes, tentando compreender o que estava acontecendo.
“Será que entrei em uma distorção espacial? Onde estou?” — pensou, seu corpo incapaz de acompanhar a nova dimensão que agora o envolvia.
A realidade se estilhaçava em fragmentos diante de seus olhos. As formas geométricas que antes flutuavam aleatoriamente, agora estavam ordenadas, com a realidade sendo esticada e comprimida ao redor dele formando uma infinidade de formas.
Harley sentia-se perdido, sem conseguir acompanhar as distorções.
O espaço à sua volta não havia sido criado por ele. Ao contrário, parecia que o ambiente havia se reorganizado sem aviso, adaptando-se a algo que o jovem Ginsu não conseguia compreender.
Harley observou o ambiente com mais atenção, focando nas figuras distantes. A linha que ele seguira até aquele ponto o havia conduzido até ali, mas agora algo mais se destacava: as pessoas.
Embora ainda estivessem longe, ele conseguia reconhecê-las, percebendo-as claramente que eram seres humanos. Em meio a tanta distorção e caos, elas eram as únicas constantes. Com cada passo que dava em direção a elas, sentia que seu destino estava inexoravelmente ligado a essas figuras.
À medida que a percepção de sua situação se tornava mais clara, seu corpo acompanhava o processo. A diferença de velocidade que o afastava da realidade foi diminuindo, e, aos poucos, o ambiente ao redor de Harley se estabilizou.
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Tal qual o tempo e o espaço se moldando a sua presença, tudo ao seu redor retornou ao seu ritmo habitual. A clareza finalmente surgiu, permitindo-lhe entender onde estava e o que estava acontecendo.
— Schlummf!
O som do machado cortando o ar foi brutal, uma batida seca que ecoou no caos da batalha. Harley girou a cabeça, os olhos se fixando na lâmina de metal brilhante, que, com precisão mortal, separou o corpo de um homem ao meio.
O sangue jorrou lentamente no ar, igual a um espetáculo onde o tempo brincava com a morte, enquanto os dois pedaços do corpo caíam com precisão milimétrica no chão. Era brutal, feroz, e tão surreal que quase parecia uma alucinação para ele.
Harley mal teve tempo de processar o horror da cena à sua frente. Em um piscar de olhos, ele se viu no centro do confronto, perplexo quanto à maneira que as distorções o haviam levado até ali, sem qualquer explicação.
A batalha ao seu redor se intensificava de maneira caótica. À sua direita, um homem armado com um rifle disparava rajadas implacáveis contra a figura imponente, que empunhava o machado.
Os tiros atingiam o corpo do atacante, mas ele não parava. Finalmente, a última bala cravou-se em seu peito, e o homem tombou, caindo sem vida no chão, enquanto o som das rajadas ainda reverberava pelo campo de batalha.
Em um instante, Harley se viu cercado por corpos. Dois deles estavam aos seus pés, caídos de maneira tão repentina e sem chance de defesa que ele mal conseguia acreditar no que via.
O caos se aproximava em uma onda implacável, e Harley, sem distinguir amigo ou inimigo, reagia com a urgência de quem precisa sobreviver. Seus olhos percorriam freneticamente o cenário, procurando desesperadamente por uma rota de fuga entre o embate dos grupos de Milenium e dos guerreiros.
Com o coração disparado e os olhos freneticamente vasculhando o campo de batalha, Harley procurava uma saída, uma maneira de escapar. Ele não reconhecia ninguém ali, e, mesmo assim, a sensação de que estava preso em um pesadelo sem fim o sufocava ainda mais:
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“O que está acontecendo? Como fui parar aqui? E, mais importante, como sair daqui?”
“Aurora!? Onde está Aurora? Ela não está aqui.” — questiona-se Harley, percebendo que sua hipótese de ter uma linha de destino ligando a Aurora foi falha. Um erro.
O conflito devorava tudo ao redor. Seus companheiros sintéticos que o acompanhavam estavam paralisados, imóveis, reflexivos em sua indiferença, observando a carnificina com uma indiferença monstruosa.
— Sssshhh… — A espada gigante cortou o ar com velocidade.
Harley rolou para o lado, evitando por um triz o golpe fatal da espada que desceu em um arco mortal. No ar, viu as duas facas voando em sua direção. Desviou-se mais uma vez para o lado, sentindo o sussurro do vento gelado raspando seu rosto.
Sem um segundo para respirar, o som estridente de tiros cortou o ar, e ele sentiu o perigo. Uma rajada de balas passou raspando pelo espaço que ocupara momentos antes, enquanto se lançava para evitar as facas.
Enquanto Harley lutava para se manter vivo, as criaturas sintéticas ao seu lado permaneciam inertes, sem demonstrar qualquer reação à ameaça iminente. Os golpes passavam por elas sem causar qualquer dano, suas formas metálicas absorvendo os impactos com uma passividade absoluta.
“Tum! Tum! Tum…” — o som dos tambores ecoava novamente em sua mente, trazendo memórias de sua infância. Eram tambores de guerra, tambores que precediam destruição e morte. O som o fez hesitar, mas ele rapidamente se recompôs.
Um machado voou em sua direção, atingindo de raspão seu braço esquerdo. Mas ao invés de um corte, o impacto foi repelido por uma energia escura que o envolvia, dissipando a força do golpe.
Harley respirou fundo, recuperando o foco. O treinamento exaustivo que recebera em sua tribo voltava à tona. A repetição incessante dos movimentos, a prática constante do que chamavam de ‘compactação’, vinha para ajudá-lo a reagir de forma instintiva.
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Mas ali, naquele cenário imprevisível, ele sabia que a repetição podia ser tanto uma benção quanto uma maldição. Cada movimento era uma dança delicada entre a previsibilidade e a improvisação, entre o controle e o caos. E assim, o jovem Ginsu sabia que a qualquer momento, sua confiança na técnica poderia se transformar em uma armadilha.
Seus companheiros sintéticos continuavam imóveis. Harley começava a se perguntar se eles estavam programados para não reagir a certos tipos de ataque ou se tinham uma instrução para não agir agressivamente.
“Será que existe uma ordem específica para a Guardiã Sombria? Algum protocolo que eu não conheço?” — Pensava, mas naquele momento, isso parecia irrelevante. Ele estava imerso em uma batalha mortal, cercado por inimigos implacáveis, que não hesitariam em matá-lo.
Com o corpo em movimento, evitando mais um ataque letal, Harley finalmente compreende a magnitude do que está acontecendo. Os guerreiros da Academia de Batalha Tradicional e da Escola de Exploradores Interdimensionais já estavam se engajando em uma batalha pelo poder no Mundo Mágico, uma guerra que fugia completamente dos parâmetros de sua missão.
— Tum! Tum! Tum! — os tambores batiam mais uma vez, dessa vez com mais força, exigindo sua atenção.
Harley tentou afastar a memória, mas o som dos tambores o puxava com uma força avassaladora, prendendo-o em um ciclo do qual não havia saída. Era uma sensação crua e não processada, invadindo-lhe a mente sem aviso.
Milissegundos de: lembranças de sua tribo, do campo de batalha, do som da derrota, o impacto de se vê novamente naquele dia, o som dos tambores anunciando a morte de todos ao seu redor e o eco de um destino selado.
A dor da perda o cortou: ele estava lá, um garoto, vendo sua tribo ser dizimada, sentindo aquele som reverberar nas suas entranhas. Era a música da destruição, uma melodia que ficou gravada em sua alma.
Fechou os olhos, revivendo aquele terror. Quando os abriu novamente, nem um milissegundo se passou e ele se viu de volta ao campo de batalha, imerso em uma luta pela sobrevivência, Onde os tambores ainda ecoavam, agora ressoando a ameaça de que o fim estava, mais uma vez, iminente.
A espada gigante voltou a descer, e desta vez Harley a desviou com sua adaga, seu corpo fluindo com a confiança adquirida em sua juventude. Ele sabia o que fazer. Sabia como se mover. Cada ataque se desdobrava como uma memória distante sendo acionada, cada movimento um reflexo dos ensinamentos que o haviam moldado.
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