Capítulo 47.2 — O Mais Rápido
Duas horas após deixar Valhalla.
No início, os relâmpagos negros estavam cheios de gritos, mas tudo estava em silêncio quando chegaram ao destino. A razão era simples.
“Não consigo… me… acostumar…”
Era porque o Relâmpago Negro era difícil de montar, não importava quantas vezes você o utilizasse. Mesmo que acumulasse runas e aumentasse sua resistência, ainda se sentia tonto, o que sugeria que o problema não era físico, mas mental.
Tae Ho saiu cambaleando do Relâmpago Negro e olhou ao redor. Siri estava caída, com o rosto pálido, ao lado de Bracky, que começou a vomitar assim que desceu. Ela estava agradecendo pela solidez do chão.
Ingrid tentava com dificuldade não vomitar, enquanto Gandur se concentrava em respirar profundamente.
Alguns minutos se passaram.
O grupo mal conseguiu se recuperar e começou a investigar os arredores. A primeira a reagir foi Gandur.
“Eu sinto cheiro de sangue.”
Ela era uma Valquíria do deus da caça, Uller. Siri, que pertencia à mesma legião, assentiu. As duas ativaram a bênção de rastreamento, uma das bênçãos de Uller, e começaram a seguir os rastros.
“Que brutal.”
Bracky disse, depois de passar por alguns arbustos. A cena diante deles o deixou sem palavras.
Eles podiam ver os corpos, provavelmente dos guerreiros que estavam investigando os arredores com Rasgrid. Os corpos dos guerreiros de rank intermediário ainda mantinham suas formas mesmo após a morte, mas os de rank inferior e mínimo estavam em tal estado que era impossível reconhecer quem era quem.
‘Não conseguiram entender a força de seus oponentes.’
Cu Chulainn disse em voz baixa. Ele franziu o cenho enquanto olhava para o corpo de um guerreiro de rank inferior, que estava completamente destruído.
‘Ele é bastante habilidoso. Não parece que há vários inimigos. No máximo dois… não, tudo foi feito por uma única pessoa.’
Não havia necessidade de Tae Ho transmitir a opinião de Cu Chulainn. Gandur, que verificava os corpos dos guerreiros, mordeu os lábios e disse:
“Isso foi mais uma caçada do que uma batalha. Um inimigo os emboscou durante a viagem e os massacrou.”
Uma ideia se formou na mente de Gandur. Alguém atacou o grupo de Rasgrid, que estava se movendo em uma direção determinada, e os aniquilou rapidamente.
“Parece que Rasgrid escolheu fugir ou deixou alguns guerreiros escaparem enquanto enfrentava o inimigo…”
Siri parou de falar e olhou para um ponto distante. Os rastros de sangue continuavam.
“Angerta!”
Ingrid gritou. Tae Ho olhou rapidamente em sua direção e apertou os dentes. O corpo de uma Valquíria, com o peito cortado, estava nos braços de Ingrid, que estava ajoelhada.
A Valquíria de Odin, Angerta.
Gandur a conhecia. Foi por isso que um xingamento escapou de seus lábios, mas ela era uma Valquíria do deus da caça. Não podia perder a compostura enquanto rastreava o inimigo.
“Já se passaram cerca de duas horas desde que o sinal de Rasgrid desapareceu e partimos. Quatro ou cinco horas se passaram, incluindo o tempo para chegarmos aqui, então já houve tempo suficiente para as almas dos guerreiros mortos retornarem a Valhalla.”
As almas dos guerreiros de Valhalla sempre retornariam a Valhalla, não importa onde morressem, desde que estivessem em Asgard.
Isso significava que era possível ouvir diretamente a situação dos envolvidos.
“Eles se tornarão guerreiros de aço assim que retornarem?”
Bracky perguntou apressadamente. Se fosse esse o caso, todas as dúvidas seriam resolvidas.
Mas Gandur balançou a cabeça em resposta.
“Eles precisam de um tempo. Tempo para recuperar a consciência e se acostumarem com o novo corpo de aço. Levará pelo menos alguns dias.”
Foi por isso que Freya enviou uma equipe de investigação. Se ela pudesse transformar as almas que retornaram em guerreiros de aço imediatamente, nem teria enviado uma equipe de investigação.
“Eles não retornaram a Valhalla.”
Foi então.
Ingrid, que segurava o corpo de Angerta, disse em voz baixa. Ela, que manejava o poder divino de Njord em seus olhos, cuidadosamente colocou o corpo de Angerta no chão e se virou para Tae Ho.
“Comandante, parece que o inimigo capturou as almas dos guerreiros. Se tivessem retornado a Valhalla, um rastro deveria estar em seus corpos, mas não vejo nada. Além disso, o mais decisivo é… que a alma de Angerta foi forçadamente removida de seu corpo. É mais do que uma simples morte… tenho certeza de que a alma dela foi levada por eles.”
Sua voz, normalmente calma e neutra, agora carregava uma dor que ela não conseguia esconder.
Gandur ficou surpresa com as palavras de Ingrid e rapidamente examinou o corpo de Angerta. Então, amaldiçoou.
Era como Ingrid havia dito. As almas dos guerreiros não retornaram a Valhalla. Elas estavam presas em algum lugar ou foram capturadas pelo atacante.
‘Fizeram um grande esforço para esconder sua identidade. Há uma alta probabilidade de que capturaram as almas dos guerreiros para impedir que transmitissem informações após se tornarem guerreiros de aço.’
Tae Ho pensou o mesmo que Cu Chulainn. Talvez a emboscada tenha sido planejada com antecedência.
Enquanto Gandur continuava verificando os corpos, Siri seguiu sozinha os rastros até um lugar mais distante e levantou a voz.
“Não consigo ver o corpo de Rasgrid. Além disso, o sinal foi cortado aqui. Tenho certeza de que este rastro de sangue é dela.”
Ela, que havia recebido o favor do deus da caça, Uller, podia usar mais sentidos do que os outros guerreiros.
Ao simplesmente provar o rastro de sangue com a língua, ela sabia a quem pertencia e em que estado a pessoa estava.
‘As possibilidades que posso pensar são duas… não, três.’
O atacante matou Rasgrid e levou seu corpo, ou a sequestrou, assim como o Rei das Feras Tiachi fez.
E a outra possibilidade.
Rasgrid escapou do atacante sem deixar rastros.
As probabilidades eram muito baixas. Observando a realidade, deveria ser uma das duas primeiras opções, e a que parecia mais provável era a segunda, já que o corpo de Angerta foi descartado. Não havia razão para o atacante levar o corpo de uma Valquíria.
Mas Tae Ho pensou diferente.
Talvez estivesse sendo otimista, mas algo o incomodava.
O oponente não queria que sua identidade fosse revelada, a ponto de capturar as almas dos guerreiros de Valhalla, mas deixou para trás os corpos.
No entanto, mais rastros eram deixados em um corpo do que se imaginava: qual arma foi usada, qual era a altura do atacante, qual a mão dominante, etc.
Além disso, o atacante era habilidoso o suficiente para massacrar vários guerreiros de rank intermediário sozinho. Então, naturalmente, o número de suspeitos diminuiria. Se um guerreiro tivesse uma saga especializada em obter todas essas informações, poderia ser possível identificar exatamente quem era o culpado.
Mesmo assim, o atacante deixou os corpos.
Por quê?
Como assim?
Porque havia algo mais urgente para cuidar. Algo mais importante do que sua identidade ser exposta.
Tae Ho pensou na possibilidade de Rasgrid ter escapado. Se ela estava viva, o atacante certamente a caçaria, já que ela estava viva, ao invés dos guerreiros já mortos.
Saga: O Guerreiro que Teve um Encontro com uma Deusa
Ele ativou sua saga novamente. Não podia chamar Rasgrid, como havia feito assim que desceu do Relâmpago Negro.
Mas ele soube de algo ao usar sua saga repetidamente.
Rasgrid estava viva. Ela não estava morta. E o motivo pelo qual não podia ser invocada não era a distância.
Havia algo bloqueando Tae Ho e Rasgrid. Tae Ho podia sentir a direção em que ela estava.
“Olimpo.”
O lugar onde Rasgrid estava. O que bloqueava sua invocação era a barreira entre Asgard e Olimpo.
Tae Ho não hesitou. Ele começou a caminhar em direção ao Olimpo.
“Você acordou?”
Rasgrid abriu os olhos. Sua cabeça doía e sua visão estava embaçada.
“Vou te dar uma poção de cura. É um pouco amarga, mas aguente.”
Algo entrou em sua boca junto com a voz. Era uma poção, amarga como o homem havia dito.
Depois de engolir um pouco com dificuldade, um pouco de energia voltou ao seu corpo, embora fosse pouca. Sua cabeça ainda doía, mas agora conseguia enxergar, pois sua visão clareou.
Ela estava nos braços de um homem bonito. Parecia que ele a segurou e colocou a poção em sua boca. O ambiente ao redor era cheio de oliveiras, então provavelmente estavam em uma floresta.
“Consegue falar?”
A voz do homem, que tinha cabelos loiros densos e olhos azuis, era realmente baixa e cautelosa. Rasgrid exalou com dificuldade e assentiu lentamente.
“Isso é……”
“Olimpo. Só conseguimos fugir para este lugar para enganá-lo.”
O homem falou mais uma vez. Rasgrid soltou um suspiro pesado enquanto encostava a cabeça no peito do homem. Seu corpo estava quente, talvez por causa dos efeitos do remédio, e então ela se lembrou.
Do que ela viu antes de perder a consciência.
O homem tapou sua boca com as mãos, e por isso a tentativa de Rasgrid de gritar foi interrompida. Ele cobriu sua boca apressadamente e falou rápido.
“Eu te resgatei. Não se lembra?”
No momento em que ela estava prestes a ser atingida pela lança do inimigo.
Alguém rasgou a barreira e entrou. Ele deixou o inimigo confuso apenas com sua entrada e, em seguida, pegou Rasgrid e a levou.
Ela se lembrou. Rasgrid assentiu lentamente.
“Vou tirar minhas mãos da sua boca. Não grite, ele ainda pode estar por perto.”
Rasgrid assentiu novamente. O homem tirou a mão de sua boca com uma expressão nervosa.
“O que…. o que aconteceu? Por que ele…… não, primeiro de tudo, você…….?”
Rasgrid era uma pessoa sábia, mas suas perguntas saíam todas embaralhadas, pois a situação e seu estado eram um caos. O homem tentou responder a cada uma de suas perguntas calmamente.
Mas foi nesse momento.
O homem rapidamente se virou para olhar em uma direção, e Rasgrid estremeceu e também olhou para o mesmo lado.
Ele estava se aproximando.
Ela não conseguia ouvir seus passos, nem sentir seu cheiro, mas sabia.
Aquela terrível intenção assassina.
Estava vindo naquela direção. Ele nem se preocupava em escondê-la. Parecia que ele estava proclamando que jamais a deixaria escapar agora que a havia perseguido até ali.
O homem rangeu os dentes e Rasgrid tentou se levantar com suas próprias forças.
Os arbustos se abriram.
Ela agora podia ver sua aparência claramente.
Rasgrid prendeu a respiração. Ela não tinha visto errado. Era realmente ele. ELE massacrou os guerreiros de Valhalla, matou Angerta e também tentou matá-la.
Por quê? Como? Por causa de quê?!
Quando estava prestes a gritar e a assumir uma postura de combate, do jeito que conseguisse.
Saga: O Guerreiro que Teve um Encontro com uma Deusa
Uma aura familiar cobriu o corpo de Rasgrid.
“Rasgrid!”
Rasgrid piscou ao ouvir o chamado. Essa pessoa também tinha um rosto bonito, mas desta vez era alguém que ela conhecia.
Cabelos pretos e olhos negros.
O guerreiro de Idun. O comandante de Idun!
“Você está bem? Consegue me reconhecer?”
Ela se sentiu mais tranquila com a voz dele, cheia de preocupação. Sentiu como se fosse chorar agora que sua tensão havia desaparecido. Ela respirou fundo e verificou o ambiente ao seu redor.
Não era apenas Tae Ho. Havia mais rostos familiares.
Siri, Bracky, Ingrid e Gandur.
E Rasgrid pôde entender naquele momento. Aquele lugar estava dentro da conexão entre o Olimpo e Asgard.
“Rasgrid, você está bem? Pode nos contar o que aconteceu?”
Gandur falou rapidamente. Seus olhos estavam fixos no grande ferimento que Rasgrid tinha no estômago. Parecia que ela havia feito um tratamento de primeiros socorros, mas não conseguiu curá-lo completamente, pois as bandagens que o cobriam estavam tingidas de vermelho.
Rasgrid assentiu. Ela precisava transmitir a informação, mesmo que estivesse em um estado pior.
O que atacou os guerreiros de Valhalla.
O que a atacou e a seu benfeitor em um local não muito distante dali.
Rasgrid abriu a boca. Nesse momento, Tae Ho e todos os outros olharam na mesma direção. Só podiam fazer isso.
Um poder forte que sacudiu todo o lugar.
Cresceu imensamente, tornando sua presença clara.
Gandur e Ingrid ficaram atordoadas. Siri abriu os olhos bruscamente e pegou o Arco de Tristan. Bracky aumentou seu espírito de luta a tal ponto que sua força ultrapassava a de reis gigantes normais.
Parecia que o inimigo também os havia notado. A poderosa aura começou a se mover em direção a eles.
Além disso, havia vários deles. Não eram tão fortes quanto a aura mais poderosa, mas eram auras que não podiam ser ignoradas. Cada uma delas era realmente rápida.
Rasgrid tinha certeza disso mais uma vez, e por isso gritou.
Aquele que se aproximava. Aquele que mostrava suas presas em direção a Asgard.
“Aquiles!”
O grande herói do Olimpo.
Aquele que tinha a velocidade mais rápida entre os homens, junto com Atalanta.
Aquele que recebeu a melhor técnica de lança do Olimpo de seu mestre Quíron.
Ele cruzou o vento e se mostrou, segurando uma lança.
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