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    Yuki dormiu, encostado em uma das paredes da nave, se debatendo como se tivesse tido um pesadelo. Sua parceira se aproximou, tentando acordá-lo. Ele abriu os olhos, vermelhos, com a respiração fraca e as mãos tremendo.

    — Estamos chegando.

    — Certo… Quanto tempo se passou desde que saímos?

    — Cerca de um dia, então não devemos ter tantos problemas.

    — … Yuu. Você poderia… Me abraçar? — A princípio, a garota não entendeu o que seu colega estava sentindo, mas aceitou o pedido. Ela o abraçou, sentindo o corpo trêmulo e o coração acelerado dele. Ele não estava bem, e aquele momento foi um sinal claro de que ele precisava de ajuda. — Obrigado…

    — Yuki, você já matou alguém?

    — … Já.

    — Foi alguém que você conhecia?

    — Eu menti para todo mundo, dizendo que o orfanato pegou fogo. Mas o que realmente aconteceu foi que eu explodi. Tive um pesadelo naquela noite e um dos meus poderes saiu do controle. Eu fiquei em chamas. Eu era uma criança. Corri para pedir ajuda às outras crianças e acabei incendiando os quartos. Tentei pedir ajuda aos adultos, mas, em vez de me ajudarem… Eles… Eu vi a pessoa que me criou desde bebê apontar uma arma para mim e atirar. Mas eu não morri. Quando acordei, o orfanato inteiro estava em chamas, e eu estava do lado de fora com a Aya nas costas, vendo tudo queimar.

    — Yuki, isso não foi sua culpa. Você era apenas uma criança. Não tinha controle sobre seus poderes. — Yuu observou o olhar vazio do colega, enquanto as lágrimas escorriam de seus olhos. — A primeira guerra da qual participei foi quando eu tinha seis anos. Meu pai me obrigou a acompanhar um batalhão que marchava para acabar com uma tentativa de revolução contra o governo dele. Eu não matei ninguém naquele dia, mas vi toda uma cidade ser massacrada só porque alguns ousaram levantar a voz. E quando tentei fazer o mesmo, quando parei de ser conivente com os atos imorais do meu pai, ele mesmo me matou.

    — Quer ouvir uma música?

    — Você realmente gostou disso, não é?

    — É a única coisa que me ajudou a relaxar.

    — Você sabe praticar o amor próprio?

    — Você é uma pervertida mesmo.

    — E não relaxou ao me xingar?

    — Que amizade tóxica desenvolvemos…

    A princesa sorriu, recebendo a notificação em seu traje de que já estavam entrando na atmosferada Terra. A dupla seguiu para a área de carga, onde esperou o pouso da nave, que ocorreu minutos depois. Ao abrirem a porta de carga, foram surpreendidos por Kai, que voou em direção aos dois, abraçando-os enquanto chorava de preocupação.

    — Calma… A missão foi um sucesso.

    — Que bom…

    — Se eu não tivesse trazido o intrometido aqui, talvez não tivéssemos conseguido.

    — Obrigado, Yuki — disse a princesa de cabelos violetas, sorrindo graciosamente, o que fez seu colega corar e virar o rosto.

    — Vamos para outro lugar, o piloto precisa voltar. — Explicou a princesa enquanto descia da nave. — Não esqueça do presente do Mestre Joseph. — O jovem pegou o cilindro contendo Icor, o que surpreendeu Kai. — O velho sabe dar bons presentes.

    — É a primeira vez que vou trabalhar com essa preciosidade — afirmou a princesa, com os olhos brilhando de forma hipnotizante enquanto encarava o cilindro.

    — Vamos para casa. Preciso tirar essa armadura e tomar um bom banho.

    — Vamos…

    Na casa de Yuki, a dupla foi surpreendida por Aya, Axel e a Diretora Emily Asheville. Yuki foi abraçado por Aya, que demonstrou saudades, mesmo que apenas dois dias tivessem se passado. Já a princesa foi recebida pelo namorado, que a envolveu em um abraço caloroso, apesar de não ter crescido nos últimos três anos.

    — Bem-vindos de volta. Vejo que conseguiram cumprir suas missões.

    — Com êxito e algumas regalias. Mas desculpa, pessoal, preciso fazer algo antes de comemorarmos. — Quinze minutos depois, Yuki saiu do banheiro já vestido, com o cabelo cortado e penteado, indo para a sala de estar.

    — Você corta tanto o seu cabelo que deveria se tornar cabeleireiro — brincou a Diretora, deixando todos chocados, pois nunca a viram agir assim. — O que foi? Estou de folga. Só quero relaxar e comemorar que meu protegido está bem.

    — A mulher das mil faces.

    — Continua… Vai…

    — Esquece.

    — Ainda bem. Agora, como vocês vão trazer a Rainha de volta à vida?

    Yuu sorriu, pedindo logo depois para Kai, Axel e Yuki abrirem espaço para que ela expusesse o corpo cristalizado da mãe de seu corpo.

    — Tudo o que a Kai precisa fazer é tocar o cristal. Quando uma mulher Cris dá à luz, seu corpo se cristaliza após o parto para facilitar o Vínculo de Alma entre mãe e filho. O corpo volta ao normal após o vínculo ser completado. Nosso pai e as parteiras não sabiam disso, então acharam que nossa mãe tinha morrido. Nunca tivemos permissão para nos aproximar do trono, o que fez nossa mãe permanecer assim por 68 ciclos (20 anos).

    — Chegou a hora… Da senhora voltar. Mãe… — murmurou a princesa de cabelos violetas ao tocar o cristal, que começou a brilhar, assim como o corpo da garota. Quando o show de luzes cessou, todos se surpreenderam ao ver a Rainha abraçando sua filha mais nova, que agora tinha uma aparência ligeiramente diferente, mais jovem. — Bem-vinda de volta.

    — Obrigada por me trazerem de volta.

    A Rainha se levantou com a ajuda da filha, revelando seu belo cabelo rosado com interior violeta, olhos rosados e expressão gentil e inocente, parecendo uma princesa de contos de fadas.

    — Agora entendo por que vocês são tão bonitas. É de família — afirmou Axel, levando um cotovelaço da namorada, o que fez a Rainha rir levemente.— Eu não sei os seus nomes.

    — Me chamo Axel, sou o…

    — O bundão aqui é o meu marido.

    — Obrigado por cuidar da minha filha.

    — Cuidou muito bem — disse a princesa em tom sarcástico.

    — E as garotas?

    — Sou Aya, irmã do Yuki.

    — Naomi Emily Asheville, sou responsável por manter essas crianças na linha.

    — E bem… Nós já nos conhecemos — disse Yuki, sendo abraçado pela Rainha. Ele sentiu algo estranho: seu corpo ficou mais leve e suas preocupações desapareceram enquanto retribuiu o abraço. O momento se estendeu por alguns minutos, até que as princesas separaram os dois.

    — Me desculpe, é que você me lembra alguém.

    — Sem problemas. Se precisar de um abraço, é só pedir.

    Todos notaram um clima estranho entre os dois, e Axel chamou Yuki de lado. — Você sabe que ela tem idade para ser sua mãe, né?

    — Não estou atraído por ela. Nem nada assim.

    — Ainda bem, não dê mais motivos para o Imperador destruir a Terra.

    — Sobre o que vocês estão conversando? — perguntaram as garotas.

    — Estava me perguntando onde a senhora Yuka vai dormir.

    — Eu disse que hoje vou dormir no sofá com o Axel, e o trio do cabelo colorido pode aproveitar minha cama nova… Antes de mim… — ele suspirou — É meio triste. Gastei minhas economias em uma cama nova, e um casal de pervertidos já a usou a noite toda.

    — Na verdade, Yuki, tenho um pedido a fazer.

    — O que seria, Rainha?

    — Você pode dormir comigo?

    — ……….. O quê!?

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