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    Milenium agora estava a poucos metros de distância, seus movimentos incrivelmente fluidos. Harley com seus sentidos em alerta máximo, quando, de repente, ela parou. O momento de pausa foi inesperado, e ele, por reflexo, também interrompeu seu ataque. E uma voz familiar ressoou:

    — Harley, sou eu, vamos!

    Ele olhou para ela, o cenho franzido pela confusão, e perguntou:

    — Aurora?

    Mas a figura não respondeu diante de um jovem paralisado. Em vez disso, aproximou-se rapidamente, pegou a mão dele e o puxou para longe dos dois grupos em conflito. 

    Harley mal conseguia processar o que estava acontecendo. A garota usava um capacete, e, além da voz, nada mais a associava à Aurora que ele conhecia. A forma do toque de sua mão, contudo, era estranhamente familiar, e algo dentro dele parecia reconhecê-la, sem dúvida alguma.

    Correndo lado a lado, o jovem Ginsu tentava organizar seus pensamentos, que agora se embaralhavam com lembranças: 

    “Como ela poderia estar aqui?” — pensava ele, o cérebro sobrecarregado pela adrenalina — “Será possível que Aurora esteja se arriscando por mim?”

    “Será que ela está agindo na função de uma substituta, se expondo no meio do caos para proteger Milenium, dentro de um esquema maior e mais complexo? Ou talvez elas sejam a mesma pessoa. Essa explicação faz cada vez mais sentido.”

    Aurora, a cientista estudiosa que Harley conhecia, sempre fora alguém de mente brilhante, mas distante dos combates físicos. E agora, aquela mesma garota corria ao lado dele, demonstrando uma precisão tática e habilidades de combate que poderiam deixar qualquer guerreiro impressionado e receoso. 

    “Quem era ela, realmente?” — Ginsu se perguntava, tentando conciliar a imagem da Aurora que ele conhecia com a figura que agora o guiava com confiança.

    Eles corriam com urgência. A cada metro que percorriam, sentia que estavam fugindo não apenas de seus inimigos, mas de algo maior, algo que o jovem Ginsu ainda não conseguia nomear:

    “Mas o que é isso? O destino inevitável? A verdade?”

    Subitamente, um impacto poderoso o atingiu, jogando-o para trás. Harley caiu no chão, o ar escapando de seus pulmões. Uma figura geométrica emergiu diante dele, colidindo com força. Por um instante, tudo ao redor se tornou um borrão de luzes distorcidas. 

    Quando abriu os olhos novamente, linhas negras apareceram em sua visão, conectando-se em padrões complexos que pareciam esticar-se pelo ar, conectando tudo ao seu redor.

    A verdade estava bem diante de seus olhos, impossível de ignorar. A realidade não podia mais ser negada. Harley percebeu, com uma clareza profunda, que aquelas linhas não eram apenas marcas ou sinais: eram conexões invisíveis, ligando sua existência a algo muito maior, algo que ele ainda mal compreendia, mas sabia ser crucial para sua jornada.

    Agora, aquela linha que ele seguia estava mais curta e brilhava com uma intensidade avassaladora, parecendo puxá-lo para algo que o jovem ainda não conhecia, mas que agora parecia inevitável: aquela linha estava conectada a Aurora, da mesma forma que suas mãos estavam unidas.

    Uma revelação silenciosa percorreu sua mente. Sua jornada no Mundo Mágico, com todos os desvios, perigos e escolhas impossíveis, sempre o trouxera de volta a ela, guiado pelas linhas efêmeras negras que o conectavam a Aurora. 

    Havia a impressão de que uma força maior guiava seus passos, unindo-o a Aurora de uma maneira que ele não conseguia racionalizar, mas que aceitava com determinação. Sua presença fazia sentido, e Harley, mesmo confuso, sentia uma certeza profunda de que estava exatamente onde deveria estar.

    Antes que ele pudesse formular uma pergunta, a garota à sua frente, ainda segurando sua mão, falou com urgência:

    — Depois te explico. Nem os meus companheiros são confiáveis.

    Harley podia sentir os inimigos se aproximando, seus passos acompanhados pelo som metálico dos escudos sendo levantados, prontos para atacar. Os escudos brilhavam à distância, e logo ele os viu, avançando com determinação, à semelhança de um muro de aço em movimento. 

    Sem mais palavras, ela jogou um artefato entre eles e os perseguidores, que os perseguiam. A explosão foi devastadora, o estrondo reverberando pelo campo de batalha, seguido por uma onda de choque que fez os guerreiros recuarem. 

    O impacto fez o chão vibrar sob os pés de Harley, mas ele sabia que, por aquele momento, tinham conquistado uma preciosa vantagem.

    O jovem olhou para trás e viu seus quatro companheiros sintéticos emergindo das chamas da explosão, ainda ineficazes novamente, apenas seguindo sem propósito, sem oferecer ajuda ou qualquer utilidade neste momento crítico de fuga. Frustrado, ele reafirmou internamente que deveria ignorá-los. 

    Como sempre, as criaturas estavam ilesas, seguindo silenciosamente os dois em fuga, sem reações ou questionamentos. A indiferença dos companheiros de equipe o irritava. Mais uma vez, ele se dava conta de que nada mudava para eles, independentemente do que acontecesse ao redor.

    Enquanto corriam, a distância entre eles e os inimigos aumentava gradualmente. Harley sentia em seu íntimo que as respostas logo chegariam, mas, ao mesmo tempo, sabia que não poderia tomar uma decisão agora. 

    “Aurora ou Milenium?” — ele refletia, consciente de que essa dúvida teria que esperar.

    Sentindo a urgência da situação, Harley apertou um dos três botões de seu bracelete tecnológico. O zumbido preencheu o ar, e de um feixe de laser, um drone começou a se solidificar diante de seus olhos. 

    Em poucos segundos, o que era pura energia agora parecia uma substância firme e concreta, mas o material, ao toque, era algo que Harley jamais poderia identificar. Luzes azuis piscavam rapidamente no dispositivo, que se dividiu em dois fragmentos, cada um com uma missão clara.

    O primeiro fragmento disparou à frente, assumindo a função de batedor. Imagens tridimensionais holográficas projetavam-se diante dele, mostrando em detalhes as áreas que eles atravessariam. 

    O terreno era mapeado em tempo real, revelando obstáculos, movimentações suspeitas e rotas de fuga possíveis. Graças ao drone, Harley via o campo de batalha de uma perspectiva elevada, deixando-o com a sensação de estar voando sobre o local. Cada curva e cada elevação eram projetadas diante dele com uma precisão milimétrica.

    O segundo fragmento permaneceu para trás, monitorando os movimentos dos adversários que haviam sido esquecidos nas chamas da explosão.

    Imagens holográficas detalhadas mostravam os membros da Escola de Exploradores Interdimensionais e da Academia de Combate Tradicional se reorganizando. 

    O drone captava cada movimento dos inimigos que tentavam retomar suas posições, oferecendo a Harley uma visão estratégica de qualquer ameaça que pudesse surgir.

    Enquanto corriam, as imagens holográficas flutuavam à frente dele, mostrando o terreno e destacando pontos estratégicos que poderiam ser usados para emboscadas ou esconderijos. 

    A inteligência do drone analisava continuamente o ambiente, ajustando as projeções de acordo com a confiabilidade dos dados. No entanto, eles estavam no Local Proibido, um ambiente onde as características eram imprevisíveis. Objetos geométricos surgiam do nada, o tempo fluía de maneira irregular, e os drones lutavam para filtrar as informações mais relevantes.

    O campo ao redor era um vórtice de cores, um turbilhão sensorial que ameaçava sobrecarregar os sentidos de Harley. O Local Proibido era traiçoeiro, e embora o drone fornecesse dados essenciais, as distorções no ambiente faziam com que essas informações fossem muitas vezes imprecisas. 

    A cada passo, ele tinha que se adaptar, avaliando rapidamente quais dados eram mais confiáveis e quais poderiam estar sendo influenciados pelas anomalias do lugar.

    De repente, o drone à frente sinalizou uma anomalia à frente. Antes que Harley pudesse reagir, cinco figuras surgiram das sombras, bloqueando o caminho. Eram os magos com suas grandes cestas na costa, que, teoricamente, deveriam estar na zona intermediária, mas de alguma forma estavam ali, prontos para interceptá-los.

    — Como chegaram aqui tão rápido? — murmurou Milenium, perplexa com o aparecimento súbito de seus inimigos, que, de acordo com o esperado, deveriam estar bem distantes em outra zona do Local Proibido.

    Os cinco magos começaram a finalizar um feitiço complexo, usando ossos de dragão que brilhavam em suas mãos. O chão ao redor começou a se transformar, e formas geométricas surgiram do solo, brilhando com uma luz pulsante. Elas dançavam no ar, criando padrões intrincados, formando um círculo ao redor de Harley e Aurora.

    O Local Proibido intensificou sua influência, distorcendo ainda mais a realidade ao redor. Cores vibrantes tornaram-se quase insuportáveis, e Harley sentiu o peso da magia dos magos moldando o ambiente. As formas geométricas fechavam-se ao redor deles, tentando aprisioná-los.

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