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    Após a nossa declaração conjunta, chegou a hora de partirmos em direção ao próximo destemido.

    — Certo. Que venha o próximo destemido.

    — Sim, mas antes disso, vamos para casa.

    — Quê?!

    — Hum! Não me diga que queres ir ao próximo destemido?

    — Sim, qual o problema?

    — O problema é que não sabes onde situa o próximo destemido.

    — Com meu olfato, posso saber facilmente.

    — Duvido. Mas é uma pena, eu tenho uma ideia de onde está o próximo, mas vejo que não vais colaborar.

    Vagar sem uma direção específica parecia um desperdício do meu tempo, e meu olfato não se estendia muito além. Inicialmente, não planejava voltar àquela cidade, mas agora percebi que não tinha outra escolha. Serei obrigado a confrontar aquele velho mais uma vez.

    — Se for mentira. Vais arrepender, Max.

    — Sim, vou me lembrar disso.

    — Izumi?

    — Que foi?

    — Ah! Nada — Ui parecia ansiosa para me dizer algo, e isso me deixou intrigado.

    — Como vamos voltar para cidade, vou aproveitar e reabastecer — Peitos caídos, disse.

    — Claro. Já está caído mesmo.

    — …

    Ela simplesmente me encarou, sem demonstrar qualquer irritação em seu rosto, mas eu podia perceber a intensa raiva que a consumia.

    — Sim. Izumi tem somente uma roupa, mas já está toda rasgada. Precisamos voltar para cidade — disse Max.

    — Não preciso de roupas.

    — Izumi, podemos ir à minha vila primeiro.

    — Não quero.

    — Por favor, Izumi. Essa é a última coisa que te peço.

    — Não.

    — Izumi. Levemos Ui até sua vila. Não podemos deixá-la ir sozinha — Enquanto Max terminava de falar, o rosto de Ui parecia triste.

    — Vocês só me dão trabalho.

    — Vamos então, pessoal — disse Max.

    Começávamos a andar.

    — Aquele cachecol. Não é seu, Max? — disse Ui.

    — Cachecol? Onde?

    — Lá?

    Max correu e pegou o cachecol, surpreso.

    — Funcionou! — disse enquanto sorria.

    Continuávamos a andar e vimos um ser humano no chão. Ui aproximou-se e o segurou pelo ombro. Não entendia o motivo dela querer carregar esse humano, mas não me importei com isso.

    — Vamos para casa, Mito.

    Deu a entender que eram conhecidos. Um dia antes de chegarmos à vila, o humano acordou.

    — Hum? Onde estou?

    — Hum? Você acordou Mito — Ui falou enquanto retirava o humano do seu ombro.

    — Quem é você?

    — Não lembra de mim? Sou eu, Ui.

    — Ui? Ui! Estás viva?!

    — Sim, por que eu não estaria?

    — Então não aconteceu?

    — Do que estás falando?

    — Esquece, mas a Ui que conheço era uma criança.

    — Ah! Então…

    Ui contou tudo o que aconteceu, quando ele desapareceu e voltou como um servo do destemido.

    — Entendo. Foi isso que aconteceu — Ele começou a olhar para nós, se levantou e prostrou-se. — Obrigado por cuidar da minha cunhada.

    — Cunhada? — perguntou peitos caídos.

    — Ah! Não vos falei. Ele era esposo da minha irmã, Ai.

    — Era? Como assim?! Ai casou de novo?! — disse o humano, tremendo e com voz trêmula.

    — Não! Não! Não! Ela ainda é solteira.

    — Ufa! — suspirou.

    — Já acabou? — falei.

    — Você é?

    — Não interessa. Se já acabou, vamos embora.

    — Ahhh! Ele é Izumi. Meu… Meu… — Ela olhou para mim com um sorriso e colocou a mão no rosto, expressando ternura. — Crush.

    — Crush?

    — Sim!

    — Mas o que é isso?

    — Calam a boca!

    Comecei a andar. Já estava ficando irritado ao vê-los conversando entre si.

    — Que homem de pavio curto.

    — Não liga para isso. Ele é assim mesmo.

    — Entendi. Você gosta dele.

    — Ah!

    — Estava estampado na sua cara.

    — Sério?!

    — Sim.

    — Oi! Sou Max. E essa é Idalme.  Prazer em te conhecer.

    — O prazer é todo meu.

    — Sim, mas peço que comecemos a andar antes que ele se distancie mais ainda.

    — Ah! OK. Desculpe.

    — Sem problemas.

    Às vezes, eu desejava secretamente que minha audição não fosse tão aguçada para não ter que suportar essas conversas inúteis, mas infelizmente, ouvia tudo com clareza.

    À medida que nos aproximávamos da vila, encontramos o velho na entrada, e como de costume, o alarme foi ativado.

    — Vo-vo-vo-cê?! — O velho tremia de medo quando nos viu se aproximando. Seus olhos se arregalaram e suas mãos trêmulas indicavam o pânico que sentia naquele momento.

    — Que foi, viu a morte?

    — Tio, há quanto tempo.

    — Mito? Não acredito. És tu mesmo?

    — Sim, sou eu Tio.

    As lágrimas do velho fluíam de seus olhos, tingidas de medo e alívio, enquanto ele corria em direção ao humano que havia retornado. A cena me pareceu patética, como se estivesse assistindo a um teatro de quinta categoria. O velho estava trêmulo enquanto abraçava o humano, e as lágrimas sujas manchavam suas roupas e a do recém-chegado.

    Logo depois, o velho chamou outra mulher, e o mesmo espetáculo deprimente se repetiu. O casal não demonstrou nenhum constrangimento e começou a se agarrar ali mesmo, como se não se importassem com a presença de estranhos. Era um espetáculo constrangedor e repugnante de testemunhar, e eu me senti ainda mais desconfortável diante da cena.

    — Eu senti tanta saudade.

    — Eu não posso dizer o mesmo porque parece que foi ontem.

    E ambos começaram a rir. Isso foi engraçado? Achei que não.

    — Izumi. Já vai escurecer. Podias passar a noite aqui — disse Ui.

    — Por que eu faria isso?

    — Eu queria passar mais tempo contigo.

    Após a viagem, Ui parecia triste. Nossa aventura com ela havia terminado, o que a deixou desse jeito. No entanto, isso acabou sendo benéfico para mim, já que meu único ponto fraco estava distante de mim.

    — Izumi. Vamos ficar somente essa noite e reabastecer. Não temos alimentos o suficiente para uma viagem longa.

    — Thirk! Eu não preciso de alimentos.

    — Mas precisamos, e sem mim…

    — Entendi. Faça o que quiser.

    Ele costumava encontrar maneiras de me contrariar constantemente. Eu precisava aprimorar meu olfato e detectar os destemidos à distância, para que eu não dependesse mais deles.

    Chegou a noite, e três quartos foram reservados. No meu quarto, eu estava praticando a técnica Super Speed Brute Force Iz. No entanto, meu corpo ainda não suportava a pressão, e quanto mais tempo eu a utilizava, mais fraco me tornava. Eu testei meus limites, e meu corpo ficou dormente. Eu não conseguia me mexer, mesmo estando em uma simples posição de meditação.

    Eu caí na cama, aguardando que meu corpo se recuperasse. Porém, no silêncio da madrugada, percebi um cheiro que indicava alguém abrindo a porta. Eu nunca tinha considerado a possibilidade de que alguém pudesse tentar me matar durante a noite.

    — Izumi?

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