Olá, segue a Central de Ajuda ao Leitor Lendário, também conhecida como C.A.L.L! Aqui, deixarei registradas dicas para melhor entendimento da leitura:
Travessão ( — ), é a indicação de diálogos entre os personagens ou eles mesmos;
Aspas com itálico ( “” ), indicam pensamentos do personagem central em seu POV;
Aspas finas ( ‘’ ), servem para o entendimento de falas internas dentro da mente do personagem central do POV, mas não significa que é um pensamento dele mesmo;
Itálico no texto, indica onomatopeias, palavras-chave para subverter um conceito, dentre outras possíveis utilidades;
Colchetes ( [] ), serão utilizados para as mais diversas finalidades, seja no telefone, televisão, etc;
Por fim, não esqueça, se divirta, seja feliz e que os mistérios lhe acompanhem!
Capítulo 30 — A Fotografia (4)
Com um baque absurdo, Leonard levou a cabeça para trás, ainda incrédulo, a única coisa que conseguia fazer nesse momento era rir.
— Hahahaha, esse é definitivamente o inferno. — Colocou a mão esquerda no próprio olho, tampando-o.
Louis permaneceu quieto, observando seriamente Leonard em algum momento, franziu o cenho, mas obteve a própria resposta.
— Isso sempre foi notável, você acha que o Dante ficava olhando para aquele relógio de bolso toda hora por quê?
Uma dúvida súbita apareceu na mente do jovem, afinal, já havia percebido esse fato, no entanto, nunca procurou entender o motivo, caso tenha.
— Entendi…
— Existem cinco tipos de estigmas, cada um contendo suas características peculiares, mas isso é algo que você aprenderá posteriormente com alguém, não temos muito tempo.
Enquanto a tarde parecia voar, Leonard não percebeu que faltavam poucos minutos para o sol se pôr e acabar o seu “expediente”.
— Uh, senhor Louis, quais são os cinco tipos? — Observou no espaço entre as sobrancelhas do homem, dando-lhe a impressão de que olhava em seus olhos.
O caçador Solomon hesitou por alguns instantes, sabe-se lá o que passava na cabeça do mesmo.
“Por que parece que ele não quer dizer? Que estranho…”
— Ah, esqueci de perguntar isso, mas por que estigma?
Louis voltou a explicar dessa vez, mas Leonard sentia que o mesmo havia negligenciado sua pergunta anterior por algum motivo em particular.
— Estes chamados legados ocultos formam uma marca anômala na alma do indivíduo e é por isso que usuários mais experientes conseguem identificar quem porta uma, vendo além da própria alma. Usamos a designação de um estigma justamente por isso, uma cicatriz na alma, mas não, não são os estigmas que desorganizam a estrutura de uma alma, como aconteceu com a sua.
Leonard aos poucos, começou a ter um vislumbre de uma relação que nunca conseguiu obter com alguém após a morte de sua avó. Louis não era um pai para ele, igual como os outros o chamavam.
Para o mesmo, Louis era um avô, um avô sábio e, além disso, um grande mestre, alguém que já viu muito mais do que o garoto podia imaginar conhecer, talvez esse fosse o efeito de lutar contra as forças escondidas na profundeza da humanidade.
— Sobre os cinco tipos, lembre-se de suas nomenclaturas: espírito dominante, coração negro, incorporação, anomalia e emissário. Lembre-se desses nomes, embora seja apenas um capricho da humanidade para categorizar os diferentes tipos, pode servir um dia para descobrir as respostas que permanecem no vazio perdido por “aquele século”.
— Entendido… — Ainda abatido pelas confirmações anteriores, Leonard tentou não transparecer tanto, aquilo que pensava, todo aquele dia, foi sem sombra de dúvidas demais a ele.
Observando ao lado, o garoto encontrou Katherine, que provavelmente acabara de chegar, mas não havia dito nada, até Louis terminar suas explicações.
— Vamos todos nos reunir para tirar uma nova foto, vocês vêm? — Katherine sorriu.
“Então era isso…”
— Claro, porque não, somos uma família maior de agora em diante. — Louis retribuiu e, após isso, se levantou, seguindo sem contestar Katherine.
Tudo durou cinco segundos, mas pareciam uma eternidade e, novamente, Leonard estava sozinho.
Sentado sob a cadeira de madeira em frente ao belo pôr do sol, havia muito o que pensar enquanto jogava a cabeça novamente para trás. O teto, embora normal, tinha detalhes girando infinitamente entre um mesmo eixo.
“O que há de errado comigo? Isso não é normal, quando foi que me aproximei de outras pessoas tão rápido?”
O jovem elevou seus dez dedos das mãos para o rosto e o preencheu de cima para baixo, movimentando a pele, buscando algo que recobrasse quem um dia já foi. A própria mente de Leonard parecia se lembrar de memórias enevoadas pelo tempo.
“Já foram dois meses desde aquele dia… Nunca mais escutei a voz, daquele ser…”
Aos poucos, o que antes era um sol resplandecente no céu iluminado foi se tornando descolorido, as sombras cresciam a cada segundo, o pôr do sol já era presente. O vento dançava novamente com suas ternuras brisas de inverno, algumas folhas voaram para fora daqui e ele se levantou.
Perdurou mais alguns instantes, vendo a paisagem, com a mão pendurada no encosto da cadeira, uma vista gloriosa por se dizer… Desde que se mudou para Ottawa, a vida tem sido mais bela, novos ares sempre traziam novidades.
— Nunca vou me acostumar com isso. — Soltou um sorriso e deu um peteleco no encosto da madeira, entrando para dentro da casa.
O corredor iluminado era gracioso, cada parte lembrava-o de uma história. Nesse mundo louco que sempre viveu, existiam momentos a serem comemorados, embora a amargura dos tempos perpetue até a última cinza subir aos céus.
Logo mais, o corredor se tornou uma grande sala de estar, com várias pessoas o aguardando, todos com um sorriso no rosto, mesmo demorando para vir.
Sentado ao meio, estava aquele mesmo homem com barba e cabelos brancos, uma velha câmera posicionada no centro da sala, longe do sofá onde todos estavam, velho, mas ainda, sim, simbolizava algo muito maior para todos eles.
O tempo, o tempo eternizado em uma família, no início, Leonard sentia que tudo isso era muito estranho, mas agora, poucas horas depois, todos pareciam estranhamente ligados.
Dessa vez, não houve comentários da Claire, Dante não olhava para o relógio e nem Liam parecia preocupado com algo, todos apenas aproveitaram o momento.
“Um dia, Calli e James também estarão em uma dessas fotos…”
“Eu gostaria de viver com cada um de vocês para sempre, como uma verdadeira família…”
Caminhou até o canto do sofá, ficou atrás de Claire e ao lado de Dante, soltou um simples sorriso despretensioso e aproveitou aquele momento.
Pois sabia que o tempo não para, nunca iria parar, entendia bem o fardo que lhe foi entregue e sabia ainda mais que, a partir dali, só havia cinzas em seu caminho.
Sempre será assim, ele viu o fim do mundo, a pessoa ao seu lado, um dia será o seu grande inimigo, mas o que ele faria, após essa foto? Só o destino lhe aguardava.
Afinal, esse é o fardo de um vidente.
Nos vemos novamente no domingo! Este é o começo do fim.
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