Capítulo 167 - Reencontro
“Cada conexão é um fio do destino, tecendo uma rede que abrange tempos e espaços, unindo vidas e destinos de maneiras inexplicáveis.”
— Fragmentos da Libertação, de Nostradamus.
Harley estava preso novamente. Olhando aquele ambiente restrito ao seu redor, ele mal podia acreditar que, depois de tanto lutar e cruzar mundos, mais uma vez se via encarcerado.
“Como isso aconteceu?” — pensou, frustrado — “Como posso estar de volta a uma jaula?” — O sentimento de raiva borbulhava dentro dele.
Ele segurou com força as barras de metal, tentando soltá-las com pura força bruta, mas tudo que conseguiu foi ferir as mãos. A dor trouxe uma revelação estranha: suas mãos estavam diferentes, menores, com cicatrizes que ele não lembrava. Isso o fez questionar ainda mais a natureza da prisão em que se encontrava.
“Voltei no tempo? Estou sob algum feitiço? Como cheguei aqui?”
As memórias recentes eram um borrão, e Harley se via tentando juntar as peças de uma sequência de eventos que não fazia sentido. Ele sempre enfrentara situações impossíveis desde que obteve a Adaga Negra, mas aquilo era diferente, como se sua própria mente estivesse sendo jogada contra ele.
Sua cabeça vagou até sua infância, no Clã Adaga Arcana, onde era treinado implacavelmente. Aquela rotina sufocante de desafios, lutas e obediência absoluta o havia moldado, mas também havia implantado dentro dele o desejo de fugir de qualquer prisão.
“Será que o destino não me permite escapar disso? Será que a liberdade é só uma ilusão?”
Ele fechou os olhos, tentando se acalmar. O som familiar de vozes antigas, os sussurros das sombras em sua infância, retornaram.
“Será que sempre serei manipulado?” — pensou, os ecos de sua antiga prisão parecendo voltar com força total.
Harley sabia que sua vida sempre fora uma sequência de prisões disfarçadas. Primeiro seu clã, depois os Dragões de Sangue, o Clã Lâmina Oculta, e agora o Mundo Mágico. Em cada um desses lugares, ele era uma ferramenta, uma arma nas mãos de outros.
“A liberdade real existe? Ou somos destinados a escolher entre diferentes tipos de prisões?”
Ele segurou as barras com mais força, como se, ao apertá-las, pudesse quebrar as correntes invisíveis que sempre o aprisionaram.
A única coisa que nunca mudou dentro dele foi o desejo de ser livre. Livre das correntes do destino, das manipulações dos poderosos. Ele queria, mais do que qualquer coisa, trilhar seu próprio caminho.
Nesse momento de introspecção, ele foi arrancado de seus pensamentos por uma voz distante:
— Harley!
O chamado o trouxe de volta à realidade. Ele piscou, ajustando-se à luz que invadia a cela. Milenium estava à sua porta, acompanhada por dois guardas armados. Sua presença era impactante, mas algo estava estranho. Seu olhar estava vazio, distante, diferente da Milenium que ele conhecia.
O jovem Ginsu ergueu-se lentamente sentando na cama, o cansaço e a confusão ainda o dominando. Ele sabia que algo grande estava para acontecer. O reencontro com o cônsul, a oferta que fora feita… Tudo parecia ter um peso diferente agora. Milenium estar ali, naquele momento, só aumentava sua inquietação.
“O que ela quer? Por que está aqui?” — sua mente questionava.
Antes de ser levado para essa cela, Harley lembrava da conversa com o cônsul, o líder imponente da Escola de Exploradores Interdimensionais. A proposta dele ainda ecoava em sua mente. O convite para se unir à escola, para se tornar parte de algo maior, ainda pairava no ar, como uma decisão que ele sabia que precisaria tomar.
Durante o encontro, o cônsul deixara claro que sua vida, como a de qualquer guerreiro, seria moldada pelo poder que ele adquirisse e pelas alianças que fizesse.
“Junte-se a nós.” — o cônsul dissera, com uma firmeza que não deixava espaço para recusas — “Você tem o poder, mas precisa saber como usá-lo. A Escola de Exploradores Interdimensionais pode te ajudar.”
Harley sabia que aquele convite não era apenas uma proposta de segurança e conhecimento. Era uma nova prisão, uma nova aliança com um preço, e ele, mais uma vez, seria usado como um peão em um jogo de poder.
Mas, por mais que quisesse continuar fugindo, ele entendia que não podia mais se dar ao luxo de evitar decisões difíceis.
“Fugir não é uma solução.” — ele repetiu para si mesmo, lembrando das palavras de Aurora — “Nem sempre fugir é o caminho.”
Harley sabia que não poderia continuar sendo arrastado pelas circunstâncias. Precisava, finalmente, tomar controle do seu destino.
E, embora não tivesse dito isso diretamente ao cônsul, ele já havia decidido: aceitaria. Se unir à Escola de Exploradores Interdimensionais não era apenas uma forma de sobreviver; era uma chance de aprender mais, de aumentar seu poder, de preparar o caminho para o confronto inevitável com Doravan e Sergio Romanov.
“Eu aceito!” — pensou Harley, ciente de que, ao fazer essa escolha, ele estava embarcando em um novo caminho, um que poderia finalmente lhe dar as ferramentas para lutar por sua própria liberdade. Mas ainda restava uma pergunta:
“qual seria o preço?”
Enquanto Milenium o observava, o jovem Ginsu sentiu que ela sabia de sua decisão, mesmo que ele não a tivesse compartilhado em voz alta. Havia algo de estranho no olhar dela.
“Por que ela está aqui?” — ele se perguntava novamente — “O que ela pretende?”
A presença dela naquele momento, acompanhada pelos guardas, não era uma coincidência. A tensão entre eles era palpável.
“Será que Milenium está aqui para me levar a outro destino?” — ele não sabia se ela era amiga ou inimiga naquele momento.
O olhar vazio de Milenium, diferente de tudo o que ele conhecia, deixava Harley ainda mais confuso. Ela parecia distante, como se algo a estivesse controlando ou como se ela tivesse mudado drasticamente desde a última vez que se viram.
— Harley… — disse ela novamente, sua voz fria, quase sem emoção.
E foi assim que o jovem Ginsu percebeu que, mais uma vez, estava sendo puxado para algo que não entendia completamente. Mas dessa vez, diferente das outras, ele já tinha uma escolha feita: e estava pronto para o que viria a seguir.
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