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    Pode ser óbvio, mas Baekho tinha sua própria equipe, e eu sabia bastante sobre eles. O motivo? Porque, antes de eu voltar, Missha fazia parte desse time.

    — Ah! Barão Yandel! A propósito, a Srta. Karlstein está bem? Ela era uma terian bem gentil! Mesmo sendo um pouco fria com a gente!

    O velho Guardião de Noark, Lek Aures. Ele era um tanque como eu, e eu também já o havia encontrado uma vez no passado. Na época em que eu estava disfarçado como Riehen Schuitz, Baekho havia pego a essência do Gigante do Mar Profundo, e esse cara foi o que a consumiu.

    “E o Erudito Caído.”

    Belbev Ruingenes. O mago que foi o primeiro a se juntar ao time de Baekho, e o alvo para quem eu precisaria dar o troco no futuro.

    Agarrei o pulso de Erwen para impedir que ela fizesse algo impulsivo, sentindo-a tremer violentamente em minha mão.

    — Aquele homem… Minha irmã…

    A irmã de Erwen, Daria, estava morta. Ela morreu enquanto bloqueava a magia que o Erudito Caído lançou para matar Erwen.

    — Agora não é o momento. Não aja sem pensar — sussurrei e soltei sua mão. Erwen respirou fundo e recuou. De alguma forma, ela recuperou os sentidos, mesmo após ver um inimigo jurado.

    — Hmm, impressionante. Perder tanta luz nesse período de tempo — o Erudito Caído murmurou inexplicavelmente, olhando para Erwen de longe. — É porque você está perto de alguém com um destino ainda maior?

    Seu murmúrio era desagradável, como os devaneios de um assassino sem coração.

    Meus olhos passaram por ele e viram mais duas pessoas.

    “Pelo traje, provavelmente é o arqueiro que Missha me falou…”

    A última pessoa estava completamente encoberta, envolta em um manto. Pelo formato do corpo, provavelmente era um homem. De qualquer forma, ele parecia ser o novo aliado que Baekho havia mencionado. Alguém que não podia ser revelado ainda.

    “Considerando a composição da equipe, ele provavelmente é um curandeiro…”

    De qualquer forma, agora não era hora para isso. Não quando aquele cara parecia ter despertado.

    Ah-hem! Faz tempo! Barão Yandel!

    Senti meus pelos se arrepiarem com o quão estranho soava a palavra ‘barão’ quando ele a disse, mas era compreensível. Não estávamos sozinhos aqui. Não éramos só nós dois. A razão de ele não ter falado até agora era, provavelmente, para organizar seus pensamentos após nos ver.

    Mas então, percebi a reação dos aliados dele.

    — Baekho… — O guardião se virou para ele e perguntou diretamente — Você está doente?

    O arqueiro também parecia genuinamente surpreso. — Você, então até você fica assim às vezes…?

    Para que os aliados dele ficassem tão surpresos por ele me mostrar um mínimo de respeito, o quão arrogante ele normalmente agia?

    Eu realmente fiquei confuso. Ainda assim, considerando como ele se apresentava no passado, eu conseguia entender.

    Embora, falar assim fazia parecer que ele tinha mudado ou algo do tipo. — Ah, faz tempo! Então, seu nome… Emily Raines?

    Amelia apenas o encarou.

    — Interessante, sabe. Até a Gatinha. Por que todos os meus aliados vão para o Barão Yandel? Honestamente, não faz sentido.

    “O que você quer dizer com não faz sentido?”

    Missha era originalmente minha aliada. E pelo que ouvi de Amelia, ela não se juntou a eles para ser uma verdadeira aliada, mas estava infiltrada como espiã.

    — Sr. Yandel, cuidado — Versyl me alertou, em posição de batalha. — Esse Baekho Lee, ele é muito perigoso.

    Baekho de alguma forma ouviu isso à distância, apesar do tom baixo dela. — Hmm? Você me conhece? Acho que nunca te vi antes.

    — …Nunca nos encontramos antes.

    — Então por que está falando mal de mim?

    Versyl não respondeu.

    — Argh — ele resmungou, estalando a língua. — É por isso que preconceito é perigoso. Agindo como se soubesse tudo sobre mim, mesmo que seja nosso primeiro encontro…

    Mesmo assim, Versyl não respondeu ao tom agressivo dele e evitou olhar para ele. Eu podia perceber à primeira vista que ela estava apavorada.

    — O quê? Eu disse que ia te matar ou algo assim? Relaxa um pouco…

    — Já chega — eu comandei.

    Como líder do grupo, eu não podia ficar parado vendo ele falar. Eu posso ter sido pego de surpresa com o nosso encontro repentino, mas precisava verificar algo primeiro.

    — Baekho Lee.

    — Sim. Pode falar.

    — Você… nos seguiu?

    Quais eram as intenções de Baekho?

    Já que estávamos em menor número e com menos poder, era a primeira coisa que eu precisava verificar. Se as coisas dessem errado, eu poderia me arrepender de não ter trazido todos os membros do meu clã.

    — Seguir vocês? Não acha que isso é um pouco narcisista?

    — Então está dizendo que isso é uma coincidência?

    — Sim. Fiquei realmente surpreso, sabe. Por que o Barão Yandel está aqui? Nesse lugar escuro e remoto, sem testemunhas ou qualquer ajuda?

    Um frio percorreu minha espinha com os comentários ameaçadores dele, mas no fim, dava para perceber que ele só disse isso para ganhar vantagem na conversa.

    Ignorei e usei apenas as informações que ele havia dado. Para ser honesto, pelo que dava para entender da situação, havia uma boa chance de nossos caminhos terem se cruzado por coincidência.

    Então, fui para a segunda pergunta.

    — E quanto a você? O que está fazendo nesse lugar escuro e remoto?

    Qual era o motivo dele estar aqui?

    A resposta que Baekho Lee me deu era algo que eu nunca poderia imaginar.

    — Estou indo à loja de conveniência.

    Ah…

    Eu pisquei. — O quê?

    — Ah! Certo, Barão Yandel, você não sabe o que é uma loja de conveniência, né? Haha, engano meu! Engano meu!

    Esse cara estava completamente fora de si?

    Quando eu apenas o encarei com uma expressão séria, Baekho continuou, parecendo um pouco envergonhado. — Foi uma piada… Provavelmente estamos aqui pelo mesmo motivo, certo?

    — Se por ‘mesmo’ motivo…

    — Hmm? Você não está tentando sair também, Barão?

    “Então é por isso que você também está aqui.”

    — Mas isso me deixa com uma pergunta. Por que você está tentando sair de repente? Pode sussurrar no meu ouvido? Prometo que não conto para ninguém.

    De alguma forma, ele soava ainda mais irritante que o normal, talvez porque não era apenas uma conversa cara a cara com ele. Esse cara pode viver sem se importar com o que os outros pensam, mas eu não posso.

    — Pare de brincadeira. Se está falando sério e esse encontro realmente for coincidência, vou deixar você ir primeiro.

    — Hmm… Certo, eu acho.

    Peguei minhas aliadas e me afastei do portão, enquanto Baekho liderava os dele em direção à porta lateral e entrava em Noark.

    — Mas você acha que ela vai ser o suficiente? — ele me perguntou despreocupadamente ao passar.

    Fiquei em silêncio porque não conseguia dizer de quem ele estava falando.

    Ele sorriu em resposta. — O quê, então hoje é sua primeira vez? Eu imaginei…

    “Imaginou o quê?”

    O jeito que ele disse isso me incomodou, mas eu não queria falar com ele nem mais um segundo. — …Apenas siga seu caminho de uma vez.

    — Certo. Divirtam-se!

    Será que existe alguém mais irritante no mundo?

    Baekho não me deu nenhuma advertência sobre segui-lo ou algo do tipo. Ele apenas seguiu em frente como se não importássemos. Pelas ações dele, pude perceber que a carta que ele me escreveu em coreano não era uma mentira.

    Para ser honesto, eu não tinha certeza. Pelo menos até agora. Foi por isso que pedi a Amelia para ir e checar.

    “Mas Amelia me disse que o lugar provavelmente também seria a praça.”

    Após se mover rapidamente à nossa frente, a equipe de Baekho parou exatamente nesse lugar.

    — Eles pararam.

    Era a praça de Noark, que antes estava cheia de saqueadores.

    Logo, houve um clarão de luz, e tanto Amelia quanto Erwen perderam completamente a noção de onde eles estavam.

    — …Eles desapareceram.

    Com isso, seguimos rapidamente para a praça. Após dar uma olhada no local vazio, Erwen perguntou a Versyl — Aquilo… foi magia, certo?

    — Sim. Um feitiço de teleporte em massa. Considerando o eco da mana… parece que eles ativaram um círculo mágico abaixo da praça…

    — Não se preocupe — eu disse. — Eu conheço o feitiço para ativar o círculo mágico.

    — O quê? Você sabe? — Os olhos de Versyl pareciam gritar, ‘Como assim?’.

    Eu apenas dei uma risada constrangida. — Sou um nobre. Tenho meus meios.

    — Ah…

    Quero dizer, não podia dizer que ouvi isso de Baekho Lee, né?

    — Certo, vou começar.

    Assim que estávamos todos no meio da praça, reuni minhas aliadas ao meu redor, caso algo acontecesse, e então comecei a falar lentamente o feitiço de ativação. Honestamente, era um tanto constrangedor recitar o encantamento, já que parecia mais um poema, mas não tinha jeito. Eu só precisava aceitar que era assim que os magos antigos pensavam nessas coisas.

    — Meu corpo é uma espada. Meu sangue é aço. Meu coração, vidro…

    Mesmo assim, fiquei curioso. Era um feitiço de magia, então por que estavam mencionando uma espada?

    De qualquer forma, continuei pronunciando cada palavra com cuidado.

    — …e esse corpo é formado de espadas.

    Aguentei a vergonha e completei o feitiço, e então…

    Não houve nenhum clarão de luz ou eco estrondoso.

    Minhas aliadas me olharam com olhos cheios de dúvidas, mas o mais confuso ali era eu.

    “O quê? Por que nada aconteceu?”

    Não demorou muito para que eu entendesse o que tinha acontecido. Para ser mais preciso, eu percebi.

    — O quê, então hoje é sua primeira vez? Eu imaginei…

    Entendi o que o último comentário de Baekho queria dizer.

    “Eu deveria ter notado quando ele não ficou bravo.”

    Fui enganado. Uma raiva intensa começou a subir do fundo do meu coração. No entanto, apenas ficar irritado não ia me ajudar.

    — Uh… Talvez a informação que você conseguiu estivesse um pouco errada! Isso acontece!

    — …Não fique tão mal. Ser nobre não garante que você terá informações corretas.

    Ignorando as tentativas de consolo das minhas aliadas, rapidamente comecei a pensar em uma solução. — Versyl, você poderia…

    — Isso é impossível por agora. Há muitas condições que precisam ser cumpridas para ativar um círculo mágico antigo como esse.

    — Quanto tempo vai levar?

    — …Eu não sou especialista nessa área. Então, não tenho ideia. Nem sei quanto tempo levaria.

    Aquele desgraçado.

    — Mas você acha que ela vai ser suficiente?

    Agora eu entendia para quem era o comentário despreocupado dele. E, infelizmente, parecia que Versyl também tinha percebido isso.

    — Por algum motivo, hoje… está cheio de coisas que me irritam.

    Apesar de ter dito que estava brava, a emoção que percebi na voz dela era mais de aceitação do que de resignação.

    Eu entendia como ela se sentia. Na realidade, havia poucas pessoas nesta era que poderiam se tornar um mago de mais alto escalão, como o Erudito Caído.

    “…Isso é algo que ela vai ter que superar sozinha.”

    Pensando nisso, Rotmiller também havia passado pelo mesmo. Para sentimentos como esse, oferecer consolos vazios não adiantaria nada. O que importava era a pessoa superar e derrotar essas emoções sozinha.

    — …Posso dar uma olhada nisso sozinha?

    — Claro. Vamos nos afastar para você.

    — Certo. Obrigada.

    Atendendo ao pedido de Versyl, nos afastamos da área. Sem ter muito o que fazer, decidimos dar uma volta por Noark.

    Para ser honesto, Versyl não era a única lutando com seus pensamentos. Alguém mais estava sofrendo ainda mais.

    Olhei em sua direção e a chamei cautelosamente — Erwen.

    — Sim?

    — Está tudo bem?

    Ela parou por um momento. — Sim, estou bem. Ainda não é a hora, certo? Ainda não.

    Eu não me sentia à vontade, mesmo ela fazendo o possível para sorrir. Amelia parecia sentir o mesmo. Ela se pronunciou, mudando de assunto, após caminhar em silêncio ao meu lado.

    — A propósito, Yandel. Isso é algo que eu estava me perguntando antes… mas o que é uma loja de conveniência?

    — Ah, isso…?

    Eu sabia que ela estava tentando mudar de assunto, então forcei um tom de voz mais animado e continuei a conversa.

    — …É bom. Parece que estamos fazendo um piquenique.

    Felizmente, Erwen parecia se sentir um pouco melhor depois de algum tempo. No entanto, eu achava difícil entender como andar por uma cidade subterrânea escura, sem nenhuma luz natural, poderia parecer um piquenique.

    — Agora que penso nisso, foi aqui que eu reencontrei você, senhor…

    — Isso mesmo. Sabe o quanto eu fiquei surpreso naquela hora?

    — …Desculpe. Estava tudo tão caótico naquela época.

    — Não estou te culpando. Não se desculpe.

    De qualquer forma, após terminarmos nossa caminhada inesperada e voltarmos para a praça, pude ver que Versyl ainda estava no chão, investigando algo minuciosamente.

    — Que tal descansar um pouco? — sugeri. — Como já liberei a agenda, podemos ficar aqui por mais alguns dias.

    — Ah… Certo.

    Aquilo chamou minha atenção. — Você encontrou algo?

    Versyl ficou em silêncio por um tempo antes de responder com uma voz extremamente baixa — Encontrei.

    — Oh, que ótimo ouvir isso…

    — Descobri que não sou capaz de aprender nada útil sobre isso. Nem se eu tivesse anos para estudar.

    Ah…

    A admissão dela me deixou momentaneamente sem palavras, mas eu percebi que ela não estava completamente desesperada, considerando o que disse a seguir.

    — Honestamente, isso é natural. Eu nunca estudei nessa área, apenas magia de combate.

    Não parecia que ela estava tentando se justificar. Era mais como se ela estivesse aceitando a realidade da situação.

    — Então, estou desistindo. Por favor, não diga que me falta determinação.

    — Nem passou pela minha cabeça.

    — É realmente embaraçoso, mas, bem, não tem jeito. Desculpa. Se você quiser investigar mais, vai precisar de um mago muito mais poderoso que eu e especializado nisso.

    Um mago especializado… — Você tem alguém que recomendaria?

    — Tenho. Se for ele, talvez ele consiga fazer isso ainda mais rápido que o Erudito Caído.

    — Mais rápido que o Erudito Caído? — perguntei, inclinando a cabeça. — Quem é?

    O nome de alguém que eu nunca esperaria ouvir saiu da boca de Versyl.

    — Yurven Havellion.

    Yurven Havellion.

    — A pessoa apelidada de Engenheiro Mágico. O chefe de uma das escolas de magia, e o deus dos magos especializados em produção.

    Embora a explicação de Versyl estivesse correta, olhando de perto, ela deixou de fora uma informação importante.

    Yurven Havellion. O GM dos Caça-Fantasmas, a comunidade de espíritos malignos.

    “…Aproveitar essa chance para encontrá-lo pode não ser uma má ideia.”

    Um pequeno gesto, um grande impacto!

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