Índice de Capítulo


    Tradutor: MrRody Revisor: SMCarvalho 』


    No topo da carruagem para dez pessoas que chacoalhava enquanto acelerava pelas ruas, havia uma presença deslocada entre os homens adultos de aparência solene: uma garota de quatorze anos que olhava para o nada com olhos vazios. Sua expressão calma não dava nenhuma indicação de quão nervosa Amelia Rainwales estava naquele momento, exceto para sua irmã, Laura.

    Swip.

    Amelia estremeceu de onde estava sentada, tensa, com as mãos sobre os joelhos. A mão de sua irmã estava dobrada sobre as dela.

    — O que houve? Você está realmente preocupada?

    Amelia, introvertida, assentiu. Não apenas era inútil mentir para sua irmã mais velha, que a conhecia tão bem quanto um dos pais, mas Laura teria percebido o quanto ela estava tremendo naquele momento, não importava o quanto a carruagem balançasse.

    — …Está tudo bem, nada de ruim vai acontecer.

    Quando sentiu a mão quente de sua irmã sobre sua pele, Amelia sentiu a tensão se dissipar pouco a pouco, mesmo estando praticamente sendo arrastada para um campo de batalha. Quando fechou os olhos, a conversa entre os homens adultos começou a entrar nos ouvidos de Amelia.

    — E o Máscara de Ferro e a Emily?

    — Ouvi dizer que o senhor do castelo vai mandar alguém para a estalagem deles, mas não sei se a mensagem vai chegar até eles, dada a situação.

    — Hah, que bagunça. Se estavam planejando algo assim o tempo todo, pelo menos nos avisem com antecedência, certo? O que é isso, no meio da noite?

    — Isso só mostra quão secreto isso é. Nunca pensei que o senhor do castelo se uniria ao palácio para atacar Orcules.

    As irmãs estavam trabalhando na taverna do pai adotivo, como faziam em qualquer outro dia, quando foram convocadas por Felic Barker. Ele parecia estar com pressa, não explicou nada e disse para se prepararem para uma luta. Assim que pegaram seu equipamento, ele as colocou em uma carruagem militar com os membros do clã que haviam chegado.

    — Espere, atacar Orcules? Eu não ouvi sobre isso. Só ouvi que estávamos sendo enviados como reforço para um tumulto no leste. E o palácio? Que tipo de bobagem é essa? Como o senhor do castelo poderia trabalhar com o palácio?

    — Parece que o palácio fez contato com o senhor não faz muito tempo. Eu não sabia na época o que foi discutido nessa reunião… mas acho que todos temos uma boa ideia agora.

    — Bem, aqueles bastardos da Orcules também seriam um espinho no lado do palácio. Acho que os interesses deles se alinharam.

    — Mhm, se não fosse por isso, que razão teriam os cavaleiros enviados pelo palácio para estarem lutando contra a Orcules?

    — …Deve ser por isso que o senhor não nos disse até o dia de hoje.

    — Isso mesmo. Porque eles serão as tropas principais de qualquer maneira. Nós só temos que nos concentrar em sair daqui vivos.

    — Ha, se eu soubesse que isso iria acontecer, teria me certificado de estar dormindo fora do castelo como o Máscara de Ferro. Ficar no castelo só me fez ser arrastado para isso.

    — Durbon, cuidado com a boca.

    — Ah… esqueça o que eu disse.

    — E vocês, parem de reclamar tanto. Assim que isso acabar, receberemos a devida compensação. — O Líder do Clã, Felic Barker, aliviou a tensão. Muito tempo depois, a carruagem finalmente parou na entrada do distrito leste de Noark.

    — Acho que temos que caminhar a partir daqui.

    O distrito leste parecia já ter sido palco de várias batalhas. Começando logo na fronteira, o cheiro de sangue era forte e os restos de edifícios desmoronados e cadáveres dilacerados preenchiam as ruas. Havia sons de explosões por toda parte, e gritos humanos mais desesperados do que os de banshees preenchiam o ar.

    — O que todos vocês estão fazendo?! Quanto tempo vão bloquear a estrada? Saiam rapidamente! Não podem ver que há mais carruagens atrás de vocês?

    Amelia os seguiu para fora. Seu corpo, que havia se acalmado durante a viagem, estava tremendo novamente.

    Sua irmã agarrou amorosamente sua mão. — Não se preocupe demais, eu vou te proteger.

    Sua irmã confiável nunca quebrava uma promessa. Mesmo assim, Amelia não conseguia se acalmar tão facilmente.

    Grrrp.

    Em vez disso, quanto mais forte sua irmã apertava sua mão, mais Amelia sentia uma sensação estranha e sombria.


    Amelia terminou de relembrar e lentamente abriu os olhos. Era claro para onde ela tinha que ir: o distrito leste de Noark que lentamente escapou da influência do castelo e seu lorde quando Orcules fez dele sua base.

    — F-Fogo!

    Hoje, a maioria das pessoas simplesmente assumia que um incêndio havia ocorrido na área, mas na realidade, uma guerra estava acontecendo lá.

    “Provavelmente estamos viajando para o leste de carruagem agora.”

    Embora fosse uma memória de vinte anos atrás e a primeira grande batalha que ela havia experimentado, Amelia se lembrava até mesmo da viagem. Não era uma memória que ela poderia esquecer, mesmo que quisesse. Não era exagero dizer que sua vida nos últimos vinte anos foi uma em que ela olhou para trás e lamentou esse dia inúmeras vezes.

    Hush.

    Amelia acelerou o passo e seguiu em direção ao seu destino. O distrito leste, para o qual ela corria há muito tempo, estava ocupado por centenas de aventureiros desavisados que foram convocados naquele dia. Escaneando a área, ela logo encontrou a pessoa que procurava.

    — Te encontrei.

    — Quem… hã? Emily? — Quando Amelia iniciou uma conversa, Felic Barker, que estava de prontidão para a batalha, arregalou os olhos. — Como você está aqui? — Embora estivesse feliz em vê-la, ele parecia um pouco desconfiado.

    — Fui ao castelo quando vi a comoção e me enviaram para cá. Ouvi sobre a situação de outras pessoas no caminho.

    — Ah, entendo… Mas onde está o Máscara de Ferro?

    — Ele está bêbado e dormindo, então eu o deixei.

    — Hmm, quero dizer, ainda assim… como você pode deixar um recurso militar tão valioso para trás?

    — E daí? Ele está tão bêbado que não consegue nem acordar.

    Felic parecia desapontado, mas não discutiu. Ele não achou a desculpa estranha, graças ao fato de que aquele bárbaro frequentemente dava a desculpa de que tinha bebido demais na noite anterior sempre que estava atrasado. — Bem, tenho certeza de que aquele cara também não percebeu que algo assim aconteceria hoje. Então, é melhor presumir que ele não vai aparecer.

    Depois disso, Amelia ficou ao lado de sua versão mais jovem e sua irmã mais velha.

    As irmãs a cumprimentaram de forma desajeitada. — Olá…

    Ao contrário do bárbaro, com quem elas estavam familiarizadas, Amelia não interagiu com essas duas além do estritamente necessário nos últimos meses. Por alguma razão, sempre que ela ficava na frente delas, não conseguia falar.

    Desta vez, ela forçou-se a abrir a boca. — Fiquem perto de mim.

    — …Desculpe?

    — Assim posso proteger vocês.

    — Ah, certo…! — As irmãs não eram tão próximas de Amelia, mas sabiam que ela tinha habilidades excepcionais, então seus rostos se iluminaram com suas palavras. Embora elas também parecessem estar se perguntando por que ela estava sendo tão gentil de repente.

    — Preparem-se para a batalha!

    Uma vez que a formação foi estabelecida, não demorou muito para que fosse a vez do grupo dela ir para a linha de frente. Divididos em dezenas de equipes, a ideia era que eles se revezassem na linha de frente e alternassem os intervalos. Não havia perigo iminente. Varreduras estavam sendo realizadas pelas tropas do palácio e pelos elites do lorde do castelo que haviam sido informados do plano de hoje com antecedência.

    — Os bastardos estão tentando escapar! Matem-os!

    O objetivo das tropas reunidas neste local específico não era varrer, mas apreender. Quão fortes poderiam ser os remanescentes escapando do bairro em chamas? Seguiu-se um massacre unilateral.

    — O senhor do castelo parece completamente decidido.

    — Parece que setenta por cento dessas pessoas são cidadãos comuns; realmente é certo matá-los todos assim?

    — Ugh, seu idiota. Não podemos passar por eles um a um para verificar quem são. E se um membro da Orcules escapar disfarçado de civil?

    — Isso é verdade, mas…

    Alguns expressaram ceticismo sobre a batalha unilateral, mas eram apenas uma minoria. Todos aqui eram especialistas em matar pessoas.

    — Alguém se lembra do que o comandante disse antes? Quanto valia para dois?

    — Não consigo lembrar direito, mas nesse ritmo, acho que isso vale mais do que ir em outra expedição.

    — Ei! Você ouviu? Pastores! Parem de lutar e recolham! Ah, e se algo que eles estão vestindo parecer caro, tirem!

    A maioria estava encantada com a oportunidade de ganhar uma alta renda por um trabalho fácil, mas ao ouvir isso, a expressão da Amelia endureceu. Embora tenha nascido nesta cidade e crescido com essas pessoas, não só essa maneira de pensar a fazia se sentir mal, mas ela sabia que essa atmosfera festiva era apenas temporária e que o inferno logo seria desencadeado.

    — O que… Alguém está vindo para cá. — Mesmo em meio a todo o barulho, aquele comentário murmurado parecia incrivelmente alto.

    Amelia virou a cabeça apressadamente. — …Ele perdeu a cabeça?

    Um homem solitário caminhando diretamente em direção a eles chamou a atenção. Considerando as centenas de tentativas de fuga que haviam sido feitas até agora, era uma visão muito estranha em comparação.

    Tuf.

    À medida que o homem se aproximava, aqueles que o observavam começavam a se sentir inquietos.

    Tuf.

    Ele usava um uniforme militar preto encharcado de sangue. No entanto, enquanto estava molhado, não havia um único arranhão em suas roupas. A julgar pelo fato de estarem tingidas de vermelho com sangue, parecia que ele não tinha tido sorte suficiente para não encontrar problemas no caminho até aqui.

    Tuf.

    A espada em sua cintura também era peculiar. Esta multidão era composta por saqueadores que podiam reconhecer o valor de um item. Como tal, quanto mais se aproximavam dela, mais todos percebiam que a espada não era uma arma comum. A espada em si era muito simples, mas o nome do homem que a carregava era muito famoso nesta cidade.

    — …Ei, isso não é o que eu estou pensando, é? Por favor, diga que há algo errado com meus olhos.

    — Alguém conhece o rosto dele?

    Havia uma agitação entre os aventureiros de plantão. Alguns seguiram seus instintos e recuaram, enquanto outros estavam ocupados lidando com a negação.

    Tuf.

    O homem reduziu a distância para cinquenta metros.

    Whippp!

    Um fogo lançado por um especialista em tipo fogo chispeou e sumiu antes de alcançar o homem. Então veio o silêncio. Esta era uma habilidade muito famosa.

    — N-Nulificação…

    【Nulificação】 era o poder único do Lorde do Quinto Andar, o Lorde da Tranquilidade. Este poder incompreensível anulava habilidades especiais, que eram a base de todos os aventureiros. Tinha sido possuída por menos de dez pessoas em toda a história e, até onde sabiam, apenas um na era atual.

    — T-Traidor…

    Ele era um criminoso inigualável com o apelido de Traidor, o homem que fundou o grupo chamado Orcules com suas próprias mãos e um espadachim invicto: Ricardo Lüchenprague. A aparição deste homem causou caos.

    — Por que este homem…?

    — Palácio! Disseram que os soldados do palácio estariam lutando contra ele!

    O homem não respondeu a nenhuma de suas perguntas. Ele simplesmente levantou sua espada em silêncio, completamente desinteressado.

    — C-Corram!

    A partir daí, os aventureiros reunidos viraram as costas e começaram a fugir. No entanto, no momento em que a espada foi balançada, houve um flash de luz.

    Flash! Swip!

    A memória que Amelia havia revivido inúmeras vezes nos últimos vinte anos começou a se desenrolar mais uma vez.

    Um pequeno gesto, um grande impacto!

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