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    “Há momentos na batalha em que uma abertura aparece onde menos se espera. A verdadeira habilidade de um guerreiro não é apenas enxergar essa abertura, mas moldar sua própria habilidade para aproveitá-la, mesmo que isso signifique criar algo totalmente novo.” 

    O Código do Guerreiro Solitário, Verso 38.


    A vitória foi breve. No momento em que o dragão finalmente tombou, a Guardiã Sombria, que enfrentava Ivana em um embate feroz, percebeu a derrota de sua criatura. Seus olhos se encheram de ódio puro, cintilando com uma fúria que parecia não ter fim. 

    Ela nunca imaginou que a batalha pudesse se prolongar tanto, que precisaria recorrer a tantos dos seus guerreiros de reserva e consumir tamanha quantidade de sua energia sombria. 

    A luta deveria ter sido rápida, mas Harley e Ivana haviam resistido muito além do esperado, forçando-a a expor suas forças mais valiosas e drenando seu próprio poder. 

    A frustração e a raiva transbordavam enquanto ela observava seu plano sair de controle, e a única resposta que restava era invocar ainda mais escuridão e intensificar o combate.

    Ela ergueu as mãos em um gesto poderoso e convocou mais sombras, desta vez seus guerreiros de elite. 

    Eles surgiram do chão como espectros emergindo do abismo: três colossais guerreiros sombrios, cada um com quatro braços musculosos que brandiam estrelas da manhã gigantescas, cujos espinhos irradiavam uma escuridão solidificada, como se o próprio ódio da Guardiã tivesse tomado forma. 

    As estrelas da manhã, aquelas armas temíveis com cabeças de metal cobertas de espinhos, balançavam ao redor dos colossos em movimentos amplos e ameaçadores, prontas para despedaçar qualquer coisa em seu caminho.

    Harley se viu cercado por uma maré de sombras e pelos três colossos. No entanto, uma estranha sensação de confiança o tomou. 

    Sua adaga branca começou a brilhar com uma intensidade crescente, pulsando como se estivesse viva, como se algo dentro dela estivesse despertando. Ele sabia que aquela arma era a chave para superar o novo desafio, e sentia a conexão entre eles se intensificar a cada segundo.

    Os colossos avançaram juntos, e a brutalidade de seu ataque era esmagadora. As estrelas da manhã desceram com uma força descomunal, rachando o solo e enviando estilhaços de pedra por todos os lados. 

    Harley desviava com precisão, seus reflexos afiando-se ao limite enquanto ele sentia a energia da adaga fluindo por seu corpo. Os movimentos dos colossos eram devastadores, e cada balanço das estrelas da manhã fazia o ar vibrar com violência.

    No momento mais crítico, a adaga brilhou como nunca antes. Uma luz ofuscante irrompeu do artefato, e Harley sentiu uma explosão de poder percorrer suas veias, como se a própria essência da adaga estivesse se fundindo a ele, tornando-os um só. 

    Com um movimento decisivo, ele se lançou contra o primeiro colosso. A lâmina da adaga cortou o ar e atingiu o gigantesco guerreiro sombrio, que se dissolveu em uma nuvem de energia escura, seus braços se desintegrando antes mesmo de atingir o chão.

    Ivana, por sua vez, ainda combatia a Guardiã Sombria, se movendo entre as sombras, entrando em uma e saindo em outra, tentando encontrar a brecha perfeita. 

    Ela se aproximava tentando se aproveitando de cada erro da líder dos guerreiros feitos de sombra. Vendo um momento de fraqueza, a mulher de olhos puxados emergiu de uma sombra próxima e lançou um ataque devastador, canalizando ondas sonoras que ressoaram como uma tempestade ensurdecedora. 

    A pressão do ataque fez a Guardiã recuar novamente, sentindo o impacto das ondas, mas sua resistência era feroz. Enfurecida, ela ergueu suas mãos para o céu e, com um grito de pura ira, convocou mais criaturas feitas de sombras.

    Desta vez, os reforços não eram apenas guerreiros sombrios comuns. Surgiram criaturas variadas, mais monstruosas e aterrorizantes. 

    Havia bestas quadrúpedes, cujos corpos eram formados por sombras fluidas, mas com espinhos sólidos surgindo de suas costas, e criaturas voadoras, com asas negras feitas de fumaça densa que deixavam um rastro sombrio por onde passavam. 

    Também apareceram vultos gigantescos, sem forma definida, que mudavam de aparência a cada segundo, tornando-se ora humanoides, ora serpentes colossais que deslizavam pelo campo de batalha. Todos esses novos horrores se somaram à maré de sombras, cercando ainda mais os dois guerreiros.

    Enquanto isso, o segundo colosso avançou contra Harley, sua estrela da manhã cortando o ar com um rugido ameaçador. Mas a confiança de Harley crescia a cada segundo, e ele desviou do golpe, sentindo o vento da arma passar perto o suficiente para cortar a pele de seu rosto. 

    Com um movimento rápido, ele contra-atacou, a adaga branca brilhando intensamente ao penetrar o peito da criatura. O impacto foi avassalador; o colosso dissolveu-se em pura energia sombria, que foi absorvida pela adaga. A luz da lâmina se intensificou ainda mais, como se estivesse faminta por mais poder.

    Restava apenas um colosso. Harley, já exausto, sabia que precisaria reunir todas as suas forças para um ataque rápido, pois novos inimigos tinham aparecido. 

    O guerreiro sombrio, maior e mais ágil do que os outros, avançou com uma velocidade surpreendente para seu tamanho, sua estrela da manhã girando como uma tempestade de espinhos. 

    O jovem ginsu tentou bloquear o golpe, mas o impacto foi tão forte que ele foi arremessado ao chão, seus ossos doendo com a força da colisão.

    Antes que ele pudesse reagir, o colosso levantou sua estrela da manhã para o golpe final, os espinhos reluzindo com uma escuridão ameaçadora. Harley, com um último esforço desesperado, ergueu a adaga branca. No exato momento em que a estrela da manhã desceu, a adaga interceptou o ataque. 

    O choque entre as duas armas gerou um brilho ofuscante, uma explosão de energia tão intensa que parecia engolir ambos. Quando o brilho finalmente se dissipou, o colosso começou a se desintegrar, suas formas se dissolvendo em poeira negra até não restar nada além do silêncio.

    Harley levantou-se, ofegante, sentindo cada músculo doer. A adaga brilhava em sua mão, agora quase pulsando como se tivesse uma vida própria. Mas o alívio foi momentâneo. Ivana, reaparecendo ao seu lado, olhou para os céus, onde a Guardiã Sombria, enfurecida, tinha convocado uma nova onda de sombras.

    Do horizonte escuro, emergiu uma centena de novas criaturas. Guerreiros sombrios com lanças feitas de escuridão sólida, bestas esqueléticas de quatro patas cujos olhos ardiam com chamas negras, e espectros flutuantes, que mais pareciam feitos de fumaça e dentes. 

    As criaturas se aproximavam, suas formas grotescas preenchendo todos os espaços ao redor dos dois guerreiros.

    Harley e Ivana trocaram um olhar rápido. Não de camaradagem, mas de reconhecimento da necessidade de sobreviver. 

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