Capítulo 143 - 4ª Dimensão: Tempo
“O tempo é um tecido fluido, entrelaçado com os fios da realidade. Cada fio representa um momento, uma decisão, uma vida. Manipulá-lo exige não apenas poder, mas uma compreensão profunda da própria existência.”
— Misteriosos inscritos no templo da Adaga Arcana. Sem autor identificável.
Com sons agudos, a carroça se desfez diante dos olhos de Harley. As partes começaram a girar e se ajustar, com cada fragmento tendo sua própria função. Duas novas criaturas artificiais surgiram, conforme Doravan havia prometido.
As duas novas criaturas, idênticas aos animais que antes puxavam a carroça, surgiram em questão de segundos. Juntas, elas se somaram aos outros dois animais, formando agora os quatro companheiros de Harley para a missão. O jovem olhou para elas, sua mente cheia de questões:
“Essas criaturas devem ser poderosas, mas o que mais podem fazer? Quais recursos ou habilidades estão integrados nelas?”
A lembrança de que havia esquecido de questionar Doravan sobre as capacidades das criaturas lhe atingiu de repente. Mas já não havia mais tempo para isso. Ele estava agora com seus novos aliados sintéticos e, com um olhar decidido, avançou em direção ao portal de acesso ao ‘Local Proibido’.
O ambiente ao redor dele começou a se distorcer, e uma luz cegante o envolveu enquanto ele era transportado para dentro da ‘Zona Inicial Central’. A sensação de deslocamento era desconcertante, mas ele manteve-se firme.
Harley manteve seus sentidos aguçados enquanto avançava. A sensação de deslocamento espacial, provocada pelo portal, fazia o ambiente ao seu redor distorcido, com as fronteiras do espaço se contorcendo.
Aos poucos, no entanto, sua percepção se ajustou, e o caos visual começou a se alinhar. O Local Proibido foi se revelando diante dele, mas, por um momento, o jovem se viu imerso em um emaranhado de linhas e formas indistintas.
A confusão inicial durou apenas um instante, sendo rapidamente dissipada por um brilho intenso que emanou do capacete, iluminando o caminho à sua frente.
À medida que o brilho do capacete começava a diminuir, as formas ao redor de Harley gradualmente se delinearam, indicando que o aparelho estava ajustando sua visão do ambiente.
O que antes parecia um emaranhado confuso agora tomava forma, revelando um espaço totalmente diferente do que ele imaginara. A descrição de Doravan e suas próprias expectativas não faziam justiça àquilo que se desenrolava diante de seus olhos.
Sem aviso, Harley foi submerso em um turbilhão de estímulos sensoriais que o atacaram com força brutal. Sons distorcidos, tanto agudos quanto graves, criando uma cacofonia ensurdecedora que lhe dava a impressão de que a realidade estava desmoronando.
As cores vibrantes se chocavam em um frenesi indescritível, distorcendo tudo ao redor, tornando impossível distinguir o que era real. Sua visão não conseguia acompanhar o caos ao seu redor.
A cada respiração, ele sentia o gosto amargo de substâncias que ele não podia identificar, dando-lhe a impressão de que a própria essência do lugar o estivesse intoxicando.
Seu corpo era continuamente atingido. O espaço parecia se curvar ao seu redor, sendo empurrado por forças desconhecidas que se opunham ao seu movimento.
Cada passo que dava era um desafio, e o chão parecia instável, mudando de forma à medida que ele avançava. Sua sensação de estar dentro de uma teia de fios só aumentava, como se a realidade estivesse se rasgando, tentando escapar de seu controle.
Após mais um violento choque, Harley foi lançado para uma área indefinida, onde tudo parecia se dissolver em um vórtice de distorções. As linhas que antes o cercavam sumiram, deixando-o em um espaço que não tinha definição.
Ele hesitou por um instante, sentindo o peso da incerteza, mas o desejo de continuar o impulsionou a avançar, mesmo com a falta de clareza sobre o que estava ao seu redor. Ele não sabia para onde estava indo, mas sabia que não podia parar.
Foi nesse momento que uma suave luz emergiu de seu capacete, envolvendo o espaço ao seu redor com uma calma inesperada, e diminuindo as perturbações sensoriais.
O zumbido que antes parecia estridente agora se tornou um som quase confortável. As cores caóticas, antes indiscerníveis, começaram a se organizar, e Harley pôde finalmente ver a verdade daquilo que o cercava, agora mais claro e estável.
A luz envolveu seu corpo com uma suavidade inesperada, com uma força invisível suavizando as distorções que o cercavam. A instabilidade que o ameaçava cedeu aos poucos, as pancadas do ambiente começaram a perder o ímpeto, tornando-se mais suaves, com a realidade se ajustando à sua presença.
À medida que o caos sensorial se acalmava, Harley percebeu que a paisagem diante de si começava a tomar forma. Ele agora podia ver mais claramente os contornos do espaço, as direções e a profundidade que antes estavam distorcidas.
Apesar de experimentar seu corpo mais pesado e suas forças diminuídas, havia algo novo que começava a florescer dentro dele: uma sensação de propósito o envolvia. Ele sentia que agora havia uma chance de se mover de forma controlada, algo que parecia impossível antes da intervenção do capacete.
Com a opacidade reduzida, Harley pôde, enfim, entender a paisagem ao seu redor. Ela já não parecia um emaranhado de distorções, mas um espaço palpável, uma realidade que ele começava a desvendar.
O olhar do jovem Ginsu se perdeu no cenário ao seu redor, onde formas geométricas se multiplicavam, ajustando-se em posições, tamanhos e cores infinitas.
Esferas, cubos, cones e outras figuras se entrelaçavam e se reorganizavam, criando um ambiente onde tudo ao seu redor parecia ter sido montado com uma precisão quase impossível.
O chão sob seus pés se expandia em formas diáfanas, que se transformavam em paredes quase transparentes, cada uma moldando gigantescas estruturas geométricas. Essas formas formavam uma rede maior que continha outras estruturas menores dentro delas.
Ao olhar ao redor, ele percebeu que estava imerso em uma esfera, na qual, mais à frente, enormes quadrados e outras formas geométricas se alinhavam tal qual caixas, criando áreas claramente delimitadas.
Essas formas se ajustavam e se fundiam sem qualquer interrupção, criando um espaço contínuo. Entre as lacunas, névoas coloridas fluíam suavemente, preenchendo os vazios e criando uma sensação de fluidez constante.
Dentro das descomunais figuras geométricas, outras formas menores, mas ainda assim duas vezes maiores que o corpo de Ginsu, como esferas, cubos, cones e prismas, flutuavam e se moviam, enquanto a névoa colorida ao redor fazia suas formas se contorcerem, criando um espetáculo infinito de figuras em movimento.
Harley estava imerso em um deslumbramento absoluto, seus olhos absorvendo uma infinidade de formas, linhas e curvas que se entrelaçavam. O que ele via parecia desafiar toda a lógica que conhecia, com o próprio espaço sendo reescrito diante de seus olhos.
Cada elemento se fundia ao próximo, formando um panorama desconcertante e fluido. Nada no mundo que ele conhecia se comparava àquilo. O jovem Ginsu sentia, sem conseguir explicar, que estava diante de uma estrutura de realidade que escapava completamente à sua compreensão, algo que existia em um nível muito além de tudo o que já experimentara.
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