Olá, segue a Central de Ajuda ao Leitor Lendário, também conhecida como C.A.L.L! Aqui, deixarei registradas dicas para melhor entendimento da leitura:
Travessão ( — ), é a indicação de diálogos entre os personagens ou eles mesmos;
Aspas com itálico ( “” ), indicam pensamentos do personagem central em seu POV;
Aspas finas ( ‘’ ), servem para o entendimento de falas internas dentro da mente do personagem central do POV, mas não significa que é um pensamento dele mesmo;
Itálico no texto, indica onomatopeias, palavras-chave para subverter um conceito, dentre outras possíveis utilidades;
Colchetes ( [] ), serão utilizados para as mais diversas finalidades, seja no telefone, televisão, etc;
Por fim, não esqueça, se divirta, seja feliz e que os mistérios lhe acompanhem!
Capítulo 10 — Bestas Famintas
Leonard segurava a espada com ambas as mãos trêmulas, recuando até sentir as costas pressionarem o tronco áspero de uma árvore.
“Já?! Droga, eu precisava me distanciar mais!”
Os lobos avançavam, cada um com uma visão grotesca de terror. Seus quatro olhos, alinhados em pares sobrepostos, brilhavam com fome insaciável. Mandíbulas abertas mostravam dentes manchados de sangue, enquanto pedaços de pele eram arrancados de seus rostos deformados a cada movimento. Perto das patas, a carne parecia esculpida em pedra roxa, reforçando a impressão de criaturas saídas de um pesadelo.
O primeiro lobo saltou na direção de Leonard, que logo se jogou para o lado, escapando por pouco, e antes que pudesse recuperar o fôlego, os outros dois atacaram em sequência. O primeiro monstro bateu a cabeça no tronco atrás dele com um impacto seco.
Os dois ataques foram certeiros, um deles cravou os dentes na coxa direita de Leonard, arrancando um grito de dor. O outro, veloz e implacável, avançou em direção ao pescoço do homem enquanto ele ainda tentava se equilibrar.
Sem tempo para pensar, Leonard ergueu a espada gasta e empurrou a lâmina pela boca do lobo que pretendia morder o seu pescoço, forçando-a com toda a sua força até atravessar o crânio. O monstro caiu, morto, mas seu peso e o impacto o jogaram no chão. Sua coxa, agora estraçalhada e sangrando profusamente, latejava de dor.
Leonard empurrou o cadáver para o lado, o som da carne rasgando e do metal raspando contra os ossos reverberando em seus ouvidos. O corpo morto rolou para cima do lobo que mordia sua coxa, atrapalhando momentaneamente seu movimento.
— Primeiro, esse desgraçado… — Leonard murmurou entre grunhidos de dor, lutando contra a onda de desespero que tomava conta de sua mente.
Com uma respiração pesada e descompassada, Leonard reuniu o pouco de força que lhe restava.
“Merda, merda, merda, merda…”
Apoiando-se na espada, ele se arrastou para trás até encontrar o suporte de outra árvore. Seu corpo tremia, o sangue escorria em poças ao redor, mas ele ergueu a lâmina mais uma vez, apontando-a para os lobos restantes.
— Venham, seus desgraçados!
O lobo que havia arrancado parte de sua coxa cuspiu o pedaço de carne no chão e avançou furiosamente. O outro, ainda atordoado pela colisão com a parede, encontrou um momento de brecha e saltou, cravando os dentes no ombro de Leonard. Ele gritou, a dor era tão intensa que parecia partir seu corpo ao meio.
Lutando para resistir, Leonard torceu o punho e enfiou a espada no olho do primeiro lobo. Puxou e estocou novamente, repetindo o movimento. Leonard estava em um frenesi desesperado. O sangue e os miolos da criatura espirraram por todos os lados, cobrindo o chão em um padrão grotesco. Mesmo enquanto a vida escapava de seu corpo, o monstro arranhou o peito de Leonard com as garras feitas de pedra, abrindo cortes profundos que jorravam sangue como pequenas cascatas.
O segundo lobo avançou, tentando cravar os dentes no pescoço do homem. Leonard, em um ato de reflexo, ergueu a espada entre a mandíbula da criatura e sua própria carne. O peso do lobo pressionava a lâmina contra ele, a respiração quente do monstro invadindo suas narinas enquanto suas forças se esgotavam rapidamente.
— Eu vou… voltar para casa… nem que custe todo o meu sangue! — rugiu, empurrando com tudo que tinha.
Crash! Crash! Crash!
A lâmina finalmente cedeu. Um estalo metálico ecoou pela floresta, tão alto e cortante quanto o grito que escapou dos lábios de Leonard. Com um último esforço, ele ergueu o fragmento restante da espada e o enterrou no crânio do lobo. O aço rachado abriu caminho pela carne e ossos até que a cabeça da criatura se separasse do corpo, tombando sem vida ao lado dele.
A vitória era uma sensação amarga. Leonard desabou no chão encharcado, o peso do próprio corpo esmagando-o contra a terra fria. Sua respiração era um sussurro áspero, cada fôlego mais difícil que o anterior. O sangue fluía de seus ferimentos, um vermelho vibrante misturando-se às primeiras gotas de chuva que caíam do céu carregado.
— Eu… não posso… desistir… — sussurrou ao vento.
O jovem tentou se levantar, com o corpo repleto de ecos de dor, fraquejou e bateu o rosto no chão novamente. Aquilo perdurou por um minuto, até que conseguisse se apoiar no tronco da árvore novamente.
Com mãos trêmulas, rasgou pedaços do tecido de sua roupa. Improvisou torniquetes rudimentares, amarrando-os com força ao redor das feridas. Era um trabalho desesperado, mas necessário. A cada amarração, um novo jorro de dor o fazia ranger os dentes.
— Aaaah!
Ele sabia que permanecer ali seria seu fim. Com uma determinação que beirava o desespero, usou o que restava da espada como apoio, forçando-se a levantar. Seus joelhos fraquejavam, cada passo era um suplício, mas ele se obrigava a continuar. Um após o outro. Sempre se arrastando para frente.
A floresta ao redor parecia distorcida. O vermelho das árvores misturava-se ao cinza da tempestade que agora rugia com força. A chuva castigava seu corpo, pesada e gelada, enquanto o vento cortava como lâminas invisíveis. A sensação de sufoco era constante, como se o próprio ar conspirasse para derrubá-lo.
— O que Calli faria… nessa situação? — murmurou entre soluços de dor, um sorriso trêmulo e amargo desenhava-se em seu rosto.
As lembranças vieram como um raio de luz em meio à penumbra. Calli, sempre determinado, sempre forte, mesmo não conseguindo sorrir mais igual antigamente. O som do riso de sua avó, tão caloroso, tão cheio de vida. As perguntas do pequeno James, tão inocentes e divertidas. Eram eles que o mantinham de pé, mesmo quando tudo ao seu redor parecia desmoronar.
— Eu não posso… desistir. — sussurrou novamente, as palavras agora um mantra que o fazia avançar.
Finalmente, o corpo exausto cedeu. Leonard caiu de joelhos, depois tombou ao lado da espada quebrada que havia fincado no chão. A lâmina era um reflexo cruel de sua própria condição: útil, mas prestes a ser descartada. Seu sangue continuava a tingir o solo encharcado, pequenos rios rubros escorrendo para longe, misturando-se à torrente incessante da chuva.
A água fria lavava seus ferimentos, trazendo alívio e agonia em igual medida. O mundo parecia girar ao seu redor, a escuridão ameaçava engoli-lo por completo.
Fechou os olhos, os lábios, formando palavras quase inaudíveis:
— Ainda não… ainda não.
O som da chuva preenchia o silêncio, uma sinfonia melancólica que acompanhava a respiração fraca e irregular de Leonard. E mesmo no limite entre a vida e a morte, algo dentro dele queimava como uma chama teimosa, recusando-se a apagar.
Atenção! Caso tenha algum erro que tenha passado despercebido na revisão, peço que me avisem aqui mesmo ou no discord, ainda sou meio animal em acentuações…
Amanhã tem mais dois capítulos, após isso programação normal na terça.
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