Índice de Capítulo

    — É PRA DIREITA! — Axel gritou. 

    — TA MALUCO? É PRA ESQUERDA! 

    — SÓ GENTE LIMITADA DIZ ISSO. 

    — Ah, nem vem! — Baret cruzou os braços, começou a bater o pé no chão. — Usa a sua cabeça, seu animal! Se a gente já virou a direita DUAS vezes, a gente ta certamente numa espiral. Tenho que desenhar pra você?! É esquerda. 

    — “Nem vem” você! A gente foi pra esquerda antes, e olha só que surpresa: ficamos andando em círculos por uma meia hora!

    — E a culpa é minha das paredes desse local serem tudo igual? É difícil ver no escuro! Mas não tem dúvida agora, é pra esquerda! 

    Axel se virou um pouco, bateu o pé no chão com força e cruzou os braços. Pensou por um segundo, e então respondeu: 

    — Quer sabe? Vai tu pra esquerda, eu pra direita. Ai quando te acharem daqui a vinte anos como o animal perdido do labirinto dos Dayone, a gente discute sobre quem tava certo. 

    — Ah é? Me dá tua slinger, então! Ai você que vai virar o animal perdido quando ver que tá errado!

    — Opa, calma lá, aí já é…

    Quando ouviram o disparo, ambos ficaram quietos. O silêncio predominou por alguns segundos. E então…

    — Aí já é demais! Culpa não é minha se tu é uma normal!

    — Aham, beleza! Te quebro no soco! — Levantou os punhos. 

    — Ah, é?! Então quer saber?!

    — O QUÊ?!

    — É pra esquerda. Como que não percebeu isso até agora? — Fez uma cara reta e virou-se sem flexionar os joelhos. Começou a andar na direção esquerda. 

    — Hein?! — Baret apenas o seguiu. — Então tu admite derrota?!

    — Que derrota? Sempre falei que é pera esquerda. 

    — Não, disse que era pra direita!

    — Ok, mas a sua direita; ou a minha direita? Já parou pra pensar nisso? Acho que não né. — Deu de ombros. 

    Continuaram andando por alguns minutos, escutando ao longo do caminho, eventuais disparos. Axel e Baret estavam quietos, continuavam andando e andando. Passaram pela primeira estátua e nem sequer pararam para admirar. 

    Foi só após alguns longos minutos que Axel abriu a boca para cochichar, sem diminuir o passo. 

    — Doze disparos já. Mas o primeiro teve um som bem diferente do resto. 

    — O primeiro parecia uma pistola… Os outros… Uma metralhadora? Calibre alto, eu acho — Baret ponderou. 

    — É. Dois gunslingers, ao que parece. Não teria motivo para atirarem se não fosse pra usar algum feitiço. 

    — Mas por que eles iriam… Ah, Émile!

    — É… Porra, eu sabia que ia ter algo errado. Será que a Arya está envolvida? Foi por causa dela que a gente se separou. — Axel botou as mãos no bolso, fez cara feia. Baret arrepiou-se ao ouvir aquilo, negou com a cabeça e respondeu: 

    — Duvido. Eu… Conheci ela no hotel, no primeiro dia. Ela foi contratada pelo Atlantis, afinal.

    — Disso eu não duvido, mas imagina… — Axel parou de andar, fez uma pistola com a mão e apontou pra própria cabeça. — Quanto tu acha que valeria a cabeça da Émile?

    — Hm… Nada.

    — Nada?!

    — Ela não tem importância política nenhuma, e é aquilo que ela disse quando a gente se conheceu: ninguém quer que ela morra. Ela vai muito mais viva do que morta. 

    — Porra, vou ter que admitir que é verdade — Colocou a mão no queixo, pensou, pensou até chegar na conclusão mais óbvia — Um sequestro…? 

    — Talvez sejam da Wild Hunt. 

    E no momento que Baret disse isso, Axel gelou, seu rosto ficou mais pálido. Afastou a mão do queixo lentamente. Era fácil ver suas sobrancelhas sob os óculos, levantadas e tensas. 

    — Qual é o problema? — Baret questionou. 

    — Tu tem noção do que acabou de falar? Qual é o SEU problema?

    — Não sei? — Ergueu a sobrancelha. — E dai se forem? Se forem dois gunslingers, é dois contra 2… Tecnicamente 3. Ou 3.5… Eu valho como meio? 

    — Cara, a gente ta falando dos caras que tentaram matar o presidente de Benzaiten! Eles não são pouca coisa. 

    — Ta com medinho?

    — Medo? Eu? Pff! — Deu uma risada. — Só não to com muita vontade de perder meu trabalho, saca? Ou melhor: de levar um processo pelo pequeno fato de eu não ter conseguido proteger a nossa duquesa Émile, que olha só: tá no outro lado do labirinto, enquanto eu fico parado com um gunslinger se aproximando!

    Baret ficou quieta por um segundo. 

    — Justo. 

    Tirou o revólver do coldre, Axel também não ficou parado, tirou não só sua slinger, mas sua outra katana. 

    — Tá, a gente precisa achar eles. Tu não consegue, tipo… Fazer um portal pra entrada, e aí a gente tenta ir pelo caminho que eles foram?

    — Nem. Eu só consigo fazer portal pra onde eu tenho visão ou de lugar que conheço muito bem. E eu não prestei atenção alguma na entrada. O máximo que eu posso fazer é no hotel. 

    — Porra… Tá. Vamos…

    Não terminou a frase. Baret e Axel começar a escutar passos rápidos vindo em sua direção. Tomaram cobertura num beco de virada; Axel na direita, Baret na esquerda. Olhavam pelo ombro o caminho reto. Cruzando pela direita, apareceu uma garota. 

    Loira, de cabelo longo e cara de bobona. Usava umas roupas esfarrapadas e segurava consigo uma metralhadora giratória. Quando ela percebeu as duas cabecinhas ao fim do corredor, seu sorriso expandiu-se de orelha em orelha. 

    — HEY! Eu sou Des… — Baret aproveitou a oportunidade. Apontou seu revólver e disparou, uma, duas, três vezes. E a garota, sem dificuldade, desviou, uma, duas e três vezes. 

    — Tsc…

    — Qual é! Deixa eu me apresentar!

    Baret não respondeu. Fechou a cara e voltou a tomar cobertura. Recarregou o revólver e deu uma encarada em Axel. 

    — É com você.

    — Pensei que tu me quebrava no soco. 

    — Vou ser metralhada antes de chegar perto dela. 

    — Só deixa ela se aproximar. 

    — EU CONSIGO OUVIR VOCÊS! — Destroyer gritou, estufando o peito. Mas sua cara de irritada logo se transformou num sorriso. Pegou uma bomba do seu cinto, e como se fosse uma bola de boliche, jogou em direção da dupla. 

    Quando ambos viram a bomba colidindo com a parede, só conseguiram pensar em algo: “merda”. O som de explosão expandiu-se, mas nenhum deles se machucou. Foi, na verdade, uma cortina de fumaça cinzenta. Baret ficou atordoada por um segundo, botou o braço esquerdo em cima do nariz tentando não inalar o ar. 

    Se antes mal conseguia ver algo naqueles corredores escuros, agora estava praticamente cega. Conseguiu perceber um vulto se movimentando logo em sua frente. Seu revólver estava apontado a ele, porém não atirou. Não tinha certeza se era a garota, ou era Axel. 

    Quando ouviu o som característico dos canos de uma minigun começando a girar e uma risada maníaca, era tarde demais para atirar. Jogou toda a força do seu corpo fora, caindo no chão antes que a torrente de tiros a atravessasse. Uma visão em tanto, ver todos aqueles tiros enquanto estava deitada encarando o teto. 

    Atrás da garota, estava Axel. Com as espadas em mão pronto para cortar ela ao meio. Destroyer girou sem tirar o dedo do gatilho, como se estivesse operando um furacão de balas pronto para destruir qualquer um que ficasse em seu caminho. O homem teve que acompanhar o jogo de pés e rotacionar ela, ao invés de diretamente atacar. Quando ficou ao seu lado, ergueu a espada-revólver e apontou para a slinger da garota. Enfiou a lâmina por meio dos canos da arma, impedindo que girassem e por consequência, atirassem. 

    Encaram-se por um segundo. 

    Axel levantou a mão esquerda, que segurava a katana. Iria acabar com ela ali mesmo. Destroyer sorriu e fez um movimento muito mais efetivo: soltou sua slinger e deu um socão no meio do rosto de Axel, quebrando seu nariz e o empurrando. 

    Ele não soltou sua espada. Mesmo sendo jogado para trás, levou consigo a slinger da garota. 

    — Cara chato…

    Ouviu um click e virou para trás, lembrando que ele não era o único ali. 

    Ela viu. Viu aqueles olhos vermelhos. Prontos para fazer uma única coisa: matar. 

    “Que lindo…!”

    Os disparos soaram pelo corredor. 

    . . . 

    Quincas estava ficando cada vez mais lento. Se encostou numa parede e sentou, com a respiração pesada. Tirou o dardo que estava preso no seu abdômen.

    — Um relaxante…? Porra, quando isso der efeito…

     Não tinha tempo para reclamar. Tirou o carregador da sua slinger e a jogou de lado, deixando uma única bala na câmara. “Vamos ver se o truque da Baret funciona”, fez outro carregador surgir em sua mão e colocou na pistola, o primeiro truque estava pronto: uma slinger de 5 tiros estava com 6. Em seguida, pôs a slinger no chão e tirou do seu bolso uma carteira velha. Não havia muita coisa dentro dela além de cupons e quatro moedas de centavo. Colocou elas em sua mão esquerda, uma especificamente entre seu polegar e dedo indicador. 

    Tinha voltado para os corredores escuros; não era o melhor lugar se o seu oponente fosse o homem de capa preta, mas era o que tinha para agora. Pegou sua slinger e levantou, continuando a andar até a saída. 

    “Não devem me deixar fugir. Seria muito arriscado… Por outro lado, os dois podem ir atrás das meninas… Eu tenho quase certeza que ouvi alguns passos atrás de mim, mas não tenho certeza… Mas se eu voltar pra entrada, posso pegar o meu celular e ligar pra alguém, reforços ajudariam…. Droga, esse relaxante é forte!”

    Se não fosse maior que Émile e mais acostumado a coisas que querem botar ele pra dormir, era provável que o efeito fosse quase imediato. Andando lentamente, fazia passos profundos, esperando que pudesse atrair a atenção. 

    Parou. 

    Parou de andar, parou de respirar. Tudo que fazia era prestar atenção ao cenário. Havia algo que estava percebendo, algo estranho.

    Encarou um corredor dentre vários do labirinto. Encarou ele por alguns segundos e apontou sua pistola. Esperou… esperou…

    E uma flecha de sangue apareceu, fez uma curva e foi diretamente contra Quincas. Desviou por pouco, mas pegou de raspão em sua perna. Do mesmo caminho, apareceu o homem com a pistola já apontada para ele. Quincas foi rápido o suficiente para tomar cobertura. 

    Dois metros de distância. Quincas estava suspirando pesadamente, lutando para que seu corpo se mantivesse funcionando. Olhou para pequena poça de sangue que a flecha fez ao atingir o chão. O sangue se movia, mas não muito. 

    “Manipulação de sangue, é…? Mas parece que ele precisa de algum movimento de mão ou contato visual… Ou talvez distância? Por qual motivo ele não está controlando essa poça agora…?”

    Elliot não estava sem fazer nada também.

    Encostado na parede, pegou todos os seus fracos de vidro com sangue e os jogou ao chão, derrubando mais ou menos quatro ou cinco litros de sangue. Apontou sua pistola para a poça e atirou. Guardou a arma no coldre, e usando movimento com as duas mãos, fez um grande globo de sangue. Respirou profundamente e avançou. 

    Quando Quincas Borba viu aquela bolota vermelha e atrás dela, o homem vindo em sua direção; surtou. Elliot fazia movimentos rápidos com sua mão, disparando pequenas quantidades de sangue como se fossem balas. Era difícil desviar, o instinto de gunslinger não apontava aquilo como uma “bala”. 

    Alguns pegavam de raspão, outros em cheio. Não causavam tanto dano quando uma bala em si, mais parecia um dardo bem pontudo, mas ainda era dolorido. O caçador colocou mais força em sua mão, e deu um soco na bolha vermelha. 

    Um gêiser de sangue foi disparado; muito mais rápido e muito maior que os tiros comuns. Dessa vez era rápido demais para Quincas desviar. Usou a moeda em sua mão e arremessou para um dos caminhos do labirinto, o da sua direita. Atirou na moeda em pleno ar; e a acertou de primeira, trocando de lugar com ela. 

    “Está com quatro tiros agora!”, Elliot concluiu. Controlou o sangue que disparou para voltar a concentração maior e continuou o seguindo. 

    Começou uma perseguição: Quincas tentava correr, Elliot não deixava, usando o sangue tanto como ataque quanto defesa. Quincas tentou atirar no seu perseguidor duas vezes, e em ambas, o sangue protegeu seu mestre automaticamente; e em outras duas vezes, precisou usar as moedas para escapar do que seria um ataque inescapável. 

    Quando a quinta bala foi disparada, Elliot estava seguro de sua vitória. 

    Transformou a bolota de sangue em uma parede de espinhos e disparou contra Quincas; numa tremenda velocidade que tinha certeza: ao estado que o homem estava, seria impossível de desviar. E estava certo, desviar seria impossível. 

    Seu erro foi achar que aquele era seu último tiro. 

    Quincas mirou contra a parede de sangue e disparou sua última bala. Trocando de lugar com ela, ficou frente a frente com Elliot, que não conseguiu compreender o que tinha acabado de acontecer. 

    “Seis tiros…?! Quando foi que ele recarregou? Ou estava errado…? Não, eu ouvi dele mesmo, eu vi na prática!”

    Antes que pudesse sacar sua slinger, Quincas lhe deu um sopapo direto no queixo. Elliot recuou alguns passos, pegou cobertura numa parede; Quincas fez o mesmo, recarregando sua arma. 

    “Fui arrogante. Não devia ter usado todo o meu sangue guardado de uma vez. Posso usar o meu, mas… Não, é muito arriscado. É melhor recuar.”

    E assim fez, correu pelos corredores, fugindo dali. Quincas apenas conseguiu escutar os passos de Elliot fugindo. Já caído e encostado na parede, sua respiração estava pesada. Não tinha mais como segurar a consciência. O relaxante fez efeito, e pouco a pouco… 

    “No fim, não consegui fazer muita coisa… É com vocês, pessoal…”

    Fechou os olhos. 

    . . . 

    Não foi difícil desviar. 

    Foram exatos dois disparos, e nenhum deles a acertou. Antes de Baret conseguir reagir, a mão de Destroyer estava segurando a dela, colocando os dedos sobre o gatilho, bem em cima do dedo de Baret. Aquela força tremenda era o suficiente para quebrar sua mão como se fosse um palito. 

    — Seus olhos são bonitos! — Ela comentou, aproximando o rosto. Olho a olho, encaram-se: Destroyer com um sorriso e Baret com uma visível expressão de dor — hm… Mas não tá mais como antes… — Pouco a pouco, moveu a mão segurando o revólver para baixo da cabeça de Baret, em seguida, girou o tambor ao estilo roleta russa.

    Baret tentava escapar. Usava a mão livre, as pernas para chutar. Para nada. Nenhum dos pontapés faziam Destroyer sequer vacilar de dor. 

    — Vamos ver se você tem sorte, Baret!

    Começou a apertar o dedo de Baret, por consequência, apertar o gatilho do revólver. Baret fechou os olhos, forçou o seu dedo a aguentar o máximo que pode. 

    Baret abriu. 

    Abriu com aqueles olhos de antes. Aqueles olhos vermelhos de morte.

    — Eu faço a minha sorte. 

    Foi um movimento rápido, preciso, e arriscado: com a mão livre, foi até o cinto e pegou uma única munição, aproximou o máximo possível do corpo de Destroyer, e usando a unha do polegar, aberto a espoleta da bala. Um tiro, ou melhor, um estouro. A bala explodiu junto de seu estojo, os fragmentos de chumbo voaram tanto contra a mão de Baret quanto para o abdômen de Destroyer. 

    Dessa vez, a dor foi o suficiente para ela soltar a mão de Baret e dar alguns passos para trás, tentando impedir que muito sangue saísse. Baret também deu passos para trás, soltando o revólver. Sua mão esquerda estava, ao mínimo, dilacerada. Os ossos quebrados, a pele queimada com diversos fragmentos de chumbos espalhados. 

    Ambas encaram-se por alguns segundos. 

    Destroyer parecia um gato de rua que acabou de ser atacado, com um olhar de ódio. Baret mantinha o mesmo olhar de antes, calmo, sereno e mortal. Lentamente ela se agachou, pegou o revólver e o levantou. 

    — Eu venci. 

    Disparou uma vez, nada. Puxou o cão do revólver, e disparou de novo. Nada. Puxou o cão mais uma vez. Destroyer dava passos para trás, tentando de alguma forma aumentar suas chances de desviar, mesmo sabendo que seria impossível. Até ir contra o que parecia uma parede. 

    — Hey. 

    Virou-se para trás, viu o homem com o nariz cheio de sangue e com óculos escuros quebrados, não que isso o impedi-se de usá-los. Antes dela cogitar falar algo, sentiu um impacto no pescoço. Caiu dura no chão, desacordada. 

    — Por que não enfiou a espada nela? — Baret questionou. 

    — Vivo a recompensa é maior. — Disparou duas vezes na parede, e cortou o tecido da realidade, fazendo um portal até o quarto do hotel. Jogou a slinger de Destroyer lá, e então mandou: — Leva ela, pega um Kit MED pra sua mão e chama reforços. 

    — Tá maluco? Eu posso pegar um kit MED daqui e ficar. Quanto mais gente, melhor.

    — Tu é uma normal — respondeu — tua ideia foi esperta, mas só porque sua inimiga era burra como uma porta. Você não vence num combate sério. Agora, passa na porra do portal. 

    — Não! — Baret protestou — eu sou a chefe, você é que me obedece. Agora mata essa mina logo ou me deixa fazer o trabalho.

    — … É melhor não matar, não agora pelo menos. Se a Émile foi sequestrada, vamos precisar de uma moeda de troca. 

    — Duvido que voltem por ela. 

    — Talvez não por ela, mas… — Apontou com a espada a slinger no chão do quarto do hotel. — Ninguém é maluco de jogar uma slinger fora. Nem a Émile vale tudo isso. E não vou matar ela porque, aí, temos uma garantia que a slinger não foi tomada por outra pessoa.  

    — Tsc… O que fazemos com ela, então?

    Axel deu um suspiro. Pegou a garota com uma mão e a levou no quarto de hotel. Jogou ela na cama após estancar o sangramento dela, e de suas tralhas; tirou duas algemas de titânio, colocando-as nos braços e pernas de Destroyer. 

    — Por que diabos tu tem algemas de titânio?

    — Pra saber como me livrar de uma, tenho que ver uma de perto — respondeu — mas não me pergunte como eu arranjei. 

    — … Tá. Coloca a ordem de “Não perturbe” pra ninguém vir pro quarto. Só por garantia. 

    Axel fez exatamente isso. Em seguida, voltou para o labirinto; guardou a slinger na bainha e desfez o portal. Apertou o botão de “banheiro” na sua pulseira, revelando um caminho brilhante.

    — Vai pro banheiro e usa o Kit MED que tem pra curar essa mão. Eu vou à frente tentar achar eles. 

    — Tá. Te vejo depois.

    — Espero que o Quincas não tenha fugido — Axel comentou, ao mesmo tempo que começou a correr pelo labirinto. 

    . . . 

    Elliot andava pelos corredores do labirinto. Há pouco tempo que tinha cruzado pela sala central, e ido pelo caminho na qual viu Ramona ir. Levou alguns minutos até ter uma visão bem-vinda: a própria Ramona, e em seu ombro, Émile desmaiada. 

    — Que surpresa — Elliot comentou — foi rápida. 

    — Em nenhum mundo isso iria demorar. E aquele velho?

    — … O subestimei. Achei melhor lhe prestar apoio do que arriscar ir contra ele. E a mulher que estava com ela? — Apontou a Émile. 

    — Não sei. — Ramona desviou o olhar. — Uma hora elas estavam juntas. E depois, apenas vi a garota correndo sozinha. Está sem a slinger também, então tudo me leva a crer que ela sabia que não teria como fugir. 

    — Um sacrifício…? — Colocou a mão no queixo, ponderando. — Destroyer ainda não deu as caras. Deixa eu ligar para ela. — Ligou, nenhuma resposta. — Hm…

    — Deu para ouvir alguns disparos. Deve ter morrido. 

    — Devemos achar o corpo para ter certeza. 

    — Perca de tempo. Ao menos duas pessoas fugiram, esse lugar pode estar cercado de policiais agora mesmo. Temos que escapar assim que der. 

    — E se fosse você? Gostaria de ser deixada para trás?

    — No mínimo, espero que as pessoas tenham bom senso. — Ergueu a sobrancelha. — E é por isso que não espero que façam algo por mim. Além disso, se eu preciso de alguém pra me salvar, já ta na hora de morrer mesmo. Vamos saber se ela está morta ou não bem rápido, é só olhar no jornal. 

    — Verdade… — respondeu com um tom amargurado — vamos. 

    Os dois começaram a andar pelos corredores, traçando um caminho que Ramona parecia saber como uma saída. Indo logo atrás dela, Elliot não podia deixar de notar:

    Ramona realmente não brinca em serviço.

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