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    O invólucro começou a desacelerar, arrancando Harley de seus pensamentos. O Cônsul, Milenium e os soldados se preparavam para o desembarque. As últimas instruções ecoaram no espaço fechado do transporte.

    O jovem Ginsu olhou para a jovem, que respirava fundo, pronta para o que estava por vir. Marcus também estava ali, silencioso, mas com um olhar de confiança.

    A paisagem lá fora começou a mudar, revelando o terreno árido e desolado que cercava o Local Proibido. No interior da nave, o silêncio era quase palpável, interrompido apenas pelo zumbido das máquinas. 

    Harley respirou fundo, sentindo a tensão que envolvia a todos. Ele sabia que estavam entrando em um território que poucos conheciam e ainda menos haviam sobrevivido para contar.

    O Cônsul, pai de Milenium, aproximou-se do jovem Ginsu, sua expressão calma, mas carregada de uma autoridade inabalável.

    — Como você já sabe, estamos nos aproximando do Local Proibido. — disse ele, em um tom baixo, mas firme, dirigindo-se apenas a Harley — Esse lugar foi mantido em segredo por muitos anos. Exploramos suas profundezas em busca de conexões com outras dimensões, mas agora ele caiu nas mãos de Doravan. A situação é crítica, e não podemos falhar.

    O jovem Ginsu apenas assentiu, sabendo que o verdadeiro desafio ainda estava por vir. O Cônsul se afastou, voltando sua atenção para o restante da equipe. Ele se posicionou diante de um receptor holográfico, que conectava todos os invólucros da frota, e sua voz ecoou clara e firme por todo o sistema de comunicação.

    — Atenção, todos! A missão de hoje é de extrema importância. Doravan, em sua sede insaciável por poder, tomou uma de nossas bases secretas, um ponto estratégico vital. Nossa missão é retomá-la e garantir que ele não a use para seus fins nefastos.

    Ele então projetou um holograma detalhado, mostrando a estrutura subterrânea da base que pretendiam recuperar. As linhas azuis brilhavam no ar, revelando um complexo labiríntico.

    — Aqui está a Caverna! — disse o Cônsul, apontando para uma das áreas destacadas — Esse local é conhecido como os Salões de Conexões. Ao contrário da Zona Final, onde o tempo acelera de forma implacável, envelhecendo qualquer um que se aventure por lá, a Caverna parece existir fora do tempo. Não conseguimos entender completamente esse fenômeno, mas ele é o que torna essa área tão crucial.

    Harley olhou para o holograma com atenção, sentindo uma familiaridade inquietante. A estrutura se assemelhava ao antigo Santuário da Adaga Arcana, o ponto de partida de suas viagens interdimensionais. 

    A semelhança com os portais de seu próprio mundo fez o coração dele acelerar. Aquele local poderia ser muito mais do que apenas uma base estratégica — poderia conter segredos que conectassem mundos e realidades que ele sequer imaginava.

    Percebendo o olhar pensativo de Harley, o Cônsul continuou:

    — Mas desta vez, não estamos apenas explorando. Estamos lutando para retomar o que é nosso por direito. A Zona Inicial, ao lado do Local Proibido, contém um portal que leva diretamente à Zona Final. Esse portal nos dará acesso direto à Caverna, onde Doravan montou suas defesas. Se falharmos aqui, ele terá o controle sobre uma das maiores concentrações de portais interdimensionais conhecidos. E não podemos permitir isso.

    O silêncio no invólucro foi quebrado pela respiração pesada de alguns soldados. A gravidade da situação estava clara. Não era apenas uma questão de território: a batalha era pela própria balança de poder no Mundo Mágico. Cada um ali sabia que o futuro poderia depender de como se sairiam naquela missão.

    — Fiquem atentos. Doravan pode ter descoberto mais do que imaginamos. Sigam o plano, e lembrem-se de suas instruções. Precisamos ser rápidos e eficientes.

    Harley sentia o peso das palavras do Cônsul. Ele não era ingênuo. Sabia que essa missão era mais do que apenas retomar um espaço, era um campo de batalha onde alianças seriam testadas, segredos revelados, e o verdadeiro preço do poder seria cobrado. Enquanto refletia sobre isso, o sistema de alerta do invólucro foi ativado.

    Uma luz vermelha piscou no painel, seguida por uma voz mecânica que ecoou em seus capacetes de combate.

    — Tentativa de comunicação não autorizada detectada!

    Imediatamente, o Cônsul se lançou ao painel holográfico, manipulando os controles com velocidade e precisão. Suas mãos deslizavam pelos comandos, analisando os dados de todos os invólucros da frota.

    — Temos um traidor. — murmurou ele, seus olhos se estreitando.

    O holograma mostrava a frota inteira, com um invólucro destacado em vermelho. A nave em questão estava tentando enviar uma mensagem, provavelmente para alertar Doravan sobre a aproximação da missão.

    — Traição! — gritou o Cônsul, sua voz cheia de fúria e determinação. 

    Com um rápido movimento, ele acionou o sistema de interceptação. Em um instante, a nave traidora foi abatida, explodindo no ar com um clarão silencioso que iluminou o horizonte.

    Harley observou a explosão, sentindo a tensão aumentar. A situação estava ficando ainda mais perigosa. Eles haviam sido traídos, e agora precisavam lidar com as consequências.

    O Cônsul acessou as últimas imagens transmitidas pela nave abatida e, ao vê-las, sua expressão ficou sombria.

    — Um transmorfo. — disse ele, a voz grave — O comandante da nave era um transmorfo.

    Harley sentiu um frio na espinha. Os transmorfos eram criaturas perigosas, capazes de assumir a aparência de qualquer ser. Para enviar o sinal, o transmorfo havia retirado seu traje protetor, na tentativa de evitar a interferência dos sistemas de comunicação, mas o Cônsul fora rápido o suficiente para impedi-lo.

    — Precisamos revisar todas as nossas forças. Há uma chance de que mais deles estejam entre nós. — continuou o Cônsul, seus olhos brilhando com intensidade — Não podemos correr riscos.

    Harley sabia que essa missão já era arriscada, mas agora a complexidade aumentava. Além de Doravan, eles precisavam lidar com uma ameaça interna. A traição tornava tudo mais perigoso, e o tempo estava se esgotando.

    Milenium, que estava ao lado dele, tentou manter a calma, mas ele podia ver a tensão em seus olhos. Ela sabia o que estava em jogo, e agora o fardo da missão parecia mais pesado.

    — Temos que estar preparados para tudo. — disse Milenium, sua voz determinada, mas com um traço de ansiedade.

    Harley assentiu, tentando processar a sequência rápida de eventos. Sabia que não podiam perder tempo. A missão não esperaria por eles.

    O invólucro desacelerou ainda mais, e o Local Proibido finalmente apareceu no horizonte. As vastas montanhas escuras que cercavam a região pareciam erguer-se como guardiãs sinistras, vigiando aquele território misterioso. 

    A terra sob seus pés era árida, marcada por cicatrizes de batalhas passadas e pela presença de uma energia antiga e inquietante. Harley podia sentir a aura do lugar antes mesmo de desembarcar.

    Quando as portas do invólucro se abriram, o ar frio e denso invadiu a cabine. O jovem Ginsu inspirou profundamente, sentindo o cheiro de algo que lembrava ozônio, misturado com a poeira do deserto. 

    Milenium e o Cônsul desceram primeiro, seguidos pelos soldados, que se espalharam rapidamente para estabelecer um perímetro seguro.

    O Local Proibido era uma zona de transição entre dimensões, um lugar onde as leis da física e da magia se entrelaçavam de formas perigosas e imprevisíveis. 

    Portais para outros mundos podiam se abrir sem aviso, trazendo consigo tanto maravilhas quanto destruição. Doravan sabia disso, e era por isso que ele não podia ser subestimado.

    O Cônsul, agora à frente de sua equipe, deu as últimas instruções. Seu olhar era de determinação fria, sua presença, imponente.

    — Nossa missão é clara. Vamos retomar o controle desta base, descobrir o que Doravan está planejando e recuperar os portais. Não podemos permitir que ele ganhe mais poder. Fiquem atentos. Nenhum erro será tolerado.

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