Índice de Capítulo

    Yuki decidiu ir até o restaurante em que Aoi trabalhava, encontrando-o com outras duas garotas gêmeas, de pele bronzeada e cabelos loiros, ensaiando.

    Ele aplaudiu a apresentação de sua amiga, que ainda estava em transe enquanto cantava, notando que alguém assistia apenas depois de toda a cantoria.

    — Bom dia, Vacilão.

    — Que ousadia a sua, vir aqui depois de magoar a maninha.

    — Meninas, parem! Yuki, por que você veio aqui?

    — Eu vim te convidar para ir ao show de hoje à noite.

    — Tem certeza? Você não acha melhor levar outra pessoa?

    — Ah, Kai já vai, e o resto do pessoal da casa não quis, só me restou você.

    — Hum… É estranho você querer ir a um show de J-Rock. Pensei que você odiasse.

    — Eu só não gosto.

    — Então por que você vai.

    — Uma velha conhecida vai estar lá.

    — Só tem um probleminha na sua proposta. Nós fomos chamadas para tocar na abertura do Show de Princesa.

    — Princesa?

    — Digo, a Senhorita Karen Iamasaki.

    — A Princesinha do J-Rock…? Por acaso ela tem cabelo rosa, mais ou menos 1,60m e um corpo mediano?

    — Você a descreveu a perfeitamente.

    — Bem… é que foi ela quem me deu o passe.

    — ………. Tá de zoeira?

    — A gente vem ensaiando no espaço de show, tentando conhecê-la. E, no fim, você já a conhece.

    — Que exagero. Eu só saí para dar uma caminhada e acabei me encontrando com uma garota derretendo debaixo do sol, então dei um pouco de água e companhia. Em troca, ela me deu o passe.

    — Que inveja.

    — No fim, somos só eu e a Kai. Desculpe por incomodar e atrapalhar vocês. Bom show… — disse o jovem ao começar a sair do local, sendo interrompido por uma das gêmeas que o puxou para dentro.

    — Você veio aqui, pelo menos beba alguma coisa.

    — Tá certo. O que vocês recomendam?

    Após alguns minutos, Yuki deixou o local, indo para sua casa, onde encontrou Kai sentada na varanda, pensativa.

    — Quer um chiclete?

    — Meu organismo anda estranho. Então acho melhor não.

    — A comida da Terra está te fazendo mal.

    — Podemos dizer que sim. Você nunca sentiu isso por ter crescido aqui desde bebê. Já eu tive o azar de ir parar em um planeta diferente, estando fraca, ferida e quase sem poderes.

    — Hum… O que mais te faz mal do que você tem comido?

    — Doces, comidas ricas em gordura, sal, e, por algum motivo, a água deste planeta me faz ter náusea.

    — Mesmo assim, você continua comendo e bebendo.

    — O Axel conseguiu alguns suprimentos para mim, mas eles estão acabando.

    — Kai… Posso fazer uma coisa?Yuki agarrou Kai, beijando-a enquanto olhava em seus olhos azuis, que se tornaram violetas por um momento, voltando ao normal quando ele a soltou.

    — Depois de eu vencer todos os generais, quero que você fique aqui. Quero que você fique comigo.

    — … Me desculpe, mesmo eu te amando, eu não quero ficar presa a alguém.

    — Está bem… Quer um chiclete?

    — Você é… Quer saber, eu ia falar que você é inabalável, mas eu já vi sua verdadeira face.

    — A cantora de hoje foi a primeira garota que eu amei. Por um tempo, eu sofri em silêncio, pensando que não podia amar ninguém. Aí eu me apaixonei por você, depois descobri que a Rekka estava viva e feliz. E agora, recebo um chute desses.

    — Tá tentando me convencer pela pena?

    — Eu nunca faria isso. Como você mesma falou, “Você já viu minha verdadeira face.” Só queria que você ouvisse isso da minha boca.

    Kai se aproximou do jovem, aproximando seus lábios do garoto, brincando com ele.

    — À noite, você tem que decidir. Você ainda ama a cantora ou começou a me amar?

    — E se… se for ambos?

    — Você não é louco o bastante para tentar ter duas esposas ao mesmo tempo.

    — Eu sou louco o bastante. Mas, então, vai querer o chiclete? Eu não curei suas deficiências em relação à Terra. Então você nem quer tentar mascar um chiclete.

    — Qual o sabor?

    — Morango, o meu favorito. Se eu não tivesse minha regeneração, meus rins já estariam mortos de tanto doce que eu como.

    — Nossa regeneração devora nossas proteínas e gorduras para ser ativada.

    — Ou seja, se formos presos, deixados com fome enquanto somos torturados para que minha regeneração seja ativada constantemente, chegará um momento em que meu corpo vai se auto devorar até eu morrer.

    — Você acabou de resumir um dos meus treinamentos. — Kai finalmente pegou o chiclete, e a dupla se levantou, tomando um susto ao olharem para trás. Viram Aya, Axel, Yuu e a Rainha os observando, com a rainha tendo um sorriso bobo ao ver sua filha encontrando o amor. — O quanto da conversa vocês ouviram?

    — Nada. Só assistimos.

    — Nós não estamos namorando.

    — Na verdade, nós gostamos um do outro, mas não é o momento certo para termos esse tipo de relacionamento.

    — Por enquanto, somos só amigos.

    — Estraga-prazeres. — O grupo se afastou, deixando a dupla sozinha, fazendo com que eles caíssem na risada.

    — Vamos nos arrumar para o show?

    — Vamos…

    A dupla foi em direção ao banheiro, ficando em dúvida sobre quem iria tomar banho primeiro, decidindo tomar juntos, com os dois ajudando um ao outro a se limpar e ficando juntos por um momento dentro da banheira.

    — Hum… Agora que eu notei, não tenho nenhuma roupa da Terra.

    — E não precisa. E também eu não teria dinheiro para comprar para você.

    — Que tal eu inventar? — A garota saiu de dentro da banheira, indo para o quarto, com o jovem indo para lá minutos depois. Ele a encontrou usando um vestido curto sem alças de cor preta rendado em um padrão de flores, além de um cardigan vermelho escuro, uma meia-calça preta e um salto que a fazia ter quase a mesma altura de Yuki.

    — Você está linda. Meio punk e linda. Só faltaram os brincos e pulseiras de espinhos.

    — Não sei o que é uma pessoa punk, então vou levar como um elogio. E você, como vai?

    — Básico. Não há por que me enfeitar demais. — Disse o jovem ao começar a se vestir. Saindo por um momento, ele voltou minutos depois. Quando foi para o quarto, a garota o viu vestindo uma calça jeans preta, uma camisa azul de manga longa e um colete cinza com capuz. — Não é preciso se emperiquitar para ficar bonito.

    **Legenda:**

    Quando uma música começa, as palavras entre (_) significa que são os back vocals cantando e quando entre [_] significa que são a cantora principal junto dos back vocals.

    Yuki e Kai saíram de casa e foram em direção ao Espaço de Show. Ao chegarem lá, tomaram um susto ao verem a fila, que já podia ser vista a muitas ruas de distância.

    — Então, a gente vai ficar no fim da fila?

    — Na verdade, não. Nossa amiguinha nos deu um Passe de V.I.P.

    — Que significa?

    — Primeira Fila sem ter que pegar fila!

    — Deus abençoe o Nepotismo!

    Depois de algumas horas, o espaço de show se encheu com cerca de 10.000 pessoas de todas as três sessões de Cordun Key. A noite estava caindo, e as luzes do palco foram acesas com um padrão de cores: azul, amarelo, rosa e branco. O solo de bateria da primeira banda começou a tocar, sendo a segunda de Aoi. Ela cantou a música mais cedo e conseguiu animar o público, que não parecia ter gostado muito da primeira banda. Tudo parou por um momento logo após o fim do show de entrada das amigas de Yuki.

    **Círculo Eterno**

    *Um piano triste começou a tocar enquanto Karen cantava de fora do palco.*

    Sozinha… Estive por toda a minha vida…

    Mesmo com tantos à minha volta,

    Sozinha… Era a minha realidade

    Até…

    *Um solo de guitarra começou, e uma garota de longos cabelos rosados entrou no palco usando um vestido branco.*

    Tudo mudou naquele dia.Eu estava lá, pronta para… [você sabe].

    Mas então você veio até mim, para me impedir, dizendo que eu era importante para você.

    Eu… achava que era invisível,Ignorada por todos,

    Sem voz para falar.

    Mas você, na verdade, sempre esteve me ouvindo,

    Sabia o quanto eu sofria

    E queria me ajudar.

    **Refrão**

    Então foi assim,

    Que em um instante, vi meu mundo todo mudar.

    Eu não conseguia ver, mas, na verdade,

    Você sempre esteve aqui.

    Para mim…

    Pronto para me acolher…

    (Então foi assim)

    (Que em um instante, vi meu mundo todo mudar)

    (Eu não conseguia ver, mas, na verdade)

    (Você sempre esteve aqui)

    Sempre esteve aqui… por… mim…

    O solo de guitarra se intensificou enquanto Karen olhava para Yuki na plateia, que estava com o rosto coberto por lágrimas.

    Depois de mais algumas músicas, Karen sinalizou para a banda parar de tocar. Ela então se ajoelhou no palco, fechando os olhos e deixando todos em suspense.

    — Vocês já notaram que as rosas têm vários significados, dependendo apenas de sua… — Karen se levantou e foi até o backstage, onde trocou o microfone por um de lapela e pegou seu violão. — Podemos ter uma conversa? Não de cantora para público, mas de Yamazaki Rekka e seus amigos. Segundo a nossa programação, eu faria uma cena agora e então cantaria *Rule of Roses*. Mas eu não quero que uma música que usa flores como analogia para os tipos de amor seja a minha última. Sim… Este é o meu show de despedida. Foram longos seis anos cantando, atuando e dançando pelo mundo. Falando em voz alta, até que eu durei nesse trabalho. Me digam, para vocês é algum problema a namorada perfeita de muitos caras ter 19 anos, quase 20? Para alguns, eu já sou uma idosa. — O público riu, enquanto um membro da equipe trazia um banco para ela se sentar. — Esta música que vou cantar agora… foi feita para uma pessoa que eu amo muito. E quero que ela seja a última que canto em um palco como cantora profissional. Mas, para isso, não posso mais ser a Karen. — A garota de cabelos rosados puxou a peruca, revelando seus cabelos negros, fazendo Yuki sorrir.

    — *My Reunion*

    Nós éramos crianças, vivendo uma fantasia irônica,

    Prometendo ficar juntos para sempre.

    Mas a vida não é perfeita;

    Tivemos que nos separar.

    Eu tive que ir embora.

    Enquanto você teve que assistir,

    Eu vi suas lágrimas escorrerem,

    Nosso vínculo se rompeu

    Para que hoje pudéssemos reforçá-lo.

    **Refrão**

    Estive te esperando

    Aqui, onde nos conhecemos,

    Pois foi aqui que eu disse que te amava.

    Estou pronta para ouvir toda a sua história.

    Vivemos em mundos diferentes por tanto tempo,

    Tivemos histórias diferentes,

    Mas estamos aqui.

    Então eu te pergunto

    Mais uma vez…

    — Você ainda me… — Yuki pulou no palco e pegou o violão das mãos de Rekka.

    — Sim. — O casal se beijou, com as asas do jovem se abrindo, enquanto a plateia ficava em choque e os seguranças começavam a ir até eles, mas eram parados pelos backvocals da cantora.

    — Eu senti sua falta… Yuki.

    — E eu a sua, Rekka.

    — Senhorita Yamasaki, isso é uma quebra do seu contrato! — gritou o empresário da garota, com ela rangendo os dentes e apertando a mão com tanta força que suas unhas a perfuraram.

    — Bota pra fora.

    — Me desculpem pelo palavrão, mas… QUE SE FODA ESSA MERDA DE CONTRATO!

    — Uau… Isso é raiva acumulada.

    — Eu não sou sua propriedade, seu escroto.

    — Já está exagerando… — disse o jovem, sentindo um pressentimento e olhando para o céu, com a expressão mudando para uma mais séria.

    — Verdade…

    Enquanto a discussão entre o casal e o empresário acontecia no palco, Kai recebeu um alerta de que um dos generais estava se aproximando.

    — Yuki! Um general está vindo! — gritou a garota, mas o alvoroço impediu que ele a ouvisse. O céu começou a clarear, mesmo sendo noite.

    O jovem suspirou por um momento e empurrou Rekka para perto dos backvocals. — Atlas… — O traje de combate do garoto se montou sobre sua roupa, deixando-a em farrapos. Ele se virou rapidamente e deu um soco no ar, pois o que estava clareando o céu era o General Gladus, descendo do espaço como um meteoro e usando um dispositivo de camuflagem para ficar invisível.

    — X-Change! — De repente, Yuki se viu no lugar do inimigo, sendo lançado em direção à plateia, que se afastou, abrindo um buraco na multidão. Ele caiu direto no concreto.

    — Sério que você decidiu me atacar em um lugar aberto, grandalhão? Sem contar que está meio adiantado.

    As pessoas não entendiam o que estava acontecendo, achando que tudo aquilo era uma encenação. Mas as desconfianças acabaram quando o general, ao tentar atingir Kai que estava abaixada, deu um tiro que atravessou duas pessoas antes de atingir seu alvo. As pessoas começaram a correr de medo, pisoteando a dupla. Inclusive as pessoas no palco, exceto Rekka, que pegou uma guitarra e a quebrou no capacete do general. Isso o fez rir, e ele agarrou o braço da garota, deixando Yuki furioso.

    — X-Change! — Yuki copiou a habilidade do inimigo e trocou de lugar com sua amada. — Ninguém toca na Rekka — afirmou o jovem, com seus olhos violetas tornando-se dourados.

    — Você é muito atrevido, HUMANO! — gritou o general, batendo o corpo do jovem no chão e destruindo o palco, sobrando apenas escombros. Ele riu, achando que tinha derrotado Yuki facilmente.

    Na verdade, Yuki estava próximo de Rekka e do violão da cantora.

    — Rekka, por favor, tire ela daqui — pediu o garoto, com seus olhos agora verdes como os dela, brilhando e transmitindo o mesmo brilho para ela.

    A garota de cabelos negros ficou paralisada de medo por um momento, mas se recompôs, levantando-se enquanto colocava Yuka nas costas.

    — Está pronto, humano?

    — Sempre… babaca.

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