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    “Às vezes, a única resposta possível ao impossível é tornar-se parte dele. Entregar-se ao caos, para ser tragado e encontrar uma nova possibilidade naquilo que parecia ser o fim.” 

    — Misteriosos inscritos no templo da Adaga Arcana. Sem autor identificável.


    Harley fechou os olhos por um instante, tentando se concentrar nas linhas do destino, tentando encontrar um caminho que pudesse levá-los à sobrevivência. Ele sabia que a força bruta não seria suficiente, e que qualquer tentativa de enfrentamento direto terminaria em destruição. 

    A Criatura não era um inimigo comum: ela era a personificação do caos que regia o Local Proibido.

    — Precisamos pensar diferente… — ele murmurou para si mesmo, sua mente correndo contra o tempo enquanto sentia a aproximação da Criatura — Precisamos usar o próprio caos a nosso favor.

    De repente, algo lhe ocorreu. Harley se virou rapidamente para o Cônsul e Milenium.

    — As fendas! — ele gritou — Precisamos levar a Criatura até as fendas! Este lugar está à beira do colapso. Se conseguirmos fazer com que ela toque as paredes instáveis, talvez possamos causar um desmoronamento e prendê-la aqui!

    Milenium olhou para o jovem Ginsu, seus olhos ainda carregados de medo, mas também de determinação. Ele assentiu, compreendendo o plano. O Cônsul, por sua vez, rapidamente sinalizou para os soldados, transmitindo a nova estratégia.

    — Todos, recuem para as laterais do túnel! Levem a Criatura para as fendas! — ordenou o Cônsul, sua voz ecoando pela caverna enquanto os soldados começavam a se mover, tentando se reorganizar em meio ao caos.

    A Criatura Geométrica avançava com uma força brutal, suas extremidades afiadas cortando o ar enquanto ela se aproximava. Harley liderou um pequeno grupo, desviando-se por entre as rochas soltas e guiando a Criatura em direção a uma das maiores fendas que ele conseguia ver. 

    O chão tremia cada vez mais, e as paredes pareciam prestes a ceder.

    — Precisamos ser rápidos! — gritou Milenium, enquanto usava sua arma para disparar contra a Criatura, atraindo sua atenção.

    Os soldados começaram a atirar nas paredes próximas às fendas, suas explosões ecoando e enviando fragmentos de rocha para todos os lados. A Criatura se contorceu, seus movimentos tornando-se ainda mais erráticos enquanto era conduzida para o ponto crítico.

    Harley sentiu seu coração bater violentamente, cada segundo parecendo uma eternidade enquanto ele observava a Criatura se aproximar da fenda. E então, com um rugido final que parecia desafiar a própria realidade, a Criatura colidiu contra a parede, suas extremidades afiadas perfurando a rocha frágil.

    Por um momento, o tempo pareceu parar. E então, a caverna começou a desmoronar.

    — Corram! — gritou Harley, sua voz quase sendo abafada pelo som ensurdecedor de pedras desmoronando. Ele se virou e correu, suas pernas se movendo o mais rápido que podiam enquanto ele tentava se afastar do colapso iminente.

    As paredes da caverna ruíam, e grandes pedaços de rocha caíam ao redor deles. A Criatura Geométrica, presa sob o peso das rochas, se contorcia, seus movimentos cada vez mais lentos enquanto era enterrada. O túnel estava se fechando, e Harley sabia que eles tinham apenas alguns segundos para escapar.

    Ele alcançou uma das aberturas nas paredes e se jogou para dentro, rolando pelo chão enquanto sentia o impacto do desmoronamento atrás dele. O ar estava cheio de poeira, e ele mal conseguia enxergar, seus pulmões queimando enquanto tentava recuperar o fôlego.

    Após alguns instantes que pareceram horas, o som do desmoronamento finalmente diminuiu, deixando apenas um silêncio pesado e opressor. Harley se levantou lentamente, tossindo enquanto olhava ao redor. 

    Milagrosamente, a maioria dos soldados havia conseguido escapar para as aberturas laterais. Eles estavam sujos, feridos, mas vivos.

    Milenium se aproximou dele, uma expressão de alívio e exaustão em seu rosto.

    — Conseguimos — ele disse, sua voz rouca.

    Harley assentiu.

    O Cônsul, com um corte sangrando em sua testa, se aproximou do grupo, sua expressão séria.

    — Vamos nos reagrupar. Precisamos seguir em frente e encontrar uma saída deste labirinto. Este lugar ainda guarda muitos perigos, e não podemos nos dar ao luxo de hesitar.

    Harley olhou para o Cônsul e depois para os soldados ao seu redor. Eles estavam exaustos, mas havia determinação em seus olhos. Eles tinham enfrentado o impossível e sobrevivido, e isso lhes dava uma nova esperança.

    A caverna mergulhou em um silêncio absoluto. Apenas um momento de pausa, um respiro breve antes do terror retornar com força total. No meio dos escombros, uma rachadura se abriu, e, para o horror de todos, a Criatura Geométrica estava viva. 

    Suas extremidades afiadas rasgaram as pedras, empurrando-as para longe, enquanto emergia lentamente do soterramento, como um pesadelo que se recusava a acabar.

    — Não pode ser! — gritou Milenium, o rosto empalidecendo ao ver a imensa figura se erguer novamente. Os ângulos da Criatura brilhavam sombriamente, como se a própria escuridão a envolvesse.

    O Cônsul não hesitou. Naquele instante, o objetivo era a sobrevivência. Com um movimento rápido, levantou o braço e ordenou:

    — Todos, sigam em frente! Use as frestas, mantenham-se em movimento! Não podemos lutar contra isso aqui!

    Os soldados reagiram de imediato, o treinamento superando o medo crescente. Começaram a se esgueirar pelas aberturas estreitas que os haviam protegido durante o desmoronamento, os ombros raspando contra a rocha áspera enquanto avançavam por passagens que pareciam fechar-se a cada passo. 

    Era um labirinto claustrofóbico, e a tensão era palpável; cada movimento parecia ecoar no silêncio opressivo, enquanto o som das pedras ainda caindo preenchia o ambiente.

    Harley seguia com um pequeno grupo, sua respiração curta e pesada. Suas mãos pressionadas contra as paredes ajudavam-no a se equilibrar nas passagens irregulares, mas a sensação do espaço se fechando ao seu redor era quase insuportável. 

    Os soldados olhavam para trás, esperando ver a Criatura surgir, até que um estrondo colossal ressoou.

    A Criatura Geométrica não apenas os seguia, ela forçava seu caminho, derrubando pedras e ampliando uma das fendas. Sua presença monstruosa emergiu no grande espaço aberto que os soldados haviam alcançado. O eco de seus movimentos, como metal rangendo contra a rocha, fazia o ar vibrar.

    — Fogo! — gritou o Cônsul, enquanto os soldados se posicionavam rapidamente na caverna ampla. Rifles foram levantados e uma chuva de tiros iluminou a escuridão. Era a última tentativa de deter aquela criatura indestrutível.

    Harley observava impotente enquanto os disparos ricocheteavam nas superfícies da Criatura. Nenhuma arma surtia efeito. Eles já haviam tentado de tudo — explosivos, energia cinética, até mesmo poderosos feixes de plasma. A Criatura era como uma manifestação de poder absoluto, imune a qualquer ataque.

    O ambiente ao redor era vasto, ainda maior do que o espaço anterior. As paredes subiam até desaparecerem na escuridão, e o chão estava coberto por poeira e fragmentos de rocha. 

    A luz das lanternas cortava a penumbra, criando sombras dançantes enquanto os soldados, desesperados, buscavam se afastar do avanço da Criatura.

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