Capítulo 110
— Visitante…
Kylus inclinou a cabeça para a conversa que por acaso ouviu.
Toc Toc
O cavaleiro do palácio Poirak informou-os de que havia chegado um visitante.
Não é um servo, mas uma nobre senhora?
Perez pensou, olhando para a senhora entrando com o queixo erguido.
— Que atitude rude!
Caitlyn protestou em voz alta contra a senhora, que nem mesmo a cumprimentou de maneira adequada.
Então a senhora bufou baixinho e, relutantemente, dobrou os joelhos para cumprimentá-lo.
— Bom dia, Sua Alteza, o Segundo Príncipe.
Perez recebeu a saudação com um aceno de cabeça sem responder.
Os olhos da senhora tremeram, talvez ofendidos.
— Eu tenho uma mensagem da Imperatriz. Ela pediu para você vir ao Palácio da Imperatriz agora. Venha comigo.
Ela ordenou com arrogância, como se fosse a imperatriz.
Perez disse, enxugando a boca com um guardanapo.
— Eu não posso ir agora.
— O quê?
A senhora não conseguiu esconder o rosto envergonhado e perguntou novamente.
— A ordem da Imperatriz é trazer você agora…
— Estou um pouco doente.
Perez disse, baixando os olhos sob os longos cílios.
— Diga a ela que não posso ir porque estou doente.
— Que diabos está errado com você?
— Eu estou doente.
Perez agarrou o discurso da senhora.
— De que explicação eu preciso quando estiver doente?
— Isso…
A senhora não tinha nada a dizer.
De qualquer forma, o príncipe recusou o convite fingindo estar doente, mesmo que não houvesse justificativa para aplicá-lo.
— Kylus, mande-a embora.
Perez imediatamente se afastou da senhora e voltou a comer.
Depois que Kylus a levou para sair, Caitlyn se aproximou silenciosamente e confirmou a aparência de Perez.
Ela estava se perguntando se ele estava realmente doente
Perez falou.
— Ela não vai ser a última convidada hoje. Seria conveniente ter uma pessoa separada cuidando da porta.
E ele estava certo.
A imperatriz enviou outra pessoa uma hora depois.
No início, as senhoras que eram suas ajudantes próximas, vieram uma após a outra e, depois, ela até mandou funcionários de Angenas.
Mas Perez os mandou de volta, dizendo a mesma coisa todas às vezes.
Estou doente, então se você tem algo a dizer, a Imperatriz pode vir pessoalmente.
Todos os mensageiros que não conheciam Perez entrariam com ousadia e voltariam embaraçados.
Eventualmente, já era hora de o céu ficar completamente escuro.
Diante de Perez, que está sentado na sala lendo um livro, Caitlyn colocou envelopes de vários tamanhos e cores.
— Estes são convites para banquetes e reuniões sociais para o dia.
— Hoje…?
Perez olhou para uma pilha de envelopes grossos o suficiente para não caber em uma mão.
Ele esperava isso até certo ponto, mas a resposta foi mais quente. Caminhar deliberadamente pelo salão de banquetes e lidar com os nobres conversando com ele foi recompensador.
Foi então.
— Agora, se você apenas…!
Uma voz gritando veio com a perplexidade de Kylus.
E depois de uma breve perturbação que se seguiu, a porta da sala de estar se abriu.
— … aqui está, a convidada.
Perez murmurou, olhando para o visitante insolente que ele estava esperando hoje.
— Segundo Príncipe.
Foi a imperatriz Lavigne quem teve tanta pressa em questionar o príncipe.
A imperatriz, que entrou, vestiu sua máscara sorridente com olhos gelados que fitaram Perez
— Ouvi dizer que você não está se sentindo muito bem.
Perez viu através dela.
Ele olhou para a imperatriz, rapidamente pegando o maço de convites que segurava.
— Kylus, Caitlyn. Saiam por um segundo. Acho que essa conversa vai levar algum tempo.
Com as palavras de Perez, os dois pararam, mas logo saíram e fecharam a porta da sala de estar.
Agora apenas Perez e a Imperatriz permaneceram.
Foi a mesma situação da última vez que conversaram na estufa.
— Por que você não aceitou meu convite, Príncipe?
— Como eu disse, não estou me sentindo bem. E estava um pouco ocupado.
Perez deliberadamente apontou para os convites completos e disse.
Então os cantos da boca da Imperatriz tremeram.
— … o príncipe, quem vai para a academia logo aceita convites? O que você pode fazer?
— Eu já disse várias vezes que não pretendo ir para a academia. E com tantas pessoas procurando por mim, estou enlouquecendo.
Perez parou de falar por um momento.
Então ele deixou escapar algumas palavras mais provocativas.
— E depois de passar muito tempo significativo com o imperador ontem, estou me convencendo de que o lugar que devo estar não é uma academia, mas sim a capital.
A imperatriz enrolou as mãos até o ponto em que seus anéis grossos deixavam recortes.
Perez levantou um canto da boca enquanto a imperatriz parecia zangada.
Tudo isso foi resultado de uma reflexão cuidadosa após a visita de Lorde Lombardi. O que a Imperatriz mais deseja é que Astana suba ao trono. Então Perez era o maior e único obstáculo à estrada, e o que ela mais temiam era ver Perez ganhando terreno como Segundo Príncipe.
Então, ele deliberadamente conversou com os aristocratas na festa de estreia e falou como se estivesse interessado em banquetes ou reuniões sociais.
O último convite do imperador para a sala dos fundos foi uma colheita inesperada.
Ao longo do banquete, Perez aproveitou o olhar da imperatriz que o vigiava.
E novamente, a imperatriz mandou as pessoas embora por causa da doçura desde o dia seguinte ao banquete.
— … me diga o que você quer.
A Imperatriz Lavigne falou em um tom distintamente diferente.
— O que você quer?
— Dez mil em ouro.
— … dinheiro?
Dez mil ouro era uma grande soma de dinheiro.
Para levantar essa quantia, Angenas também teve que se desfazer de várias propriedades.
Mas se esse dinheiro pode mandar Perez para a Academia, Astana não tem nada a perder.
Aquele Segundo Príncipe tolo agora estava dizendo que abriria mão de todos os direitos por mero ouro.
A imperatriz, semicerrando os olhos e olhando para Perez, bufou de repente.
— Tudo o que você quer é dinheiro. Acho que suas origens humildes nunca poderão ser removidas de você.
A Imperatriz olhou para Perez com desdém.
Mas Perez estava confiante.
Ele precisava de dinheiro para trilhar o caminho que tinha em mente.
No entanto, Perez não teve outra escolha a não ser se sustentar para aumentar seu poder do que pagar suas despesas de manutenção.
— Sim, eu darei a você.
Parecia que ela estava jogando um bom jogo contra um mendigo.
— Em vez disso, não pense em voltar para o palácio antes de se formar.
— … eu irei.
Vai ser uma estrada acidentada de qualquer maneira.
Seis anos na academia seria uma oportunidade para Astana, mas era igual para Perez.
Ele não tinha intenção de passar férias tranquilas.
E, a imperatriz certamente disse.
‘Até a formatura’.
Era uma academia de seis anos, mas havia um sistema de graduação antecipada para alunos excelentes.
Depois de receber a confirmação de Perez, a imperatriz se levantou como se não tivesse mais o que fazer.
Nas costas da imperatriz que voltou, Perez disse.
— Eu não vou sair antes de receber o pagamento, então se você quiser me chutar rapidamente, você terá que se apressar.
A imperatriz, que foi forçada a pedir dinheiro emprestado aos aristocratas próximos, olhou para Perez até o fim e deixou o palácio Poirak.
Caitlyn e Kylus se apressaram, mas Perez apenas olhou para a lua e o céu noturno estrelado e não disse nada.
Estella, que voltou à academia para concluir suas pesquisas e estudos, finalmente veio para Lombardi.
Depois que o Dr. O’Malley foi expulso, ela, que estava ociosa, tornou-se médica de Lombardi.
E o primeiro horário de Estella, que começava de madrugada, era o check-up médico do meu avô.
— Estella, como vai o vovô?
Corri para o escritório do meu avô quando soube que o exame havia acabado, então não pude esperar e perguntei.
— Como esperado.
— Como esperado, o quê?
— Ele não está se sentindo bem em geral devido ao excesso de trabalho constante. Ele parece ter negligenciado cuidar de sua saúde enquanto o médico estava fora…
Eu sabia.
O excesso de confiança em sua saúde era um péssimo hábito de meu avô.
Aproximei-me de meu avô, que estava abotoando a roupa, e disse, lamentando.
— Vovô, você prometeu tomar os suplementos nutricionais que eu lhe dei.
— Oh, huh, Flore tem todas as preocupações sobre este avô…
Meu avô afagou minha cabeça. Parecia muito bom para a neta preocupar-se com a saúde dele.
— Não é brincadeira… não, vou ter que deixar os suplementos nutricionais para o mordomo e dá-los a ele todos os dias. E reduzir a quantidade de álcool, ok?
Mesmo se eu pedir a meu avô para reduzir seu trabalho, seria impossível.
— Sim, entendo, entendo. Oh, meu Deus.
— Tem certeza, vovô? Tanto papai quanto vovô deveriam cuidar mais da sua saúde.
— Flore…
Quando mencionei meu pai, meu avô pareceu levar minhas palavras a sério.
— Sim, este avô promete a você.
— Seu dedo mindinho.
— Uh-huh. Sim, sim.
O avô sorriu, entrelaçando o seu próprio no dedo mindinho que dei a ele. Meu avô tinha outro horário imediatamente, então saí com a Estella.
— Aguardo a sua amável cooperação, Estella.
— Sim, Lady Florentia.
Aproximei-me do anexo e vi uma certa carruagem pela primeira vez.
Era uma carruagem sem emblema de família, mas parecia muito cara.
E aí, Perez desceu.
— Flore.
— O que você está fazendo aqui Perez?
— Por acaso você tem uma programação para hoje?
— Hoje? Não, nada de especial. Por quê?
Eu ia ler um livro no meu quarto de qualquer maneira.
Então Perez me perguntou com um leve sorriso.
— Então, por que você não sai comigo hoje?
Segui Perez para fora da mansão da Lombardi em uma carruagem.
— Para onde vamos agora?
Acho que estamos saindo da propriedade.
— Estamos voltando para a capital. Tenho que encontrar algumas coisas.
— Sim, Sim.
Porque Perez não vai bem fora do Palácio Imperial. Acho que ele cuida de tudo o que faz quando sai.
Abri a janela da carruagem pensando que o vento que entrava era muito frio. Meu cabelo parece um pouco bagunçado, mas tanto faz.
Eu estava aproveitando meu tempo de lazer de olhos fechados. Eu abri um olho ligeiramente e olhei para frente.
— Perez.
— Sim?
— Acredito que não tenha nada no meu rosto.
Como Perez me olha intensamente do lado oposto.
Eu posso dizer mesmo com meus olhos fechados.
— Você tem algo a dizer?
— Não, ainda não.
— Ainda não?
Você tem algo a dizer, mas o dirá no devido tempo?
Eu encolhi meus ombros.
Bem, isso acontece às vezes na vida humana.
— Certo, vou esperar. Diga-me ainda hoje.
Ainda é de manhã cedo e um dia é longo.
— Obrigado.
— Não mencione isso.
Eu respondi assim e fechei os olhos novamente e aproveitei o vento.
Então abri os olhos, pois a carruagem parecia andar devagar e já estávamos dentro da capital.
Mas a vista de fora da janela era um pouco familiar.
— Uh, aqui…
— Perto da Rua Sedakuna. Tenho um pequeno negócio aqui na oficina.
— Um negócio?
Espere, se for um negócio, não me diga.
A carruagem parou e quando pisei no chão, parei meus passos.
Então Perez disse, descendo atrás de mim.
— É o acessório mais lindo do Império hoje em dia. Acho que é uma oficina montada por um artesão de diamantes que originalmente pertencia a Ivan.
Perez disse e se posicionou pela abertura da oficina.
Acho que significa que devo entrar primeiro.
Engoli um suspiro em meu coração que estava prestes a sair.
Não que eu não pudesse ir.
Porque este era um lugar onde eu passava com Clerivan sempre que tinha tempo.
O problema é.
— Flore?
Esse é o cara que inclina a cabeça sem saber de nada.
Nesse ínterim, estabeleci uma linha entre trabalhar com Clerivan e assuntos privados como a família de Lombardi e Perez.
Era para manter o controle de qual é qual.
Mas quando vi Perez segurando a maçaneta da porta da oficina, senti como se os dois mundos estivessem se misturando.
— Oh, sim. Vamos entrar.
Acabei na oficina.
Não acho que vai ser grande coisa.
O funcionário, que recebeu um pequeno pedaço de papel que Perez entregou, disse algumas palavras e voltou atrás.
— Eles estão trazendo coisas para fora.
— Vou dar uma olhada. Não tenha pressa.
Era um negócio familiar, mas me senti um pouco diferente quando vim como convidada.
Eu estava olhando para os itens em exibição um por um e agora ouvi uma voz familiar.
— Alguém deu uma ordem urgente depois de colocar dinheiro nela, eu não esperava que fosse a dona!
Vovô Crowley estava rindo de mim.
— A dona?
Perez murmura, inclinando a cabeça.
O avô Crowley, um artesão de diamantes, não sabe que sou o dono da Pellet.
No entanto, a nitidez única de um velho com anos de idade acumulados brilhava inutilmente.
— Ah, esse é o meu apelido para Lady Lombardi. Dizem que ela é aluna do dono da Pellet, mas vendo o que quer que eles estejam fazendo, acho que Lady Lombardi é mais a professora.
Eu e Clerivan agimos perfeitamente na frente dos outros e foi assim, embora ninguém tivesse notado ainda.
— Não sou eu que vim comprar coisas hoje, é ele aqui.
Perez está vestido com roupas modestas hoje e anda em uma carruagem sem padrões imperiais.
Ele não quer se revelar um príncipe.
— Oh, entendo. Agora, verifique.
Vovô Crowley abriu uma pequena caixa e colocou-a na frente de Perez.
— Grampo?
Dentro havia um par de grampos de cabelo.
Era um projeto que podia ser usado com frequência com rubis simples anexados.
Perez tirou um grampo de cabelo sem dizer uma palavra.
Ele colocou no meu cabelo que estava desgrenhado pelo vento há um tempo.
— Perez?
Chamei para ele com vergonha, mas Perez olhou atentamente para mim com um alfinete e disse.
— … Linda Flore.
— Isso é para mim?
— Sim. Você gostou?
Perez me perguntou com grandes expectativas.
Era um grampo de cabelo bonito que eu não pude deixar de gostar.
Com um rosto que parece que vai se agitar, acho que não posso dizer que não gostei, mesmo que estivesse cheio de ferrugem.
— Sim, obrigada. Vou usá-lo bem.
Perez sorriu baixinho enquanto eu assentia e dizia.
Perez, que era menos expressivo emocionalmente do que os outros.
Portanto, se você traduzir aquele rosto sorridente na reação de uma pessoa comum, essa é uma expressão bastante animada.
Não consigo acreditar que a pessoa que me deu o presente ficou mais feliz do que o receptor.
Peguei o outro e enfiei no cabelo para mostrar que gostei muito.
O sorriso de Perez ficou mais forte.
Regras dos Comentários:
Para receber notificações por e-mail quando seu comentário for respondido, ative o sininho ao lado do botão de Publicar Comentário.