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    Me virei imediatamente quando ouvi isso. A voz era realmente de alguém que eu conhecia e ao ver as suas orelhas felpudas tive certeza, era Gaia. Meu rosto não podia segurar a felicidade ao ver ela, sorrindo ainda mais, enquanto abraçava Ester.

    Após um tempo, Ester saiu do quarto para cuidar mais da pousada, enquanto eu finalmente pude ter uma oportunidade de falar com Gaia.

    ― Onde você estava, Seven? Fiquei totalmente desesperada ao voltar naquele local e não lhe ver mais lá! ― Gaia começou a nossa conversa, dessa vez seu tom de voz parecia querer me dar uma bronca.

    ― Acordei e você nem estava mais lá. Pensei que havia me abandonado ― respondi, hesitando um pouco em continuar a história ― Pelo visto ela passou por perto e viu minha situação e acabou me ajudando.

    Ela parecia ter entendido no que havia me metido. Assim, voou e pousou sobre minha cabeça com seu corpo pequeno.

    ― Eu nunca vou lhe abandonar ― falou Gaia.

    ― Promete? ― Olhei para cima.

    ― É, meio que sim. Faz parte do meu trabalho. ―  Agora ela está fazendo piadas também? 

    Coloquei minha mão sobre minha boca, rindo do que Gaia havia acabado de dizer. A situação foi resolvida mais fácil do que o esperado. Peguei ela de minha cabeça e coloquei sobre meu colo, a acariciando.

    ― Então por que você havia saído? 

    ― Chamada de emergência de superiores, algo que não posso recusar. Aproveitei e dei uma olhada na floresta aqui perto, para começarmos o treinamento.

    ― Eh? Treinamento? Não acho que eu sirva para ser uma guerreira ― disse.

    ― Já está desconversando? Lembre-se que quem quis acompanhar essa missão foi você… 

    Suspirei, era a verdade, eu não podia só temer tudo o que estava por vir.

    ― Então quando começamos? Não pode ser tarde, nossos dias estão contados.

    Enquanto falava, continuei acariciando sua cabeça.

    ― Eu diria agora, mas pelo visto você está muito ocupada com sua nova amiguinha ― disse Gaia, como se estivesse debochando de mim.

    ― Você está bem estranha, Gaia.

    ― Eu estranha? Estou totalmente normal.

    Ri mais um pouco dela, não conseguia levar a sério aquele coelho com suas pequenas patas emburrada para cima de mim. Só era fofo.

    ― Rsrs, você é tão adorável quando está com raiva.

    ― Eu não permiti esses tipos de comentários! ― Começou a me bater com suas mãos felpudas.

    Não doía, só deixava mais engraçado a situação. Ri por bastante tempo de Gaia, que continuou irritada comigo até depois da situação já ter acabado.

    Estava deitada naquela cama, olhando para ela. Pensava se devesse falar o que havia visto ou as situações que falei, mas não sabia se Gaia iria realmente acreditar em mim.

    ― Está pensando o que? ― disse Gaia.

    ― Já deixou de ficar com raiva de mim? ―  respondi.

    ― Não me entenda mal! Estava perguntando por consideração.

    Ela virou novamente o rosto, olhando para outra parte do quarto.

    ― Desculpe, desculpe, mas Gaia, posso te fazer uma pergunta?

    ― Estou aqui para isso, Seven, eu vou responder todas as suas dúvidas.

    ― O que é Complexo… ― Antes que eu terminasse, Gaia me interrompeu.

    ― Complexo é uma palavra para definir quando algo é muito complicado ou de difícil compreensão.

    ― Não, não era isso que eu estava falando. O que é Complexo 0.3667?

    Imediatamente após terminar de falar, Gaia se virou com tudo.

    ― Quem te contou? Como você sabe disso? O que você sabe? 

    Ela parecia muito nervosa com aquela situação, então tem algo por trás desses números?

    ― Acalme-se! Não sei muito, apenas uma pequena janela apareceu em minha frente, nada a mais.

    ― Eles são perigosos, Seven, não procure saber disso.

    ― Eles quem? Você nem tá respondendo as minhas perguntas.

    ― As Divindades, elas são perigosas. Recomendo nunca mexer ou se intrometer com as mesmas, você vai estar fazendo um contrato com o próprio Diabo.

    ― Divindades? o que é isso? Os heróis?

    ― Piores, █████████████████████████ ████████████ ███ ███████ ███.

    ― Que? ― Meu ouvido havia falhado? Não acho que essa seja a situação.

    ― Seven, esqueça isso. Seja lá onde você viu a menção desse nome, não mexa ou se envolva com elas ou você vai sofrer as consequências.

    Era assustador o jeito com que falava sobre essas tais Divindades, mas eu já deveria ter caído em suas iscas. Não havia mencionado a parte de onde eu vi isso, queria ver sua reação se descobrisse. 

    Talvez elas tivessem as respostas para as minhas perguntas, talvez tivesse sido elas quem tiraram as minhas memórias, mas visto como Gaia falava, era como se não fosse bem vinda a ter uma conversa formal com elas. Deveria ficar mais forte se eu fosse lutar com elas.

    ― Não existe tanto tempo assim para nós, pelo menos se formos treinar agora, se despeça antes de ir. ― Ela ainda não esqueceu? Estava realmente levando isso para o coração mesmo.

    Me levantei, estava decidida em me despedir para partir novamente para começarmos o treinamento logo. Ao ir até a porta para perguntar onde estava minhas roupas acabei me deparando com uma situação realmente engraçada.

    ― Tudo bem? Você é realmente bem parecido com sua mãe. ― Me agachei, olhando para aquela criancinha na minha frente.

    Ele retribuiu o meu olhar, ainda demonstrando medo sobre mim. De certa forma era uma criança corajosa pois estava enfrentando algo assustador aos seus olhos de frente.

    ― Me chamo Seven, e você pequenininho?

    ― … 

    ― Tudo bem, não precisa responder. Se souber, pode me dizer onde está a sua mãe garoto?

    Tímido, era apenas isso que eu conseguia pensar daquela criança.

    ― Ela… ela ta no quintal. ― Oh! Ele acabou cedendo às minhas tentativas.

    Gaia estava ao meu lado, mas parecia não querer saber de nada sobre Ester. Seus bracinhos estavam cruzados e estava de costa para mim, o que será que deu nessa coelha hoje?

    Ao mesmo tempo que virava de costas parecia sempre estar murmurando algo. Sabia disso, pois conseguia escutar os sons de cochichos no caminho inteiro. Desci as escadas e acabei por chegar ao lobby da pousada, um local totalmente feito para vender à noite. Tinha várias mesas e locais apropriados para os clientes, e todas elas extremamente limpas.

    Observei uma porta dos fundos, onde imediatamente liguei com o quintal. Parecia ser chique ter isso, pois todas as outras casas não tinham, benefícios de ser uma pousada, eu acho. Acabei por abrir a porta dos fundos, dando de cara com um quintal relativamente grande.

    Era… lindo. Tinha uma pequena árvore com um balanço feito com cordas e um pedaço de madeira. Também tinha um banco naquele quintal, além de várias cordas se entrelaçando.

    Ester estava estendendo alguns lençois no varal, tinha bastante roupas e capas de cama naquelas cordas.

    Passei pelo meio da floresta de panos, chegando mais perto.

    ― Oi, Ester!

    ― Mocinha, já se levantou!? Pode descansar mais um pouco, está cedo para uma pessoa da sua idade estar acordada.

    Já havia passado do meio dia, ela realmente me via como uma bebêzinha?

    ― Bom… pelo visto eu já incomodei demais, então eu queria saber onde está a minha muda de roupas ― disse.

    Ela parecia meio triste com a minha resposta.

    ― Ah, você já vai mesmo?

    ― Como eu disse, não quero ser uma pedra no sapato pra você! Então eu vou seguir o meu caminho.

    Ela sorriu.

    ― Entendo perfeitamente como se sente… Já passei por esses momentos quando jovem. Siga seu caminho mocinha, mas saiba que essas portas sempre estarão abertas para você.

    Ela apontou para um banquinho ao lado dela.

    ― Aqui, pode pegar, já estão enxutas e perfeitas para o uso.

    ― Mais uma vez muito obrigada mesmo, Ester.

    Peguei as mudas de roupa e voltei para o quarto em que estava. Enquanto me trocava pude apenas observar Gaia rodando e rodando pelo quarto, até que de repente ela parou.

    ― Está pronta?

    ― Pronta para o que exatamente? ― Não podia ler o que essa coelha estava fazendo.

    ― Hehe.


    [Complexo sente uma habilidade indesejada em uso, esse processo deve continuar?]

    O quarto todo brilhava após ela dar uma risada maliciosa.


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