Capítulo 18: Um Problema Mais Que Esperado
Quando menos imaginava os cavalos já estavam trotando na neve do norte. E lá estava eu, na parte de trás da carroça junto com Gaia.
― No final, você realmente conseguiu colocar a gente na estrada antes do meio-dia, né moço? ― disse.
― Trabalho com isso a muitos anos! É muito dinheiro investido e experiência ― respondeu.
Realmente era como havia dito, aquele móvel era algo a se desejar. Havia um protetor contra o sol feito de pano cobrindo a gente além de bancos macios feitos de penas, era confortável.
Me levantei do assento em que estava, chegando mais perto de Jorge, que estava manuseando os cavalos.
― É quanto tempo de viagem daqui para o leste? Apenas por curiosidade.
― Pensei que sabia, não é algo como sua cidade natal? Então você é só uma aventureira que gosta de conhecer novos lugares. Haha! ― A carroça balançava um pouco enquanto falava. ― Para não mudar de assunto, é por volta de dois dias até o leste nessa belezinha aqui. Conheço os melhores atalhos!
Ele voltou a prestar atenção na estrada, então eu voltei a me sentar.
Gaia estava deitada no banco em minha frente, colocando seu braço apoiado na sua cabeça. Me aproximei e cutuquei a sua face.
― Não é estranho que eles não tenham percebido nada de diferente em você? ― cochichei em seu ouvido.
― É uma benção de uma pessoa de alto escalão da agência. Eles vêem o que eles acreditam ser real ― retrucou, virando seu rosto para mim.
― Estou realmente curiosa de como isso funciona…
― É, até eu que trabalho para eles tenho essa dúvida, ninguém nunca viu ou sabe algo mais do que isso que falei. Deve ser complexa, levando o fato que bastante seletiva, visto que, você consegue me enxergar normalmente.
― Então eles devem estar só enxergando uma camponesa alta demais? Isso realmente parece ser engraçado. ― Ajeitei seu cabelo enquanto ela falava comigo.
― Ehe, você tá certa ― respondeu.
Tranquilo, tudo que poderia dizer sobre essa viagem era isso. O vento entrava em toda a carruagem, deixando o local mais fresco.
― Gaia.
― Pode falar ― respondeu-me, levantando a sua parte superior do corpo.
― Se você consegue teleportar, por que não para o leste? É uma coisa que está encucando a minha cabeça até agora.
― Ah, então era isso que você estava pensando. Essa variante de minha benção só pode ser usado em lugares em que uma marionete minha foi colocada.
Sentei ao seu lado, e olhando para ela disse: ― Então você tá admitindo que colocou um fantoche na pousada?
― Nunca disse isso, apenas esqueça o que eu disse ― respondeu, virando seu rosto para o lado contrário do meu.
Ri baixo de sua cara por um bom tempo. Ela estava mostrando um lado que não conhecia, e eu queria saber mais sobre esse lado.
Um certo tempo se passou enquanto conversava com Gaia. Viajamos na parte de trás daquela carruagem até mais ou menos o meio dia, quando ela parou misteriosamente na estrada.
― Ah, que droga. Me desculpe, meninas! ― exclamou Jorge. ― Aconteceu algo que não pensei que iria acontecer.
Saí da carruagem, junto a Gaia, tentando entender o que havia acontecido. Ao movimentarmos para a frente do móvel, apenas vi Jorge lamentando a aparição repentina de uma grande tora de madeira atrapalhando a estrada.
― É realmente um problemão em tanto ― disse Gaia, colocando uma de suas mãos sobre a cintura. ― Quer uma ajudinha?
― Não, não precisa. Pode parecer um problema para você, mas não para mim.
[Uma habilidade está sendo usada próxima ao usuário, deve ser impedida?]
Havia esquecido por um momento que outras pessoas desse mundo tinham bençãos, ou melhor, que todos tinham. Estava realmente curiosa para o show que iria ser mostrado para mim.
Ele estralou seu pescoço antes de chegar próximo ao tronco. Se agachou e sem que pensasse duas vezes ergueu como se não fosse nada aquela tora.
― Isso aqui é realmente muitos anos de treinamento! ― disse, e então movimentou-se lentamente para fora da estrada com a tora em suas mãos.
Ele fez tudo sem hesitar nem um pouco, realmente impressionante da sua parte, demonstrava domínio de sua força. Então, batendo um pouco de terra que ficou em sua mão, Jorge voltou a estrada lentamente.
― Whoa, parabéns! Realmente é algo inesperado ver uma benção de força aqui ― disse Gaia.
― Todas as pessoas dizem isso, mas minha família sempre foi composta por bençãos fortificadoras. ― Movimentou-se até a carroça, subindo pela parte de trás.
Ele saiu após ter pego uma pequena caixa, subindo novamente na carruagem pela parte da frente. Ele abriu aquela caixa retangular e após olhar o que tinha dentro a deixou cair na neve.
― Que azar meu ― disse, coçando seus olhos.
Me aproximei, tentando descobrir o que havia de errado.
― Escuta, Seven, é normal acontecer o que vai acontecer agora. Então tem algumas roupas do tamanho apropriado na parte de trás em uma gaveta. Quero pedir perdão logo agora pelo trabalho que vocês vão ter, mas é meio involuntário, já que o que inibia minha consequência acabou.
Ele falava rápido, não entendia um terço do que dizia. Roupas, tamanho apropriado, consequência? Algo estava acontecendo e ele estava pedindo para lidarmos com isso.
― Observe bem, Seven, é isso que acontece quando você usa uma benção nesse mundo ― disse Gaia, que havia se aproximado nesse meio tempo.
Pof! Como num passe de mágica, Jorge que estava à nossa frente desapareceu. As suas roupas ainda continuavam no lugar mas o seu corpo havia sumido.
― Ele… morreu? ― perguntei, com medo da resposta.
― Não não, é algo pior, olhe bem por debaixo dessas roupas ― respondeu Gaia.
Com o apontamento de Gaia, pude perceber que havia um certo montinho entre todas aquelas vestimentas. Fui tirando pouco a pouco as roupas até encontrar o que Gaia estava falando.
― Então ele virou um bebê? ― Estava desacreditada com o nível que as bençãos poderiam chegar. ― Mas por quanto tempo?
― Aaah! Gu ga ― O bebê nos olhava brilhantemente.
― Não sei, é sempre um tempo diferente para cada pessoa. Mas não vamos deixar ele aqui, melhor cuidarmos por enquanto até que volte a sua forma normal. ― Gaia saia para a parte de trás da carroça, até que virou-se a mim. ― Ele disse que havia uma caixa com algumas roupas, né?
Acenei com a cabeça, enquanto colocava o bebê enrolado em suas roupas no meu colo.
― É realmente engraçado, dois segundos atrás você era um homem bombado que tinha carregado um pedaço grande de madeira para fora da estrada, e agora é um bebê. Você consegue entender o que falo?
― Goo ga, Waa!
― Vou supor que isso é um sim.
Gaia voltou após um tempo trazendo roupas em uma de suas mãos. Eram bem pequenas e provavelmente separadas sob medida, e na outra mão havia uma mamadeira.
― Por que você pegou isso? Ele provavelmente ainda está consciente, então vai ser meio estranho dar mamadeira a ele ― disse.
― Mas não sabemos o que pode acontecer com ele se não comer comidas feitas para crianças. É tudo uma questão de saúde. Inclusive prepare o seu coração, pois agora vamos acampar.
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