Índice de Capítulo

    “Sob o olhar vigilante dos astros, onde o tempo se desdobra em giros de sol maiores, negociamos com o destino como navegadores dos múltiplos mundos. Negociar com o destino é aceitar o desafio de moldar nossa própria história, mesmo quando as escolhas parecem limitadas pelas circunstâncias que nos cercam.”

    Discursos do Grande Explorador Zandar, Vol. de Poemas.


    — O que exatamente você está me oferecendo? — Harley perguntou, sua voz carregada de desconfiança, tentando decifrar as verdadeiras intenções do Cônsul.

    O Cônsul, líder da Escola de Exploradores Interdimensionais, sentou-se calmamente, seus olhos perscrutando cada detalhe do jovem à sua frente. Sua presença era imponente, e o silêncio que preenchia o ambiente parecia uma arma invisível, pressionando-o a ceder.

    — Esse nosso encontro foi inesperado. — começou o Cônsul, sua voz firme e sem emoção aparente — Mas, a princípio, estou oferecendo a você uma posição em nossos agrupamentos de exploração. Missões que, além de lhe darem um objetivo claro, garantem a você equipamento, acomodação e segurança. Se tiver outras necessidades, podemos discutir isso mais tarde.

    Harley ouviu cada palavra, mas sua mente estava em alerta. Ele sabia que nada nesse mundo vinha sem um preço. A segurança ao seu redor era opressiva: soldados armados patrulhando os corredores, dispositivos avançados e mortais prontos para ativar a qualquer deslize. 

    O jovem Ginsu não se sentia confortável ali. Sentia que qualquer escolha errada poderia resultar em consequências irreversíveis.

    Por outro lado, a ideia de segurança não era algo que ele podia desprezar e assim ele refletiu:  

    “Por quanto tempo mais vou continuar fugindo, me arriscando em portais desconhecidos, enfrentando inimigos além da minha compreensão? A oferta do Cônsul é uma chance de me preparar melhor para os desafios futuros, um refúgio no meio do caos.” 

    — Então, eu me tornaria seu homem? Teria que seguir cegamente suas ordens? — Harley perguntou, tentando encontrar o ponto fraco naquela proposta aparentemente vantajosa.

    O Cônsul sorriu levemente, como se tivesse antecipado essa pergunta. Seu olhar era frio, calculista, mas suas palavras fluíam com uma facilidade manipuladora.

    — Não se trata de servidão. Há um contrato. Cada missão ou ação trará benefícios. A acomodação, o treinamento e a segurança que você desfrutará viriam com a contrapartida de aceitar missões. Mas, ao fim de cada ciclo, você estará livre para partir, se assim desejar. A única exigência seria completar ao menos uma missão a cada 30 giros do sol maior.

    Harley absorveu a explicação. Um ciclo de 30 giros do sol maior — ele calculou mentalmente a duração com base em suas experiências naquele novo mundo. Não era um prazo abusivo, mas o peso do compromisso com um grupo tão rígido ainda o incomodava.

    Por outro lado, as condições pareciam justas. Ele não seria forçado a missões além de sua capacidade, e teria a liberdade de partir após o cumprimento do acordo mínimo. Ainda assim, ele estava ciente de que havia mais em jogo do que apenas a liberdade de escolha. 

    O jovem tinha aprendido que tudo no mundo mágico vinha com camadas ocultas, promessas escondidas por trás de favores.

    — Então, basicamente, estou sendo contratado como um mercenário? — insistiu o jovem Ginsu, buscando clareza total antes de tomar qualquer decisão.

    — Exatamente! — o Cônsul respondeu sem hesitação — Contudo, mercenário ou não, você terá autonomia para decidir como cumprir suas obrigações, e estará livre para deixar a Escola depois de completar suas missões mínimas.

    Harley refletiu cuidadosamente sobre as palavras. Por mais pragmática que a oferta parecesse, o jovem sabia que aquilo o enredaria em algo maior. A Escola de Exploradores Interdimensionais não era apenas um refúgio ou um ponto de apoio. 

    Era uma facção com sua própria agenda, lutando pelo controle em um mundo fragmentado por disputas de poder. Aliar-se à Escola significava escolher um lado, algo que ele havia evitado até agora.

    Mas a verdade era que ele estava ficando sem opções. Com Doravan à espreita, e os mistérios sombrios da adaga negra ainda além de seu controle, talvez aceitar aquela aliança temporária fosse seu único caminho para sobreviver. Mais que isso, era uma chance de honrar Aurora, de cumprir a promessa que ele tinha feito em seu coração.

    — E se eu falhar ou não conseguir completar a missão? — Harley perguntou, testando os limites daquela oferta.

    O Cônsul o encarou por um longo momento, seu olhar penetrante. Ele parecia estudar o jovem, avaliando suas palavras com cuidado antes de responder.

    — Nada na vida vem sem um preço. Missões falham. Pessoas morrem. É o risco que todos correm ao entrar nesse mundo. Se você falhar, dependerá da missão e das circunstâncias. Mas deixo claro: a falha, em muitos casos, resultará em consequências fatais. Além disso, mesmo em nossos treinamentos, há exigências. Se você não corresponder aos nossos padrões, terá 20 giros do sol maior para organizar sua saída.

    Harley sentiu um peso crescente ao ouvir aquilo. Sabia que falhar em qualquer uma das missões não era apenas uma questão de perder uma oportunidade. Era uma questão de vida ou morte. 

    O risco era alto, mas ele estava acostumado a viver em um mundo onde a morte era uma companheira constante. Mesmo assim, essa oferta era diferente. Era calculada, meticulosamente planejada para enredá-lo em um ciclo de obrigações.

    — Então essa é a escolha que tenho? — murmurou Harley, mais para si do que para o Cônsul.

    O líder da Escola de Exploradores Interdimensionais, sem perder a compostura, respondeu:

    — Não há apenas uma escolha. Há um caminho. Se você quiser viver, é melhor entender que não existe um destino predefinido. Cada passo que damos abre novas possibilidades, mas também novas armadilhas.

    As palavras do Cônsul ressoaram profundamente dentro de Harley. O peso de cada decisão, de cada movimento, estava começando a se tornar claro. A vida no mundo mágico não era linear, e o futuro era tão imprevisível quanto as próprias forças que ele manipulava. No entanto, ele sabia que fugir não era mais uma opção viável.

    As últimas palavras de Aurora ecoavam em sua mente: 

    “Nem sempre continuar fugindo é a solução.” 

    Ela estava certa, e ele sabia disso. Ele havia passado tempo demais fugindo, evitando confrontos diretos, sempre tentando sobreviver sem se comprometer verdadeiramente com nenhum lado. 

    Mas agora, tudo havia mudado. Ele não estava mais lutando apenas pela própria vida. Estava lutando para honrar Aurora, para se vingar de Doravan, e, acima de tudo, para encontrar um propósito maior.

    O Cônsul, percebendo a hesitação do jovem, concluiu:

    — Você tem tempo para decidir, mas não muito. O mundo está em guerra, e cada segundo perdido aproxima você mais do inevitável.

    Harley levantou o olhar, seus pensamentos um turbilhão. Ele sabia que, ao aceitar, estaria se aliando a uma força poderosa, mas também seria sugado para dentro de uma rede de intrigas e interesses que poderiam muito bem destruí-lo. 

    No entanto, ele também sabia que essa era sua única oportunidade de se preparar, de ganhar força e recursos suficientes para confrontar Doravan e tudo o que estava por vir.

    — E quanto à adaga? — Harley perguntou abruptamente, sua mente voltando ao artefato negro que carregava — Ela… tem algo a ver com isso?

    O Cônsul sorriu, um sorriso frio e calculado.

    — A adaga é sua, mas o poder que ela contém precisa ser dominado. Se você quiser continuar vivo o suficiente para descobrir o que ela realmente é, vai precisar de aliados, treinamento e conhecimento. E a Escola de Exploradores Interdimensionais pode lhe fornecer isso.

    Harley sabia que estava encurralado. Cada escolha parecia levá-lo a um destino incerto, mas ele tinha aprendido, por meio de sua jornada, que os maiores desafios também trazem as maiores revelações. Talvez fosse hora de parar de fugir, de parar de hesitar.

    Ele tinha um objetivo. Tinha um inimigo. E, acima de tudo, tinha uma promessa a cumprir.

    — Vou pensar! — disse ele, sua voz firme, porém ainda cautelosa.

    O Cônsul assentiu, sem mostrar qualquer sinal de surpresa.

    — Faça isso. Mas lembre-se: o tempo está correndo.

    E, com isso, Harley saiu da sala guiado por seguranças, seu coração pesado com a decisão iminente.

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    ANEXO:

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