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    “No mínimo, nossas vizinhas lançariam alguns ataques de sondagem,” respondeu a matriarca. “Mas de qualquer maneira, meu ponto é que humanos e araneas não são, nem nunca foram inimigos. Bem, salvo alguns… incidentes isolados. Em ambos os lados. Na verdade, tem sido minha política explícita encorajar laços mais estreitos entre esta teia e os humanos que vivem em Cyoria. Espero que chegue o dia em que araneas poderão andar na rua lá em cima à luz do dia, como qualquer outro cidadão.”

    “E suponho que você espera que os humanos as defendam de ameaças externas, como qualquer outro cidadão,” disse Grunhido. “Como, por exemplo, daquelas teias rivais que querem tomar seu território?”

    “Confesso que essa possibilidade pesa muito no meu pensamento,” admitiu a matriarca. “As autoridades da cidade estariam muito menos inclinadas a ficar paradas e assistir se tivéssemos um relacionamento formal estabelecido com elas.”

    “Então, este é o seu discurso de recrutamento?” perguntou Taiven. “Você está tentando nos transformar em seus agentes?”

    “Mais contatos é sempre bom,” respondeu a matriarca. “Mas não, não estou tentando recrutar vocês. Eu apenas senti que vocês estavam preocupados com a associação de Zorian conosco e queria amenizar um pouco seus medos. De qualquer forma, Presa da Vitória está voltando com a bugiganga, então teremos que nos despedir. Fale com Zorian se quiser conversar conosco de novo.”

    Como esperado, a guarda de honra da matriarca logo voltou com o relógio. Zorian meio que esperava que ela voltasse com o relógio em suas presas, mas na verdade voltou carregando algum tipo de arreio de couro cheio de bolsas em seu corpo, uma das quais segurava o relógio. Por um momento, Zorian se perguntou como elas fizeram isso, sem mãos e tudo, mas então percebeu que estava sendo um pouco burro. A matriarca já havia dito que comercializavam muitas coisas com humanos — essa devia ser uma delas.

    Eles logo se despediram das araneas e voltaram para seu empregador com o prêmio na mão.

    “Eu não sei o que pensar,” Taiven disse quando eles colocaram alguma distância das araneas. “Elas pareciam bastante simpáticas, mas é um pouco inquietante descobrir que temos uma colônia inteira dessas coisas vivendo sob a cidade, controlando deuses sabe quantas pessoas.”

    “Sim,” concordou Múrmurio em voz baixa. Zorian com certeza podia ver porque Taiven o chamava daquele jeito — ele tendia a falar muito baixo, tornando seu discurso muito difícil de entender às vezes. “Você sabia que Cyoria é famosa por sua teia de aranha? Os comerciantes que a vendem são muito cautelosos sobre onde a obtém em grandes quantidades e declararam sua fonte um segredo comercial. A maioria das pessoas pensa que conseguiram criar uma espécie de aranha que pode ser cultivada de forma eficaz e tem uma fazenda gigante escondida em algum lugar, mas acho que é bastante óbvio agora de onde eles conseguiram…”

    Zorian se manteve fora da conversa, alternando entre ouvir a discussão (quando eles diziam algo interessante) e estudar o dispositivo que recuperaram da aranea (quando não). Era, como a matriarca falou, algum tipo de item mágico — com a forma de um relógio de bolso, mas não um. Os ponteiros não se moviam, e o parafuso que deveria permitir que uma pessoa o enrolasse fundiu-se com o invólucro e parecia ser apenas uma protuberância ornamental colocada ali para tornar a ilusão superficial convincente. Ele tentou canalizar mana para ele, mas não resultou em nada substancial — o dispositivo provavelmente exigia que o usuário canalizasse mana de uma maneira muito específica. Muitos itens mágicos complexos exigiam.

    As aulas de adivinhação dos segredos dos itens mágicos que Haslush deu a ele de fato valeram a pena aqui. Considerando sua finalidade, o dispositivo revelou seu propósito com menos dificuldades do que o esperado — era um equipamento para roubo. Sendo mais específico, era um scanner de proteções, projetado para guiar e aprimorar feitiços de adivinhação destinados a procurar pontos fracos em esquemas de proteção complicados para que pudessem ser quebrados ou contornados com mais facilidade. Seu empregador provavelmente tentou identificar um buraco nas defesas araneas.

    Ainda assim, embora o propósito do dispositivo fosse logo aparente para seus feitiços de adivinhação, seu método de operação permanecia um mistério teimoso. Depois de várias tentativas malsucedidas de forçar a abertura do invólucro sem danificar o dispositivo, ele por fim decidiu tentar algo… experimental. Ele expeliu uma nuvem de mana de suas mãos, do jeito que fazia ao arrombar fechaduras, e a direcionou para escorrer para o interior do dispositivo através das lacunas e costuras desalinhadas. A informação resultante foi confusa, mas disse a ele que o interior estava cheio de engrenagens de latão e cristais. Elas provavelmente não foram projetadas para abrir. Então como…

    Ah, então esse era o truque! Os ponteiros do relógio não eram apenas estáticos — não passavam de uma imagem pintada sobre uma tampa de vidro. Zorian pressionou o dedo contra a tampa de vidro e empurrou-o para dentro da caixa. Houve um clique suave de dentro e, quando Zorian liberou a pressão, a tampa se abriu de imediato, revelando uma interface complicada cheia de mostradores e sigilos. Uma interface muito complicada… ele não iria descobrir isso na uma hora ou mais que eles tinham até chegarem ao cliente.

    Ele desmontaria essa coisa para ver como funcionava em um reinício futuro.

    * * *

    O acabamento do trabalho foi feito sem complicações. Zorian optou por não colocar um feitiço de rastreamento no dispositivo, pois não sabia o quão sensível era e não queria estragá-lo. Isso acabou sendo uma boa escolha, pois o homem de imediato lançou vários feitiços de diagnóstico no dispositivo assim que Zorian o entregou, um dos quais Zorian sabia ser um feitiço projetado para detectar feitiços de rastreamento simples. Assim que a transação foi concluída, Zorian insistiu que eles apertassem as mãos, alegando que era tradicional em sua aldeia fazê-lo após um negócio bem-sucedido. O homem revirou os olhos e resmungou algo sobre caipiras, mas mesmo assim apertou. Missão cumprida.

    Depois que todos compartilharam uma bebida em uma taverna próxima (Taiven insistiu e não quis ouvir um não de ninguém), o grupo se separou. Zorian logo desceu para os esgotos de novo e voltou para as araneas.

    [Um leitor de proteções, você diz?] a matriarca perguntou. [Faz sentido. Ele e seus amigos estavam nos limites de nosso território há algum tempo, tentando se esconder. Estou surpresa que ele contratou um monte de alunos para recuperá-lo, no entanto.]

    “Sim, não tenho certeza do que ele estava pensando,” disse Zorian. “Parece uma ideia estúpida para mim.”

    [Dentro de alguns dias saberemos, se tudo correr bem,] falou a matriarca. [Dito isso, há outras coisas que devemos discutir. Acredito ter dito a você no reinício anterior que me deparei com algumas informações muito importantes.]

    “Você disse,” Zorian concordou. “Eu estava me perguntando o que era.”

    [É sobre os invasores. Em primeiro lugar, seu palpite estava certo — eles são de fato de Ulquaan Ibasa.]

    “Eu sabia,” Zorian fez uma careta. “O que foi? Eles estão atrás de vingança ou é apenas oportunismo?”

    [Um pouco dos dois,] respondeu a matriarca. [Eles se ressentem de vocês por seu exílio e acham que vocês estão fracos, agora que as Guerra de Fragmentação e O Choro eliminaram a maioria de seus magos de batalha. Mas essa não é a parte importante. A parte importante diz respeito a uma questão tão básica que sendo honesta não sei porque nenhum de nós pensou nisso. Ou seja, por qual motivo os invasores pensaram que poderiam conquistar Cyoria em primeiro lugar?]

    Zorian abriu a boca para responder com a ajuda do loop temporal, duh, mas logo a fechou de novo. Segundo a matriarca, essa invasão já estava em andamento muito antes do início do loop temporal. Era óbvio que alguém associado à invasão acabou entrando no loop temporal e começou a fornecer informações a eles para tornar todo o esforço muito eficaz, mas e antes disso? 

    Sem saber a localização exata das defesas de Cyoria, seu bombardeio inicial teria sido muito menos prejudicial do que foi. Sem conhecer o exato esquema de proteção da Academia e como contorná-lo, seu ataque ao local estaria quase condenado desde o início. E além de tudo isso, a matriarca afirmou que as araneas mantinham os invasores fora do submundo de Cyoria antes do loop temporal. Então, pensando bem, a invasão nunca teve a chance de assumir o controle do lugar.

    “Talvez não tenham,” respondeu Zorian. “Pretendem conquistá-la, quero dizer. Cyoria é muito importante para Eldemar, mas não é a capital, nem seu centro industrial. É a sede da Guilda dos Magos de Eldemar e a casa da mais prestigiada academia de magos do mundo, nenhuma das quais provavelmente cooperará com os invasores. As chances eram que eles apenas pretendiam causar o máximo de dano possível. Dessa forma, manteriam o poder mágico de Eldemar ocupado enquanto invadiam com o grosso de suas forças em outro lugar.”

    [Você está muito perto,] disse a matriarca. [Eles estavam de fato tentando causar o máximo de dano possível à cidade, mas era para ser muito mais do que uma simples distração. Ao que parece, a data do festival de verão tem muito significado mágico. É o dia do ano em que as barreiras entre os planos de existência são as mais fracas. Na verdade, o enfraquecimento começa a exato um mês antes da data, atingindo aos poucos seu ápice no dia da festa. E o festival de verão deste ano é ainda mais especial do que o habitual. Receio que nós, araneas, não saibamos muito sobre astronomia, visto que vivemos em grande parte no subsolo, mas parece que o festival de verão deste ano inclui algum tipo de… alinhamento planetário?]

    Zorian respirou fundo, um arrepio percorreu sua espinha. Claro! Como ele poderia ter perdido isso até agora? O alinhamento planar deste ano, representado por vários planetas se alinhando com o seu, um evento que ocorre uma vez a cada 400 anos ou mais. A última vez que tal evento aconteceu, uma cidade de magos aproveitou para teletransportar toda a sua cidade em Miasina até a costa sul de Altazia, realizando o maior feito de teletransporte transcontinental já registrado. Se alguém queria mexer com o espaço e o tempo em grande escala, essa era a hora.

    “Sim, isso explicaria muita coisa,” Zorian por fim disse. “Como por que o loop temporal foi iniciado agora, de todos os tempos. Mas espere, como isso os ajuda a causar mais danos à cidade? Eles pretendiam teletransportar a cidade para o mar ou algo assim?”

    [Não. Em primeiro lugar, eles pretendiam convocar uma grande quantidade de demônios de alto nível para ajudar na invasão. Foi por isso que eles estavam dispostos a continuar com o ataque, apesar de sua falta de sucesso contra nós e sua incapacidade de fazer muito pela academia e suas proteções. Demônios, ainda mais os de alto nível, são quase imunes a ataques mentais e muito resistentes à magia. As araneas seriam massacradas em pouco tempo, e os magos estariam muito ocupados lutando por suas vidas para ajudar os defensores mundanos da cidade. Esses mesmos defensores enfrentariam trolls e elementais de fogo, imunes a armas de fogo, com lobos invernais e bicos de ferro atuando como suporte.]

    “Isso… isso é horrível,” Zorian disse depois de digerir isso por um segundo. “Por que eles não estão fazendo isso agora?”

    [Eles não podem, lembra? Não dá para invocar nada no loop temporal. Todo o plano material foi cortado dos espirituais,] a matriarca o lembrou.

    “Ah, sim,” disse Zorian. “Acho que isso iria atrapalhar muito as coisas. Eu me pergunto se eles continuaram com a invasão durante o reinício inicial, quando não tinham nenhum agente dentro do loop temporal. Eles com certeza saberiam que seu plano estava condenado sem o apoio demoníaco.

    [Provavelmente sim,] comentou a matriarca. [Os demônios eram uma distração, assim como o resto de suas forças. A liderança da invasão não achava que eles eram suficientes para fazer mais do que paralisar Cyoria e eles queriam que ela fosse apagada do mapa por completo. Não, o alvo real está na área ao redor do Buraco. Enquanto os defensores estavam ocupados lutando por suas vidas, um grupo de magos protegeria o local e realizaria um grande ritual de convocação.]

    “Ugh,” Zorian grunhiu. “Deixe-me adivinhar: um demônio muito grande.”

    [Não. Eles queriam convocar um primordial.]

    A cor sumiu do rosto de Zorian no mesmo instante. “O que!? Mas… isso tranformaria toda a cidade em uma cratera sem vida! E quanto às suas próprias forças!?”

    [Dispensáveis,] a matriarca respondeu sem rodeios. [Todo mundo alto o suficiente para importar estava pronto para se teletransportar ao primeiro sinal de que a convocação foi bem-sucedida, o resto eram peões descartáveis ​​que nunca se esperava que sobrevivessem. Além disso, você notará que a força de invasão real é muito leve em magos humanos. Apenas um mínimo de magos de Ibasa era necessário para manter algum controle sobre os vários demônios e monstros. E você é bastante otimista em suas previsões de danos. A liderança de Ibasa esperava que o ser convocado com a ajuda do maior poço de mana do continente daria ao primordial poder suficiente para permanecer neste plano por semanas. Se for assim, ele se espalharia por grandes áreas de Altazia antes de enfim ficar sem poder ou até que os altazianos conseguissem organizar um grupo de magos grande o suficiente para bani-lo de volta ao seu reino. Então Ulquaan Ibasa poderia apenas atacar assim que ele se for e acabar com os sobreviventes desmoralizados.]

    Zorian estava honestamente sem palavras. Por um lado, o plano era uma loucura completa, e grande parte dele queria dizer que nunca daria certo. Onde eles encontraram um ritual para convocar um maldito primordial de todas as coisas? Mas ainda assim, ele assistiu os invasores destruindo as defesas de Cyoria muitas vezes para descontá-los assim. Se eles achavam que o plano poderia funcionar, era provável que funcionaria.

    “Onde eles encontraram magos dispostos a fazer a convocação?” Zorian perguntou. “Eles deviam saber que seriam mortos pela fúria do primordial antes que pudessem escapar, estando tão perto disso e tudo. E por acaso você sabe que primordial era?

    [A convocação seria feita pela Ordem Esotérica do Dragão Celestial… provavelmente conhecida por você pelo nome Culto do Dragão Mundial. Ao que parece, eles estão todos dispostos a morrer para invocar um dos filhos da Grande Mãe. Aqueles de seus membros não envolvidos com a convocação estão ajudando as forças de invasão como magos de suporte regulares ou simples sabotadores, no caso de membros mais mundanos. Na verdade, agora que penso nisso, é provável que eles estejam agindo como agentes internos dos invasores em geral; teremos que nos infiltrar mais a fundo no grupo deles para obter mais informações. Enfim, não, não sei qual primordial. Só que era um dos terrestres — os Ibasanos 1 não queriam arriscar, caso a criatura decidisse que queria visitar e sobrevoar sua pequena ilha.]

    “Também acho,” Zorian disse. “Claro, tudo isso significa que temos um problema em nossas mãos. Não importa o quão formidável seja a invasão enquanto estivermos presos dentro do loop temporal, ela será ainda mais assustadora fora dele. Eles terão suporte demoníaco adicional além de tudo o que já têm, e teremos que gastar um pouco do nosso tempo frustrando a convocação do primordial. Eu gostaria de dizer que aqueles cultistas são todos loucos insanos e não poderiam convocar um diabinho aleijado, muito menos um maldito primordial, mas a possibilidade é tão catastrófica que não podemos arriscar.”

    [Sim, isso de fato complica bastante as coisas,] concordou a matriarca. [Meu plano original era continuar frustrando o fluxo da invasão até que o terceiro viajante do tempo fosse forçado a se revelar, seja por desleixo ou frustração; em seguida, o atrairia para uma emboscada e estupraria sua mente até a catatonia2; depois, encontraria um contra-ataque perfeito para a invasão em vários reinícios; e, por fim, acharia uma maneira de quebrar o loop temporal e lidar com os invasores de verdade. A parte sobre como lidar com o terceiro viajante do tempo ainda parece viável, mas encontrar um contador perfeito será claramente impossível com uma variável tão grande faltando enquanto estamos dentro do loop temporal…]

    Zorian estava um pouco enjoado com a naturalidade com que a matriarca falava em destruir a mente de uma pessoa, mas tinha que admitir que não conhecia outra maneira de lidar com o terceiro viajante do tempo. A única outra maneira envolvia destruir sua alma, e era óbvio que isso era ainda mais moralmente repreensível. Além disso, ele não sabia como destruir a alma de alguém. E com sorte, nunca saberia.

    “Certo,” Zorian suspirou com cansaço. “Que dia. Você tem alguma outra bomba para jogar em mim?

    [Bem… nenhuma como essa. No entanto, esses desenvolvimentos recentes significam que não terei muito tempo para ensiná-lo este mês. Por sorte, você está no nível em que não precisa de um usuário de alto nível como eu para guiá-lo, então encontrei uma substituta adequada para você. Zorian, diga olá à Entusiasmada Caçadora de Novidades.]

    Uma das araneas que acompanhavam a matriarca, uma indivídua bastante pequena e nervosa que parecia ter problemas em parada, de repente saltou do teto e pousou na frente dele.

    [Oi! Eu sou a Entusiasmada Caçadora de Novidades e serei totalmente sua professora este mês! Eu sei que vocês, humanos, têm problemas com nossos nomes, então pode me chamar de Novidades. Eu não me importo!] Ela circulou em torno dele enquanto falava por telepatia, parecendo uma espécie de cachorrinho estranho convidando-o a brincar com ela. [Enfim, quando a matriarca pediu voluntários para te ensinar, eu fiquei tipo: essa é a sua chance, Novidades. Eu estava totalmente no jogo! Elas não me deixam ajudar com a defesa porque dizem que sou muito jovem, mas elas me disseram que você é um bebê nessas coisas psíquicas e eu posso totalmente cuidar de bebês! E ei, você pode me ensinar coisas também! Eu sempre tive curiosidade sobre vocês, humanos, como vocês podem andar sobre as patas traseiras sem tombar o tempo todo ou…]

    Zorian ignorou sua tagarelice em favor de dar à matriarca um olhar furioso.

    [Ela vem com um botão de desligar?] Ele perguntou por telepatia.

    A matriarca apenas projetou uma mistura de diversão e satisfação em resposta.

    1. pessoal de Ibasa[]
    2. estado mental fúdido[]

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