Capítulo 107: Festival (5/5)

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Em um caminho que leva à 3ª Rua.

Vera andou pela rua enquanto silenciosamente observava a expressão de Renee. Seu rosto estava cheio de irritação.

Foi porque Renee estava muito brava.

Tak! Tak!

A bengala de Renee atingiu o chão com um toque de insatisfação. Não foi “tap-tap”, mas “tak-tak”.

Só isso já mostrava o quão furiosa Renee estava naquele momento, então a expressão de Vera não poderia ser melhor.

Estava assim desde que ele saiu do salão ao ar livre por um tempo, numa tentativa de controlar de alguma forma seus sentimentos agitados.

Sentindo uma sensação de desespero aumentando, Vera falou cuidadosamente com Renee.

“Como foi o festival?”

“…”

“…É uma sorte que o festival tenha sido realizado com segurança, apesar do incidente.”

“…”

“E também…”

Vera parou de falar enquanto ele continuava, incapaz de pensar em algo mais para dizer.

Eles estavam envolvidos em uma atmosfera incrivelmente estranha.

No meio disso tudo, Vera, que nem sabia por que Renee estava brava, começou a procurar a causa apontando os possíveis culpados.

‘O Príncipe?’

O Segundo Príncipe fez algo rude enquanto estava fora?

‘Não.’

Quando ele retornou, o Segundo Príncipe apenas ficou ali parado, em silêncio, com sua expressão característica de espanto.

‘Ela não gostou da apresentação?’

Não poderia ser isso, já que a reação de Renee foi boa enquanto ela ouvia a apresentação pouco antes de ele ir embora.

Sentindo a cabeça ficar tonta, Vera olhou para as mãos apertadas.

Eles não estavam cruzando os braços, e seus dedos nem estavam entrelaçados. Parecia apenas colocar uma mão sobre a mão dele.

Por algum motivo ele ficou triste com isso.

Vera olhou para Renee, sem saber o que dizer, e finalmente conseguiu pronunciar as palavras.

“…Peço desculpas.”

Seja lá o que fosse, ele decidiu se desculpar e ver.

E então…

Para—

Renee parou de andar.

“Por que você está se desculpando?”

Um olhar seco ficou evidente no rosto de Renee quando ela finalmente abriu a boca.

Vera estremeceu novamente diante da expressão dela e acrescentou apressadamente.

“Peço desculpas por não ter considerado os sentimentos da Santa. Talvez houvesse um lugar entre aqueles que mostrei a você hoje que você não gostou. Peço desculpas pela minha falta de consideração…”

“Não é isso.”

“…Não?”

“Foi bom.”

Ela falou num tom direto.

Vera sentiu a confusão dele aumentar. Ela disse que foi bom, mas por que sua expressão estava ruim? Por que ela estava tão brava?

Enquanto ele continuava preocupado, Vera começou a suar frio. No final das contas, ele não conseguia encontrar uma resposta, não importa o quanto pensasse sobre isso, então…

“…Peço desculpas.”

Ele repetiu as mesmas palavras novamente.

“Por que você está se desculpando?”

Renee também respondeu de forma semelhante a antes.

Vera se sentiu desconfortável com sua resposta. A resposta afiada de Renee foi como uma agulha cutucando seu coração.

O que devo fazer?

Vera continuou preocupado e acabou decidindo encarar a situação de frente.

Não era esse o caso? Afinal, esse não era um problema que pudesse ser resolvido simplesmente prestando atenção à expressão dela. Se pensar sobre isso pudesse fornecer uma resposta, ele já saberia.

Portanto, era hora de expressar seus verdadeiros sentimentos e oferecer um sincero pedido de desculpas.

Tendo se decidido, Vera soltou a mão de Renee e se ajoelhou no chão com um alto ‘baque!’, então abriu a boca enquanto olhava para baixo.

“Peço desculpas. Eu, Vera, sou tolo demais para entender a vontade da Santa. Por favor, me diga.”

O corpo de Renee tremeu. Constrangimento brilhou em sua expressão carrancuda.

“…Sim?”

“Se você me disser, eu nunca mais ofenderei os sentimentos da Santa com a mesma coisa. Mas se você não puder acreditar em mim, então eu farei um juramento…”

“Não!”

Surpreendida pela palavra ‘juramento’, Renee rapidamente negou. Ela sentiu como se sua raiva tivesse sido dissipada devido às ações repentinas de Vera.

“Por favor, me diga.”

Enquanto Vera repetia suas palavras, o corpo de Renee tremeu e sua mente ficou em branco.

Claro, era porque ela tinha vergonha de contar a ele por que estava com raiva.

‘E-eu estou chateada por causa de nossos braços não estarem entrelaçados…’

Como ela poderia dizer que estava com raiva porque seus braços não estavam mais entrelaçados?

Não seria muito embaraçoso dizer com dizer sozinha que ela estava chateada por algo tão trivial?

O rosto de Renee ficou ainda mais vermelho.

Incapaz de expressar seus verdadeiros sentimentos e perdendo as palavras, Renee imediatamente explodiu com o pensamento de que ‘o que quer que aconteça, aconteceu’, pois ela não conseguia pensar em uma desculpa adequada.

“É-é por isso que não posso!”

“Sim?”

“Eu tenho que te dizer algo assim? Hein? Se você não sabe, continue aprendendo até que saiba! Se não puder, faça até que saiba! Use sua perseverança para descobrir!”

Ela nem sabia o que estava dizendo. Ela apenas repetiu as palavras de advertência que Norn disse uma vez aos Paladinos sob seu comando.

Só mais tarde ela percebeu seu erro, mas pensando que seria estranho retirar suas palavras agora, Renee forçou seus olhos cegos e continuou a falar.

“Se você não sabe, sua vida no Reino Sagrado acabou? Hein? Hoje em dia, as pessoas não conseguem funcionar por causa de coisas assim! ‘Faça isso, por favor~ Faça aquilo, por favor~’ As pessoas não conseguem pensar por si mesmas!”

Era uma frase que as pessoas usavam com frequência hoje em dia.

“Eu peço…”

“Quero dizer, não faça algo pelo qual você terá que se desculpar!”

“Eu peço….”

“Se você gosta tanto de se desculpar, por que não faz disso seu trabalho?” ¹

Renee queria chorar.

Mesmo que ela continuasse pensando ‘isso não está certo’ em sua cabeça, ela não conseguia parar de falar porque já havia ganhado impulso.

Ela esperava que isso acabasse logo, mas esse homem sem tato continuou se desculpando.

“É por isso que não consigo dormir bem! ‘Que tipo de acidente você vai ter amanhã~ Quanto tempo terei que alimentá-los um por um~’ Quando me deito com esse pensamento, um suspiro sai! Um suspiro!”

Lágrimas de vergonha começaram a brotar dos olhos de Renee, no rosto vermelho.

Vera sentiu a respiração dele parar mais uma vez ao ver seu rosto.

“Não. Você não precisa me dizer. Acho que desisti muito precipitadamente. Depois de pensar mais profundamente, darei uma resposta a Santa novamente.”

Vacilar.

Renee parou de falar.

Percebendo uma revelação nas palavras de Vera, o rosto de Renee se iluminou enquanto ela continuava a falar.

“V-você vai?”

“Sim, gravarei os ensinamentos da Santo em meus ossos e buscarei a resposta eu mesmo.”

À medida que a tensão começou a se dissipar, Renee se sentiu aliviada por finalmente poder parar de dizer aquelas palavras estranhas.

“Hm hm! Bom trabalho.”

Sentindo-se mais à vontade, Renee esqueceu o motivo de sua raiva e falou com um sorriso brilhante no rosto.

“Levante-se. Marie deve estar preocupada.”

Vera inclinou a cabeça e lentamente se levantou. Era porque ele não conseguia julgar se estava bem resolvido ou não.

Embora fosse uma sorte que o humor de Renee tivesse melhorado, ele não conseguia deixar de se perguntar o que deveria fazer se algo assim acontecesse novamente.

“Vamos.”

Renee estendeu o braço.

Vera estremeceu ao ver o braço estendido em sua direção, como se estivesse tentando fazer algo diferente de segurar sua mão, e então sentiu um pensamento passar por sua mente.

“É talvez…”

Cruzar os braços?

Talvez ela estivesse com raiva porque ele desmanchou os braços deles enquanto corria para sair.

Embora parecesse improvável, Vera não conseguiu ignorar a possibilidade que lhe veio à mente e simplesmente olhou para Renee.

“Vamos nos apressar, certo?”

Renee insistiu, balançando o braço para cima e para baixo.

Vera estendeu o braço e assentiu.

O braço de Renee envolveu o dele, e seu corpo se agarrou ao dele.

Contração—

Estremecendo, Vera afastou essas suposições da mente.

Ele sentiu que seria embaraçoso perguntar se sua suposição estava certa. Ele teve um palpite de que seria melhor apenas ficar em silêncio e enterrar a resposta.

Olhando fixamente para a sensação suave que sentia mais uma vez em seu braço, Vera começou a se mover para frente.

O som da bengala havia retornado de um som de ‘tak tak’ para um som de ‘tap tap’.

Enquanto caminhavam, seus rostos brilhavam com um tom semelhante de vermelho sob a luz da lâmpada mágica.

***

“Me desculpe.”

No escritório da mansão, o Conde Baishur curvou a cabeça para Renee e Vera.

“Sua Alteza o Segundo Príncipe também está refletindo muito, então, por favor, nos perdoe pelo que aconteceu…”

“N-não! Eu não estou brava!”

Quando Renee recusou abruptamente em tom de surpresa, o Conde deu um suspiro de alívio.

“…Obrigado por dizer isso.”

O Conde Baishur sentiu sua cabeça latejar devido à maldita dor de cabeça crônica e tirou algo do bolso do peito.

“É pequeno, mas estou oferecendo isso como um pedido de desculpas.”

O que saiu do bolso do peito foi um envelope dourado.

Renee recebeu o envelope entregue pelo Conde e inclinou a cabeça para a textura áspera do envelope.

“O que é isso?”

“É um ingresso VIP para o leilão público que acontecerá em dois dias.”

As sobrancelhas de Vera se ergueram. Isso porque também era um item familiar para ele.

“Você conseguiu colocar as mãos nisso. Sei que há apenas quarenta deles disponíveis.”

Apenas 40 ingressos para a seção VIP da casa de leilões eram emitidos para o festival de cada ano. Era um artefato inestimável que custava tanto quanto uma casa na Capital do Império.

Enquanto dúvidas surgiam na mente de Vera sobre o comportamento do Conde de entregar algo grande demais para um pedido de desculpas, o Conde acrescentou uma explicação.

“É o bilhete de Sua Alteza o Príncipe Herdeiro. Ele queria se desculpar pela grosseria causada por Sua Alteza o Segundo Príncipe e enviou isto como compensação.”

Foi um gesto de desculpas e uma forma de resolver a questão.

O príncipe herdeiro, que tinha pouco interesse em gastar dinheiro em coisas como leilões, deu os ingressos para Renee para animar o irmão e se desfazer do ingresso extra.

É claro que o Conde Baishur não mencionou essa parte separadamente porque era desnecessária.

“Obrigado.”

Renee sorriu levemente enquanto brincava com a superfície do envelope.

‘Ganhei na loteria.’

Renee, que ficou irritada com a fuga de Vera e nem prestou atenção ao Segundo Príncipe naquele momento, ficou muito feliz com o bilhete que foi dado de repente como um pedido de desculpas.

“Há muitos itens interessantes no leilão, certo?”

“Na verdade, pode-se dizer que é o ápice do festival. Eu sempre me surpreendo de onde eles tiram esses itens incomuns.”

“Ah, o Conde também vai?”

“Tenho que ir para a guarda.”

“Ah…”

Então, ele trabalha até durante o festival.

‘Não, eles provavelmente estão mais ocupados porque é um festival.’

Sentindo-se arrependida pelo pensamento que lhe passou pela cabeça, Renee continuou com um leve sorriso.

“Você deve estar passando por muita coisa, Conde.”

“É algo que deve ser feito.”

“Mas você não deveria pelo menos tirar um dia de folga? Você poderia sair com Marie.”

“Na verdade, tirarei um tempo de folga na semana que vem. Coincidentemente, aconteceu de ter um baile naquele momento.”

“Ah, pensando bem, será na semana que vem.”

“A bênção do Segundo Príncipe… Por favor, cuide bem dele.”

“Claro.”

Eles estavam falando sobre a bênção da cerimônia de maioridade de Albrecht, que coincidiu com o baile.

O Conde Baishur sentiu-se desconfortável ao ver Renee sorrindo levemente.

‘Espero que o príncipe não cause outro acidente.’

A ansiedade era causada pela condição de Albrecht, que ele havia examinado antes de sair para o trabalho.

Talvez pelo trauma de ser repreendido toda vez que encontrava Renee, o Segundo Príncipe ficou tão tenso que tremia só de mencionar o nome de Renee.

Em seu estado atual, era difícil se livrar da preocupação sobre o que aconteceria se o Segundo Príncipe mostrasse uma aparência inapropriada na cerimônia de maioridade.

‘Por favor, que a cerimônia de maioridade ocorra em paz…’

Era um local de encontro para todos os nobres do Império.

Um membro da Família Imperial não deve mostrar uma aparência tola.

Claro que ninguém esperava uma aparência majestosa de Albrecht, mas ele deveria pelo menos mostrar uma aparência digna.

A dor de cabeça fazia sua cabeça latejar.

Pela primeira vez em muito tempo, o Conde Baishur orou ao Senhor.

Por favor, ajude o príncipe a amadurecer para que essa dor de cabeça não piore.

Ele não pediu muito, apenas que o Segundo Príncipe fosse maduro, mesmo que por apenas um dia, em sua cerimônia de maioridade.

O Conde Baishur desejou isso fervorosamente.

Teve um trocadilho em coreano, que significaria basicamente isso⤶

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