“Achamos!”

    Todos ficaram visivelmente animados quando seus olhos observaram o item que estavam buscando. Ele estava aparentemente abandonado em um lugar sem vigias ou guardas. Agora, só bastava trazer ele de volta para o Arquipélago dos Corais, e a missão seria um sucesso!

    No momento em que Charles ia dar um passo para frente em direção ao artefato dourado, um pensamento o fez parar. ‘Isso não ta muito simples? Se fosse tão simples, por que os outros não conseguiram trazer a estatueta de volta? Em vez disso, todos eles desapareceram.’

    Em quanto Charles estava preso em seus pensamentos e incapaz de chegar a uma decisão, Bandagens foi a frente e rapidamente pegou a estatueta de Fhtagn.

    Ele então retornou para o lado de Charles e falou de forma devagar como sempre, “Vamos… de volta… o Sacerdote está esperando…”

    Charles estava se sentindo que algo com certeza estava errado, mas ele não tinha o luxo de ter tempo e pensar sobre. Com o objetivo da missão em suas mãos, Charles liderou o grupo para fora da construção.

    “Essa coisa parece pesada, vamos revezar quem carrega de trinta em trinta minutos.”

    Esperando ao lado de Charles, Bandagens e James acenaram com a cabeça em concordância. Eles rapidamente voltaram pelo mesmo caminho em direção a praia.

    Mesmo revezando, o grande peso na estatueta ainda era pesado em seus corpos que já estavam cansados. Logo, na metade do caminho, Charles decidiu parar para um pequeno descanso. Eles não podiam se exaustar completamente, pois precisavam estar vigilantes e preparados para qualquer situação que poderia acontecer.

    Sentado na frente de uma fogueira, o olhar de Charles observou a escuridão que os cercava. Se algum perigo existisse, provavelmente se manifestaria em sua jornada de volta, e ele não poderia baixar sua guarda.

    Depois de descansar por mais ou menos quinze minutos, Charles se virou para Bandagens e falou, “Pelo resto da jornada, nós não podemos parar. A gente precisa continuar até o fim.”

    Bandagens concordou e pausou. Ele então olhou para sua esquerda, e depois para a esquerda antes de voltar seu olhar para Charles e responder, “Eu… acho que eu… esqueci algo…”

    “Se tivermos a estatueta com a gente, o resto não importa. Vamos logo,” Charles respondeu com um tom de impaciência, Ele segurou a estatua firmemente em seus braços e marchou para frente.

    Bandagens ficou em silencio e o seguiu sem falar nada.

    A misteriosa floresta aparecia e desaparecia sob a iluminação de suas tochas. Além de seus próprios passos e respirações ofegantes, havia apenas silencio.

    Quando Charles finalmente conseguiu observar o S.S. Mouse na praia distante, seu rosto encharcado de suor demonstrou um sorriso de alivio.

    “Sucesso! Quando eu voltar, eu vou dar isso para os cultistas, comprar meu navio de exploração, recrutar uma tripulação e embarcar na jornada de volta para casa.”

    Porém, no momento em que ele pisou no chão arenoso e estava prestes a correr até o S.S. Mouse, se pé congelou no meio do ar, e seu sorriso sumiu de seu rosto.
    Uma questão entrou em sua mente do nada.

    “Eu velejei um barco desse tamanho até aqui sozinho?”

    Um sentimento inexplicável de terror cobriu Charles completamente em quanto tentava retraçar suas ações.

    “Os cultistas de Fhtagn me contrataram para achar esse artefato sagrado. Eu fiz uma jornada dentro do S.S. Mouse sozinho, eu preparei a comida na cozinha sozinho, abasteci os motores sozinho, limpei o convés sozinho, patrulhei o convés… sozinho… eu fiquei no leme… sozinho em um expediente de 24 horas?”

    Charles apertou a estatueta dourada em seus braços em quanto andava de um lado para o outro na praia.

    “Eu costumava ter uma tripulação. Eu velejei junto do primeiro imediato Velho John e do Contramestre Jim. Era só nós três. Mas na ultima viagem, Jim foi esfolado por aquela coisa que veio do mar. Velho John se demitiu depois que chegamos no Arquipélago do Corais. Depois disso, eu sou o único que ficou abordo do S.S. Mouse. Isso é correto!!”

    Agonia estava visível na face de Charles. Mesmo suas memórias sendo vividas e claras, a realidade em sua frente o fez perceber o quão ilógicas e irracionais as suas memórias eram.

    “Isso não é possível! Eu não sou o Super-Homem, como que eu poderia ter feito tudo isso sozinho? Tem algo de errado!!”

    Em quanto o olhar de Charles vagava sem sentido pelo chão, ele congelou em um lugar.

    Encarando ele estavam sete pares de pegadas, claramente marcadas na areia.
    Não tinha erro, elas eram frescas, prova que as pegadas eram recentes.

    Charles rapidamente jogou a estatueta no chão ao lado e removeu a própria bota. Ele então comparou o tamanho da sola da bota com um dos pares de pegadas.

    “Esse modelo, tamanho curvatura… essa é minha pegada! Eu não vim até aqui sozinho, algo mexeu com as minhas memórias!” Charles exclamou em quanto um suor frio se formava na sua sobrancelha.

    Seus olhos observaram os vários barcos vazios ao lado do S.S. Mouse. Agora ele entendeu porque não tinha ninguém nessas embarcações.

    Respirando profundamente, Charles se forçou a se acalmar e tentou relembrar de suas memórias originais. “A evidencia sugere que eu não estou sozinho: Eu tenho uma tripulação que desapareceu. Eles desaparecem na realidade e também das minhas memórias. Eu preciso achar eles. Eu não posso retornar sozinho.”

    Porém, um novo desafio se apresentava na frente de Charles. Como ele deveria tentar achar seis indivíduos que ele não reconhecia, indivíduos que aparentemente nem existiam? Quem eram eles? Qual eram seus nomes? Eles eram homens ou mulheres?

    Nesse momento Charles viu um individuo saindo da floresta, suas pupilas contraíram. Ele sacou seu revolver e apontou para a cabeça do mesmo.

    Era uma figura humanoide coberta de bandagens rasgadas e amareladas, que mal cobriam sua pele escura.

    “Pare! Fale seu nome!” Charles demandou.

    “Eu… eu sou bandagens. Não, espera, eu não… eu não sou Bandagens. Quem é você? Eu sinto que te conheço… você me conhece?” A figura respondeu gaguejando.

    Rapidamente olhando para o par de pés mumificados em bandagens, Charles procurou entre os sete pares de pegadas por um que combinasse. Para sua descrença, essa pessoa de fato parecia fazer parte de sua tripulação.

    Abaixando seu revolver, Charles rapidamente explicou a situação para Bandagens.

    “Isso… é serio isso? Eu não consigo me lembrar. Quem eu sou? Você… sabe quem eu sou?” Bandagens falou com incerteza.

    “A gente vai discutir sobre isso depois. De onde você escapou e tinha outros lá?” Charles pressionou por respostas.

    “Nas… nas arvores. As arvores não gostaram de mim… elas me soltaram. Tinha outros lá.”

    Charles não conseguia compreender tudo que esse individuo coberto de bandagens estava falando, mas parecia que ele sabia onde os outros estavam.

    “Rápido, me mostre o caminho. Nós precisamos resgata-los,” Charles apressou.

    Charles decorou o padrão das outras pegadas no fundo de sua mente antes de ir com o Bandagens de volta para a floresta.

    A floresta enevoada continuava silenciosa como sempre. Com Bandagens liderando o caminho, eles retornaram para um caminho marcado de várias pegadas.

    Charles começou a notar algo. As pegadas no chão começaram a diminuir conforme eles voltavam. Claramente, os membros da tripulação foram desaparecendo um por um em quanto todos estavam andando na direção da construção onde acharam a estatueta.

    Talvez era só um efeito psicológico, mas Charles começou a sentir como se algo na floresta estava o observando.

    Depois de meia hora de caminhada, de repente Bandagens caiu para o lado. Agora Charles entendeu o por que de suas bandagens estarem rasgadas.

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