Capítulo 190 – Os espectros errantes de Sergio
O jovem Ginsu e Sergio não precisavam de palavras no campo de batalha. Até mesmo os olhares reverberavam tal qual gritos de intenções que realçavam cicatrizes antigas, narrando histórias impossíveis de serem contadas por palavras.
A aparição repentina das três sombras demoníacas pegou Harley desprevenido, mesmo já esperando que seu oponente usasse essa habilidade.
Diferentes das sombras da Guardiã Sombria, essas eram menos autônomas e desprovidas de forma definida. Apesar disso, pareciam neste momento mais opressivas, maiores e mais ameaçadoras comparadas à última vez que ele as enfrentara
Enquanto o jovem Ginsu analisava os movimentos sinuosos dos três vassalos sem forma, visualizou oportunidades que antes ignorara. Suas adagas, carregadas de um poder inexplorado, pareciam vibrar em suas mãos, dando a sensação de que sabiam que o momento de liberar todo o seu potencial havia finalmente chegado.
— Percebe isso, Harley? — murmurou Sérgio, erguendo a adaga negra, cujos tremores pulsavam em sua mão, parecendo reconhecer o sangue prestes a ser derramado — Não estamos lutando por nós. É o destino que grita por decisão.
Antes que o jovem Ginsu pudesse responder, uma das sombras demoníacas avançou em um impulso descoordenado, com os braços disformes se estendendo em um arco desajeitado.
Girou o corpo para a direita, escapando da investida por pouco, e ergueu sua lâmina negra em um contra-ataque. A lâmina cortou o ar, mas a aberração etérea atacante recuou em um movimento rápido, evitando o golpe.
Embora fossem incrivelmente rápidas, os três espectros errantes tinham padrões previsíveis, tornando suas agressões mais fáceis de serem antecipados. Harley já havia identificado a próxima ação antes mesmo que ela começasse.
Outra cópia disforme de Sergio marchou lançando um braço disforme em direção ao seu rosto. Com um passo rápido para trás, bloqueou a estocada com a lateral da lâmina, desviando a força do murro para o vazio e criando uma abertura.
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Ele avançou imediatamente, executando um corte transversal, mas o ataque atravessou a superfície etérea da criatura. A sombra desmoronou momentaneamente, espalhando seus fragmentos pelo ar em um padrão que evocava cinzas, antes de se recompor à sua frente.
O jovem Ginsu se preparava para um novo movimento quando a entidade etérea girou bruscamente, seu corpo disforme erguendo os braços, as mãos unidas em um gesto que evocava a imagem de um martelo pronto para descer com toda a força.
Harley deslocou o seu corpo lateralmente por instinto, sentindo o impacto passar perigosamente próximo, enquanto o golpe descia no vazio, deixando um estrondo ressoar no ar. Sem hesitar em um contra-ataque, ele desferiu uma estocada deslocada por um soco dado por outra aberração etérea, permitindo à cópia disforme recuar.
Quando o servo incorpóreo colidiu contra sua adaga prateada, o jovem Ginsu aproveitou a brecha neste novo atacante. Em um movimento ascendente, a outra arma cortou o ar até atingir o núcleo pulsante da criatura, que brilhou brevemente sob o impacto, reverberando com um som seco, semelhante a madeira se partindo.
A sombra demoníaca, ferida, recuou, seus gestos tornando-se mais lentos, mas ainda cheios de uma resistência inquietante.
Enquanto tentava restaurar o equilíbrio após o deslocamento antinatural de sua ação, Harley foi forçado a compensar o desequilíbrio, recuando com dificuldade enquanto ajustava seu corpo cuidadosamente.
E neste tempo, as outras duas sombras demoníacas se moveram em uníssono, suas formas amorfas avançando para flanquear. Uma ação sincronizada. Os espectros errantes pressionaram, seus movimentos rápidos restringindo as opções de Harley.
Uma delas investiu pela direita, enquanto a outra desferia um ataque pela esquerda, criando um ponto cego perigoso. Ginsu moveu-se com agilidade, suas adagas rasgando o ar em linhas cortantes para conter os ataques iminentes.
Nesse momento, Sergio, que até então assistia, tinha se envolvido na batalha, lançou-se para frente, aproveitando a abertura criada pelo cerco. Sua espada brilhou cortando em direção ao pescoço.
Harley mal conseguiu erguer uma adaga para bloquear o golpe, o impacto o empurrando alguns passos para o lado. O som metálico ecoou no campo, e a ofensiva implacável não deu trégua.
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O trio de cópias de Sergio continuou sua investida, os movimentos desajeitados, mas rápidos, direcionando seu alvo para posições desfavoráveis. Cada estocada parecia menos uma tentativa de feri-lo e mais uma estratégia para sobrecarregar suas defesas e limitar sua mobilidade.
“O jovem Ginsu redirecionava seu corpo por reflexo, seus olhos focados em acompanhar as rápidas mudanças ao seu redor. Saltou para trás quando um dos braços disformes das aberrações etéreas tentou envolvê-lo, apenas para perceber Sergio avançando novamente com uma ação rápida.
As adagas de Harley vibraram em suas mãos, reagindo à tensão crescente. Desviando de outra investida de uma entidade distorcida, girou o corpo precisamente e lançou sua lâmina contra a cabeça etérea de um dos três vassalos sem forma.
O brilho opaco do impacto indicava um golpe bem-sucedido, e a sombra vacilou, tremendo antes de desaparecer em um suspiro vazio. Mas a vitória parcial foi breve. Sergio já estava em sua frente, sua espada descendo com força.
Harley girou para o lado, a estocada passando perigosamente perto de seu ombro, e lançou um contra-ataque. A lâmina negra encontrou a de seu inimigo em um estrondo, enquanto a última sombra demoníaca restante tentou aproveitar o momento para atacar suas costas.
O jovem Ginsu, porém, leu o movimento no reflexo dos olhos de seu inimigo. Abaixou-se, afastando do golpe da sombra, e usou o impulso para empurrar o filho do líder do clã Dragões de Sangue com uma investida surpresa.
— Impressionante — disse o filho do líder do clã Dragões de Sangue, um sorriso de escárnio nos lábios — Quem sabe, com essas habilidades, você finalmente salvaria Isabella ou defenderia Ivana. Talvez até encontrasse coragem para não fugir da Guardiã Sombria como um cão assustado.
A provocação de Sergio atravessou Harley com uma precisão que poucos conseguiriam alcançar. As palavras reverberaram em seu peito, acordando memórias antigas que ele lutara para manter em silêncio.
A fuga era uma sombra que Harley não conseguia evitar, estendendo-se por todos os momentos em que falhara.
A Guardiã Sombria era o maior desses espectros, recente demais para ser esquecida e carregada de um significado perturbador: sua trajetória, apesar de todos os esforços, não havia mudado. Ele ainda estava à mercê de forças muito além do seu alcance.
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O olhar fixo de Sergio parecia penetrar mais fundo, em busca de confirmar a covardia que insinuava.
Por um momento, Harley apertou os punhos, tentando conter a maré de emoções que ameaçava transbordar. Não era apenas a acusação. Era o tom de desprezo, a falsa ponderação de seu inimigo, que fazia a vergonha voltar com força.
“Como ele sabe disso?” — a pergunta passou por sua mente, mas logo encontrou a resposta — “Claro, a Guardiã Sombria!”
O jovem Ginsu ergueu o olhar, sombrio, as palavras de Sergio ainda ecoando enquanto as ofensivas não cessavam. Deslizou para o lado esquivando-se enquanto se preparava para se defender com sua adaga do próximo.
Ao descrever uma linha transversal no ar, a lâmina prateada acertou uma das aberrações etéreas. O impacto foi imediato: ela vacilou, seu corpo nebuloso tremendo antes de se dispersar em uma explosão de energia escura.
“Então, com o segundo acerto, ela é destruída!” — pensou Harley olhando para as outras duas entidades disformes.
O golpe atingiu o alvo, mas depois de um tempo, a energia da entidade demoníaca começou a se mover, girando feito uma espiral de escuridão em direção ao artefato na mão de Sergio. O jovem Ginsu compreendeu naquele instante que não a havia destruído, apenas a transferira de volta para o domínio de seu mestre.
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