Capítulo 4 (Parte 1) - Entrevistas e Avaliações 1 estrela
A música de fundo daquela lanchonete já estava enchendo o seu saco. Nas primeiras duas horas, era ok, mas quando percebeu que a playlist continha apenas seis músicas diferentes e que demorava cerca de vinte e três minutos para ela se repetir, não demorou muito para ficar enjoativo.
Mas talvez a música de fundo fosse menos pior do que toda aquela falação que estava ouvindo. Há quanto tempo ele não parava de falar? Vinte, trinta minutos? O pior de tudo é que não era nada relevante; uma enorme repetição sobre como ele não compactuava com o que ela tinha feito, mas não a julgava.
— Enfim, como disse: embora eu certamente entenda que foi uma estratégia válida dormir com a esposa do sujeito para conseguir fazer ele aceitar o duelo, não acho correto você ter feito isso apenas para não pegar a arma. Nesse caso, eu concordo com a opinião do TioVindiano: você poderia ter simplesmente colocado um “Boa noite, Cinderela” na bebida dele, averiguar a arma e depois ir embora. Ao mesmo tempo, seu cancelamento é com certeza uma tentativa dos toloricas para causar engajamento e tentar ganhar votos. Não somente isso, sua busca pelo tesouro de Tálio é nobre. Então, quero te apoiar, senhorita Baret.
Alguns segundos de silêncio. Esse foi o tempo que Baret levou para finalmente perceber que ele não iria falar mais nada. Deu uma balançada de cabeça, mordeu o lábio rapidamente e forçou um sorriso que, na sua cabeça, era simpático.
— Esse é… de fato, um ótimo motivo! Sim, um bom motivo… — Após dar uma risada sem graça, pegou um papel que havia na mesa e o leu. — Bem, senhor… Dênis. Aqui no seu currículo não diz nada de slinger, nem seu registro de gunslinger, então assumo que não seja um, correto?
— Correto, eu…
— Mas diz que tem experiência no campo de combate. — Baret o interrompeu antes que começasse mais um discurso longo sobre seja lá o que seria. — Fico realmente animada em ouvir sua experiência! Apenas gostaria de tirar uma dúvida: logo depois do campo de combate, tem um 3… — Apontou com o dedo. — É um erro de digitação, não é? Sabe, apenas para confirmar! Haha… — Mais uma risada sem graça e ainda mais: cheia de preocupação.
— Ah, agora que vi! Sim, é sim um erro de digitação. Foi mal.
— Não, sem problema, acontece com todos. — Sentiu um alívio, um peso saindo em suas costas. Pegou uma caneta e estava prestes a fazer uma anotação. Talvez, no fim, não tenha sido perda de tempo.
— Na verdade, é o 4! O 3 é mó ruim, mas o 4 é ó! Uma delícia de jogar. Até platinei.
Baret soltou a sua caneta. Por um segundo acabou sentindo sua alma sair do seu corpo. Após voltar para a sua carne mortal, olhou para Dênis e simplesmente disse:
— Você tá de brincadeira comigo, né?
— Claro que não. Platinei mesmo! Tenho até print, deixa eu…
— FODA-SE! Você botou a porra dum jogo no seu currículo?! Cadê sua experiência de combate, caralho?! Os torneios que tu participou, onde aprendeu a atirar, as armas que tem?! Cadê?!
— É necessário? Tipo, eu platinei o “Campo de combate 4”, considerado um dos jogos mais realistas de toda a indústria. Eu não devo ter problemas para usar uma arma de verdade…
Baret levantou de sua cadeira, colocou as mãos no colarinho da camisa de Dênis e o aproximou à força. Olhou nos seus olhos cheios de fúria e disse, com todas as palavras:
— Escuta aqui, seu incelzinho: você vai pagar a sua conta, sair por aquela porta ali e se eu te ver de novo, qualquer dia desses, eu juro que vou garantir que você tenha experiência com o jogo roleta russa com seis tiros. ENTENDEU? — Soltou ele, que apenas caiu sem força no chão. Os olhos estavam cheios de lágrima, levantou e gritou com voz trêmula:
— O ACTUA VAI FICAR SABENDO DISSO! — Saiu correndo até a porta da lanchonete, até ficar completamente fora de vista.
— SUA CONTA, PORRA! — O gritou não bastou, Dênis não voltou. — E lá se vai mais vinte créditos… — Sentou-se na cadeira novamente, não se importando com os diversos olhares que tinha sobre si ou os cochichos que estava ouvindo. Não tinha mais reputação para queimar mesmo. Pegou o celular e abriu a conta do banco, começou a fazer os cálculos de suas economias restantes.
— Com isso, só sobra mais 100 créditos… Droga… E ainda nem tô contando a taxa do hotel de amanhã… — Sentiu os olhos ficarem quentes, mas segurou. Deitou sua cabeça na mesa em meio aos seus braços. — Porra de cancelamento…
Sua vida tinha ficado uma bagunça em pouquíssimo tempo.
Além das famílias que cancelaram o contrato e a faculdade que fingiu que ela nunca estudou lá, algo a mais entrou na lista de coisas para ferrar ela: o dono do seu apartamento mandando ela sair sem aviso prévio, sem mais do que um dia para pegar suas coisas e vazar.
Só o hotel já queimou todas as suas economias e nome limpinho.
Sua única esperança era sair da cidade. Mas precisava de uma equipe, e achar uma equipe estava complicado demais.
— Primeiro um da ghosting, outra vem só para dizer o quão horrível eu sou como pessoa, depois tem essa porra de gamer desgraçado… — Levantou sua cabeça e olhou para o celular. Abriu seu aplicativo de agenda e olhou ao que seria supostamente o próximo e último a vir para entrevista. — Um mecânico? Talvez seja útil arranjar… Quem eu tô querendo enganar? Se bobear vem aqui me pedir pra eu dormir com a esposa dele ou uma merda assim.
Deitou sua cabeça de novo. A única coisa que estava sentindo naquele momento era um cansaço absurdo. Não tinha uma noite tranquila há dias e agora todo aquele stress estava pagando o seu preço. Seria tão ruim ela tirar um cochilo ali mesmo?
Ninguém tinha coragem de se aproximar dela para roubar-lá mesmo. Só de chegar perto e respirar o mesmo ar que ela seria motivo o suficiente para ser cancelado. Pelo menos, era isso que Baret imaginava no momento.
Fechou seus olhinhos, e nem que fosse por cinco minutos, queria dormir um pouco.
. . .
Acordou quando estava ouvindo um som estranho, digital.
Abriu os olhos lentamente e levantou um pouco a cabeça, seguindo o som que havia em sua frente. Aí teve uma baita duma visão: um homem de pele um pouco bronzeada e roupa toda desajustada. Eram roupas que seriam consideradas formais, ou pelo menos era isso que o blazer e a camisa de botão dariam impressão; mas o fato de estarem entreabertos mostrando parte do peito, os óculos escuro meio caído e pelo fato que estava com as pernas na mesa jogando no celular fazia qualquer ar de seriedade se quebrar.
O que mais chamava a atenção, entretanto, eram duas lâminas que tinha em sua cintura. Ou pelo menos, eram longas como espadas. Uma emanava a aura de uma slinger, enquanto outra parecia ser algo mundano.
O ar que estava em sua volta e a aura que esbanjava naturalmente fazia Baret ter certeza: aquele homem foi enviado pelo próprio universo para ela.
— Caramba… — disse incrédula — que homem… mal-educado! Tira as pernas da mesa, rapaz! — Levantou subitamente e tentou dar um tapa em suas pernas. O homem apenas deu um suspiro e antes que fosse empurrado, deslizou as pernas para dentro da mesa.
— E dormir antes da entrevista é muito educado também, né? — retrucou, guardou o celular e ajeitou os óculos escuros. Deu uma alisada no cabelo preto e colocou um sorriso provocante em sua face. — Na real, devia estar me agradecendo por eu continuar aqui. Imagina se arrumar todo pra uma entrevista de emprego só pra achar a entrevistadora tirando um ronco?
— Tsc, qual é… — O constrangimento tomou seu peito, pois, no fundo, sentia um pouco de verdade naquilo tudo. — To aqui faz umas seis horas, dá um desconto.
— Contanto que não me faça perder mais tempo. Sou um homem cabeça, sabe? Ficar parado sem fazer nada por muito tempo não me faz bem. Não que gente como você vá entender.
— É mesmo? E quanto tempo eu te deixei esperando?
— Sete minutos — respondeu sem hesitar.
“Talvez sair sozinha pelo mundo não seja a pior das ideias” pensou Baret. Engoliu qualquer reclamação que tivesse. Já estava ali há horas mesmo, não fazia diferença mais uma entrevista ruim. E se estava bem lembrada, era o homem na sua frente que tinha o currículo mais promissor.
Pegou alguns papéis, deu uma lida.
— Ok, senhor Axel Esteves, correto?
— O próprio. Inventor, gunslinger e gênio, ambos em tempo integral.
— Você é um gunslinger há quantos anos? — Tentou ignorar o esbanjamento. — Diz aqui que você ganhou um torneio recentemente. Foi nessa competição que conseguiu a slinger?
— Em abril eu vou fazer um ano como gunslinger, então uns nove meses. Se você fazer a matemática básica, vai saber que não, não foi no torneio.
— Percebi. — Confirmou com a cabeça e começou a sentir que pelo menos tinha uma chance verdadeira de recrutar alguém, mesmo com todas as red flags que estavam se levantando. — Próxima pergunta: qual é o seu motivo para entrar na Carreta Fogueteira? Sabe, sei que tem muito dinheiro envolvido e tudo mais, mas não é qualquer um que aceitaria ir numa expedição dessa.
— Oshe, isso importa pra ti?
— Sim? Por que eu não me importaria? — Ergueu a sobrancelha.
— É que você dá a impressão de ser meio ignorante, tá ligada? — Axel coçou o cabelo. — Tipo, faz parte. Todo mundo é meio ignorante se comparado a mim, mas no seu caso eu digo ignorante acima da média. Do tipo que só quer saber dos próprios planos, não liga muito pros outros, aí acaba não se dando conta de um detalhe importante e boom! Cancelada mais uma vez. — Fez o gesto de explosão com as mãos.
— Cara, do que diabos você tá falando?
— Eu tô falando que mesmo que eu contasse meus motivos, não iria entrar na sua cabeça. Tu ia falar: “entendi”, seguir para próxima pergunta e esquecer logo depois. Aí eu que te pergunto: do que adianta eu tentar simplificar minhas razões para você entender, se nem vai se dar ao trabalho de lembrar? É fogo, sabe?
Baret ficou em silêncio por um segundo.
— Já volto.
Levantou da cadeira e foi ao banheiro da lanchonete. Sentou em um vaso qualquer, botou a mão por cima da boca e gritou. Ou ao menos, tentou. E embora nenhum som tenha saído, sentiu que toda sua raiva e frustração tivessem dado algumas férias para si. Talvez pelos próximos dez minutos, estaria tranquila.
Voltando à mesa onde o tal senhor Esteves estava, viu algo realmente interessante: outro homem sentado à mesa, ao lado de Esteves. Mais baixo que Axel, porém certamente esbanjava ser mais velho. Os cabelos eram preenchidos por fios negros e fios grisalhos, resultando num cabelo cinzento. Junto a barba por fazer e a cara enrugada, não passava outra impressão além de “quarentão bebum”.
Estava tendo um papo com Axel e curiosamente, não estava bufando de raiva. Baret ficou querendo saber se era o tal inventor que estava sendo menos babaca que o bebum, ou se o barbudo que era calmo como um santo.
— E falando na diaba — Axel comentou ao notar Baret se aproximando — tá aí.
— Oh! — O outro homem então levantou da cadeira. Foi rapidamente até a frente da moça com um sorriso simples no rosto e estendeu a mão. — É um prazer conhece-lá! Estava procurando por você por todos os lados da cidade. É uma mulher difícil de encontrar, Baret!
— Ah… É… Prazer? — Pegou em sua mão e apertou com força. — Você seria?
— Que aperto forte! — Deu uma risada leve e se apresentou logo em seguida: — Eu sou Quincas Borba! — Fez uma espécie de reverência e em seguida, tirou um papel amassado e surrado do bolso. Mesmo com a condição precária do papel, seu sorriso não cedia. — Vim para a entrevista!
— Sério?! Tipo… Eu talvez não tenha visto, mas não recebi nenhum e-mail com seu currículo ou marcando horário. M-mas talvez eu só não tenha visto! — Sabia que não poderia deixar essa oportunidade escapar.
— É que o sinal da vila que eu estava não era lá dos melhores. E eu cheguei aqui em Romaniva só agora, então corri para digitar o currículo e imprimir ele. — Voltou ao seu lugar. — Só que aí, tinha um novo desafio: achar você a tempo! Para a minha sorte, e acredito que para a sua também, achei um post do Actua falando de você fazendo as entrevistas nessa lanchonete. Vim correndo no mesmo momento!
— Realmente é uma baita sorte! — Baret se sentou na sua cadeira com o humor melhor. Independente do cheiro forte de álcool que Quincas emanava, ele tinha uma verdadeira capacidade de deixar o local um pouco mais confortável.
Axel deu uma tossida, fazendo ambos voltarem sua atenção novamente a ele. O sorriso de Baret se foi.
— Ah é. Axel. — Deu um suspiro. — Vamos continuar de onde paramos. Senhor Quincas, poderia esperar um pouco por favor?
— Claro, sem problemas. Por favor, leve seu tempo.
— Obrigada.
Baret estalou os dedos. Sua prioridade agora era simplesmente acabar a entrevista com aquele diabo o mais rápido possível. Tinha a impressão que Quincas era o homem certo para o trabalho certo, logo, não poderia deixar ele sair e muito menos se entediar.
— Vamos continuar. — Baret tomou uma atitude um pouco mais formal. — Eu gostaria de saber seus motivos para participar da Carreta.
— Tsc, que saco. Quero achar o tesouro do Tálio para ver se ele deixou as anotações dele lá. Quero entender como ele criou as slingers. É o que todo inventor diz que quer, mas só eu tô tendo a garra para ir atrás de fato. Soa bem para você?
— É um inventor?! — Quincas interrompeu. Tinha uma expressão de surpresa direcionada a Axel.
— O melhor.
— Bem que achei que você tinha um ar de sabido. Eu já tentei mexer com essas coisas. Quando eu era moleque, veio um carro quebrado na vila e o dono falou que ia dar mil créditos pra quem consertasse. Eu não entendia na…
— Errr… — Baret ficou olhando para ele.
— Opa, perdão! Só que sabe como é: não se pode perder uma oportunidade! Afinal, um inventor seria ótimo para se ter quando se viaja com um carrão. Se der problema, sempre temos a quem pedir para consertar.
— Tsc, se me deixar mexer no carro antes de viajar, te asseguro que nunca iria precisar de conserto — afirmou Axel.
— Mais motivo ainda para trazermos ele! — O homem deu um sorriso.
A garota concordou com a cabeça, tentando não comentar sua opinião de fato. Deu mais uma lida no currículo e continuou.
— Posso ver sua slinger? Eu consigo ver ela daqui, no coldre. Mas ela me parece uma espada e não uma arma de fogo… Queria saber o que ela faz.
— Não vou puxar em local público, mas relaxa aí. — Colocou a mão no cabo da slinger e deu um sorriso. — Essa belezinha aqui não vacila. É um revólver e uma espada. E o meu feitiço é fazer portais.
— Sério?! — Quincas interrompeu de novo. — Que massa! Nunca vi uma slinger que é uma espada também! E achei o feitiço muito parecido com o meu. Eu troco de lugar com as coisas, saca? Pô a gente podia… — Então, um súbito silêncio. — Perdão… Hehe.
Baret decidiu não se irritar de ser interrompida. Quincas estava mantendo Axel mais calminho, ou no mínimo menos irritante. Sabia que tentar fazer o bebum ficar quieto não daria certo, então o jeito era testar suas próprias habilidades e efetuar uma entrevista dupla.
— Me passa seu currículo, Quincas.
Quincas respondeu com um sorriso ainda maior. Pegou a folha, deu uma alisada usando o braço e passou para Baret, que leu de olhos atentos. Tirando os vários erros de português, era até que bem completa. Deixava claro que havia um bocado de experiência em combate e que era um gunslinger há mais de uma década. A única coisa que faltava…
— Você é um gunslinger, não é?
— Uhum! Ela tá bem aqui — Deu um tapinha na cintura, que estava sendo coberta por seu casaco de couro. — Só não mostro, pois, estamos em local público.
— Ah… Ok, é que tá faltando o número do seu registro.
Quincas balançou a cabeça em sinal de confirmação, embora certamente não estivesse querendo dizer nada com isso.
— Não sabia que era necessário — falou enquanto deu de ombros, mantendo a cara reta.
— Só preciso para fazer o registro do grupo no cartório, sabe? Pra gente poder fazer uma contratação formal e pegar trabalhos sem medo de ser feliz.
— Ah, claro, claro. Depois te passo.
— Cer…
Interrompendo ambos, Axel deu uma risada de leve.
— O que foi? — Baret olhou para Axel.
— Não-registrado — respondeu apontando com a cabeça para Quincas.
— Ei! Acho isso uma acusação meio grave — o velho protestou.
— Seria grave se não fosse verdade. — Axel ajustou-se na cadeira. — “Depois te passo” é a desculpa número um pra não-registrado. Nenhum gunslinger em sã consciência sai sem a carteirinha de registro.
— Apenas deixei em casa.
— Pô, nem para falar uma desculpa que não contradiz o que acabei de dizer? E tu não tava em uma vila não? Como que me esquece isso? — Deu uma breve pausa. — Mas o povo é realmente atrasado das ideias… Baret, só abrir aí “registradosromv.com” e pesquisar o nome dele, o número dele vai tá aí.
Baret estava prestes a pegar seu celular antes que Quincas interrompesse.
— Que tal… Não me chamar de “não-registrado” e chamar de “aspirante a registrado”? Aí todo mundo fica feliz.
— Então você de fato é não-registrado. — Baret comentou com um misto de sorriso e mau-humor. Sua boa impressão foi completamente destruída com um pouco de conversa. Pelo menos, sua impressão de Axel aumentou um pouco.
— Tsc… Olha, você precisa de gente pro seu grupo; e eu sou essa gente! Conheço o mundo lá fora como ninguém, isso eu lhe garanto. Então se nós três aqui tamo a fim de ir atrás do tesouro do Tálio, que tal todo mundo ser amigo e não fazer uma denúncia… futuramente infundada?
— Eu não me importo. — Axel deu de ombros — Só achei interessante comentar.
— Se você for se registrar, eu não me importo também. — Baret soltou o currículo. — Mas tenho que admitir: não sei se é coragem ou burrice vir pra uma cidade grande sem ter registro.
— Apenas pra ver como estou animado para entrar para a Carreta! Mas tipo… Registro é realmente necessário? Sou um homem que gosta de ser livre, saca? Sem amarras, sem controle de um governo.
— Eu realmente preciso pôr o registro de todos os gunslingers do grupo. E se descobrirem que você é um não-registrado, eu também vou me foder. Então, sim, você precisa se registrar.
— E se… Errr…
— Sem ideias, né? — Axel perguntou.
— To pensando, calma lá.
— É só mentir.
— Sim, eu vou. Só tô pensando como.
Axel deu um suspiro. Abriu o celular, digitou algumas coisas e colocou o celular na mesa. Era uma página do governo de Romaniva, intitulada “registro temporário”.
— Quando alguém de fora da cidade vem se registrar como gunslinger, eles normalmente não vão ter os documentos necessários para fazer o registro comum. Então, pra não perder a oportunidade de ter um gunslinger na coleira desde cedo, tem o registro temporário. É só dar o nome, tirar uma foto sua e da arma e pronto: registrado por um mês. Tempo suficiente para conseguir cidadania e depois fazer o registro comum. A gente pega o samaritano aqui. — Apontou para Quincas. — Coloca uma peruca, uma maquiagem, dá um nome falso e pronto. Vira o registado de Schrodinger.
— Leu a minha mente! — Quincas colocou a mão no ombro de Axel, que apenas respondeu tirando a mão dele.
— Li nada. Só fui mais esperto que todo mundo nessa mesa, como esperado.
Baret estava indecisa. Embora acobertar um criminoso não fosse a melhor das ideias, precisava realmente de pessoal para o seu grupo e de certeza, não aguentaria viver apenas tendo Axel como seu companheiro. Nesse caso a escolha era óbvia.
— Mas o registro só dura um mês, não? — questionou Baret — depois disso iria expirar, e ele voltaria a ser não-registrado, e aí o grupo…
— Não superestime a inteligência do governo — Axel respondeu — eu mesmo fiz registro temporário quando vim pra Romaniva. Levou quatro meses para colocar meu registro temporário como expirado. Com esse tempo, a gente já vai tá fora da área de Romaniva onde essas coisas importam. No pior dos casos é só tirar ele do grupo. — Hm, dois gunslingers num grupo vai chamar atenção… Beleza, simbora. Quanto mais cedo a gente fizer isso, melhor.
Regras dos Comentários:
Para receber notificações por e-mail quando seu comentário for respondido, ative o sininho ao lado do botão de Publicar Comentário.