Capitulo 45 — indecisão dolorosa

A criatura encontrava-se saindo da sala de número 14 e o corredor que dava a ela fechava-se, trazendo a porta de volta.

— Criatura (anotando em seu caderno): Alguém já encontrou as anotações que deixei?

— Porta de número 14 (fechando seus olhos): Sim, já tem alguém falando com o Miv.

— Criatura (guardando o caderno): E quanto aos novos brinquedos da Nix, eles já acordaram ou ainda estão dormindo?

— Porta de número 14 (fechando novamente os olhos): O mais velho está acordado, olhando para o teto. Já a outra ainda se encontra dormindo, mas não tarda ela irá acordar.

— Criatura (virando-se para a porta): E aqueles prisioneiros da Nix, como eles estão?

— Porta de número 14 (fechando os olhos): Bom, ao que parece, eles estão dormindo agora, mas voltando um pouco atrás, consigo ver que dois deles haviam brigado. O que foi atacado se isolou num canto e depois começou a gritar.

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— Criatura (estranhando): Gritando? Mas por quê?

— Porta de número 14 (abrindo os olhos): Não sei. Ainda irei investigar mais. Te aviso se descobrir alguma coisa.

— Criatura (virando-se, dando as costas à porta): Tudo bem, me avise caso descubra algo estranho. Eu vou fazer o relatório do dia de hoje.

— Porta de número 14 (soltando fumaça de sua boca): Espere… E com ele eu faço o de sempre?

— Criatura (acenando e indo embora): Sim, o de sempre.

— Porta de número 14 (com seu olho embranquecendo e se iluminando): Bolir miktir mayovir slon cartir. Reiniciando sala…

A porta lentamente começa a sumir, deixando apenas uma parede no lugar.

Na cela onde Miv se encontrava, uma outra criatura, vestida igual à primeira, estava dentro da cabeça de Miv. Diferente dos outros dois, não havia nada segurando Miv. Quando a criatura entrou, Miv estava de joelhos. À sua frente, uma grande muralha de pedra que separava dois caminhos: um que conduzia a uma floresta e outro a uma vila cheia de estátuas.

Miv estava ajoelhado, apenas chorando e gritando os nomes de Mirk e Mivk, dizendo a si mesmo para levantar e ir salvá-los.

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Em meio a isso, a criatura anotava e, após isso, ela desceu para perto dele.

— Criatura #2 (agachando-se próximo a Miv): Oi, por que você está chorando e gritando?

Ao ouvir a criatura perguntar, Miv segurou sua cabeça, que começava a doer. A criatura então tocou em sua testa, reduziu a dor e o deixou mais calmo. A criatura sentou-se ao seu lado e perguntou novamente: “O que houve para você ficar assim?”

— Miv (mais calmo, sentindo uma leve dor de cabeça): Bem, quando acordei, eu já estava aqui. Tudo estava escuro, eu não via nada. Então, me levantei, gritei pelos nomes da minha família (segurando sua cabeça e deixando escorrer uma lágrima): Ahhhhhhhhrgh! Ahhhhhhh.

A criatura tocou novamente na testa de Miv, reduzindo a dor e o acalmando, e serviu-lhe uma chávena de chá que tirou de sua bolsa.

— Miv (calmo, aceitando e bebendo um pouco do chá): Obrigado. Aliás, quem é você?

— Criatura #2 (incomodada): Bem, eu… eu sou alguém que vaga por estas terras, ajudando pessoas que aparecem do nada neste lugar e ouvindo suas histórias. Gostaria que continuasse a sua.

— Miv (calmo): Bom saber que existem pessoas como você. Obrigado.

— Criatura #2 (suspirando de alívio, pensa): Arff, o chá fez efeito. Ele caiu, ainda bem (limpando uma lágrima que escorria dos olhos de Miv): De nada. Continue.

— Miv (tomando o chá e se acalmando mais): Bom, eu dizia que gritava pelos nomes deles, o meu filho e o meu companheiro. Eu caminhava sem ver por onde andava até que senti um tremor de terra. Eu me sentei e fechei meus olhos com minhas mãos para impedir que algo os atingisse. Já que não via nada. Vai saber o que tem por aí. Bom, o tremor parou, eu tirei minhas mãos e abri os olhos e vi…

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A cabeça de Miv começa a aquecer Do lado de fora, a criatura dá um golpe em Miv e ele desmaia. Em seguida, ela toca na cabeça de Miv para ver por seus olhos o que havia acontecido. Miv, ao abrir os olhos, notou que aquele lugar se iluminou. Não era uma luz tão forte, era semelhante a um luar. Então, à sua frente, ele viu uma árvore que no centro dela se encontrava Mirk amarrado por galhos, e em frente à árvore, Mivk estava amarrado a uma estátua de pedra, ambos inconscientes. Miv tentou correr para ajudá-los, mas caiu. Seus pés foram presos àquela terra rochosa.

Ele gritou por seus nomes, mas nada ocorria até que seus pés se soltaram e ele começou a correr. Mas, ao mesmo tempo que ele se aproximava, a estátua e a árvore se afastavam. Miv corria até lhe faltar o ar e ele cair por não aguentar mais. Logo que recuperou o fôlego, ele levantou e andou. Dessa vez, nem a estátua nem a árvore se moveram. Mas quando ele chegou muito perto, a dois metros deles, a árvore levitou, arrancando o chão junto, e a estátua também. As duas se afastaram uma da outra e uma gigantesca muralha surgiu entre as duas. A árvore ficou à esquerda da muralha, onde uma gigantesca floresta surgiu. A estátua ficou à direita, onde uma vila gigantesca composta por casas e estátuas surgiu. A árvore dirigiu-se para o lado da floresta e a estátua para o lado da vila.

Miv, diante daquilo, de joelhos ficou e começou a chorar. Ele não conseguia decidir que caminho seguir, então ficou ali, encarando aquela muralha e gritando e chorando. Essas lembranças começavam a aquecer ainda mais a cabeça de Miv. Do lado de fora, a criatura parou de ver as lembranças.

— Criatura #2 (deixando um termo com chá ao lado de Miv, que se encontrava desmaiado, e escrevendo um bilhete que dizia que era o mínimo que ela poderia fazer): Até breve.

A criatura saiu da mente de Miv, retirou um pano com partículas de neve e o colocou sob a testa dele.