A obra atingiu um pequeno ponto de hiato e novos capítulos serão publicados na segunda metade de julho.
Capítulo 130: Karlstein (4/4)
『 Tradutor: MrRody 』
Qual era o verdadeiro desejo do chefe da família em relação a mim? Essa foi minha dúvida desde o início. Eu tinha uma suposição, mas não era uma certeza. Então, Plano B. Eu tinha elaborado um plano para Missha se revelar na frente de todos. Isso era o que Albrenive menos queria neste momento.
“Mhm, O modo de impedir seu oponente é impedir que ele consiga realizar seu plano.”
Albrenive queria manter o despertar de Missha em segredo. Então, antes que o Plano B se concretizasse, eu rapidamente mostrei minha carta na manga. Como resultado de avançar na conversa como um bárbaro, finalmente consegui descobrir o que ele realmente queria.
— Eu sei que você usou aquele item.
Ele se referia ao Anel do Espírito da Geada, um Item Numerado que permitia fazer um contrato com a Besta de Gelo Skadia quando você ativava um gatilho oculto.
“Não é estranho que o chefe da tribo soubesse disso. Afinal, se ele não soubesse que o item foi usado, não haveria motivo para ele ainda estar tratando Missha como uma outra agora.”
Eu já tinha considerado a possibilidade disso surgir. No entanto, Albrenive ainda não sabia com certeza.
— Aquele item? Do que você está falando?
As chances de uma terian de vinte e cinco anos da Tribo do Gato Vermelho fazer um contrato natural com Skadia eram próximas de zero, mas ‘próximas de’ e ‘zero’ eram duas coisas completamente diferentes.
— Hmm. — Por isso ele estava nos testando. Ele poderia ter suspeitas, mas não tinha evidências. — Sua atuação é desajeitada.
“Desajeitada, meu traseiro. Você sabe quantas pessoas eu enganei até agora?”
— Do que você está falando? Diga claramente.
— Quero dizer o item que permite assinar um contrato com a Besta de Gelo Skadia. Você não pode dizer que não sabe sobre isso. — Albrenive me encarou, exigindo silenciosamente que eu contasse a verdade.
“Você acha que bárbaros são tolos?”
— Algo assim existe? Então por que você não deu para Missha?
— Porque é muito valioso. Eu não daria para alguém que nem mesmo é meu filho.
Assim que ouvi isso, verifiquei a Missha rapidamente. Como esperado, ela parecia prestes a chorar. No entanto, decidi consolá-la mais tarde e continuei agindo como um bárbaro que não sabia de nada. — Um item valioso? Isso não é ainda mais estranho? Como eu poderia ter algo assim?
— Quem sabe? Talvez você tenha obtido da Torre Mágica que costumava visitar com tanta frequência.
“Que droga. Ele realmente sabe de tudo?”
Meu corpo ficou tenso sem que eu percebesse. Para compensar meu erro, encarei o chefe da família. — …Você me investigou? — Com isso, minhas ações recentes não pareceriam tão estranhas. Eu era apenas um bárbaro que estava irritado com seu comportamento fora-de-linha.
— Eu já não disse? Sua atuação é desajeitada.
Maldição, eu acreditava em minhas habilidades de atuação, então me recusei a ceder. — Então o que é essa coisa sobre a qual você está falando? — Perguntei irritado. — Por que você continua me incomodando assim?
— Eu não posso te dizer isso.
— O quê?
— Você continua negando, e este é um item que o mundo exterior não pode conhecer. Se você admitir que já sabe sobre isso, eu vou te contar.
Hein? O que diabos? Não havia contradição em suas palavras. Se ele apenas estivesse me testando, faria mais sentido para ele revelar o nome do item.
“Por que estou sentindo uma vibe estranha?”
Algo parecia errado. A intuição que tinha frustrado os inúmeros filhos da mãe que tentaram me testar estava falando comigo. Algo não estava certo.
— Algo assim realmente existe? Você não tem uma intenção oculta? — Perguntei novamente, concentrando toda minha atenção em observar cuidadosamente o chefe da família Karlstein, procurando por uma hesitação momentânea, um tique nos músculos faciais, uma mudança no local para onde ele olhava, ou como sua voz soava.
— Claro. Que outra razão eu teria?
Eu não era um especialista, mas examinei cada parte daquela breve frase com suspeita. Então, instintivamente, senti que ele estava mentindo.
“Ha, sim, era isso. Obrigado por esclarecer minha última suspeita. Você poderia ter me testado de outra maneira, sabe.”
— Me diga honestamente — disse Albrenive. — Se você está mantendo a boca fechada porque está preocupado com essa criança, eu cuidarei disso.
Por que ele estava dizendo coisas tão contraditórias? Tudo fez sentido quando concluí que não era a Missha, mas do anel que ele estava atrás.
“Não é de admirar que ele continuasse dizendo ‘esse item’.”
Logo, fiquei convencido. Albrenive sabia sobre o Anel do Espírito da Geada, mas apenas parcialmente.
“Ele sabe que existe, mas não sabe o que é.”
Finalmente, juntei a situação em minha cabeça. O chefe da família me convidou para sua casa. Se a Missha era ou não sua filha verdadeira não importava; parecia que ele não estava muito entusiasmado com seus filhos em primeiro lugar. Seu verdadeiro objetivo era outra coisa: um item que definitivamente poderia contratar um Animal Espiritual. Se eu realmente soubesse algo sobre isso, ele queria descobrir o que. Afinal, isso deve ter sido uma informação importante e valiosa para um terian. Foi por isso que ele estava exibindo a situação miserável da Missha bem na minha frente, acreditando que ela era meu ponto fraco. Provavelmente ele pretendia usá-la contra mim em uma negociação ou para fins de chantagem.
— Pela minha honra como guerreiro, eu não sei sobre tal coisa. — Joguei minha carta na mesa. A razão número um pela qual bárbaros eram personagens poderosos para mim era o juramento do guerreiro. Os olhos de Albrenive se encheram de perplexidade. Eu percebi e desferi o último golpe antes que a oportunidade escapasse. — Mas com certeza vou descobrir o que é. Espere só.
Murmurando como se estivesse segurando a raiva, estudei seu rosto. Havia uma luz de profunda decepção em seus olhos.
“Caramba, a atuação dele é pior do que a minha.”
— Esqueça a conversa que tivemos hoje.
Com essa ordem, deixamos a casa dos Karlstein. O rosto da Missha estava vazio desde mais cedo e eu não iniciei nenhuma conversa. Eu também tinha coisas para pensar.
“Ufa, pelo menos não chegou ao pior cenário.”
Quando ouvi sobre o convite dos Karlstein, havia duas razões pelas quais aceitei com prazer. A primeira era a liberdade da Missha. Se o chefe da família estava tentando empurrar a Missha para um grande clã, eu tinha que impedi-lo. Depois da Erwen e Ainar, não podia deixar a Missha, a pessoa que eu tinha investido tanto esforço para cultivar, escapar. Até mesmo a ideia disso era horrível.
A segunda razão era evitar que alguém suspeitasse de mim como um espírito maligno. Se o chefe da família conhecesse o segredo por trás do despertar de Missha, era crucial visitá-lo pelo menos uma vez para cobrir adequadamente minhas bases. Embora não achasse que ele me chamaria lá com conhecimento incompleto.
Creak.
Quando passamos pelo jardim, o porteiro abriu os portões largamente. Acho que o Careca estava dando um tempo depois de ter recebido meu tratamento, pois, era a primeira vez que via esse rosto em particular.
No entanto, parecia que a outra parte me reconheceu. — A-Adeus. — Quando nossos olhos se encontraram, ele até se curvou brevemente ao me ver partir.
Logo, me virei pela última vez e olhei para a mansão onde Missha tinha vivido da infância à idade adulta. Os jardins bem cuidados eram lindos, e as fontes cintilavam com jatos de água esplêndidos. A própria mansão não era muito diferente. Ao contrário da pousada onde eu estava hospedado, a arquitetura era antiga e tinha uma sensação aristocrática. No entanto, a hostilidade fria que cercava a mansão permanecia inalterada. Assim como da primeira vez que vi este lugar, senti como se estivesse olhando para um calabouço cheio de monstros. E eu estava percebendo agora que Missha tinha sobrevivido aqui por muito tempo.
— Você fez um bom trabalho — eu disse.
Ao dar um tapinha nas costas dela, Missha voltou a si e balançou a cabeça. — N-Não foi nada. Você fez todo o trabalho…
Bem, não era isso que eu queria dizer. — Ainda assim, não foi você quem teve o momento mais difícil? — Eu sorri e bati nas costas dela novamente.
— Nyah! Isso dói! — Sim, isso parecia mais com a velha Missha.
— Se você acordou, mostre o caminho. Não sei o caminho de volta.
— Ha, realmente… o que você faria sem mim?
— Eu não teria vindo para algum lugar de onde não sei voltar.
— …Verdade.
Caminhamos pelas ruas, compartilhando conversas sem sentido. Havia rostos felizes por toda parte.
— Pai, é aquele bárbaro de antes!
Famílias de terians estavam caminhando, rindo e conversando felizes.
— Bjorrrn, vamos comer lá também.
— Por que você quer comer fora? Não é mais barato na estalagem?
— Mm, bem… foi um dia longo, não?
Missha e eu paramos em um vendedor de rua e compramos alguns lanches, que comemos em um banco na praça. Não havia problema em comer enquanto nos movíamos, mas fazer uma pausa também não era ruim.
— Ei, Bjorrrn?
— Diga.
— Prrr que você nunca perguntou?
— O quê?
Depois de fazer uma pequena pausa, observando as pessoas ao nosso redor indo e vindo, Missha me fez uma pergunta. — Você não está curioso?
— Sobre o que?
— Se… eu sou realmente filha do meu pai…
Então era nisso que ela estava pensando. Ri e olhei de relance para Missha. Ela não tinha feito nada de errado, mas abaixou a cabeça e encarou o chão mesmo assim. — Eu não estou curioso.
— Mesmo? Nem um pouquinho?
— Sim, por que isso importa?
— Uau, você realmente não se importa comigo…
O que essa garota estava falando? Eu estava prestes a dar um tapinha nas costas dela novamente, mas pausei.
“Ela disse que doeu.”
Pensei em bagunçar o cabelo dela como em um desenho animado, mas isso era muito constrangedor. Sem ter para onde ir, minha mão pousou no meu joelho novamente. Olhei para o horizonte e falei com ela em vez disso. Afinal, ela era minha companheira de equipe. Não deveria esclarecer alguns mal-entendidos?
— Não é que eu não esteja interessado, é só que não é realmente importante.
— Huh?
— Aventureira de sétimo nível Missha Karlstein… essa é você. Não importa quem são seus pais. O fato de você ser uma companheira em quem posso confiar para proteger minhas costas não vai mudar.
— Uau… — A boca da Missha se abriu como se ela tivesse acabado de ouvir algo incrível. Então ela olhou para cima para mim e sorriu. — Como você pensou nisso?
— …Você está querendo brigar?
— Hee hee, estou dizendo obrigada. Essas palavras me dão um pouco de força. — Isso foi um alívio. Depois de descansar o suficiente, eu estava prestes a me levantar quando Missha segurou minha manga. — Bjorrrn?
— O que?
— Isto é um segredo, e você é o único para quem estou contando, está bem?
— Diga logo.
— Eu… realmente sou uma bastarda. Minha mãe me contou. Antes de morrerrr. Enquanto pedia desculpas.
“Ah, uh… um…”
Me esforcei para descobrir o que dizer e decidi apenas assentir com a cabeça. — …Entendo.
— O quê? Prrr que você não está surpreso?
Porque eu já sabia. Porém, não conhecia os detalhes. — Não é tão importante, não é?
— Oh, esse bárrrbaro insensível!
Logo, nos levantamos de nossos lugares. Então saímos da terra sagrada, entramos na cidade e chegamos à plataforma de carruagens públicas.
— Oh, a prrrpósito — ela disse depois de comprarmos nossos bilhetes e estarmos esperando pela carruagem — o que foi aquilo mais cedo? Você fez um juramento na frente do meu pai. Aquilo definitivamente… — Missha parou de falar.
Fiquei genuinamente atordoado. Nem tinha pensado nisso, talvez porque estava tão à vontade com ela agora, ou porque estava na frente do chefe da família Karlstein.
— Aquilo… foi uma mentira, certo?
Suspirei e assenti. Qual era a vantagem de esconder qualquer coisa quando ela já sabia de tudo? Eu só tinha que fazer um controle de danos decente. — Sim, aquilo foi uma mentira. Porque você é mais importante do que minha honra como guerreiro.
— …Isso é verdade?
— Sim.
Missha não disse nada por um bom tempo. Assim, se seguiu um período de ansiedade. Certamente ela não estava pensando em nada estranho, não é mesmo?
Bem quando decidi falar primeiro em vez de deixar esse silêncio sufocante continuar, Missha pulou na frente. Então ela soltou algo basicamente ininteligível. — Oh! Deixei algo em casa, então vou lá!
— …O quê? Uma carruagem já vai chegar…
— Você vá para casa prrrimeiro
E assim, ela se foi, como o vento.
Que diabos… Estou ferrado?”
Flip.
Sentado em seu escritório, Albrenive Karlstein folheou as páginas de um livro com uma mão ligeiramente apressada. Então, finalmente, ele encontrou o que estava procurando.
“Não…”
“No caso de… é possível contratar a Besta do Gelo, Skadia.”
Todas as suas suspeitas começaram com este livro, é um resumo explicativo com apenas uma frase inteligível graças à página que estava completamente rasgada. O Livro Completo de Relíquias VI continha descrições de centenas de itens numerados. O importante aqui era que tais explicações nunca estavam erradas. Isso era o que esses livros eram… livros de verdades que não valia a pena duvidar.
“Se eu não soubesse disso, poderia ter sido genuinamente feliz.”
Quando aquela criança revelou que tinha despertado, para ser honesto, ele ficou feliz. Ele tinha pensado que não precisaria mais esconder a desgraça da família. No entanto, o Animal Espiritual com a qual ela havia feito um contrato era o problema. Seria isso realmente uma coincidência? Ele não conseguia se livrar de um estranho desconforto. Ele havia questionado a criança muitas vezes e logo chegou a uma conclusão: ela não despertou naturalmente. E se sua suposição estivesse correta, ela havia recebido ajuda, talvez daquele bárbaro, Bjorn Yandel.
— Eu não posso te contar nada relacionado ao Bjorrrn. Eu fiz u-um juramento ao espírito guardião…
No entanto, a criança evitou a conversa ao invocar o juramento do espírito guardião. Embora o juramento não tivesse autoridade e não tivesse mais significado em uma época em que tais tradições tinham desaparecido, a criança que nunca havia sido capaz de se rebelar havia inventado uma desculpa pela primeira vez e havia mentido para ele. Seria difícil obter uma resposta adequada dela.
“Seria melhor investigar aquele bárbaro.”
Assim, Albrenive mudou de alvo. Então, detalhes suspeitos chamaram sua atenção, um após o outro. O bárbaro era amigo de uma maga da Escola Artemion, Arua Raven. Coincidentemente, ele sabia dela. Ela era uma rival com quem ele se deparara enquanto vagava para conseguir outro Livro Completo.
Então uma hipótese se formou em sua mente. E se a maga tivesse de alguma forma conseguido colocar as mãos no Livro Completo de Relíquias? E se ela tivesse contado ao bárbaro sobre isso?
“Isso faz muito mais sentido.”
Ele decidiu mirar no bárbaro em vez da corajosa garota maga. Ao longo de sua investigação, descobriu que seu relacionamento com a Missha era quase como o de um casal casado, então parecia fazer sentido usar ela.
“ Em pensar que realmente foi um despertar natural.”
Ele não acreditava em coisas como juramentos, mas aquele bárbaro não estava fingindo. Ele realmente parecia não saber, e Albrenive se viu lamentando sua negligência para com aquela criança.
“Interessante. Até mesmo um sangue tão insignificante tem talento.”
Assim que seus pensamentos começaram a vagar nessa direção, alguém bateu à porta. Era Beros, seu assistente. — Missha está pedindo para vê-lo.
— Mande-a entrar imediatamente.
O assistente saiu e depois de uma breve espera, a criança entrou. — Eu… Há algo que eu não disse antes…
— Ah, não se preocupe com isso. Vou manter minha promessa. Ninguém vai pensar em você como alguém que não faz parte da família.
Estranhamente, Missha não reagiu a isso. Ele havia pensado que ela ficaria mais feliz.
Ele até acrescentou: — Isso significa que você é minha filha agora. — Essas eram palavras que qualquer criança que cresceu carente de amor e ressentindo sua família desesperadamente esperaria ouvir. No entanto, seu silêncio continuou. — …Por que você não está dizendo nada?
— Prrrque eu não estou aqui para ouvir algo assim!
— O quê? — Ele ficou surpreso com o tom desrespeitoso dela. O que era essa mudança de atitude?
Antes que ele pudesse se reagrupar, Missha enfrentou-o de frente. — Pai… não, você nem mesmo é meu pai. Você sabia disso? Não compartilhamos nem uma gota de sangue.
— O quê? — Ele ficou genuinamente perplexo, não porque não soubesse disso, mas porque nunca esperaria ouvir isso dela.
— Minha mãe me contou antes de falecerrr. Na verdade, não tenho parentesco sanguíneo com a família Karlstein. Vim te dizer isso. Eu te odeio… mas também sinto pena de você.
Talvez porque ele não tivesse imaginado que ela agiria dessa maneira, Albrenive nem mesmo ficou ofendido com essa declaração ousada. Ele apenas estava curioso. — Por que você está fazendo isso?
Ele sabia quem era o verdadeiro pai da Missha. Ele tinha secretamente observado sua esposa confessar a verdade em seu leito de morte. Ele apenas manteve isso em segredo até Missha se tornar adulta pelo bem da honra de sua família. Ele imaginava que esse assunto seria resolvido se ela apenas morresse no labirinto.
— Se você não tivesse dito isso, eu realmente teria te aceito como membro da família. — Ele estava dando a ela o que ela sempre ansiava. Por que ela estava recusando? — Por quê? Por que jogar fora essa oportunidade com suas próprias mãos?
Como se a pergunta não valesse a pena ser respondida, a criança virou as costas e se dirigiu para a porta. Mas será que ela teve uma mudança de coração de última hora? Ela virou a cabeça para olhar para ele por cima do ombro. — Eu só… queria!
Para Albrenive, aquelas palavras eram completamente incompreensíveis.
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