— CAPÍTULO VINTE E CINCO —

    Entre energias e mana para magia.

    Ela observou a mãe sobre as águas. Mila caminhava com leveza sobre o lago, como se a superfície fosse sólida.

    — Uso de mana básica N°1 dos ensinamentos das antigas escolas de magia de Falkenhein, vadum gradus.

    Ensinamentos? Escolas antigas? Falkenhein? Que fantástico! Com a boca levemente aberta em surpresa e um sorriso radiante iluminando seu rosto, Yuki estava simplesmente encantada e seus olhos brilhavam de admiração. Mas, de repente, começou a afundar. Debateu os pés, tentando boiar, mas não conseguia. Mila, então, a segurou e puxou para fora da água junto com a criatura.

    — Vamos voltar — disse Mila, com um leve sorriso nos lábios.

    Enquanto caminhavam de volta para a vila, com a criatura dormindo em seu colo, Yuki, formulava centenas de perguntas, fazia uma e esquecia dez. Nada parecia conter a avalanche de seus pensamentos. A cada passo, sua curiosidade pelo mundo que a mãe vivera crescia tanto que mal conseguia manter os pés no chão. As perguntas pareciam não ter fim, até que ela finalmente se entregou:

    — Mãe, você estudou em uma escola? Igual às dos livros? Como era tudo isso? Qual foi a primeira magia que você aprendeu lá? Quais são todos os ensinamentos? Quando eu vou poder aprender tudo isso?

    A pressa e a vontade de Yuki haviam retornado como um furacão. Mesmo com todas as preocupações relacionadas a Pearl, ela pôde sorrir e sonhar novamente, livrando-se um pouco do peso que carregava. Mila suspirou, reconfortada pela sensação de ter Yuki de volta.

    Durante todo o percurso até a vila no alto da montanha, o pequeno cogumelo vivo permaneceu quieto nos ombros de Yuki, como se soubesse que estava em boas mãos. Além, é claro, das perguntas mal respondidas de Yuki, que não se continha.

    Ao chegarem ao topo, Mila usou magia para secar os cabelos de Yuki e restaurar o mapa que havia se molhado, um brilho suave emanando de suas mãos enquanto a água desaparecia e o papel voltava a ser intacto. Yuki arrumou um espaço no seu quarto e colocou a criatura em uma caixa forrada com panos limpos, ela dormia profundamente e antes que pudesse pedir ou perguntar qualquer coisa, Mila a puxou para os fundos da casa, perto das árvores, e parou em frente a ela. Em silêncio, Mila esperava o momento certo para começar a falar.

    — Antes de te ensinar, preciso explicar algo muito importante. E saber se você realmente quer continuar.

    — O que é, mãe?

    — Quando você começar a aprender magia, não conseguirá mais usar energia de forma comum.

    — E qual a diferença, mãe? Entre magia e energia?

    — Na verdade, a diferença correta é entre mana e energia. Mana é a energia convertida para realizar magia, enquanto energia é a energia em sua forma natural, presente em todo ser vivo.

    — Ah, não entendi.

    — Quando você quer fazer um prato de comida, primeiro precisa dos ingredientes, depois do processo e, por último, forma o prato. A energia é o ingrediente, o processo é a conversão e o prato é a magia.

    — Entendi! Mas por que eu não vou poder usar o ingrediente mais?

    — Porque seu corpo aprende as magias e, para mantê-las dentro de si, ele tende a estar sempre em conversão.

    — Então, a forma que meu pai usa é a energia?

    — Exatamente. Ele não poderá usar magia porque evoluiu muito sua energia.

    — Ah! Mas, mãe, qual a diferença entre as duas? Quero dizer, que diferença elas fazem? Eu entendo que meu pai não pode mais usar magia, mas o que mudaria na vida dele se usasse magia ou energia? — perguntou Yuki, com a testa franzida.

    Mila sentou-se nas tábuas que elevavam a casa um pouco acima do chão.

    — A energia, enquanto evolui, evolui seu corpo também. A mana, quando evolui, evolui junto com suas magias, mas o corpo demora um pouco mais para acompanhar. Então, enquanto a pessoa que evolui a energia evolui junto com o corpo, a pessoa que evolui a mana evolui junto com suas magias, mas seu corpo pode ficar muito mais exposto.

    — Mas, mãe? Então, em uma batalha entre uma pessoa que usa magia e outra que usa energia, a pessoa que usa energia sempre venceria, não? — Yuki sentou-se ao lado da mãe, prestando muita atenção na resposta.

    — Não. Se uma pessoa que usa magia souber usar magia, ela pode se igualar em batalha com qualquer um que use energia. Os usos da mana são expandidos, enquanto o uso da energia é limitado. Você não pode criar uma magia para varrer uma casa com energia. — Mila riu calorosamente.

    — Mãe! Que incrível!

    — Mas… — continuou misteriosa, sua voz se tornou mais suave, enquanto seus olhos se perderam por um instante, como se lembrando de algo distante — o mesmo vale para quem sabe usar energia. Todos nós possuímos um núcleo dentro do corpo, porém um mago o descobre de forma tardia ou quase nunca o descobre, enquanto quem usa energia o desperta e o usa.

    — Núcleo, mãe?

    — Núcleos podem ser qualquer coisa e aqueles que os usam aplicam na energia como se fosse magia. Em vez de cortes de energia com as espadas dos guerreiros, eles se transformam em cortes de fogo ardente.

    Yuki olhava para a mãe, encantada com o que acabara de ouvir. Sua mente se abriu para diversas possibilidades que jamais imaginara.

    — Mãe, eu realmente quero aprender magia! Quero ajudar a Pearl no que for possível!

    — Então, vou precisar me preparar para anotar a conjuração.

    Mila entrou, pegou uma espécie de caneta que brilhava por dentro, e voltou com um grande papel, semelhante ao do mapa. Começou a escrever e permaneceu concentrada até terminar cinco conjurações diferentes.

    — Agora, para a primeira magia, vamos usar o seu arco.

    — Eu não terei nenhum treinamento de como usar mana antes?

    — Seria útil, mas você demoraria cerca de seis meses para manifestá-la. É mais fácil manifestá-la na forma de magia, como Pearl aprendeu.

    — Ah, entendi. Faz sentido, mãe!

    — Vamos lá.

    — Para aprender, você terá que recitar as palavras enquanto sua imaginação flui. Vou te mostrar a flecha uma vez, tente ver como ela é e como se forma — disse Mila, afastando-se e ficando de frente para a floresta. — Vou criar um arco de mana, não usarei o seu. — Ela se posicionou, deixando as mãos como se estivesse segurando um arco imaginário.

    — HA! — Um arco de energia azul se formou rapidamente e, de repente, brilhava e transbordava energia pura, como se estivesse vivo.

    — Sagittae… — Uma linha fina se formou. — Quae caelos… — A linha tomava forma, crescendo e se alongando, com fios de energia se entrelaçando ao seu redor, circulada por outros fios que a transformaram em uma flecha de energia. — Attingunt! — A flecha disparou em uma velocidade impressionante e uma rajada de vento moveu tudo atrás de Mila, as folhas das árvores farfalhavam e os cabelos de Yuki foram jogados para trás, com a força da velocidade da flecha.

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