Capítulo 62 - Batalha no Nexus do tempo
“O verdadeiro campo de batalha do tempo é onde o passado, presente e futuro se encontram, e cada decisão pode mudar o curso da história.”
— Fragmentos da Libertação, de Nostradamus
Harley permanecia paralisado, seus olhos fixos em Isabella e Sergio, dois polos opostos de sua existência. O cenário ao redor, envolto no clarão produzido pelo buraco criado pelo dragão, parecia aguardar o próximo ato tanto do Dragão quanto das criaturas misteriosas que avançavam depois de se libertarem da paralisia anteriormente imposta pelo mago Malachias.
O brilho do clarão destacava as formas e contornos dos seres que agora se moviam em meio ao caos.
A luz revelou as expressões congeladas no rosto dos jovens ao seu lado, mas as sombras dançavam nos olhos de Harley, refletindo a dualidade que se desenrolava em sua mente. Sergio, seu inimigo declarado, ainda evocava muitas emoções e resgatava dores do passado.
A agressividade fervia no jovem, alimentando o ódio que se manifestava a cada pensamento. O jovem se perguntava se a morte de Sergio seria a chave para desfazer as tragédias que o atormentavam.
Afinal, se pudesse romper os fios do destino, talvez conseguisse evitar a morte de Lysandra, o peso em suas costas que o corroía dia após dia.
Contudo, a esperança era frágil e incerta, uma chama titubeante que mal iluminava as trevas do seu desespero. Harley sentia o peso da responsabilidade sobre seus ombros, uma carga que o empurrava para o abismo de decisões irreversíveis.
A ideia de matar o jovem líder do clã Dragões de Sangue era como uma tentativa de remodelar o passado, que para ele ainda era o futuro, tornava-se um mantra obsessivo. O eco dessa ideia martelava em sua mente como um tambor incessante, sugerindo a brutalidade como um meio de alterar os destinos entrelaçados.
A voz do mago ressoou, carregada de urgência e determinação:
— Estou libertando vocês! Todos precisamos nos unir contra o dragão.
O brilho de Malachias varreu o ambiente, dissipando a paralisia que aprisionava os três jovens. Como se o tempo tivesse retomado sua marcha, os movimentos retornaram a eles, e a realidade voltou a pulsar em torno dos três.
No instante em que a paralisia se desfez, Harley e Sergio esqueceram-se do perigo iminente, das criaturas misteriosas e do mundo à beira do caos. O único foco de suas atenções era a certeza inescapável de que não poderiam coexistir.
Era como se o destino tivesse traçado um caminho inevitável para ambos, e a luta entre eles era a única maneira de corrigir o curso.
Sem trocar palavras, apenas olhares carregados de história e ressentimento, Harley e Sergio se lançaram um contra o outro. As lâminas se encontraram em um choque metálico, ecoando como um triste presságio da batalha que estava por vir.
O cenário desapareceu, mergulhando na obscuridade daquele duelo épico. O embate entre Harley e Sergio se transformou em uma dança frenética de golpes e esquivas, onde a adaga branca de Harley buscou com voracidade o coração de Sergio.
Com um movimento preciso, a lâmina penetrou livremente, encontrando seu caminho até o órgão vital. Ao mesmo tempo, o jovem líder do Clã Dragões de Sangue, determinado, cravou sua espada afiada no abdômen de Harley, atravessando-o com a frieza de um golpe fatal.
Isabella e os magos observavam, com olhos fixos, o sangue e a dor que também testemunhavam o selar do destino. Não havia espaço para empates, apenas para a cruel realidade dos derrotados, destinados a serem esquecidos pela história.
Suas jornadas, manchadas pela incapacidade de cumprir seu potencial, permaneceriam obscuras, e seus nomes jamais ecoariam pelo mundo. Um desperdício de um potencial grandioso, agora perdido nas sombras do esquecimento. Esses foram os pensamentos de Astrid, refletindo sobre a cena diante deles.
Consciente de que a tarefa de enfrentar o dragão recaía inteiramente sobre seus ombros, Malachias assumiu a responsabilidade. Enquanto isso, Cedir, observando de longe, aguardava pacientemente a oportunidade ideal para uma fuga estratégica. Enquanto isso, Astrid permanecia imóvel, aprisionada pela paralisia mágica e envolta em uma luz que emanava um poder inexpugnável.
Antes de iniciar qualquer tentativa de ação contra o dragão, Malachias lançou um olhar rápido para a horda de criaturas misteriosas que se precipitava em direção aos três jovens.
A magnitude da horda era esmagadora, uma maré imparável que ameaçava submergir Harley, Isabella e Sergio em um mar de corpos. O número avassalador dessas criaturas tornava quase impossível visualizar algum espaço para movimentação, deixando os três jovens à mercê do iminente abate.
Num movimento fluido, Malachias manipulou a energia ao seu redor, dando origem a uma manifestação de controle refinado sobre a massa que moldava o campo de paralisia.
A luz intensa não apenas congelava o tempo para qualquer coisa em seu interior, mas também criava formas variadas, transformando seus contornos em uma substância sólida e impenetrável à vontade do mago. Era como se o próprio tecido do tempo obedecesse às mãos habilidosas do jovem mago.
O mago ergueu muralhas impenetráveis diante do dragão furioso, ao mesmo tempo em que convertia outra parte da energia em um tubo fluido, habilmente canalizando as criaturas para longe do epicentro da batalha.
As criaturas, uma vez selvagens e desordenadas, agora pareciam seguir uma coreografia invisível, afastando-se do conflito central como peças de xadrez movidas por uma mão hábil e invisível.
Malachias, agindo com uma destreza sobrenatural, ergueu mais algumas muralhas imponentes, formando uma espécie de cubo composto por paredes que restringiam os movimentos do dragão. Essas muralhas eram uma combinação de energia sólida e campos de paralisia, uma criação única do mago para conter a ferocidade da criatura alada.
— Converta toda a massa de energia à sua frente, o dragão está prestes a atacar! — orientou Cedir de longe, suas palavras carregadas de um conhecimento obtido por reviver o mesmo dia várias vezes, permitindo-lhe aprender e criar estratégias mais adequadas.
Em seu ataque furioso, o dragão investiu contra a muralha a sua frente. A estrutura, apesar de robusta, cedeu sob a fúria do dragão, desmoronando parcialmente diante de sua imponência.
O dragão continuou o ataque, em um rasante veloz, deslocou-se com uma velocidade avassaladora. O impacto do seu voo criou uma força de aceleração, deslocando corpos e objetos ao seu redor.
O mago Malachias, alertado por Cedir, reagiu com rapidez, canalizando a energia ao seu redor para criar um escudo protetor diante do avanço do dragão. O impacto das garras da criatura contra o escudo foi formidável, uma colisão de forças titânicas.
A energia da magia, convertida em uma barreira mágica, cintilava intensamente, absorvendo o impacto massivo do ataque do dragão.
Contudo, mesmo com a defesa sólida, o jovem mago sentiu uma perturbação na essência mágica do artefato que carregava consigo. O objeto, antes imponente e brilhante, agora diminuía de tamanho, uma evidência clara da perda de poder que ele sofrera.
O mago percebeu que, a cada golpe, seu artefato enfraquecia, e a massa de energia disponível para manipulação mágica diminuía.
O pensamento de Malachias era claro: um combate prolongado e de atrito não era vantajoso para ele. Cada colisão enfraquecia sua fonte de poder, e a perda constante significava que, em algum momento, ele ficaria sem a massa mágica necessária para combater as ameaças ao seu redor.
O artefato, agora reduzido em tamanho, representava não apenas uma ferramenta valiosa, mas também uma peça crucial em sua defesa contra o dragão e as criaturas misteriosas. O tempo, mais do que nunca, tornava-se um inimigo implacável na batalha de Malachias.
Enquanto o mago enfrentava o dragão furioso em sua primeira investida, sua mente fervilhava com reflexões inquietantes sobre os múltiplos perigos e inimigos. Cogitava quantas vezes Cedir teria retrocedido no tempo para acumular conhecimento, e em quem Astrid estaria focada ao prever o futuro imediato.
O mago percebia a complexidade dos poderes temporais ao seu redor, mas, ao mesmo tempo, questionava a confiabilidade desses aliados. Cedir, com sua habilidade de reviver o mesmo dia várias vezes, e Astrid, com suas visões do futuro, eram peças fundamentais, mas também eram peças voláteis no tabuleiro.
A incerteza sobre suas verdadeiras intenções pairava como uma sombra sobre a estratégia de Malachias. Mesmo ciente de que Cedir e Astrid podiam estar cientes de suas ações, o mago não hesitou em formular um ataque calculado.
O jovem mago estava determinado a criar uma situação difícil de escapar, mesmo para alguém tão habilidoso e preparado quanto Cedir.
O jogo intricado de manipulação temporal e a dança cósmica de visões do futuro davam a essa batalha uma dimensão única, onde cada movimento era uma tentativa de desvendar os segredos dos aliados, ao mesmo tempo em que manipulava e aprisiona uma horda de criaturas misteriosas e se defendia do dragão enfurecido.
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