Capítulo 85 - Realmente, as mulheres são demônios
“A luta pelo poder muitas vezes revela o lado mais sombrio dos seres mostrando que o verdadeiro inferno é aquele criado por nossas próprias mãos.”
— Sussurros das Sombras XVIII, transmissão oral do Clã Adaga Arcana.
O ar estava carregado, quase vibrante de expectativa, como se cada partícula soubesse do que estava por vir. As sombras se moviam de maneira inquieta, como seres vivos esperando pelo sinal, espreitando Harley enquanto ele se preparava para enfrentar um confronto que prometia ser muito além do que o mundo comum poderia suportar.
Ele permanecia atento, captando cada nuance, cada movimentação das mulheres ao seu redor, preparando-se para o ataque que sabia que viria.
A Guardiã Sombria, à distância, mantinha-se firme, suas sombras agindo como uma barreira viva entre ela e as adversárias.
A mulher loira, mais próxima, exalava uma confiança perigosa, enquanto Ivana, com seus olhos puxados e expressão sombria, se posicionava ao lado, pronta para atacar. Era um cenário preparado para um confronto épico, e Harley sabia que estava no olho do furacão.
— Vocês estão me subestimando. Ele é meu — A Guardiã Sombria lançou seu desafio no ar, sua voz ecoando com autoridade.
— E se eu decidir que não vou sair do caminho? — a mulher loira provocou, um sorriso arrogante surgindo em seus lábios.
Ivana, com seus olhos estreitos, não disse nada. Sua postura falava por si mesma: estava pronta para lutar, sem espaço para debates.
Então veio o ataque.
As sombras da Guardiã se moveram com velocidade disparando em direção à Sanguessuga. Em resposta, tentáculos sombrios emergiram da própria loira, enfrentando as sombras num embate feroz.
As duas energias colidiram, criando uma tempestade de escuridão que absorvia a luz ao redor. Cada impacto de sombra contra o tentáculo reverberava no ar, criando faíscas de poder que iluminavam o campo de batalha.
Harley observava a batalha entre as duas mulheres, mantendo-se firme dentro de sua barreira mágica de energia construída pela adaga branca.
Sombras em forma de homens musculosos e criaturas bizarras, incluindo um rinoceronte com corpo humanoide de pouco mais de um metro de altura, tentaram invadir sua proteção. Mas a barreira resistia a tudo, impenetrável e segura.
O jovem riu, encostando-se numa árvore ao lado de sua muralha de proteção mágica.
— Três mulheres lutando por mim. Parece que meu charme está irresistível hoje. Que tal uma competição justa? Quem vencer, leva o prêmio — Ele soltou, seu tom repleto de sarcasmo.
A batalha entre a Guardiã e a loira continuava a se intensificar, sombras e tentáculos se enredando, cada uma buscando superar a outra. Nenhuma das duas parecia disposta a ceder, e cada golpe desferido criava um campo de tensão mais denso..
Mas Harley sabia que não podia relaxar. Ivana, a mulher de olhos puxados, não estava parada. Sua sombra, que se fundia com a árvore próxima, começou a se contorcer e tomar forma, até que, como uma cobra surgindo de sua toca, ela emergiu da escuridão.
Harley estava preparado, ou pelo menos achava que estava. Ele ergueu outra barreira mágica à sua frente, prevenindo-se contra qualquer ataque surpresa. Mas Ivana não parecia impressionada com a defesa. Ela atacou, e dessa vez, usou algo diferente: ondas sonoras.
O som começou como um sussurro, mas foi crescendo, reverberando pelo campo de batalha. Quando a onda sônica finalmente atingiu a barreira mágica de Harley, atravessou-a. O impacto o jogou para trás, colidindo contra a própria parede invisível que havia criado.
A surpresa era visível em seu rosto enquanto se recuperava, esfregando a têmpora e sentindo a reverberação do ataque em seu crânio. Ele se levantou com um leve sorriso, tentando manter o sarcasmo.
— Meu pai costumava dizer que nenhum homem deveria ser mais feliz que o outro. Acho que ele não conheceu vocês — comentou o jovem Ginsu, sua voz carregada de ironia, tentando disfarçar o impacto do golpe.
Ivana sorriu levemente. Ela sabia que havia atingido Harley onde ele menos esperava. E ela não pretendia parar.
— Feliz? — A voz dela era suave — Vou lhe mostrar o verdadeiro significado da dor.
O som começou novamente, mas dessa vez mais forte. As ondas se propagaram pelo ar, dobrando e distorcendo a atmosfera ao redor de Harley. Ele sabia que não poderia contar com sua barreira mágica dessa vez.
Reunindo suas forças, ele saltou para fora do alcance direto do ataque, suas adagas brilhando em suas mãos. O campo de batalha havia se transformado em um turbilhão de energia, sombras e som. Ele sabia que estava preso entre três adversárias poderosas, cada uma com habilidades que desafiavam a lógica.
— E pensar que a vida era complicada na minha aldeia — ele disse para si mesmo, enquanto analisava rapidamente o campo.
Ivana avançou, suas ondas sonoras continuando a atacar, forçando Harley a ficar em movimento. Ao mesmo tempo, ele podia sentir o olhar da Guardiã Sombria e da mulher loira sobre ele, aguardando o momento certo para atacar.
De repente, o inesperado aconteceu.
A Guardiã Sombria, furiosa com a interferência de Ivana, convocou todas as sombras ao redor. Elas se levantaram como uma muralha de escuridão, movendo-se em direção à mulher de olhos puxados.
Era uma tempestade de sombras, com o único objetivo de obliterar sua oponente. Ivana, no entanto, não recuou. Suas ondas sonoras atingiram as sombras com força total, e a colisão entre som e escuridão foi tão intensa que todo o campo de batalha tremeu.
Harley aproveitou o caos para recuar. Ele precisava de um plano, e rápido. Se ficasse parado, seria engolido por aquele confronto de poderosas forças.
— Não me subestime! — Gritou a Guardiã Sombria.
A loira, por sua vez, começou a rir novamente, aproveitando a distração entre as outras duas. Com um movimento ágil, ela correu na direção de seu inimigo. Tentáculos sombrios surgiram novamente de seu corpo, disparando em direção ao jovem.
Harley agiu rápido, rolando para o lado e brandindo suas adagas contra os tentáculos. A lâmina cortou a sombra com facilidade, mas ele sabia que aquilo era apenas o começo.
O som da batalha se intensificava ao seu redor, uma sinfonia de escuridão, energia e som. As três mulheres estavam agora envoltas em seus próprios confrontos, cada uma tentando sobrepujar a outra.
Harley observava tudo com atenção, ciente de que seu momento chegaria. Ele sabia que teria que jogar essas forças umas contra as outras, explorar as fraquezas e aproveitar a oportunidade perfeita para virar o jogo.
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