Capítulo 25 - Corrida contra a morte
“A escuridão do abismo não apenas oculta, mas também revela. Na profundidade do desespero, o verdadeiro caráter do guerreiro emerge, forjado pelo confronto com o inevitável.”
— O Código do Guerreiro Solitário, Verso 12.
A fuga precipitada do primeiro grupo do Clã Dragões de Sangue havia empurrado Harley ainda mais fundo no Abismo Sem Fim. Mesmo ferido, ele estava determinado a encontrar uma saída dessa calamidade.
Com um plano improvisado em mente, Harley decidiu fazer um pequeno desvio à frente, confiante de que isso o levaria novamente ao caminho certo, conduzindo-o à única saída viável que o levaria de volta à superfície da Floresta de Espinhos.
Seus olhos estavam fixos nas sombras à frente, os sons abafados do vento sibilando entre as árvores, como se a floresta estivesse sussurrando advertências.
Corrigindo o rumo, Harley começou a correr em direção à passagem que o levaria de volta à superfície, mas foi logo confrontado por um obstáculo inesperado. A escuridão ao seu redor não apenas escondia o terreno traiçoeiro, mas também os inimigos à espreita.
Ele não tinha mais para onde recuar, e a única escolha era enfrentar o desafio de frente. Sem chance de esconder-se ou disfarçar seus movimentos, Harley soube que o combate era inevitável.
Seus pés bateram contra o solo com intensidade crescente. O encontro foi repentino, pegando todos de surpresa. Mas Harley, não perdeu tempo. Enquanto lançava mais uma de suas bolas de fogo, o clarão inesperado cortou a escuridão da noite, criando o caos necessário. Ele tinha apenas uma coisa em mente: sobreviver.
— Fiuu! — O espadachim mais próximo atacou primeiro, um corte horizontal que cruzou o ar em direção ao pescoço de Harley.
Instintivamente, Harley deslizou pelo solo, sentindo o vento do golpe passar logo acima de sua cabeça. Sua resposta foi rápida. Aproveitando o desequilíbrio do adversário, ele rolou e cortou profundamente a panturrilha do inimigo.
— Ah! — Um grito rasgou o ar noturno, surpreendendo os outros combatentes. O som era um eco de dor que reverberava pelas árvores sombrias.
Sem hesitar, Harley se posicionou rapidamente atrás do homem, seu corpo já tenso e preparado para o próximo movimento. A adaga em sua mão perfurou o ombro do espadachim. Outro grito de agonia preencheu a floresta, mas Harley estava focado.
Ele precisava ser eficaz. Usando a mão esquerda para controlar o corpo do inimigo ferido, ele o transformou em um escudo humano.
— Zum! Zum! Zum! Zum! — Paf! Paf! Paf! Paf!
Quatro flechas cortaram o ar, cravando-se no corpo indefeso do espadachim ferido. Harley sentiu o impacto das flechas que se chocaram contra o homem, protegendo-o dos ataques. Mas a luta estava longe de acabar.
O segundo espadachim investiu com fúria. Harley girou o corpo do inimigo para bloquear o ataque, mas o peso morto do cadáver dificultava seus movimentos. O próximo golpe foi mais forte e brutal; a espada inimiga decepou o braço do corpo morto e continuou sua trajetória, fazendo um corte na coxa de Harley.
A dor foi intensa, mas Harley ignorou o latejar que irradiava da ferida. Adrenalina corria em suas veias, e ele sabia que hesitar por um segundo poderia ser fatal. Com o inimigo exposto após o golpe, Harley não perdeu tempo.
Com precisão, ele puxou a adaga das costas do cadáver e avançou para o golpe final, cravando a lâmina na jugular do espadachim. O sangue jorrou, e o homem caiu sem emitir som algum.
Enquanto o corpo caía, Harley já estava em movimento, lançando sua adaga com um movimento fluido em direção ao terceiro atacante que avançava. A lâmina encontrou seu alvo, perfurando o peito do inimigo e o derrubando no chão.
O corpo inerte de mais um adversário agora se tornava o escudo de Harley. Ele se movia pelas sombras, aproveitando cada segundo, cada mínima oportunidade de sobrevivência.
— Zum! Zum! Zum! Zum! — Paf! Paf! Paf! Paf!
Três flechas zumbiram pelo ar, acertando o corpo de seu escudo. Mas uma quarta flecha escapou de seu bloqueio e atingiu o braço esquerdo de Harley. A dor foi imediata, uma pontada aguda que o fez ranger os dentes.
O sangue começou a escorrer da ferida, mas ele sabia que não havia tempo para retirar a flecha ali. Cada segundo contava, e a pressão dos inimigos aumentava.
Dois espadachins surgiram simultaneamente, avançando em um ataque duplo. O quarto inimigo desferiu um golpe rápido, mas Harley, sempre atento, usou o corpo de seu oponente anterior para bloquear a lâmina. A espada rasgou o cadáver, espalhando mais sangue pelo chão.
O quinto espadachim avançou rapidamente, a espada cortando o ar em direção a Harley. Ele se esquivou, a lâmina passando pelo ar vazio, e em seguida, com um movimento fluido, girou o corpo para bloquear outro ataque. O choque da espada contra sua adaga ecoou na noite.
— Tling! — O som metálico da lâmina inimiga ressoou enquanto Harley recuava, sentindo o peso do impacto.
A força do golpe o desequilibrou, mas ele rapidamente recuperou o controle. O próximo ataque veio de cima. A espada desceu, mas Harley girou o corpo com agilidade, escapando por pouco do golpe mortal. Aproveitando o momento, ele desferiu uma estocada precisa, imobilizando o braço de seu oponente.
Com um movimento final, Harley perfurou o fígado do inimigo, que caiu no chão, já sem vida. A dor e o cansaço estavam começando a cobrar seu preço. Mais duas flechas atingiram seu corpo — uma no ombro e outra na coxa. O corpo de seu último oponente, agora caído ao seu lado, também estava cravado de flechas.
Ferido, ofegante e ciente de que estava se tornando um alvo fácil para os arqueiros, Harley sabia que precisava agir rapidamente. Recuperar sua adaga e fugir eram suas únicas opções. Ele lançou mais uma bola de fogo no ar, criando o clarão necessário para facilitar sua fuga.
Flechas ainda cortavam o ar, mas os arqueiros hesitaram em avançar. O medo de uma armadilha ou de enfrentar Harley sem apoio deixou-os relutantes. Ele usou essa hesitação para ganhar tempo. Mesmo exausto, sua mente trabalhava rápido. Ele precisava escapar.
Depois de correr por uma longa distância, Harley se via diante de uma encruzilhada dolorosa. As flechas cravadas em seu corpo eram uma ameaça constante, mas retirá-las naquele momento poderia causar um sangramento ainda mais perigoso. A dor era cruel, lembrando-o constantemente de suas limitações.
Ele tomou uma decisão pragmática: em vez de retirar as flechas, cortou suas extremidades com a adaga, permitindo que as pontas permanecessem em seu corpo sem interferir em seus movimentos. O desconforto era intenso, mas essa escolha permitia que ele mantivesse a agilidade necessária para continuar fugindo.
Com a respiração pesada e o corpo marcado pela dor, Harley sabia que a batalha ainda não havia terminado. Mas ele estava vivo, e enquanto tivesse forças, continuaria lutando.
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