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    “A magia é a ciência que ainda não compreendemos. Cada avanço científico revela um pouco mais do mistério, aproximando-nos da compreensão completa das forças invisíveis que moldam nosso mundo.” 

    Discursos do Grande Explorador Zandar, Vol. sobre Ciência.


    Enquanto desciam a escadaria, Harley sentiu uma vertigem estranha uma vez que a realidade a sua volta ainda estava mudando e os blocos que formavam a estrutura das coisas ainda estavam se movendo e construindo novas estruturas. 

    A cada passo a realidade estava se curvando e transformando diante de seus olhos. Cada passo que dava parecia desafiá-lo a manter o equilíbrio, à medida que a percepção do espaço ao redor continuava mudando. 

    Subitamente, a longa escadaria atrás de si que havia percorrido desapareceu. Não foi uma transição suave, mas sim um rompimento abrupto com a realidade anterior. O ambiente ao redor continuou se alterando, parecendo estar sendo diluído em uma confusão de cores, formas e sons. 

    No instante seguinte, os blocos pararam e o caos deu lugar à revelação de uma nova realidade. 

    O ambiente ao redor se expandiu de forma inimaginável, de modo que parecia ter sido transportado para outro universo, mas ele sabia que novamente era apenas a revelação de um novo espaço que estava oculto atrás dos blocos que se moveram. 

    O que antes era uma simples escadaria agora se abria para um vasto e impressionante salão. Tudo ao seu redor brilhava com luzes em constante movimento, dando a sensação de que o espaço não era fixo, mas fluía tal um rio de energia.

    Harley estava atordoado. Seus olhos mal conseguiam acompanhar as formas tridimensionais que flutuavam no ar, constantemente se reformando até que cada uma se estabilizava e ganhava contornos tão nítidos quanto objetos reais. 

    As imagens, feitas de pura energia, se transformavam em estruturas que pareciam ao mesmo tempo sólidas e etéreas. Era a sensação de estar em um mundo onde as formas básicas que constituíam as coisas pudessem ser decompostas e rearranjadas a todo momento.  

    Conforme explorava mais profundamente o novo salão, Harley ficava cada vez mais fascinado pelo design único do lugar. Tudo ao redor dele parecia em perfeita harmonia, com formas curvas que evocavam a ideia de movimento contínuo. 

    Diferentes das estruturas quadradas anteriores, agora não havia linhas retas ou ângulos bruscos; cada parte do local parecia moldada para acompanhar o fluxo natural da energia que permeava o ambiente. As paredes ondulavam, parecendo feitas de um material vivo, reagindo ao simples toque de sua presença.

    A cor predominante, um azul anil radiante, evocava em Harley memórias do céu de seu mundo natal, mas de uma maneira muito mais intensa. Era uma cor que parecia pulsar, dando a impressão de que tinha vida própria, e o jovem sentiu-se atraído pela profundidade daquela tonalidade.

    Flutuando no salão haviam gigantescas esferas suspensas no ar. Cada uma dessas esferas possuía um estranho funil no centro, tal qual uma lente de observação.

    Harley estava hipnotizado. Ele se perguntou se aquelas esferas eram entradas para novos ambientes escondidos. Cada uma delas parecia pulsar com um ritmo próprio, sugerindo abrigar realidades separadas, prontas para serem exploradas.

    — Este é o meu lugar favorito — disse Aurora, com os olhos brilhando de fascinação — Aqui nós manipulamos ilusões e criamos mundos que desafiam a percepção.

    Com um simples movimento de suas mãos, Aurora demonstrou a incrível maleabilidade do ambiente. As imagens ao redor dela se moldaram à sua vontade, tomando novas formas e construindo novas estruturas. 

    Era um espetáculo impressionante, onde a imaginação era a única limitação. Aurora movia as mãos, parecendo comandar o próprio ar, e as imagens se transformavam diante de seus olhos, de forma que pareciam moldadas pela força de seus pensamentos.

    Harley estava maravilhado. Tudo ao seu redor o convidava a questionar suas percepções anteriores sobre o que era possível. Cada detalhe o desafiava a expandir seus próprios horizontes. 

    Antes que pudesse absorver completamente tudo o que estava acontecendo, ele foi tomado novamente por aquela sensação vertiginosa familiar. O ambiente ao seu redor mudou mais uma vez.

    Desta vez, a mudança não era apenas visual. Todos os seus sentidos foram afetados. O cheiro que o envolvia era diferente de tudo que já havia sentido antes: uma fragrância profunda e penetrante que parecia inundar o ar. 

    O som que ecoava ao seu redor era um rugido baixo e constante, tal qual o sussurro de uma tempestade à distância, dando a impressão de que o próprio ar vibrava com uma energia latente.

    Aurora, notando a confusão de Harley, soltou uma risada suave e amigável.

    — Logo você se acostuma — disse ela, sorrindo enquanto observava o jovem se adaptar ao ambiente mutável.

    Harley piscou, seus olhos se ajustando à nova escuridão que o cercava. O espaço ao seu redor era completamente diferente do anterior. Aqui, não havia curvas suaves nem formas fluidas; em vez disso, o ambiente era composto novamente por formas retas e angulares, que se erguiam em plataformas geométricas. 

    Parecia um enorme depósito, mas havia uma aura de mistério e poder emanando de cada objeto ali presente.

    Os dispositivos e objetos estavam dispostos em expositores transparentes, protegidos por barreiras de energia translúcida. Retângulos e mais retângulos se estendiam diante de Harley, criando uma sensação de profundidade e organização. 

    O ambiente era dominado por uma tonalidade marrom profunda, uma cor que parecia absorver toda a luz ao redor. Harley sentiu-se cercado por um ar de solidez, dando a impressão de estar dentro de uma fortaleza.

    Aurora avançou, guiando-o por entre as plataformas. Seu entusiasmo era palpável.

    — Este é o lugar onde ciência e tecnologia se unem à magia — disse ela, com um olhar de admiração — É aqui que desenvolvemos armas e dispositivos mágicos.

    Harley sentiu sua curiosidade crescendo e perguntou:

    — Todos esses lugares surgem no mesmo espaço ou estou sendo transportado para locais distintos sem perceber?

    — Estamos no mesmo espaço, apenas sua estrutura está mudando e oferecendo novos rearranjados de acordo com a nossa necessidade — Respondeu Doravan depois de um longo silêncio em que apenas observava atentamente as reações do visitante. 

    Harley sentia que estava diante de um vasto campo de possibilidades e principalmente neste novo ambiente formado. Cada plataforma parecia conter um segredo, uma nova oportunidade de aprendizado. 

    As palavras de Aurora ecoavam em sua mente enquanto ele refletia sobre o quanto ainda havia para descobrir. Suas mãos tremiam ligeiramente, não de medo, mas de excitação diante da enormidade de possibilidades que podia aprender. 

    Antes que pudesse processar completamente, a vertigem familiar voltou. O mundo ao seu redor se transformou novamente. A sensação de mudança era agora tão comum que Harley quase não se incomodou, mas desta vez o ambiente o surpreendeu. 

    O novo espaço que se revelou diante dele era vasto, mas desprovido de qualquer ornamentação visual exuberante. Era quase vazio em comparação com os anteriores, mas o silêncio profundo que o envolvia era carregado de uma presença poderosa.

    Harley piscou rapidamente, tentando ajustar seus olhos à penumbra. O único som que permeava o ambiente era um zumbido suave, acompanhado de estalos e cliques, dando a impressão de que máquinas invisíveis estivessem operando ao fundo.

    A sala lembrava um espaço de preservação, um lugar onde os itens mais preciosos eram guardados e protegidos com cuidado.

    — Merda! — exclamou Aurora, interrompendo o silêncio com uma súbita lembrança — Eu esqueci de desligar um dos experimentos!

    Ela correu para um dos dispositivos no canto da sala, seus passos ecoando pelo espaço. Harley a observou com um sorriso divertido, mas também com uma sensação crescente de apreensão. 

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