Capítulo 26 — Treino materno.
Acordando, ao abrir seus olhos, Kevyn sentiu que seu quarto estava mais claro e frio do que de costume.
Sentando-se à beira da cama, ele viu sua mãe sentada ao lado de uma janela com um jornal em uma mão e uma xícara de café na outra.
Confuso e ainda com sono, o garoto perguntou: — Desde quando eu tenho uma janela?
Após ouvir a voz de seu filho, Astéria dirigiu seus olhos e arrumou a gola de sua blusa canelada, dessa vez preta. — Bom dia.
Finalmente, despertando, Kevyn se levantou, percebendo que ela estava usando óculos, pensando: “Óculos… nunca vi ela usando isso, mas qual é a da janela?”, bocejando, respondeu:
— Bom dia…
Terminando seu café, Astéria dobrou o jornal e o deixou sobre uma mesa, pondo a xícara em cima dele. — Enquanto estava fora, fizemos algumas reformas em seu quarto, como pode ver.
Olhando em volta, Kevyn enfim percebeu. “Meu quarto tá maior! Ele parece estar dua- não! Ele talvez esteja três vezes maior!!”, pensou, voltando seu olhar para a janela e vendo que já havia amanhecido. — Como vocês fizeram tudo isso em menos de um dia?
— Eu e o seu pai decidimos te parabenizar pela vitória do torneio, por isso contratamos um arquiteto para expandir seu quarto.
“Ela não me respondeu”, pensou, se espreguiçando. — Entendi, veio só para me parabenizar?
Se levantando, Astéria ajeitou seus óculos e respondeu: — Não, eu vim te treinar.
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Chegando no campo, os dois andaram até o meio e tomaram uma pequena distância.
— Antes de começarmos, tenho outra notícia.
Curioso, Kevyn inclinou a cabeça. — Notícia?
Mesmo se mantendo neutra, ela tentou fazer parecer animadora, dizendo: — Vamos passar uma semana de férias na ilha Emerald em impel-sister, eu peguei uma semana das minhas férias e vou poder aproveitar.
Levemente arregalando seus olhos, o garoto deu um leve sorriso. — A gente vai finalmente cozinhar juntos?
— Sim. Aliás, você está com saudade da sua espada não está? Você estaria mais animado numa hora dessa.
Desviando o olhar, respondeu: — É… um pouco.
Soltando um leve suspiro, a mulher colocou as mãos dentro dos bolsos de sua calça jeans e disse: — Vou te ensinar o poder primordial do vazio, o branco.
Voltando a encará-la, o garoto mostrou um olhar singelo, dizendo: — Eu estou pronto?
— Sim. Retire suas lentes.
Movendo a mão até seus olhos, Kevyn tocou seu dedo sobre uma de suas lentes inibidoras, canalizando um pouco de sua energia na ponta do dedo. A superfície se fixou em seu dedo, assim, aguardou a próxima fala.
Erguendo sua mão em direção a seu filho, uma energia azul se formou sobre a palma de sua mão, distorcendo o espaço-tempo, o garoto foi puxado para um abraço. — Percebeu alguma coisa?
Abrindo seus olhos após o susto de ter sido puxado, ele percebeu que não estava sendo tocado de verdade, mas algo o impedia de se aproximar de sua mãe. Se afastando, encarou-a surpreso. — Eu não consigo te encostar!
— Essa é a primeira habilidade do vazio, mas antes de explicar ela, vou falar um pouco sobre o próprio vazio. O principal fator do esforço-tempo é que podemos distorcer com a energia e a massa, nós, aqueles que manipulamos nossa própria energia corporal para torná-la, além do que só cinética, capaz de manipular o espaço.
Após alguns segundos em silêncio total, Kevyn pensou: “Através da energia, nós distorcemos o espaço-tempo”, após chegar em sua conclusão, respondeu: — Entendi.
— Ótimo, agora vou explicar o branco. Nós Calamith’s somos os únicos que podemos sentir, ver e tornar a energia visível. O branco cria uma série imensurável, tudo que se aproxima dele desacelera e nunca chega ao usuário, isso ocorre porque a técnica pega a quantidade finita de espaço entre os dois objetos e a divide em uma quantidade infinita de vezes. Na matemática, não importa quantas vezes divida um número, ele nunca será reduzido a zero, além disso, eles ficarão com unidades fracionárias tão infinitesimais, que se tornam imensuráveis. A barreira invisível criada pelo Branco pode ser expandida para manter substâncias nocivas longe do usuário, ou para dominar alguém tentando neutralizar sua técnica, mas para isso, precisa de um grande controle do próprio branco. Ele só pode ser desativado ou destruído por algo que elimina a energia, tanto armas que distorcem energia quanto outra técnica de energia.
Depois dela terminar, Kevyn pôs a mão sobre a testa e pensou consigo mesmo: “Ele cria uma barreira que divide a distância entre dois objetos infinitamente até nunca poderem se tocar… ok”, encarando sua mãe, perguntou: — Ah… então eu preciso fazer a energia distorcer o espaço para que ele seja dividido em minha volta?
Após alguns segundos de silêncio, Astéria colocou a mão sobre o queixo. “Como ele chegou nessa conclusão tão rápido? Eu demorei 20 anos para entender isso”, pensou, dando um passo para trás e respondendo: — Ah… sim, fora isso, você vai conseguir ver a distorção, então não precisa se preocupar nessa questão.
Retirando a mão da testa, o garoto cruzou seus braços, dizendo: — Entendi, mãe, vamos lutar.
Arregalando seus olhos por um breve segundo, Astéria concordou com a cabeça e ficou em guarda alta. — Use o branco para não ser atingido, usarei um milionésimo do meu poder.
Tentando distorcer o espaço, Kevyn falhou, mas avançou em direção de sua mãe, desferindo um chute lateral na barriga dela, mas com apenas uma de suas mãos, ela pegou seu pé.
Puxando-o para si, Astéria preparou um soco em direção de seu rosto, dizendo: — Não faça ataques tão ingênuos, estamos em uma luta real.
Tentando mais uma vez, Kevyn fechou os olhos com medo, mas conseguiu fazer uma pequena camada do branco em torno de si, parando o ataque de sua mãe, que se afastou após falhar.
Caindo sobre o chão, o garoto abriu seus olhos, incrédulo após testemunhar a distorção. “É como se eu pudesse ver todo o fluxo que interrompe os ataques”, pensou, se levantando e erguendo seus punhos.
— Estamos apenas no começo!
Mantendo uma face neutra, a mulher ergueu seus punhos também. — Vamos, venha com tudo.
Inclinando levemente seu corpo, Kevyn arrastou seu pé esquerdo para trás e avançou com tudo, mas antes de chegar em uma distância próxima, ossos saíram do chão em cada lado, prontos para acertar a mulher que, recuando, esperou o próximo passo.
Fazendo um x, os espinhos deram abertura para o garoto que, usando-os de apoio, saltou, estando acima de sua mãe. “Agora!”, pensou, esticando a mão em direção a ela, e assim, antes mesmo de poder reagir, Kevyn começou a perder a consciência, sentindo sua barreira sendo desativada, a última coisa que viu foi o punho de sua mãe vindo em sua direção, pensando: “Merda… isso gasta muita energia”.
Quando Astéria percebeu que o garoto teve sua energia esgotada, mas ela já havia dado um soco tão forte que ele foi arremessado pelo campo até bater na parede da arquibancada.
Arregalando seus olhos, a mulher percebeu a merda que fez. — Que caralho… eu acho que exagerei.
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