Índice de Capítulo

    Três dias se passaram desde a derrota do destemido. Nesse período, Nana relatou os danos sofridos pela cidade. Dos 567 soldados, 20 morreram, 200 ficaram em estado grave, mas foram curados com a ajuda do clã Zura. Os demais sofreram ferimentos leves, sem risco de vida.

    No clã Zura, dos 100 guerreiros que enfrentaram o demônio, 17 perderam a vida. Os sobreviventes foram curados com o banho de sangue do próprio clã.

    Entre a população, apenas cinco pessoas morreram. Todas falecidos sãos os que desobedeceram às ordens de abrigo. Os feridos sofreram ataques diretamente causados por Izumi.

    O centro comercial da cidade jazia em ruínas. Construções antes movimentadas foram reduzidas a escombros, e diversas fontes de renda desapareceram sob os destroços. 

    No entanto, as vastas plantações a oeste permaneceram intactas, oferecendo um alívio em meio ao caos. Ainda que os recursos estivessem escassos, ao menos a fome não se tornaria um problema imediato.

    Durante os relatos, Nana mencionou algo perturbador. De acordo com conhecimento comum entre os soldados, quando um demônio é abatido, seu corpo deve ser imediatamente despedaçado. 

    Esse procedimento impede que a energia negativa remanescente seja absorvida por outra criatura. Era uma regra essencial para evitar que um novo mal emergisse dos vestígios do anterior.

    Porém, demônios de grande poder seguiam uma lógica diferente. Quando privados de seus corpos físicos, sua energia negativa não se dissipava rapidamente. Pelo contrário, permanecia impregnada no ambiente.

    Em alguns casos, levava dias para desaparecer; em outros, meses ou até anos, vagando silenciosamente até encontrar um novo hospedeiro. 

    A do Kappa e Karma foi completamente consumida por Camion e, eliminou qualquer expectativa de que suas essências ainda vagassem pelo local. Contudo, a de Camion, infinitamente mais poderosa, simplesmente desapareceu. 

    Era como se jamais houvesse vestígio algum da presença de um destemido naquela área, uma anomalia que desafiava toda a compreensão sobre demônios. O líder, ao ouvir o relatório, ponderou se Izumi poderia estar envolvido de alguma forma. Entretanto, o próprio negou qualquer participação.

    Antes que pudessem prosseguir com a análise, um soldado adentrou o escritório às pressas e, informou que o homem, anteriormente inconsciente, havia despertado.

    Imediatamente, Castiel, Nana e Nita dirigiram-se ao clã Zura. Ao chegarem, encontraram Izumi com um sorriso enigmático nos lábios, enquanto os demais expressavam profunda preocupação.

    — O que está acontecendo?

    Dam Hacraul, mais conhecido como Dam, fixou os olhos no líder e, com uma expressão intrigada, perguntou:

    — Você… me parece familiar. Quem é você?

    — Talvez não lembre, mas sou filho do antigo líder da cidade. Me chamo Castiel.

    — Castiel? — perguntou, claramente confuso. — Não faz sentido. O Castiel que conheço era apenas um garoto na época.

    — Eu entendo, pode ser difícil de acreditar — respondeu Castiel, com um leve suspiro. — Mas você é Dam Hacraul. Um caçador de demônios que partiu da cidade há 27 anos e nunca mais voltou.

    Dam cerrou os punhos. As pessoas que estiveram ali antes já haviam dito o mesmo, mas ele se recusou a acreditar. Agora, porém, alguém que conhecia repetia aquelas palavras — com um rosto marcado pelo tempo, visivelmente mais velho. A possibilidade de que tudo o que vivera fosse uma mentira o fez estremecer.

    Ainda lutando contra a dúvida, mas começou a aceitar que talvez fosse verdade, perguntou com a voz trêmula:

    — Os irmãos gêmeos, Germa e Germe… Estão vivos?

    — Infelizmente, não temos informações sobre eles.

    Ele paralisou por um momento, e lágrimas começaram a escorrer por seu rosto. A ideia de ter vivido uma mentira tomou conta de sua mente. Como tantos anos poderiam ter se passado em tão pouco tempo de viagem? Aquilo simplesmente não fazia sentido.

    Izumi, com um sorriso determinado, se aproximou de Dam e segurou firmemente seu ombro.

    — Aqueles destemidos… você sabe onde eles estão, não é? Me leve até eles!

    Ainda paralisado, sentiu uma tênue esperança surgir. E se tivesse a chance de encontrar novamente aqueles destemidos? Talvez assim pudesse obter suas respostas. No entanto, por mais que desejasse a verdade, não se via capaz de matá-los.

    Ao perceber que o humano o ignorava, Izumi liberou uma intensa intenção assassina. No mesmo instante, Dam despertou de seu transe, reagindo instintivamente. Seu corpo entrou em modo de defesa e, afastou-se rapidamente da ameaça diante dele.

    — Você… você é um destemido?

    Izumi sorriu, encarando o informante com um olhar cheio de confiança. Ser comparado àqueles demônios só reforçava sua força.

    — Não, sou um mestiço. E mais forte que os destemidos.

    — Quê? Não faz sentido. — Ele olhou para Castiel, que acenou afirmativamente. — Não sei o que está acontecendo, mas você é inimigo dos destemidos, certo?

    — Sim. Então me leve até eles.

    Dam, ao ponderar por um momento, assentiu.

    — Entendo. Se és de fato nosso aliado, então te guiarei até eles. Os destemidos conhecidos como gêmeos. Nunca cheguei a vê-los de perto, mas a energia deles é maior à de um demônio superior.

    Max, que ouvia em silêncio, se aproximou, o rosto sério.

    — Entendo. Dam, por favor, me diga tudo o que sabe sobre eles.

    Ele olhou Max com desconfiança.

    — E quem seria você?

    — Sou Max, filho do líder e companheiro dele.

    Izumi interrompeu, com uma voz firme:

    — Não se intrometa! Quem vai derrotar o próximo destemido sou eu. E vou acabar com esse empate.

    Max, não querendo deixar de lado, disse:

    — Não faz sentido, irmão. O destemido que matei ainda estava vivo quando você o derrotou.

    Izumi fez uma pausa antes de responder.

    — Faz sentido, mas não acho que aquele destemido tenha morrido de verdade.

    Max assentiu, pensativo.

    — Realmente.

    Dam olhou para os dois com um olhar inquisitivo.

    — Do que estão falando?

    Max explicou rapidamente:

    — Até o momento, derrotamos dois destemidos. No entanto, um deles parece não morrer de maneira convencional.

    Izumi sorriu, como se já soubesse o que dizer.

    — Não importa. O matarei quantas vezes forem necessárias. Aquele destemido é fraco.

    Dam considerou as palavras dele e, após um breve silêncio, concordou.

    — Ok. Voltando ao assunto. Dam, você poderia nos ajudar com informações sobre os gêmeos?

    Ele olhou para eles por um momento e, avaliou as circunstâncias.

    — Se me ajudarem, não vejo problema com isso.

    Dam começou a relatar tudo o que havia vivido durante a viagem e, detalhou como conseguiu escapar dos destemidos.

    Em seguida, solicitou três dias para reparar suas armas antes de partir em uma nova jornada. Izumi não gostou da ideia, mas, no fim, acabou aceitando.

    Quando o dia da partida chegou, o grupo estava maior. No portal sul da cidade, Izumi, Max, Idalme, Ui e Dam aguardavam, prontos para partir.

    — Escutem, se tivermos sorte. Em menos de um mês chegaremos ao local. Estão entendidos?

    Todos concordaram, exceto Izumi, que sorriu com um ar de satisfação. Pensou consigo mesmo que Max havia perdido sua posição de suposto líder do grupo. Para piorar, ele olhava para seu irmão com uma certa pena, o que fez Max questionar o motivo daquele sorriso.

    Ui, como sempre, caminhava ao lado de seu amado. Desta vez, Izumi não se afastava tanto quando ela se aproximava dele, permitindo que a proximidade fosse mais natural.

    Enquanto isso, Idalme evitava qualquer tipo de contato com Max, algo que Dam, como um bom observador, percebeu rapidamente.

    Dam vestia uma jaqueta de combate ajustada, feita de um tecido resistente, mas flexível, que permitia liberdade de movimento.

     A jaqueta contava com bolsos internos e externos, estrategicamente posicionados para carregar pequenos itens essenciais, como munição e ferramentas. As mangas, dobradas até os cotovelos, ofereciam maior agilidade nos movimentos.

    Ele usava calças táticas, também confeccionadas em material resistente, com várias camadas para maior proteção. 

    Embora fossem largas o suficiente para não restringir a mobilidade, a parte inferior das calças era ajustada, garantindo um encaixe confortável. Os bolsos extras, fechados com zíperes ou velcros, ofereciam espaço adicional para equipamentos.

    Além disso, carregava um cinto robusto, projetado para suportar diversas armas, mantendo tudo ao alcance de suas mãos eficientemente.

    E assim, partiram em sua próxima jornada, em busca dos destemidos que, segundo diziam, eram gêmeos.

    Izumi, que seguia logo atrás, sorriu mais uma vez, seus pensamentos se perdeu em um jogo interno.

    Venha, destemidos gêmeos!


    Fim do quarto volume. Bom, é isso, pessoal. Esse volume acabou durando mais do que eu esperava (como sempre, né?). Mas o próximo será mais curto, podem confiar. E, quem sabe, após o arco seguinte, eu já esteja na metade da jornada (embora, não posso afirmar com certeza: Oda é um gênio). Logo, mais inimigos poderosos e destemidos vão aparecer na história. E é isso, obrigado por acompanharem até aqui!

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