Capítulo 91 - Criando o impossível
“A batalha é uma dança entre o caos e a oportunidade. Aquele que reconhece o instante exato em que o adversário se desorganiza pode virar o curso da guerra.”
— O Código do Guerreiro Solitário, Verso 37.
Inesperadamente, Harley percebeu uma abertura. O dragão, tomado pela fúria cega, havia se aproximado demais, e suas chamas começavam a atingir os próprios aliados, desorganizando as fileiras sombrias.
O jovem Ginsu sabia que precisava usar essa oportunidade de maneira decisiva, mas para isso teria que tentar algo novo, algo nunca antes tentado.
Ele concentrou toda a sua energia, formulando uma ideia ousada: um constructo de energia branca que pudesse envolver o fogo sombrio e redirecioná-lo, como um cano que canaliza água corrente.
O desafio, entretanto, era monumental. O constructo não poderia ser sólido. Precisava ser fluido e flexível, adaptando-se à volatilidade do fogo sombrio, moldando-se ao seu formato caótico como uma pele elástica, sem causar atrito, sem interromper o fluxo.
Com uma determinação renovada, Harley estendeu seu artefato mágico e começou a tecer a Energia Branca em algo diferente do que já havia criado. O poder emanava de suas mãos e formava um tubo de luz brilhante, translúcido, cujas paredes se ondulavam e se moldavam conforme o fogo sombrio era absorvido.
O tubo de energia se movia como se estivesse vivo, acompanhando cada labareda com suavidade, sem interromper sua força destrutiva, mas mudando completamente sua direção.
O fluxo de fogo sombrio, antes indomável, agora percorria a tubulação mágica, sendo guiado para longe das sombras e diretamente contra a Guardiã Sombria.
Em alguns pontos, houve atrito entre as chamas e as paredes do constructo de energia branca, resultando na abertura de buracos por onde labaredas escaparam, rompendo as frestas com uma força caótica.
No entanto, a maior parte do fogo conseguiu transitar pelo canal de luz, mantendo-se na direção que Harley determinara.
Apesar das falhas pontuais, a estrutura fluida ainda cumpria seu propósito, conduzindo a maior parte das chamas sombrias diretamente ao alvo, prestes a atingir a líder das criaturas feitas de sombra com uma fúria renovada.
O fogo sombrio seguiu sua rota como um rio por seu leito, surpreendendo a líder das trevas. Ela não teve tempo para reagir. A Guardiã, percebendo tarde demais o que acontecia, tentou se esquivar, mas o impacto foi inevitável.
As chamas, guiadas com precisão, a envolveram em um turbilhão de escuridão, e a súbita reviravolta trouxe caos ao comando sombrio. Harley, com olhos fixos no que havia realizado, percebeu que seu experimento arriscado havia funcionado — e agora, ele tinha uma nova arma para usar contra as forças da escuridão.
Ivana aproveitou o momento de fraqueza da sua adversária. Com uma velocidade impressionante, ela atravessou o campo de batalha, movendo-se entre as sombras restantes, e chegou até onde a Guardiã estava.
Com um golpe preciso, ela atacou, ferindo a líder das sombras e obrigando-a a recuar. O campo de batalha começou a mudar – a maré estava virando, e Harley e Ivana estavam cada vez mais próximos de uma vitória.
Harley, vendo a chance de encerrar o confronto, não hesitou. Ele canalizou toda a energia acumulada na adaga e lançou um ataque concentrado, um feixe de luz branca que cortou o ar e atingiu o dragão com uma força devastadora.
O impacto foi tão forte que a criatura recuou, suas chamas cessando enquanto tentava se recompor. O brilho da adaga se intensificou, e o jovem sentiu o poder fluir por ele, uma força que o encorajava a continuar, a lutar até o fim.
Ivana e Harley, agora unidos, avançaram juntos. As sombras restantes tentaram resistir, mas estavam enfraquecidas e desorientadas.
O labirinto de energia, mesmo parcialmente destruído, ainda funcionava a favor dos dois guerreiros, que se moviam com precisão e destreza, eliminando cada inimigo que encontravam. O dragão, ferido, e a Guardiã tinha recuado, não conseguia mais comandar suas tropas com a mesma eficácia.
Sabendo que precisava aproveitar a vantagem conseguida, Harley começou a desfazer algumas barreiras invisíveis que não estavam mais em uso. Essa energia liberada foi redirecionada, moldando dois bonecos de energia mágica idênticos a ele. Cada um deles foi revestido com uma proteção mágica, criando um enigma para o dragão.
Agora, o campo de batalha estava repleto de três Harleys idênticos. O dragão sombrio, confuso, lançava seus ataques, incapaz de distinguir o verdadeiro guerreiro. Harley movia-se em sincronia com seus clones, enganando a criatura enquanto evitava os ataques impiedosos.
O dragão, cego pela própria fúria, gastava sua energia preciosa atacando os clones falsos. A cada ataque desperdiçado, suas forças se esvaíam, enquanto Harley permanecia ileso, aguardando o momento certo para atacar.
Longe desse embate, Ivana e a Guardiã Sombria estavam em sua própria batalha. A perseguição de ataques e esquivas continuava. Ivana, com sua agilidade sobrenatural, lançava ataques rápidos, desaparecendo nas sombras e reaparecendo em pontos imprevisíveis.
No epicentro, Harley observava o estado da batalha. O dragão sombrio estava perto do limite sem o apoio da mulher de pele escura para reabastecer o seu poder. Cada ataque se tornava mais fraco. Era o momento perfeito para um ataque decisivo.
Sem hesitar, Harley conduziu seus clones em uma investida frontal contra o dragão. Ele deslocou as últimas barreiras invisíveis, posicionando-as de maneira que isolassem a criatura. Contudo, essa manobra também liberou todas as sombras anteriormente presas pelas paredes invisíveis. O caos foi liberado no campo de batalha.
Mesmo com a ameaça iminente, Harley manteve o foco. Enquanto as sombras se organizavam para atacar, ele aproveitou a confusão e desferiu um golpe certeiro contra o dragão. A adaga branca perfurou a besta sombria, absorvendo toda a sua energia em um brilho ofuscante.
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