Capítulo 151 - Emboscada
“Em uma emboscada, a linha entre o predador e a presa é tênue. O uso adequado do elemento surpresa em conjunto com o controle do terreno e a antecipação dos movimentos do inimigo definem o sucesso. Quando executada com precisão, ela revela a superioridade do planejador sobre o oponente.”
— Sussurros das Sombras XXX, transmissão oral do Clã Adaga Arcana.
Harley sabia que o cerco havia se fechado ao redor deles, e a emboscada fora meticulosamente preparada. Mas, antes que pudessem se mover, o círculo geométrico que os cercava se completou. Uma barreira invisível se ergueu, vibrando com uma energia pulsante que fez o ar ao redor tremer violentamente.
A pressão era avassaladora. Harley sentia o ar sendo comprimido ao seu redor, com a sensação de que o próprio espaço conspirava para esmagá-lo.
“Como deixei isso acontecer?” — ele pensou olhando para a armadilha tão cuidadosamente planejada, o cérebro trabalhando a mil por hora.
— Estamos em uma desvantagem brutal! — vociferou o jovem Ginsu, a voz carregada de frustração, enquanto as paredes invisíveis se aproximavam, comprimindo o ambiente segundo após segundo.
Os cinco magos da Escola de Magia dos Ossos de Dragão mantinham suas posições ao redor do círculo, os olhos fixos em Harley e Aurora, presos no centro. Pequenos círculos metálicos conectavam pontos invisíveis, formando o contorno de uma estrela luminosa pulsando na cor marrom.
Os magos murmuravam palavras em uma língua desconhecida, enquanto luzes intensas emanavam de suas mãos, conectando-se com os ossos de dragão que eles brandiam. A energia mágica circulava, alimentando a prisão luminosa que os mantinha cativos.
Seria uma cena de coordenação mágica impressionante, não fosse a ameaça letal que ela carregava. As luzes giravam em torno dos ossos do dragão, criando um espetáculo tão fascinante quanto possivelmente mortal.
Harley sentia o perigo crescente, o cerco se apertava, e sua mente fervilhava em busca de uma saída.
Com o semblante tenso, Aurora apertou a mão do jovem Ginsu e murmurou, a voz carregada de frustração:
— Até hoje não sei se isso tudo é uma encenação, se o poder realmente vem dessas ferramentas mágicas ou se eles conseguem manipular a magia por conta própria.
Harley refletiu rapidamente sobre o que Aurora dissera. Era uma perspectiva interessante que ele ainda não havia considerado. Se o poder deles dependesse exclusivamente das ferramentas que utilizavam, havia uma maneira de desarmá-los e inverter a situação.
No entanto, a origem do poder não era algo que pudessem testar agora. A prioridade era escapar daquela prisão de luz antes que fosse tarde demais.
— Temos que agir rápido! Essa barreira está se fechando depressa demais — disse a garota, a voz carregada de uma tensão crescente.
O jovem assentiu, seus olhos correndo pelo ambiente, buscando uma fraqueza. Aurora estava certa. A barreira estava se tornando cada vez mais apertada, e o espaço ao redor deles diminuía rapidamente.
Cada segundo contava, e Harley sabia que, se não encontrassem uma maneira de sobrecarregar ou interromper o fluxo de energia que alimentava a prisão, seriam sufocados até a morte. Não havia forma alguma de esperar. Eles estavam ficando sem tempo.
— Se essa barreira é alimentada pela magia dos ossos de dragão, talvez possamos encontrar um ponto fraco ou interromper o fluxo de energia — o jovem sugeriu, seus pensamentos se formando em um turbilhão de ideias desesperadas.
A barreira parecia um organismo vivo, pulsando com luz vibrante que fluía das mãos erguidas dos magos. O brilho das luvas se intensificava, alimentando o campo mágico com uma força palpável.
A prisão parecia respirar enquanto o espaço ao redor de Harley e Aurora diminuía, restringindo seus movimentos e aumentando a sensação de aprisionamento.
O jovem sentia uma sensação crescente de impotência. Não havia para onde fugir. O cerco era perfeito. No entanto, ele não estava disposto a desistir. Seu instinto de sobrevivência gritou mais alto, e o fez tomar uma decisão rápida.
Em um movimento ágil, Harley apertou um dos botões em seu bracelete tecnológico, ativando sua Barreira de Contenção. Era uma arma de uso único originalmente destinada a capturar a Guardiã Sombria, mas agora seria sua última esperança de sobrevivência.
A barreira de contenção surgiu ao redor deles, chocando-se com força contra a prisão energética que se retraía. A colisão produziu um brilho intenso, retardando momentaneamente o avanço da força mágica.
Por um momento, o espaço ao redor deles se estabilizou. Harley respirou fundo, sentindo um breve alívio. Mas os magos logo perceberam a resistência e começaram a canalizar ainda mais energia em seus feitiços.
Dois novos círculos metálicos foram lançados na prisão, e as paredes mágicas mudaram de cor, ficando ainda mais brilhantes.
A barreira ao redor pulsava, um escudo resoluto contra a força opressiva que a pressionava implacavelmente. O impacto entre as barreiras lançava faíscas que iluminavam o ambiente em um frenesi de luz e energia.
A pressão aumentava, o calor se intensificava, e Harley sabia que sua barreira os mantinha vivos. Mas ele também entendia que, se ela não suportasse, não haveria escapatória para ambos.
Por fim, depois de alguns segundos que pareceram uma eternidade, foi inesperadamente a prisão de energia dos magos que começou a fraquejar.
As cores antes vibrantes pareciam ofegar, seu brilho enfraquecendo em um ritmo cadenciado, enquanto a pressão diminuía de forma quase imperceptível. Harley observava, seu olhar fixo em cada rachadura da prisão mágica.
— Prepare-se! — ele disse, sua voz carregada de urgência — Quando isso quebrar, o tempo estará contra nós.
Então, com um estrondo, a barreira se rompeu, e as luzes se espalharam no ar, a prisão desapareceu, desvanecendo-se no ar tal qual um sopro apagando uma vela.
Sem perder tempo, Harley desativou a barreira de contenção e, com Aurora, lançou-se ao ataque. A adrenalina tomava conta de seus movimentos, e ele empunhou suas adagas com determinação.
Com a adaga furtiva firme em uma mão e a adaga negra na outra, ele desferia ataques precisos contra os magos, movendo-se com a fluidez instintiva de uma fera acuada que sabe que a próxima ação pode ser sua última.
Seus golpes eram precisos. A cada corte da adaga furtiva, Harley sentia seus adversários ficarem confusos, suas mentes apagando memórias recentes, tornando-os vulneráveis.
Os magos hesitavam, incapazes de se defender de forma eficiente. O jovem Ginsu aproveitou essa vantagem, atacando com velocidade implacável. Dois magos caíram rapidamente, seus corpos atingidos por golpes mortais.
Sua aliada também estava em movimento, nocauteando outro mago com um golpe ágil. Harley a observava de relance, impressionado com sua habilidade. Ela não era a Aurora estudiosa que ele conhecera. Ali, naquele campo de batalha, para sua surpresa, ela era uma guerreira.
Foi quando percebeu algo terrível. Enquanto Aurora se concentrava no último mago à sua frente, um dos magos restantes preparava um ataque traiçoeiro.
Ele estava de costas para a jovem, suas mãos se enchendo de uma energia densa. Uma bola de energia crescia rapidamente, pronta para ser lançada. O ataque estava no ponto cego de Aurora, e ela não teria tempo de perceber a ameaça iminente.
Harley viu a cena se desenrolar com a fluidez de uma câmera lenta. A garota estava prestes a ser atingida, e ele estava longe demais para detê-lo.
Os segundos de ataque foram suficientes para alongar demais a distância entre eles, enquanto cada um avançava para lados opostos. O tempo parecia evaporar diante de seus olhos, fugindo por entre seus dedos tal qual um recurso perdido para sempre.
Ele pensou desesperadamente em uma maneira de salvá-la. Não tinha armas de longo alcance, não havia meios de interromper o feitiço a tempo.
O desespero subiu à garganta, com o peso de um grito sufocado, mas ao escapar, o momento já havia passado:
— Cuidado!
Ela escutou, mas o tempo já havia se esgotado. A impotência tomou conta de ambos, um peso silencioso que parecia congelar o momento.
Cada fibra do seu ser queria agir, mas ele já previa o inevitável. Sem opções claras, Harley só podia torcer para que a proteção de Aurora fosse forte o suficiente para suportar o ataque. Mas, no fundo, sabia que o perigo era real e a vida dela estava em risco.
O tempo parecia parar, e Harley assistia, impotente, enquanto a bola de energia se aproximava de Aurora.
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