Capítulo 26 - Brutal!!!
“Quando o mundo se torna brutal, apenas aqueles que aceitam a ferocidade dentro de si podem continuar em pé. Cada golpe recebido é uma lição, e cada ferida, um tributo à força que se constrói em silêncio.”
— O Código do Guerreiro Solitário, Verso 16.
Harley olhou para si pela primeira vez desde que fora empurrado e atravessara o portal. Sangue escorria de seus ferimentos. Sangue em suas mãos, na adaga, nas roupas. Seu corpo estava banhado em vermelho, como se a própria escuridão da noite tivesse se tornado parte dele.
O jovem Ginsu já não era mais aquele que apenas seguia ordens. Agora, ele era a fera, a máquina de combate que fora moldada desde a infância, forjada pela dor e pela perda.
Acuado e cercado por inimigos, a única opção era lutar. Não havia mais para onde correr. Cada movimento era uma corrida contra a morte, e Harley sabia que as chances de escapar daquele caos eram ínfimas, mas hesitar sequer por um segundo seria fatal.
A vingança, que uma vez queimava como um desejo ardente, agora parecia um sonho distante, quase inalcançável, perdido em meio à selvageria da luta. Ele tinha que sobreviver, nem que fosse apenas por mais um minuto.
A escuridão da noite engolia a floresta. Harley corria como uma fera acuada, ofegante. Seu corpo doía; cada passo era uma batalha contra a dor crescente. A sensação de ser caçado era sufocante.
Vinte inimigos o seguiam de perto, e o som dos passos deles reverberava como uma sinfonia de morte, aproximando-se cada vez mais, tornando-se impossíveis de ignorar.
Os arqueiros recomeçaram o ataque primeiro.
— Zum! Zum! Zum! Zum! — flechas assobiavam pelo ar, cortando o silêncio como serpentes venenosas.
Harley se movia com agilidade, desviando-se das flechas mortais enquanto avançava em direção aos inimigos. Cada movimento era calculado, uma dança letal, e o jovem sabia que qualquer erro seria fatal.
Uma flecha passou de raspão, cortando sua bochecha. O calor do sangue fresco escorria lentamente, mas Harley ignorou a dor. Estava focado em seus inimigos mais próximos. Um espadachim avançou, e Harley usou sua adaga para desviar o golpe.
A lâmina negra encontrou uma abertura na defesa do oponente e, num movimento preciso, perfurou a artéria carótida do homem, derrubando-o ao chão.
O brilho das lâminas cortantes se entrelaçava no ar, e Harley se movia como uma sombra. Um chute certeiro derrubou o próximo inimigo, e com um giro rápido, ele desferiu uma estocada mortal.
O som de pele sendo perfurada, ossos quebrando, gritos abafados de dor; tudo havia se transformado em uma sinfonia de caos e sangue.
Cada golpe que Harley desferia era acompanhado pelo eco de suas memórias. Seu clã destruído, sua família separada, seu irmão perdido. A dor de suas lembranças misturava-se com a dor física que sentia no momento.
Os ferimentos, antes ignorados pela adrenalina, agora começavam a pesar. Seu corpo, coberto de cortes e arranhões, pulsava de dor a cada novo movimento. Mas ele continuava.
Girando em um ângulo agudo, Harley escapou de outro golpe letal, sua respiração pesada. Mais um ataque se aproximava, e ele usou sua adaga novamente para bloquear o golpe de espada.
A proximidade do inimigo lhe deu a chance perfeita para usar uma técnica de deslocamento. Com a mão esquerda, ele segurou o braço do oponente, puxando-o para frente com força, projetando o inimigo à sua frente com brutalidade.
A luta era intensa, uma batalha frenética de golpes, bloqueios e estocadas. Harley usava as técnicas de luta que aperfeiçoara ao longo dos anos, cada movimento fluido, mas cheio de propósito.
Corpos caíam ao seu redor, ceifados pela fúria de sua adaga, enquanto o solo se tornava uma poça de sangue, testemunha silenciosa da carnificina que se desenrolava.
A lembrança de seu clã o impulsionava. Cada inimigo que ele derrotava era uma homenagem aos que havia perdido. Mesmo que ele não pudesse vingar todos, Harley esperava que seu irmão tivesse a força para fazê-lo. O sangue derramado era um tributo, uma promessa silenciosa de que seus ancestrais viveriam através dele.
— Próximo! — gritou Harley, a voz rouca de exaustão, mas cheia de fúria. Seus olhos brilhavam, mesmo que seu corpo estivesse à beira do colapso. Ele parecia uma mortalha ensanguentada, determinada a não cair sem levar mais vidas consigo.
Mas seus inimigos também não eram inábeis. Seus golpes o feriram profundamente, cortando sua carne e drenando suas forças. A cada novo ataque, Harley sentia a energia deixando seu corpo, mas não podia parar. Seu coração ainda batia forte, a determinação de sobreviver e lutar até o fim se mantinha inabalável.
À medida que a batalha prosseguia, o sangue fluía livremente, tanto de Harley quanto de seus oponentes. Seus ferimentos se acumulavam, as flechas alojadas em sua carne agora limitavam seus movimentos, e seus braços e pernas pareciam feitos de chumbo.
O chão tornou-se um campo de batalha escorregadio, com sangue misturado à lama, e a escuridão da noite só tornava tudo mais caótico.
Com a adaga em punho, Harley continuava a atacar e se defender, usando cada sombra ao seu redor como vantagem. Ele projetava seus inimigos uns contra os outros, empurrando-os contra as árvores, contra os espinhos da floresta, ou desferindo golpes letais com uma precisão cirúrgica.
Seis inimigos o cercaram agora. Suas espadas brilhavam à luz fraca da lua, uma promessa silenciosa de morte. Harley estava no limite de suas forças. Sua visão começava a embaçar, e seus pulmões queimavam com cada respiração.
Esses eram os últimos. Ele tinha chegado tão longe, mas sabia que a morte o rondava. O preço de sua sobrevivência havia sido alto, e cada movimento que fazia revelava o custo disso.
Seu corpo estava exausto, compreendendo melhor do que sua mente o verdadeiro preço que pagara por sobreviver até ali. Era a última dança. A fera que Harley havia se tornado recusava-se a ceder, mesmo diante da morte iminente. Seus inimigos pagariam caro, ele garantiria isso.
Harley investiu novamente, desferindo um golpe fatal no primeiro dos seis que avançaram. Uma chuva de sangue caiu sobre ele, e, com cada movimento, mais inimigos caíam ao seu redor. Mas seu corpo cedeu. Uma flecha o perfurou, seguida por outra que atingiu sua perna.
Agora, ferido e cercado, Harley sabia que seu tempo estava acabando. Mas ele se recusava a desistir. Com um último grito, ele desferiu mais um golpe mortal, levando consigo mais um inimigo, antes que suas pernas finalmente fraquejassem.
Seu coração ainda batia, mas a batalha estava terminada. No entanto, ele não havia sido derrotado. Ele havia lutado até o fim, e, enquanto seus inimigos caíam ao seu redor, Harley sabia que sua luta ainda não havia terminado completamente. Havia sempre mais para lutar. Mais para vingar.
Quatros inimigos restantes o cercaram.
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