Capítulo 186 – Dimensão da Morte II
“Por que lutar contra o inevitável? Para que continuar em uma batalha que só vai me levar à derrota?” — as palavras reverberaram em sua cabeça, ecoaram na mente de Harley com uma força inusitada, fazendo com que o próprio tempo se curvasse para permitir que aquelas sílabas penetrassem em sua alma.
Cada uma delas parecendo um peso crescente sobre seus ombros, tão esmagador quanto correntes invisíveis que o mantinham preso ao destino do qual ele não conseguia mais escapar.
Estava diante do limiar da ‘Dimensão da Morte’, mas não era o abismo da morte que o afligia. O que realmente o afetava era a presença da entidade oculta que ele sentia, dando a impressão de que sempre havia pertencido àquele lugar.
Uma força misteriosa que não apenas o definia, mas também parecia saber mais sobre o que o mundo poderia entender, transcendente a qualquer ser humano.
Uma frustração crescente tomava conta de Harley, que não conseguia ignorar as palavras, não podendo tratá-las com o desprezo de uma mentira qualquer. Elas eram como uma verdade iminente, uma verdade de algo que existia há um tempo tão vasto, tão difícil de calcular, que nem o próprio universo poderia medir.
Pois a ‘Dimensão da Morte’ não era apenas um lugar: era uma camada de entendimento da realidade que transcendia a lógica.
O saber que esse ser possuía não era fruto de um mero estudo, mas de uma existência imemorial, marcada pela observação constante de milhares de sombras que haviam se aproximado do limiar de sua dimensão.
Aquela coisa, por muito tempo, assistiu às sombras vacilarem diante do limiar da morte, com a certeza de que nada poderia escapar da sua vigilância. Seu conhecimento da fragilidade humana era profundo, e ele observava cada uma delas sucumbir, uma após a outra, sem exceção.
Cada derrota fortalecia sua convicção, cada resistência desmoronada refinava sua compreensão. As falhas, as ilusões e os últimos suspiros daqueles que cederam se transformaram em parte de seu ser, ampliando sua visão do destino inevitável.
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Suas palavras, carregadas com o peso do tempo, eram mais que apenas uma previsão: eram verdades lapidadas pela experiência de eras. Esse poder dedutivo não era uma escolha, mas uma consequência natural de ser a própria ‘Dimensão da Morte’.
A voz gutural, agora soava ainda mais insistentemente:
— Você ainda não sabe quem realmente é? — a voz gutural ressoou, repetindo a mesma pergunta do passado, arrancando-o bruscamente de suas profundas reflexões.
“O que isso significa?” — perguntou-se Harley, sua mente cheia de incertezas, uma dúvida após a outra, desafiando tudo o que pensava saber.
Na primeira vez que ouviu aquelas palavras, parecia-lhe um convite irresistível, uma promessa de algo grandioso, semelhante a um chamado para algo maior do que imaginava. As palavras, ‘Deus da Morte’ ou ‘Ceifador de Almas’, já não tinham o mesmo poder sobre ele. O jovem Ginsu sabia que não poderia mais ser manipulado, tal qual no passado, quando aquelas promessas flutuavam ao seu redor, com atrações tão fortes que ele não podia resistir.
“Mas agora, tudo é diferente!” — disse para si mesmo, tendo uma nova perspectiva sobre o que realmente o aguardava.
“O que realmente ele quer de mim?” — questionou-se, enquanto as sombras se comprimiam ao seu redor, transformando-se em uma massa pulsante de figuras incertas, parecidas com almas ainda não extintas, mas ainda por ser.
A cada passo que dava, sentia as vozes de futuros que ainda não haviam sido definidos, de destinos que ele poderia selar ou deixar escapar. As vidas que Harley ainda poderia destruir se moviam ao seu redor, e o jovem se perguntava, com um peso crescente:
“A Dimensão da Morte quer que eu me torne um deus, ou ela só espera que eu me entregue à destruição, como um funcionário aplicado fechando os destinos das almas que ainda estão por vir?”
Sabia que a Dimensão da Morte não desejava que ele cruzasse aquele limiar, não agora, não daquele jeito. Ela não desejava que ele fosse apenas mais um homem derrotado, se rendendo ao destino, tão indefeso quanto um cordeiro marchando para o abate.
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Por tudo que tinha presenciado até ali, acreditava que aquela entidade acreditava que ele podia ser mais do que isso. Ela queria que o jovem fosse um agente de mais mortes ou quem sabe o último, ou um dos últimos sobreviventes em um mundo arrasado, o último ser vivo destruidor de todos os mundos e vidas.
A realidade se suspendeu em um silêncio absoluto, invadindo sua percepção com uma estranheza profunda, fazendo-o sentir que o mundo havia cessado de se mover, mas permanecia ali, imóvel, aguardando o próximo passo.
— Ainda não é o seu momento! Quem sabe você supere Abaddon. Mas agora, você ainda está me devendo muitas almas! — a voz soou, rompendo o silêncio, semelhante a um sopro que trazia de volta o movimento a um mundo estagnado, restaurando a vida onde por um breve momento houve apenas quietude.
O jovem Ginsu parou abruptamente. O eco das palavras ainda ressoava em sua mente, mas uma dúvida mais profunda surgia, perturbando-o:
“Por que agora? Por que a Dimensão da Morte está de repente me favorecendo?”
Aquela ajuda, tão inesperada, o fazia questionar a verdadeira natureza do jogo em que estava preso, já que a morte detinha intenções próprias, afastadas e impossíveis de alcançar, impenetráveis à compreensão humana.”
Foi então que algo completamente inesperado aconteceu. A Dimensão da Morte, de maneira quase sobrenatural, o empurrou pelo ar, enquanto a realidade ao seu redor se distorcia torcendo a própria realidade a sua volta.
Sem que precisasse da Adaga Negra, ele foi projetado abruptamente para dentro de um portal entre dimensões, a força da Dimensão aparentemente decidindo seu destino de maneira imprevista.
Uma onda de surpresa invadiu o corpo de Harley. Não era igual à última vez, quando ele precisara da adaga para escapar. Desta vez, a própria Dimensão parecia impeli-lo para fora. Algo havia mudado, uma força invisível o empurrava, fazendo com que a Dimensão, ao rejeitá-lo, também o desafiasse. Queria saber se o jovem Ginsu continuaria a lutar ou se entregaria ao vazio.
Ele estava sendo expulso, mas não se sentia fraco. Era uma força maior, a ponto de a própria entidade o empurrar para fora, apressando-o a enfrentar as consequências de seus atos. Estava sendo levado para o limiar, forçado a revelar se cumpriria o destino que a Dimensão esperava dele ou se se tornaria apenas mais uma alma perdida, sucumbindo ao vazio e retornando para permanecer ali, entre as muitas que já haviam falhado.
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“Ainda não estou morto. Ganhei mais tempo. Estou voltando. Voltando para enfrentar Sergio novamente” — Harley refletiu, sentindo sua coragem se reerguer enquanto ele avançava.
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