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    Harley caminhava ao lado dos seguranças e ao fundo o Cônsul também o acompanhava, imerso em uma turbulência silenciosa. A proposta que acabara de ouvir era poderosa, mas carregava consigo um peso de decisões que poderiam moldar para sempre o seu destino. 

    Conforme avançavam pelos corredores austeros da Escola de Exploradores Interdimensionais, o jovem sentia a pressão aumentar sobre seus ombros. Sabia que as opções à sua frente eram limitadas, e, mais uma vez, o controle sobre seu destino parecia estar escapando de suas mãos.

    O silêncio entre eles continuava enquanto seguia andando. Enquanto seguia caminhado, observava os soldados em suas posturas rígidas, os dispositivos tecnológicos, e se perguntava como aquela estrutura gigantesca funcionava, como um organismo vivo, operando sem descanso. 

    A opressão daquela fortaleza o sufocava, e ele sabia que sua liberdade, por menor que fosse, estava sendo barganhada a cada passo que dava.

    Enquanto caminhavam, o jovem fixou os olhos nos dispositivos acima das portas, luzes quadradas que pareciam vigiar cada movimento seu. 

    Perguntou-se se a Escola de Exploradores Interdimensionais era mais uma prisão do que um refúgio, uma armadilha elaborada que, com promessas de segurança e recursos, atraía os desavisados para um ciclo interminável de deveres.

    — Esses dispositivos… — começou ele, intrigado. — O que exatamente fazem?

    O Cônsul, sem alterar seu ritmo, o observou por um momento antes de responder:

    — Eles são painéis de registro. Capturam e armazenam cada evento que acontece neste local. É como se fossem memórias — explicou, como se fosse uma informação simples, mas poderosa.

    Harley sentiu um calafrio percorrer sua espinha. A ideia de estar sendo observado, de que suas ações poderiam ser registradas constantemente, fazia com que o peso daquela oferta aumentasse ainda mais. 

    Sabia que a liberdade que lhe ofereciam era apenas uma ilusão. Na verdade, ele seria um peão dentro de um sistema altamente controlado.

    A dupla finalmente chegou à torre onde Harley ficaria. O quarto, ao contrário dos corredores frios, era luxuosamente decorado, com cortinas de seda, móveis requintados e um ambiente acolhedor. Mas, para ele, o luxo ali era outra armadilha. As correntes invisíveis que o prendiam tinham apenas mudado de forma.

    — Descanse. — disse o Cônsul, preparando-se para partir — Amanhã, você começa.

    A porta se fechou, e o jovem Ginsu ficou sozinho com seus pensamentos. Olhou ao redor, mas em vez de se sentir confortável, sentiu-se sufocado. O quarto, por mais opulento que fosse, ainda era uma prisão. Uma prisão decorada, mas uma prisão, de qualquer forma.

    Sentando-se na cama, Harley deixou-se levar pelas memórias. As palavras de Aurora ecoavam em sua mente. 

    “Seja feliz! Nem sempre continuar fugindo é a solução. Mas como ele poderia encontrar felicidade em um lugar que o aprisionava, seja física ou mentalmente?” — Sua mente vagava, e o peso de seu passado voltava a assombrá-lo.

    Lembrava-se da sua infância, das gaiolas que o aprisionavam. O espaço era menor, mais cruel, mas o sentimento de aprisionamento, de impotência, permanecia o mesmo. 

    Agora, as grades eram invisíveis, porém tão poderosas quanto as de antes. Harley se perguntava se a liberdade real, a verdadeira liberdade, era algo que ele algum dia conseguiria alcançar.

    Ele se levantou e começou a caminhar pelo quarto, observando cada detalhe, tocando os móveis e analisando o ambiente. Não havia janelas. Nada que mostrasse o mundo exterior. 

    E isso o incomodava profundamente. A ausência de uma visão além daquelas paredes o deixava ainda mais desconfiado. Para ele, era o símbolo claro de controle absoluto. Era como se o Cônsul dissesse: 

    “Você está seguro aqui, mas não pode sair. Nem mesmo olhar para o que há lá fora.”

    O jovem finalmente parou em frente ao espelho e olhou para sua própria imagem refletida. Seus olhos, outrora cheios de esperança, agora estavam repletos de sombras. Ele não sabia se poderia confiar naquele lugar. Não sabia se poderia confiar no Cônsul.

    Harley suspirou e retirou a adaga negra que carregava, sua única aliada verdadeira. Observou o brilho sombrio que emanava dela e sentiu uma conexão. A adaga, assim como ele, era um artefato de poder, mas também de perigo. 

    E ele sabia que, para escapar daquele ciclo, precisaria dominar o poder da adaga, transformá-la em uma chave para sua liberdade.

    — Eu preciso dominar você… — sussurrou para si mesmo, segurando a adaga firmemente em suas mãos — Só assim terei uma chance.

    Harley sabia que o tempo de fugir havia acabado. Ele precisava enfrentar seus inimigos. Precisava lidar com o fardo da responsabilidade e encontrar um propósito verdadeiro. Mas, acima de tudo, precisava de uma coisa: controle.

    E ele sabia que não teria esse controle se continuasse nas sombras, aceitando a ajuda de outros sem questionar os custos. O sacrifício de Aurora o pressionava. Ele a devia. E mais do que isso, ele devia a si mesmo. Precisava confrontar Doravan, enfrentar as consequências de seus atos e recuperar o que foi perdido.

    A noite caiu rapidamente sobre a Escola de Exploradores Interdimensionais, e Harley permaneceu sentado em sua cama, refletindo. O caminho à frente era nebuloso e perigoso, mas ele sabia que a única forma de vencer era seguir em frente, custasse o que custasse.

    Quando o sol nasceu no dia seguinte, ele já tinha tomado sua decisão.

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