Capítulo 603: Terceiro Arquivo (6/6)

『 Tradutor: MrRody 』 『 Revisores: Demisidi – Note – Nosoran 』

Após derrotar um Guardião, a fenda seria limpa e um portal se abriria. Ao atravessar o portal, você retornaria para o lugar de onde veio antes de entrar na fenda.

Hmm, pelo menos, era isso que geralmente acontecia.

— Dois portais…

Os portais tinham duas cores diferentes, vermelho e azul. Eles nem eram pílulas. ¹ 

— Talvez a gente vá para algum lugar estranho se escolhermos o errado…?

Pensamentos zumbiam na minha mente como um enxame de abelhas. Como tudo que aconteceu no Primeiro Subsolo podia ser tão completamente diferente de qualquer outro lugar? Era como se tudo estivesse coberto por um véu misterioso ou algo assim.

“Essa essência também… Como um portal que se abre após uma fenda ser limpa não desaparece com o tempo…”

Bem, eu não tinha certeza se esse senso comum se aplicava aqui ou não. Seja como for, desviei o olhar do portal e verifiquei a essência.

— É uma cor bastante misteriosa…

O chefe da aldeia ainda parecia estar cheio de curiosidade. Quero dizer, suponho que ele seja de uma época antes de os Lordes do Andar existirem, então essa provavelmente também era a primeira vez que ele via uma essência arco-íris.

— Lorde Barão, você pode me explicar o que é essa essência?

— Não sei.

— Ah, então é um monstro que você viu pela primeira vez aqui?

— Não, não é isso… — Apesar da frustração, soltei um suspiro profundo e tentei explicar — Devoradores de Almas geralmente não deixam cair uma essência.

Não era apenas que eu nunca tinha comido um deles antes. Os Devoradores de Almas eram monstros que davam muita experiência. Mesmo que eu pulasse todos os outros monstros pelo menos uma ou duas vezes, eu sempre o caçava quando criava um novo personagem. No entanto, ele nunca deixou cair uma essência, nem mesmo quando eu usei todos os itens que aumentam a taxa de drop de essências, como a Sorte de Principiante e o Trevo da Alma de Melten. Foi por isso que pensei que esse monstro simplesmente não deixava cair uma essência.

“Eu não sabia que você poderia conseguir uma assim.”

Então, qual seria o efeito da essência de um Devorador de Almas? Eu poderia pelo menos prever que uma de suas habilidades ativas seria invocar uma Cavalaria de Almas, mas eu só saberia seus verdadeiros detalhes após consumi-la e testá-la.

Ah, e eu não estava planejando comer essa essência, claro.

— Gahuin! Acorde!

Depois de tirar Gahuin de meus ombros, bati em seu rosto várias vezes. Como uma essência havia caído, não tínhamos tempo a perder. Precisávamos colocar essa essência em um tubo de ensaio dentro de trinta minutos após sua aparição.

— Gahuin! Gahuin! Gahuin!

Aumentei um pouco a força dos tapas. Eu não me sentia bem fazendo isso com alguém que tinha desmaiado de dor. Mas, novamente, essências eram uma prioridade maior do que a humanidade.

Felizmente, Gahuin acordou por volta do momento em que suas bochechas estavam inchadas do abuso.

— Ugh… Lorde… Barão? O-Onde…?

Parecia que o choque da queda ainda não tinha saído da sua cabeça, já que ele tinha dificuldade em falar.

Eu só dei a ele um resumo rápido do que aconteceu. A maneira de lidar com magos era praticamente a mesma em todas as situações.

— Enquanto você estava inconsciente, um Devorador de Almas apareceu como um Guardião, e ele deixou cair uma essência de Guardião após ser derrotado.

— O q-quê…?!

Como esperado, os olhos de Gahuin se abriram com reconhecimento e ele recobrou imediatamente a consciência. Sim, como um mago poderia se segurar diante de uma nova essência de Guardião?

— Ugh… E-Eu não consigo me levantar.

— Isso é natural. Suas duas pernas estão dobradas para trás assim. Nem mesmo um bárbaro conseguiria se mover com…

— Hueeeik!

Só então Gahuin percebeu o estado de suas pernas e soltou um grito peculiar. No entanto, parecia que ele considerava a essência mais importante do que suas pernas quebradas.

— Mova… Me mova para perto da essência. Eu não posso andar.

Conforme seu pedido, movi Gahuin para perto da essência, procurei o tubo de ensaio entre seus pertences e o entreguei a ele.

Minutos depois, ele suspirou. — Está feito. — Enquanto a essência era sugada para dentro do tubo de ensaio, Gahuin guardou cuidadosamente o frasco em sua caixa de armazenamento. — Então… o que são esses portais…? Por que há dois deles…?

— Ah, isso? Precisamos pensar sobre isso agora. Ainda não sabemos.

— E-Eu entendo…

— Então, o que você acha?

— Se você está perguntando o que eles são…

— Qualquer coisa serve, apenas diga o que vier à mente.

— Hmm…

Conforme solicitado, Gahuin deu sua opinião sem pensar muito. — Parece que um deles definitivamente nos levará de volta para onde estávamos… — Suas palavras se apagaram enquanto uma expressão atordoada cobria seu rosto, até que de repente ele gritou com certeza — O portal azul…! Podemos retornar para onde estávamos se pegarmos o portal azul!

Parecia que seu Sexto Sentido, que havia sido selado desde que entramos no Grande Reino dos Demônios, estava ativo novamente.

— E quanto ao portal vermelho? Sabe para onde ele vai? — perguntei.

— Isso… não sei. É estranho. Tenho a sensação de que é perigoso… mas também sinto que não será uma escolha ruim.

— Um portal que é perigoso, mas ainda assim pode nos dar boas recompensas…

— Uh… acho que você poderia interpretar assim?

Sim, quantos anos eu joguei Dungeon and Stone? É assim que as coisas são.

Graças a Gahuin, nossas escolhas se reduziram a duas. Bem, na verdade, só tínhamos duas escolhas desde o começo, mas enfim. Ou usamos o portal azul para sair daqui em segurança, ou usamos o portal vermelho para tentar obter recompensas adicionais.

Antes de tomar a decisão, recebi informações que me ajudariam a fazer a escolha certa.

Certo, então qual desses portais devemos pegar?

“Considerando que limpar esse andar subterrâneo é nosso principal objetivo, não acho que seria ruim simplesmente sair daqui agora…”

Eu precisava ter isso em mente e não esquecer só porque estava dentro de uma fenda. Nosso objetivo era escapar do Primeiro Subsolo. Essa fenda era apenas um trampolim necessário para prosseguir com esse plano, e acabamos de limpá-la.

“Simplesmente pegar a essência do Devorador de Almas e voltar parece uma perda de tempo…”

Embora eu estivesse aqui há apenas uma semana, o chefe da aldeia e os outros dois estavam presos nesta fenda há mais de meio ano. Era assim que essa fenda era, imensa em escala. E essa seria a única recompensa que poderíamos obter dela? Eu nem sabia qual seria o efeito da essência do Devorador de Almas, sem mencionar que nosso arcebispo acabou se tornando um sacerdote de Karui e indo para algum lugar.

— O tempo é o fator decisivo. Você decide. Eu vou seguir o que você escolher.

— Eu também.

O chefe da aldeia e Erwen me deram o direito de decidir, e Gahuin apressadamente tentou me persuadir.

— Lorde Barão, deixe de lado sua ganância. Já perdemos nosso arcebispo, então permanecer aqui por mais tempo é imprudente. Nem sabemos o que pode haver além daquele portal.

O que Gahuin disse também tinha lógica. No entanto, eu não estava fazendo isso por um desejo de ganho pessoal. A recompensa adicional além daquele portal? Claro. Seja o que for, seria útil para mim. Mas isso não era o que importava.

A razão pela qual eu queria passar pelo portal vermelho era por algo completamente diferente.

“Se eu passar por lá…”

Talvez eu consiga dar mais um passo em direção a desvendar o segredo do labirinto. Pode até nos ajudar a escapar do Primeiro Subsolo. E o mais importante de tudo…

“Está fácil demais.”

A dificuldade dessa fenda foi baixa demais. Bem, nós perdemos nosso arcebispo no processo, mas mesmo assim, isso foi incrivelmente fácil.

“…Há algo de errado nisso.”

Minha experiência me dizia que havia uma armadilha esperando. — Por enquanto, vamos adiar a decisão.

— Adiar…?

— Se voltarmos assim, não saberemos o que pode acontecer com o arcebispo.

Gahuin assentiu. — É verdade… — disse ele, deixando as palavras morrerem no ar.

Mas tanto Gahuin quanto eu já sabíamos. Se partíssemos agora, tudo isso terminaria.

— Mesmo assim, não há o que fazer — ele argumentou. — Tudo exige sacrifício. Já perdemos algumas almas desde que descemos a este andar subterrâneo… Se morrermos aqui, os sacrifícios deles serão em vão.

Era um argumento logicamente sólido. Ainda assim, não deixei de perceber a mente astuta dele, que queria priorizar sua própria segurança ao dizer essas palavras. Honestamente, eu também era bem astuto.

— Independente da sobrevivência do arcebispo, acho que deveríamos dar uma olhada na área e investigá-la antes de atravessarmos o portal. Com certeza deixamos passar algumas coisas no caminho até aqui.

Quatro desfiladeiros diferentes.

Um campo de debuff que mexe com a mente.

O Lorde da Tranquilidade e o sacerdote de Karui.

Uma batalha contra um chefe que terminou sem uma verdadeira ameaça.

No final, de alguma forma limpamos a fenda e abrimos o portal, mas perdi muitas coisas pelo caminho. E se deixarmos essas coisas para trás aqui, talvez nunca mais tenha a chance de aprender sobre elas.

— …Realmente precisamos? Eu nem consigo me mover direito no momento.

— Não se preocupe. Eu vou carregá-lo nas costas e protegê-lo.

Tendo ouvido muitos tipos de suspiros na minha vida, eu sabia que o suspiro de Gahuin em resposta era de aprovação. Agora que o convenci…

— Certo, vamos nos mover.

Depois de memorizar a localização do portal mais uma vez, deixei o chefe da aldeia andar à nossa frente enquanto começávamos a nos mover.

— Este lugar… não é aqui que aquele monstro estava antes?

— É isso mesmo. — Estávamos no lugar onde o Lorde da Tranquilidade, Siliut, estava enterrado. Antes de começar a investigar a área adequadamente, eu queria verificá-la primeiro porque agora tinha Gahuin comigo.

— O Sexto Sentido ainda está funcionando corretamente? — perguntei.

— Por enquanto… parece que sim.

— Não poderemos falar quando chegarmos perto dele, então tente observar e investigar adequadamente. Ele não pode se mover, então não precisa ter tanto medo.

— C-Claro… — Gahuin parecia querer se levantar e mergulhar no portal azul a qualquer momento, mas como ele nem conseguia andar direito, não havia nada que pudesse fazer.

Algum tempo depois, chegamos à área do monstro.

Dado que todo som desapareceu, parecia que o monstro ainda estava vivo.

Logo depois, vimos a figura do Lorde da Tranquilidade enterrado sob os escombros. Ele ainda olhava para mim com seu olho cansado, e eu me aproximei mais antes de abaixar o corpo para que Gahuin pudesse observá-lo adequadamente. Suas mãos tremeram no início, mas Gahuin começou a tocar a pele do monstro depois que percebeu que ele não era perigoso.

Tap, tap.

Gahuin eventualmente bateu no meu ombro e sinalizou para sairmos da área.

— E então? — perguntei.

O que ele me disse depois de sairmos rapidamente da área foi bastante simples.

— Primeiro, parece que ele é uma entidade amigável para nós. Quando encontrei seus olhos, sinais soaram na minha cabeça de que nunca deveríamos matá-lo.

Hmm.

— Isso é só uma hipótese minha… mas talvez a razão pela qual o Guardião estava fraco tenha sido por causa do que você fez.

— Do que eu fiz?

— Você me disse que poderia tê-lo matado, mas decidiu passar por ele. Isso pode ter sido a causa.

Simplificando, se eu tivesse matado esse cara, a batalha contra o chefe teria sido muito mais difícil.

“Se isso for verdade, acho que explica o quão fácil foi a batalha contra o chefe…”

E quanto ao arcebispo? Ele de repente enlouqueceu e avançou para sacerdote de Karui. Isso era um evento que deveria acontecer? Ou era algo que poderíamos ter evitado se tivéssemos nos preparado adequadamente? Eu tinha a sensação de que era o último. Seria absurdo demais se fosse…

Boom!

Naquele momento, uma explosão sacudiu o chão. Veio da direção do Lorde da Tranquilidade.

O que aconteceu?

A resposta à minha pergunta veio de Gahuin, nas minhas costas. — O-O Lorde da Tranquilidade morreu…

— Precisamos correr rápido! — ele gritou. — Agora não é hora de procurar por coisas que deixamos passar durante a expedição!

— Calma e me explique direito…

— O portal vai se fechar em breve!

— O quê? — Eu não precisava perguntar como ele sabia disso. Provavelmente era outra ativação daquele Sexto Sentido dele.

— Corre!

Eu poderia pensar enquanto corria até lá. Por hora, corri o mais rápido que pude em direção ao portal.

— Senhor! Atrás de nós! O arcebispo está nos perseguindo!

Como esperado, parecia que o arcebispo era o responsável por matar o Lorde da Tranquilidade.

— Ele está rápido?

— Está parecido com… T-Tenha cuidado!

“Cuidado com o quê?”

Confuso, girei meu corpo um pouco, apenas para sentir algo afiado perfurar imediatamente meu ombro esquerdo. O ferimento não era tão profundo. O que quer que tenha me atacado, tinha perfurado Gahuin primeiro. Gahuin tossiu sangue, encharcando a parte superior do meu corpo. Ele arfou em suspiros doloridos, parecendo lutar para respirar como se fosse morrer a qualquer momento, mas não era um grande problema.

O portal estava bem à nossa frente. Se conseguíssemos sair daqui, muitos sacerdotes poderiam se concentrar em curá-lo, e ele sobreviveria. Assim que cheguei diretamente em frente ao portal, empurrei o corpo de Gahuin através dele.

Vwoong!

Ele tinha se reduzido a metade do tamanho, mas o portal funcionou como deveria.

— Erwen, passe também.

— Senhor! Mas você…

Eu joguei Erwen no portal antes que ele ficasse ainda menor.

Uma voz atrás de mim perguntou — E você? Por que não está atravessando?

— Por mais que eu pense sobre isso, acho que essa é a resposta.

Virei-me para ver a expressão franzida no rosto do chefe da aldeia e o arcebispo se aproximando de nós por trás dele. Tentáculos se contorciam de maneiras horríveis, e o arcebispo flutuava no ar graças a eles.

Ele era uma visão aterrorizante.

— Você — o chefe da aldeia acusou — está pensando em atravessar o outro portal?

— Antes disso, quero verificar uma coisa.

— Você é bastante calmo, mesmo nesta situação. O que é?

— Mais cedo… você disse que poderia matar o arcebispo se usasse todo o seu poder. Isso ainda é possível?

O chefe da aldeia hesitou antes de responder — Talvez… — Apesar da hesitação, o olhar em seus olhos sugeria que essa não era uma questão difícil para ele. — Você é o único aqui para ver isso. E mesmo se meu corpo for destruído, eu ficarei bem depois de morrer uma vez…

— Vá direto ao ponto.

— Bem, claro. Não há razão para não fazer. — O chefe da aldeia deu de ombros antes de perguntar — Mas por que você pensou nisso de repente? Tudo ficará bem se sairmos daqui de qualquer maneira.

— Eu te disse. Só precisava verificar. Então, você vai fazer?

— …Cumpra sua promessa.

Com essas palavras finais, uma aura começou a emanar da espada do chefe da aldeia.

Vwoong!

A pura aura branca que costumava ser a marca registrada do Conde Saintred.

No entanto, a aura do chefe da aldeia era um pouco diferente do dono original daquele corpo.

“O que diabos é isso?”

A aura que cercava sua espada continuava crescendo cada vez mais. Era como se não houvesse limite para ela.

Fwoong!

Ao perceber essa montanha de poder emitida pela aura dele, até o arcebispo, que estava avançando cegamente em nossa direção, hesitou e parou por um segundo.

— O que ele fez…? Ele pode realmente usar o poder que tinha quando estava vivo? — Acabei dizendo meus pensamentos em voz alta.

— Bem, você poderia chamar isso de ‘o poder que eu tinha enquanto estava vivo’ — disse o chefe da aldeia com um sorriso. — Os cavaleiros desta era são uma visão lamentável. A aura não é usada dessa forma.

Houve um flash de luz.

1. Demisidi: peguem essa linda referência⤶